domingo, 23 de abril de 2017

Festa da Divina Misericórdia 2017

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Imagem original de Jesus Misericordioso
“Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. (...). Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate” 
(Diário, 699)
A devoção à Divina Misericórdia, de acordo com as revelações de Nosso Senhor a Santa Faustina Kowalska, é um grande dom concedido à Igreja Católica no terceiro milênio. Essa expressão de piedade foi de tal modo reconhecida e aprovada pela Igreja que, em 2000, o Papa São João Paulo II — conterrâneo de Santa Faustina — instituiu para a Igreja universal a festa da Divina Misericórdia, a ser celebrada todos os anos, na Oitava da Páscoa.
Mas por que instituir essa festa justamente no segundo domingo do Tempo Pascal?
Além do pedido expresso de Jesus Misericordioso, uma das razões pode ser encontrada no fato de que, nesse dia, a liturgia católica relembra com particular intensidade dois grandes instrumentos da divina misericórdia para a salvação humanaos sacramentos do Batismo e da Penitência. Esses dois sacramentos são chamados também de "sacramentos de mortos", porque foram "instituídos principalmente para restituir a vida da graça às almas mortas pelo pecado": o Batismo, como a porta pela qual todos temos de passar; e a Confissão, como uma "segunda tábua de salvação", pois é por ela que são restituídos à graça os que voltaram a cair depois de terem sido batizados.
De fato, este domingo da Oitava da Páscoa era chamado, desde os primeiros tempos da Igreja, de Dominica in albis. A expressão latina significa "em vestes brancas" e faz referência ao fato de que, durante essa celebração, os neófitos que foram batizados na Vigília Pascal pela primeira vez aparecem com suas vestes alvas, simbolizando a brancura da alma purificada do pecado. Também neste domingo, o Evangelho proclama a instituição do sacramento da Penitência, quando Nosso Senhor Ressuscitado se põe no meio dos discípulos e, soprando sobre eles, diz: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos." (Jo 20, 22-23)
Para fazer com que vivêssemos mais intensamente esta celebração, o Papa São João Paulo II estabeleceu, em 2002, através de um decreto com "vigor perpétuo", que este Domingo da Divina Misericórdia fosse enriquecido com a Indulgência Plenária, entre outras razões, para que os fiéis pudessem " alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo". Os termos da concessão são os seguintes:
Concede-se a Indulgência plenária nas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão eucarística e orações segundo a intenção do Sumo Pontífice) ao fiel que no segundo Domingo de Páscoa, ou seja, da "Misericórdia Divina", em qualquer igreja ou oratório, com o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado, também venial, participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., "Ó Jesus Misericordioso, confio em Ti"). 
Concede-se a Indulgência Parcial ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, eleve ao Senhor Jesus Misericordioso uma das invocações piedosas legitimamente aprovadas. 

Também aos homens do mar, que realizam o seu dever na grande extensão do mar; aos numerosos irmãos, que os desastres da guerra, as vicissitudes políticas, a inclemência dos lugares e outras causas do gênero, afastaram da pátria; aos enfermos e a quantos os assistem e a todos os que, por uma justa causa, não podem abandonar a casa ou desempenham uma atividade que não pode ser adiada em benefício da comunidade, poderão obter a Indulgência plenária no Domingo da Divina Misericórdia, se com total detestação de qualquer pecado, como foi dito acima, e com a intenção de observar, logo que seja possível, as três habituais condições, recitem, diante de uma piedosa imagem de Nosso Senhor Jesus Misericordioso, o Pai-Nosso e o Credo, acrescentando uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., "Ó Jesus Misericordioso, Confio em Ti"). 

Se nem sequer isto pode ser feito, naquele mesmo dia poderão obter a Indulgência plenária todos os que se unirem com a intenção de espírito aos que praticam de maneira ordinária a obra prescrita para a Indulgência e oferecem a Deus Misericordioso uma oração e juntamente com os sofrimentos das suas enfermidades e os incômodos da própria vida, tendo também eles o propósito de cumprir logo que seja possível as três condições prescritas para a aquisição da Indulgência plenária.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

domingo, 16 de abril de 2017

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Sexta feira Santa - Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas

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Neste Testemunho de Fé especial, veja os comentários do Padre Paulo Ricardo ao sacrifício redentor de Cristo na Cruz e descubra cinco belíssimos detalhes que só o Evangelho de São Lucas revela sobre a Sua Paixão.
A festa da Páscoa, que está às portas, é a passagem da morte de Cristo, celebrada neste Domingo da Paixão, à Sua nova vida, lembrada no Domingo da Ressurreição. O marco dessa passagem é o escândalo da Cruz (cf. 1 Cor 1, 23), que, na liturgia deste ano, é narrado pelo evangelista São Lucas.
A Paixão segundo Lucas possui algumas características especiais, que não foram anotadas pelos outros evangelistas, e sobre as quais vale a pena nos determos neste programa.
1. Jesus chora sobre Jerusalém. "Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: 'Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, está escondido aos teus olhos! (...) Não reconheceste o tempo em que foste visitada (καιρὸν τῆς ἐπισκοπῆς)." (Lc 19, 41-42.44)
O que viu o Senhor quando chorou sobre a Cidade Santa? Ele anteviu aquela que seria a verdadeira Jerusalém, a Igreja, e começou já ali a sofrer pelos seus membros indignos, que somos nós. Sofreu voluntariamente, escolheu passar pelos mais variados tipos de dores e torturas, fez-Se frágil de modo inefável: tudo, a fim de remir completamente cada ser humano, com todas as potências de sua alma e com todos os seus sentimentos e paixões. Ninguém tira a Sua vida, o Cristo mesmo Se entrega livremente (cf. Jo 10, 18), experimentando a Sua Paixão (do verbo latino pati, que significa, lit., "passar por algo", "sofrer", "padecer") para purificar as nossas paixões.
2. Jesus é assistido por um anjo e sua sangue no Horto das Oliveiras. "Apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia. (...) Seu suor tornou-se como gotas de sangue que caíam no chão." (Lc 22, 43-44)
Santa Teresinha do Menino Jesus, doutora da Igreja, faz um belo comentário a essa passagem em uma poesia sobre a vida de Cristo. Ela diz ao Senhor:
"Lembra-te de que na noite de tua agonia,
Ao teu sangue, misturaram-se as lágrimas.
Orvalho de amor, o seu infinito valor
Fez germinar flores virginais.
Um Anjo, mostrando-te esta colheita escolhida,
Fez renascer a alegria em tua Face bendita."
As flores que nascem no jardim divino, germinadas pelo sangue e pelas lágrimas do Redentor, são as almas eleitas de Deus. É a visão delas, oferecida pelo anjo, que consola Jesus agonizante no Horto. Por isso, cada um de nós pode dizer: assim como Cristo suou sangue vendo o meu pecado, Ele também Se alegrou vendo a minha conversão. Ao entregar-Se, de fato, Jesus não remiu o gênero humano de modo genérico, mas individualmente, e, assim como teve diante de si os pecados pessoais de cada um dos que remiu, não exultou simplesmente com a salvação geral dos eleitos, mas com a mudança de vida de cada homem em particular. Há alegria na alma de Cristo — diz também São Lucas — por um só pecador que se converte (cf. Lc 15, 7). Por isso, unamo-nos ao anjo do Horto e consolemos também nós o Senhor, com nossos atos de amor e pequenas mortificações!
3. Jesus rezava enquanto era crucificado. "Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda. Jesus dizia: 'Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!'" (Lc 23, 33-34)
Cristo orante não pretendia apenas servir de exemplo para nós, mas também pedir eficazmente a Deus pela nossa salvação. É graças à Sua intercessão que somos verdadeiramente remidos. Isso fica muito claro quando Ele diz a Pedro: "Simão! Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça" (Lc 22, 31-32). Ao olhar para o apóstolo e pronunciar estas palavras, Ele Se dirigia também a cada um de nós. Quando as Suas benditas mãos eram cravadas no madeiro da Cruz e Ele pedia perdão aos que O matavam — o original grego sugere que Cristo rezava continuamente, de modo repetido, como uma súplica —, era por nós que Ele suplicava. Como não pedir o perdão de Deus, quando Jesus pede perdão por nós? Como ficar indiferente a Jesus que perde perdão por mim, no meu lugar?
4. Jesus acolhe o ladrão arrependido. "Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: 'Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!' Mas o outro o repreendeu, dizendo: 'Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal'. E acrescentou: 'Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado'. Jesus lhe respondeu: 'Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso'." (Lc 23, 39-43)
Ao lado de Cristo são crucificados dois malfeitores, ambos os quais também morreram. Um deles, porém, arrependido dos seus crimes, diferentemente do ladrão impenitente que blasfemava e se juntava aos escarnecedores de Cristo, faz um sublime ato de fé. Ele se volta para Cristo e, mesmo vendo um quase cadáver diante de si, não se engana com os olhos da carne: crê em seu coração que Ele é um rei e pede-lhe para ter parte no Seu reino. Jesus, por Sua vez, promete a esse homem o paraíso. A sua justificação, porém, torna o seu interior, já antes da morte, o jardim das delícias de Deus (cf. Pr 8, 31) — assim é chamada por Santa Teresa d'Ávila a alma do justo que ama a Deus. Façamos também a oração do bom ladrão, pedindo ao Senhor que Se lembre de nós, apesar de nosso esquecimento e de nossa ingratidão, e venha habitar em nosso coração. "Se alguém me ama, (...) meu Pai o amará, nós viremos e faremos nele a nossa morada" (Jo 14, 23).
5. Jesus entrega o espírito. "Jesus deu um forte grito: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito'. Dizendo isso, expirou." (Lc 23, 46)
Por fim, assim como o filho pródigo se lança ao abraço de seu pai, Cristo abandona-se inteiramente nos braços do Pai do Céu. Com isso, Ele nos mostra com que atitude devemos nos aproximar de Si: contritos, mas também confiantes; arrependidos, mas também esperando o Seu perdão.
Nesta Semana Santa, imitemos os gestos de amor daquela pecadora pública que se põe aos pés do Redentor e, chorando, lava os Seus pés (cf. Lc 7, 36-50). Conhecendo, pela Paixão de Cristo, quanto Deus nos ama, sejamos incentivados a amá-Lo também, completando a obra da nossa salvação.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/paixao-de-nosso-senhor-jesus-cristo-segundo-lucas