segunda-feira, 1 de junho de 2020

Memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja


O Evangelho que nos é proposto hoje, Memória da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, contém uma das passagens que mais enchem de doçura o coração dos fiéis: “Eis aí a tua mãe”, diz o Senhor crucificado a S. João, que aos pés da cruz, fazendo as vezes de toda a humanidade, ali recebe como sua a Mãe do Criador. Estas palavras de Cristo padecente se devem tomar em sentido próprio e literal, e não meramente acomodatício, já que o Magistério ordinário da Igreja sempre viu nelas uma prova clara da maternidade espiritual de Nossa Senhora. São, com efeito, incontáveis os testemunhos que a esse respeito se podem encontrar nos documentos públicos dos Romanos pontífices, na sagrada Liturgia, nas antigas instituições catequéticas, no parecer unânime dos teólogos e nos escritos de exegetas e oradores sacros: Maria é verdadeiramente Mãe dos homens na ordem da graça, e esta é uma verdade católica que, apesar de nunca ter sido expressamente definida pela Igreja, encontra um eco tão universal no coração e na boca do povo fiel que negá-la seria algo não só temerário, mas próximo à heresia. Ora, que Maria seja nossa Mãe significa, em sentido próprio, que foi ela quem nos deu não só a vida sobrenatural, mas o Autor dela; foi Maria, portanto, quem nos concebeu espiritualmente, ao conceber no dia da Anunciação a Cabeça de que somos membros; foi Maria quem nos deu à luz no monte Calvário, quando lá foi consumada por Jesus Cristo a nossa Redenção e a regeneração sobrenatural da humanidade, iniciada trinta anos antes em Nazaré. O título de Mãe da Igreja, por conseguinte, não vem senão explicitar o que já está contido no de Mãe dos homens: a Virgem SS., por ser Mãe de Cristo, é por isso mesmo Mãe do Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois seria uma grande monstruosidade que aquela que deu à luz a Cabeça não fosse também Mãe dos membros. Ela esteve, pois, e está sempre presente na história da nossa Salvação, dando o fiat que trouxe do céu à terra o Verbo divino; oferecendo ao Pai eterno, no monte Calvário, o fruto bendito que, ao contrário de Eva, ela não quis reter para si; compadecendo enfim com Nosso Senhor, gerado sem dores, pela Redenção dos que, em seu Filho, seriam também filhos seus, gerados na dor que então lhe traspassou o Coração. — Que a memória frequente do título Mãe da Igreja nos leve a crescer mais e mais na devoção à Virgem SS., em quem teremos sempre um refúgio seguro nas nossas lutas e uma intercessora poderosa junto de Cristo, Nosso Senhor.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

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