quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Solenidade do Natal do Senhor


Foi justamente numa lapinha, aberta em algum montículo das redondezas, utilizada pelos pastores de Belém como estábulo natural, que José e Maria precisaram refugiar-se, depois de terem procurado em vão alguma vaga nas estalagens da cidade. É o que escreve o evangelista S. Lucas, dizendo tanto com tão pouco: “Não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 7).

Mas que importância tem esse detalhe, hoje tão esquecido, para a celebração do Natal? A importância não está tanto na caverna quanto no que ela exige. Para entrar em uma gruta, como a em que nasceu o Menino Jesus, é preciso baixar a cabeça. As entradas das cavernas, de fato, geralmente são apertadas, baixinhas, exigindo de nós, se nelas quisermos entrar, humildade. Por isso, quem quer ver onde nasceu Cristo precisa humilhar-se, precisa baixar a cabeça, precisa fazer, numa palavra, o que fizeram Cristo, ao se encarnar, e Maria, ao dizer sim à Encarnação.

É este o maior mistério de humildade que jamais houve. Foi com a humildade que ele teve início, e foi com a humildade que ele teve cumprimento. A Encarnação, no início, dependeu da humildade de Maria, a virtude que mais atraiu, dentre as muitas que ela possuía, o olhar de Deus. É ela mesma quem o diz, ao entoar aquele hino magnífico: “Minha alma glorifica ao Senhor, porque olhou para sua pobre serva” — quia respexit humilitatem ancillae suae, “porque olhou para a humildade de sua escrava” (Lc 1, 46.48), diz a tradução Vulgata.

Foi no ventre dessa humildade que se quis humilhar, encarnando-se, a própria Humildade: “E o Verbo se fez carne” (Jo 1, 14), rebaixando-se a ser como somos nós (cf. Fl 2, 8). Mas se Maria se rebaixou na Encarnação, se o Filho de Deus se rebaixou na Encarnação, por que nós não nos rebaixamos para contemplar o mistério que celebra hoje a Santa Igreja?

Por que, perguntemos ainda uma vez, não encontra Deus uma morada na época de Natal, como tampouco encontrou uma quando se encarnou? É verdade: muitas famílias se reúnem, põem-se à volta da mesa, coroada com um farto peru, estouram champanhe e trocam, sorridentes, várias lembranças. Mas a quantas destas ceias não estará ausente Nosso Senhor? E está ausente, não porque se coma e festeje, que a isso não nos proíbe a justa e sincera alegria do Natal. Ele está ausente porque, em meio a estas exações de fim de ano, falta quem creia, falta quem se humilhe, falta quem ponha de lado a soberba — triste honra do homem moderno — para crer em tudo o que implica a Encarnação de Cristo, nosso Deus.

Pois não há raciocínios, não há deduções, não há nada que nos faça compreender a grandeza que é um Deus feito homem por amor ao homem. E mais: feito Menino. O que sustenta com mão potente as estrelas é hoje, indefeso, sustentado nos braços de Maria. O que dá ser e vida a todas as coisas é hoje, faminto, amamentado por sua Mãe. O que é fonte de alegria e bem-aventurança hoje chora, assestado pelo frio da noite, sufocado pelo cheiro forte de curral.

Como um Menino recém-nascido, o Criador se faz a mais indefesa e inofensiva das criaturas. Por amor a mim, fez-se impotente a Onipotência, fez-se desprezível a Majestade, fez-se temporal o Eterno, fez-se mortal a Vida imortal. E por que os homens não o crêem? Porque se trata de uma verdade tão sublime que, pensam, há de ser invenção, não pode ser possível. E no entanto os fatos o comprovam, a Igreja o ensina com palavra infalível, os santos e mártires o testemunham com vida e com sangue: é verdade, Deus se fez homem, e veio habitar, ainda hoje, no meio de nós, mas desde que tenhamos fé.

Desde que tenhamos fé, sim, porque sem ela, sem a fé que nos abre as portas para o mistério da Encarnação, como havemos de participar da verdadeira alegria de Natal, daquela mesma alegria que tomou conta dos corações de Isabel e João Batista, ao receberem a visita de Maria e Jesus? “Apenas Isabel ouviu a saudação de Maria”, diz S. Lucas, “a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’” (Lc 1, 41-42). E por que estremeceu ela, senão porque viu, pela fé, quem era aquele que a vinha visitar: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?” (Lc 1, 43).

A quem tem fé, o primeiro presente que traz Cristo é justamente a alegria. Foi o que trouxe, como vimos, ao visitar com sua Mãe a família de Zacarias. Foi o que levou também àqueles pastores que, despreocupados no campo, receberam do anjo aquele anúncio tremendo: “Eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2, 10-11). Mas isso, repitamos, só a quem baixa a cabeça, só a quem se humilha, só a quem — diferentemente de João no domingo de Páscoa, que só creu depois de ter entrado no sepulcro — primeiro crê para só depois entrar na gruta.

Meus irmãos, Deus hoje se humilhou por nós. Façamos nós o mesmo e nos humilhemos diante dele. Deus hoje se põe, pequenino, nos braços queridos daquela Virgem, em cujo Coração já havia muito que vivia. Saibamos nós nos aproximar dela, para podermos “mimar”, com o pouco de fé e devoção que tivermos, aquela santa criança, cujo nascimento e cuja morte foram duas grandes humilhações, duas grandes provas de amor aos homens, inclusive aos tantos ingratos que, como nós, não lhe dão o devido valor.

E para que a nossa humilhação seja sincera e verdadeiramente sentida, confessemos ao Menino de Jesus que, se a lapinha que o acolheu nesta noite era fria e mal cheirosa, muito pior, muito mais frio e de ares muito mais rançosos é o nosso coração. E no entanto, apesar de termos tão pouco a lhe oferecer, queremos que Ele se digne a fazer hoje em nós a sua morada. — Ó José, ó Maria, vede bem que o lugar que aqui vos tenho preparado é muito apertado e muito mais pobre do que vossa casinha lá em Nazaré; mas, ainda que estejais até mais bem acomodados na lapinha de Belém, aceitai hoje o meu convite e tende a bondade de refugiar-vos nesta noite, com o Menino Deus ao colo, na caverna do meu coração. Senti-vos em casa e, se não vos posso oferecer, nem a vós nem à divina criança que me trazeis, galas ou confortos, recebei ao menos o único que vos posso oferecer, e que tantos habitantes de Belém vos negaram: “Não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 7).

Hoje, meu Jesus, que ao menos hoje haja para vós e os vossos pais um lugar na lapinha do meu coração. Só assim será feliz este santo Natal!

Fonte: Padre Paulo Ricardo

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Nossa Senhora de Guadalupe, a Mulher do Apocalipse


A imagem da Virgem de Guadalupe, impressa milagrosamente no manto de São Juan Diego, chama a atenção pela semelhança com a descrição da Mulher do capítulo doze do livro do Apocalipse. A sua identidade é tradicionalmente atribuída à Virgem Maria. Nas suas aparições no México, Nossa Senhora confirma que Ela é a mulher vestida de sol com a lua debaixo de seus pés! As estrelas não estão distribuídas em forma de coroa, mas no seu manto. E Ela está grávida, como na descrição da Mulher do Apocalipse, de seu Filho Varão que há de reger as nações com cetro de ferro, Jesus Cristo!


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Nossa Senhora de Guadalupe, uma grande aliada dos exorcistas


Após sua invocação durante um exorcismo, o demônio respondeu violentamente

"Nossa Senhora de Guadalupe causa muito dano ao demônio", foi o que afirmou o Padre Sante Babolin, sacerdote exorcista da Diocese de Pádua (Itália), que participou na semana passada de um seminário para sacerdotes exorcistas realizado pela Pontifícia Universidade do México na capital do país latino-americano. O Padre Babolin, que foi entrevistado pelo Semanário Católico ‘Desde la Fé’, contou como Nossa Senhora de Guadalupe "é uma arma contra o demônio".

Tal como narra o semanário mexicano, o sacerdote atendia em sua Diocese o caso de um jovem com uma possessão demoníaca. Ao iniciar o ritual do exorcismo o Padre Babolin sentiu a necessidade de invocar Nossa Senhora de Guadalupe, por quem tem grande devoção: "Nossa Senhora de Guadalupe, Rainha de Tepeyac, libertai-o", disse então o exorcista. Diante disso o demônio lhe respondeu de maneira violenta: "Antes dEla, tudo isto era meu lá", referindo-se ao México. Nesse momento, pensando em Tonanzin, deusa terra da antiga mitologia mexicana, o exorcista fez outra invocação: "Nossa Senhora de Guadalupe, tu que destruístes o império de Tonanzin (…)", ao que de imediato respondeu fortemente o demônio: "Coatlicue", que significa na tal mitologia, serpente.

Ao terminar o rito, o Padre Babolin lhe perguntou ao jovem se conhecia o México e sua história pedindo-lhe que pronunciasse a palavra ‘Coatlicue’, mas foi evidente que não sabia nada de culturas pré-hispânicas e menos do México.

O sacerdote exorcista narrou este episódio para deixar em evidência que invocar a Mãe de Deus durante um exorcismo molesta muito ao demônio, em especial algumas invocações marianas, como Nossa Senhora de Guadalupe. De acordo com o Padre Babolin, a Virgem causa grande dano ao maligno porque ela expressa ternura maternal construindo tudo com amor e não com temor; além disso, "sua imagem de Mãe exalta a família, unida pelo espírito maternal, que oferece amor aos pais e aos filhos; e este mesmo espírito maternal -referindo-se especificamente na Guadalupana- trabalha a fim de que todo o povo mexicanos atue em uma fraternidade humana. Tudo isso molesta ao demônio".

"Por este motivo -continuou o sacerdote-, desde o princípio de meu ministério do exorcismo, invoquei a Nossa Senhora de Guadalupe, às vezes chamando-a Santa Maria, Mãe de Deus, Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe da Misericórdia".

O triunfo da Mãe do Filho de Deus sobre satanás

O Papa João Paulo II, ao referir-se a Imaculada Conceição, faz precisamente referência ao triunfo da Virgem Maria, Mãe do Filho de Deus, sobre satanás: "O Filho de Maria obteve a vitória definitiva sobre Satanás e fez beneficiária antecipadamente a sua Mãe, preservando-a do pecado. Como consequência, o Filho lhe concedeu o poder de resistir ao demônio, realizando assim no mistério da Imaculada Conceição o mais notável efeito de sua obra redentora (…) O apelativo cheia de graça e o Proto-Evangelho, ao atrair nossa atenção até a santidade especial de Maria e até o fato de que foi completamente liberada do influxo de Satanás, nos fazem intuir no privilégio único concedido a Maria pelo Senhor o início de uma nova ordem, que é fruto da amizade com Deus e que implica, em consequência, uma inimizade profunda entre a serpente e os homens".

Fonte: Gaudium Press

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Dados intrigantes sobre a imagem da Virgem de Guadalupe


Todo ano, no dia 12 de dezembro, a Igreja Católica celebra a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Nesse dia em 1531, a Virgem Maria apareceu a um indígena de 57 anos chamado Juan Diego. A história da “tilma” em que a imagem da Virgem apareceu é conhecida, o que ainda é desconhecido para a ciência é como ela foi feita.

Em um de seus encontros, a Virgem Maria pediu a Juan Diego que recolhesse na “tilma” dele –um tecido muito singelo – rosas de Castilla que tinham florescido, apesar do inverno, para que as apresentasse ao Arcebispo do México, Dom Juan de Zumárraga, como prova das aparições.

Quando Juan Diego desdobrou a “tilma” com as rosas diante do Prelado, sobre ela estava impressa a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Nos sete anos seguintes, mais de 9 milhões de astecas se converteram ao cristianismo. Juan Diego foi proclamado santo por São João Paulo II em 2002, na sua última visita ao México.

A seguir, quatro fatos realmente impressionantes sobre a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe que ainda intrigam a ciência:

1. Ela possui qualidades que são impossíveis de replicar humanamente

Feita principalmente de fibras de cacto, a “tilma” era tipicamente de muito baixa qualidade e tinha uma superfície áspera, tornando-a muito difícil de usar, ainda mais para pintar sobre ela uma imagem que perdurasse. Entretanto, a imagem ainda se conserva intacta e os cientistas que a estudaram insistem que não se utilizou nenhuma técnica para adequar a superfície.

A superfície onde a imagem está “estampada”, no entanto, é muito suave, assemelhando-se à seda. A parte onde a imagem não está segue sendo áspera e tosca.

Mais ainda. Os peritos em fotografia infravermelha que estudaram a “tilma” no final da década de 1970 determinaram que não havia traços de pincel, dando como resultado uma imagem que foi plasmada toda ao mesmo tempo.

Isto, junto com uma qualidade iridescente de mudar ligeiramente de cores dependendo do ângulo que uma pessoa a veja e o fato de que a coloração da imagem não demonstra elementos animais ou minerais (os corantes sintéticos não existiam em 1531), o que gera ainda mais perguntas aparentemente impossíveis de responder. Isso é impressionante.

2. A ciência demonstrou que não se trata de uma pintura

Uma das primeiras coisas que dizem os céticos sobre a imagem é que de alguma forma houve uma fraude e que a imagem foi pintada com uma técnica conhecida naquela época, mas desconhecida hoje em dia. O fato é que há séculos ninguém conseguiu replicar uma imagem com as propriedades deste manto, começando pelo fato de que perdure tanto tempo, quase 500 anos, sem descolorir.

Miguel Cabrera, artista do século XVIII que produziu três das melhores cópias já conhecidas (uma para o arcebispo, uma para o Papa e uma para ele para futuras réplicas), escreveu certa vez sobre a enorme dificuldade de recriar a imagem mesmo sobre as melhores superfícies. Outro fato que impressiona.

3. O manto mostrou características surpreendentemente parecidas com as de um corpo humano

Em 1979, quando o Dr. Phillip Callahan, um biofísico da Universidade da Flórida (Estados Unidos), estava analisando a “tilma” usando tecnologia infravermelha, descobriu que a malha mantém uma temperatura constante de entre 36,6 e 37 graus Celsius, a temperatura normal de uma pessoa viva.

Quando o Dr. Carlos Fernández de Castillo, médico mexicano, examinou o tecido, encontrou uma flor de quatro pétalas sobre o ventre da Maria. Os astecas chamavam a flor de “Nahui Ollin” e era o símbolo do sol e da plenitude.

Depois de mais exames, o Dr. Fernández de Castillo concluiu que as dimensões do corpo de Nossa Senhora na imagem eram os de uma mãe por dar à luz em pouquíssimo tempo. E como se sabe, 12 de dezembro, dia da aparição está muito perto do Natal.

Finalmente, uma das atribuições mais comuns e descobertas reportadas estão dentro dos olhos da Virgem na imagem.

O Dr. José Alte Tonsmann, um oftalmologista peruano, estudou os olhos da imagem da Virgem com uma magnificação de 2.500 vezes e foi capaz de identificar até 13 indivíduos em ambos os olhos em diferentes proporções, exatamente como um olho humano refletiria uma imagem.

Parecia ser uma captura do momento exato em que Juan Diego desdobrou a “tilma” perante o Arcebispo Zumárraga. Isso é surpreendente.

4. Parece ser virtualmente indestrutível

Dois eventos ameaçaram o manto através dos séculos. Um deles ocorreu em 1785 e o outro em 1921.

Em 1785, um trabalhador estava limpando a proteção de vidro quando acidentalmente derramou solvente de ácido nítrico sobre uma grande parte da imagem. A imagem e o resto do manto deveria ser quase instantaneamente corroído pelo ácido, mas não foi assim. A imagem “autorrestaurou-se” após 30 dias e permanece intacta até hoje, com apenas pequenas manchas e em lugares onde a imagem não está plasmada.

Em 1921, um ativista anticlerical escondeu 29 cargas de dinamite em um vaso de rosas e o pôs diante da imagem dentro da Basílica de Guadalupe.

Quando a bomba explodiu, quase tudo, desde o piso até o genuflexório de mármore voou pelos ares. A destruição alcançou inclusive as janelas a 150 metros de distância e os candelabros de metal que estavam ao lado da Virgem ficaram retorcidos pela força do impacto.

Entretanto a imagem e o vidro ao seu redor, que não era a prova de bala, permaneceram totalmente intactos. Um pesado crucifixo de bronze, que terminou completamente dobrado para trás, evidencia a força das dinamites que deveriam ter estilhaçado o vidro e repartido o manto por completo.

Outros detalhes do manto ainda chamam a atenção de cientistas e fiéis como os seguintes:

O cabelo solto da Virgem, símbolo asteca para a virgindade.

As mãos, uma mais morena e a outra mais branca, mostram a união de duas raças.

As 46 estrelas do manto mostram exatamente as constelações vistas no céu daquela noite em 1531.

Os raios, que simbolizavam para os astecas o brilho do sol, a maior divindade desta cultura, os quais se intensificam no ventre da imagem, onde Maria carrega o menino.

A lua sob seus pés, que além de evocar a imagem do Apocalipse da Mulher vestida de sol com a lua sob seus pés, evoca o próprio nome do México, que em língua asteca significa “centro da lua”.

Finalmente, o anjo representado com asas de pássaros típicos daquela região do México simboliza a junção A lua sob seus pés, que além de evocar a imagem do Apocalipse da Mulher vestida de sol com a lua sob seus pés, evoca o próprio nome do México, que em língua asteca significa “centro da lua”.

Finalmente, o anjo representado com asas de pássaros típicos daquela região do México simboliza a junção entre a terra e o céu.

Fonte: Acidigital

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

As aparições de Nossa Senhora de Guadalupe



Num sábado de mil e quinhentos e trinta e um, perto do mês de dezembro, um índio de nome Juan Diego, mal raiava a madrugada, ia do seu povoado a Tlatelolco, para participar do culto divino e escutar os mandamentos de Deus. Já amanhecia, quando chegou ao cerrito chamado Tepeyac e escutou que do alto o chamavam:

– Juanito! Juan Dieguito!

Subiu até o cimo e viu uma senhora de sobre-humana grandeza, cujo vestido brilhava como o sol, e que, com voz muito branda e suave, lhe disse:

– Juanito, menor dos meus filhos, fica sabendo que sou Maria sempre Virgem, Mãe do verdadeiro Deus, por quem vivemos. Desejo muito que se erga aqui um templo para mim, onde mostrarei e prodigalizarei todo o meu amor, compaixão, auxílio e proteção a todos os moradores desta terra e também a outros devotos que me invoquem confiantes. Vai ao Bispo do México e manifesta-lhe o que tanto desejo. Vai e põe nisto todo o teu empenho.

Chegando Juan Diego à presença do Bispo Dom Frei Juan de Zumárraga, frade de São Francisco, este pareceu não lhe dar crédito e respondeu:

– Vem outro dia, e te ouvirei com mais calma.

Juan Diego voltou ao cimo do cerro, onde a Senhora do céu o esperava, e lhe disse:

– Senhora, menorzinha de minhas filhas, minha menina, expus tua mensagem ao Bispo, mas parece que não acreditou. Assim, rogo-te que encarregues alguém mais importante de levar tua mensagem com mais crédito, porque não passo de um joão-ninguém.

Ela respondeu-lhe:

– Menor dos meus filhos, rogo-te encarecidamente que tornes a procurar o Bispo amanhã dizendo-lhe que eu própria, Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, é que te envio.

Porém no dia seguinte, domingo, o Bispo de novo não lhe deu crédito e disse ser indispensável algum sinal para poder-se acreditar que era Nossa Senhora mesma que o enviara. E o despediu sem mais aquela.

Segunda-feira, Juan Diego não voltou. Seu tio Juan Bernardino adoecera gravemente e à noite pediu-lhe que fosse a Tlatelolco de madrugada, para chamar um sacerdote que o ouvisse em confissão.

Juan Diego saiu na terça-feira, contornando o cerro e passando pelo outro lado, em direção ao Oriente, para chegar logo à Cidade do México, a fim de que Nossa Senhora não o detivesse. Porém ela veio a seu encontro e lhe disse:

– Ouve e entende bem uma coisa, tu que és o menorzinho dos meus filhos: o que agora te assusta e aflige não é nada. Não se perturbe o teu coração nem te inquiete coisa alguma. Não estou aqui, eu, tua mãe? Não estás sob a minha sombra? Não estás porventura sob a minha proteção? Não te aflija a doença do teu tio. Fica sabendo que ele já sarou. Sobe agora, meu filho, ao cimo do cerro, onde acharás um punhado de flores que deves colher e trazer-mo.

Quando Juan Diego chegou ao cimo, ficou assombrado com a quantidade de belas rosas de Castela que ali haviam brotado em pleno inverno; envolvendo-as em sua manta, levou-as para Nossa Senhora. Ela lhe disse:

– Meu filho, eis a prova, o sinal que apresentarás ao Bispo, para que nele veja a minha vontade. Tu és o meu embaixador, digno de toda a confiança.

Juan Diego pôs-se a caminho, agora contente e confiante em sair-se bem de sua missão. Ao chegar à presença do Bispo, lhe disse:

– Senhor, fiz o que me ordenaste. Nossa Senhora consentiu em atender o teu pedido. Despachou-me ao cimo do cerro, para colher ali várias rosas de Castela, trazê-las a ti, entregando-as pessoalmente. Assim o faço, para que reconheças o sinal que pediste e assim cumpras a sua vontade. Ei-las aqui: recebe-as.

Desdobrou em seguida a sua branca manta. À medida em que as várias rosas de Castela espalhavam-se pelo chão desenhava-se no pano e aparecia de repente a preciosa imagem de Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, como até hoje se conserva no seu templo de Tepeyac.

A cidade inteira, em tumulto, vinha ver e admirar a sua santa imagem e dirigir-lhe suas preces. Obedecendo à ordem que a própria Nossa Senhora dera ao tio Juan Bernardino, quando devolveu-lhe a saúde, ficou sendo chamada como ela queria: “Santa Maria sempre Virgem de Guadalupe”.

Do “Nicán Mopohua”, relato do escritor indígena do século dezesseis Dom Antônio Valeriano (“Nicán Mopohua”, 12ª edición, Buena Prensa, México, D.F., 1971, p. 3-19.21/Séc. XVI)

Fonte: Cleófas

Festa de Nossa Senhora de Guadalupe


Com grande alegria celebramos hoje a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina. As circunstâncias que rodeiam a aparição da Virgem Santíssima no México, há cerca de 5 séculos, são um exemplo verdadeiramente divino de como deve a Igreja inculturar o Evangelho a cada povo ou, melhor dizendo, inculturar cada povo ao Evangelho. Com efeito, no tempo em que apareceu Nossa Senhora de Guadalupe, o México vivia sob a opressão de uma religião pagã. O império asteca alimentava-se de sangue, e sangue indígena, pelo sacrifício constante de dezenas de prisioneiros aos seus falsos deuses, com base na crença, de origem claramente satânica, de que apenas a oblação de carne humana garantiria o nascimento diário do sol. E Maria, quando quis aparecer no México, adotou feições indígenas, trajada com a veste típica da imperatriz asteca, portando em seu ventre um menino. Como mãe do futuro imperador, sob os pés dela jaziam, derrotados, o sol e a lua — cultuados como deuses pelos astecas —, a fim de mostrar que o Filho que ela traz dentro de si vem para libertar aquele povo da sua religião falsa e assassina. Nós, centenas de anos depois, vivemos ainda a mesma situação: não temos, é verdade, uma religião pagã que exija sacrifícios humanos, mas temos hoje a nossa própria cultura da morte. E embora não tenhamos altares, quantos homens não são consumidos diariamente nesta máquina de moer carne que é o aborto, expressão máxima da idolatria da própria “liberdade”, da própria “autonomia”? Mas Maria nos apareceu grávida, para dizer-nos que esta vida vale, sim, a pena, porque é nela que temos a chance de receber o batismo, porta de entrada para a outra vida, conquistada por Cristo na cruz. Como os milhões de índios que se converteram à religião da vida e da salvação, graças às aparições da Virgem de Guadalupe, também nós tenhamos a coragem de abandonar os nossos falsos deuses, de dizer um basta à cultura da morte em cujas “clínicas”, templos daquele que é homicida desde o princípio, incontáveis vidas são ceifadas, e refugiemo-nos debaixo do manto de Nossa Senhora. Por meio dela, temos acesso fácil e seguro ao nosso Rei e Senhor, que deseja reinar sobre nós com cetro de ferro, de verdade e justiça, mas com a delicadeza de um Salvador compassivo.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

A Imaculada Conceição e as aparições marianas


Em 1830, a Virgem Santíssima apareceu em Paris, berço da Revolução Francesa, e ensinou Santa Catarina Labouré a rezar através da jaculatória: “Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. Além disso, Nossa Senhora confiou-lhe a Medalha Milagrosa, a fim de que as pessoas aprendessem a recorrer a ela como Imaculada.

Um quarto de século depois, em 1854, Deus permite que o bem-aventurado Papa Pio IX proclame o dogma da Imaculada Conceição. Poucos anos depois, em 1858, Nossa Senhora aparece em Lourdes dizendo “Eu sou a Imaculada Conceição”, e nos pede para rezar o Santo Rosário e considerá-la como nosso refúgio. E no século seguinte, em 1917, ela aparece em Fátima, revelando o seu Imaculado Coração; enfatiza que rezemos o Rosário e façamos penitência pela conversão dos pecadores; e apresenta uma série de tribulações pelas quais a humanidade passará, mas adverte que, ao final de tudo, o seu Imaculado Coração irá triunfar.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

domingo, 8 de dezembro de 2019

Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria


Hoje, a Igreja celebra a Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Para meditarmos de forma frutuosa sobre esse mistério da nossa fé, é preciso deixar claro que estamos celebrando o dogma — proclamado pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854, através da Bula Ineffabilis Deus — de que Maria foi concebida sem a mácula do pecado original.

Dizer que a Virgem Maria é Imaculada, ou seja, que foi preservada do pecado original, consiste na forma negativa de expressar a realidade positiva de que Ela é cheia de graça, nela habitam em plenitude o amor e a graça de Deus. Assim, a ausência de pecado e a plenitude de graça, na Virgem Santíssima, são realidades complementares.

Para nos aprofundar neste mistério, podemos observar que a Virgem Santíssima teve três momentos fundamentais no seu caminho de plenitude de graça: i) sua imaculada concepção no ventre de Sant’Ana; ii) a concepção virginal de Jesus em seu ventre, pela ação do Espírito Santo; iii) sua Assunção e entrada na glória celeste. Nossa Senhora recebeu a graça plena nesses três estágios, que, na verdade, estão relacionados com três dogmas marianos — a Imaculada Conceição, a Virgindade perpétua, e a Assunção ao Céu.

Hoje celebramos o primeiro desses estágios, por isso vamos nos ater a ele. Quando o Arcanjo Gabriel saudou Maria dizendo “Ave, cheia de graça”, ele estava reconhecendo que, mesmo antes de conceber o menino Jesus, Maria já possuía a plenitude de graça (κεχαριτωμένη), uma vez que, desde o primeiro instante de sua concepção, já havia sido preservada da culpa original, tendo em vista os méritos de Jesus.

Na união conjugal entre os seus pais, ao ser concebida, Maria recebeu de Deus uma “quantidade” de graças muito maior e superior que as graças concedidas a todas as criaturas juntas. Nesse sentido, a plenitude de graça na Virgem Santíssima pode ser comparada com a luz refletida pela lua cheia, que é imensamente maior que a luminosidade de todas as estrelas juntas. O amor que Deus derramou sobre Maria é algo abundante e inefável. A língua humana não é capaz de explicar esse mistério, por isso precisamos do auxílio dos anjos, dos santos, e do próprio Espírito Santo, a fim de que consigamos celebrar este mistério de plenitude de graça.

A Virgem Maria é um prodígio espiritual superior a todos os anjos e santos juntos. E essa plenitude de graça, Deus concedeu a ela por nós e para a nossa salvação. Devemos compreender que Ele a privilegiou para nos beneficiar. Mas só é possível entender isso se abandonarmos nosso olhar invejoso. Lúcifer, na sua soberba e inveja, não foi capaz de aceitar que, quando Deus privilegia e dispõe mais graça a alguém, Ele o faz em nosso favor.

Deus Pai concedeu a Jesus uma mãe tão cheia de graça que Ele foi acolhido neste mundo com o maior amor que alguém poderia receber. O Filho amado de Deus foi acolhido por um coração imaculado, pleno de graça e amor. Nesse sentido, Maria é o grande presente que Deus Pai preparou ao Filho, desde toda a eternidade. E esse magnífico presente nos é dado por Cristo, aos pés da cruz: “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 27). É impressionante saber que nós, totalmente marcados pelas sequelas do pecado, possuímos a Imaculada como nossa mãe.

Celebrar a Imaculada Conceição é crer no imenso amor que Deus derramou sobre a Virgem Maria, desde o primeiro instante em que ela foi concebida, e confiar que ela é aquela que irá nos guiar na grande tribulação, a fim de participarmos da vitória de Deus sobre a maldade.

Creiamos, pois, que, sob o refúgio da Imaculada, nós estamos plenamente protegidos. De Maria nunquam satis, dela nunca se conseguirá dizer o suficiente, jamais chegaremos a expressar a magnitude desse mistério de amor. No entanto, sabemos que esse amor nos foi dado, aos pés da cruz; só precisamos nos entregar a ela a ponto de dizer: “Maria é minha, e eu sou de Maria”.

Em seus braços somos conduzidos, ao longo da grande batalha, na qual a mulher humilde e obediente, que foi preservada do pecado original, esmagará a cabeça da serpente soberba e rebelde, que pecou e levou a humanidade a pecar. Que a Virgem Santíssima manifeste a sua vitória o quanto antes, para que, ao final de tudo, triunfe o seu Imaculado Coração.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

sábado, 30 de novembro de 2019

Três aparições marianas em três dias


Chama a atenção o fato de Nossa Senhora ter aparecido, em anos e séculos distintos, numa sucessão de três dia, 27, 28 e 29 de Novembro.

Rue du Bac, Paris


Em 27 de Novembro de 1830, Nossa Senhora apareceu à Santa Catarina Labouré na capela, hoje conhecida como "da Medalha Milagrosa". Nessa aparição, a Virgem revelou para Santa Catarina o modelo de medalha que desejava ser cunhada e prometeu graças para quem a usasse com devoção.

Kibeho


Em 28 de Novembro de 1981, Nossa Senhora começou a aparecer em Kibeho, Ruanda. Ela apresentou-se como "Mãe do Verbo" e profetizou acerca do genocídio da Ruanda, ocorreria anos depois.

Beauraing


Em 29 de Novembro de 1932, Nossa Senhora apareceu pela primeira vez em Beauraing, Bélgica. Nessas aparições, a Mãe de Deus apresentou-se como a "Rainha do Céu" e prometeu converter os pecadores.

O que é o Purgatório e o que a Igreja ensina sobre ele?


É frequente rezar, especialmente neste mês de novembro, pelas “almas do purgatório”. Mas o que é o purgatório?

Nós lemos, no Evangelho de Mateus, que um fariseu fez a seguinte pergunta a Jesus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”.

Jesus respondeu: “Amarás ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda  a tua alma e toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. E segundo é-lhe semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22,35-39).

Vamos refletir sobre essa resposta e nos perguntar com sinceridade: quem de nós ama a Deus com todo o coração, alma e mente?  Quem de nós ama o próximo como  a si mesmo? No primeiro domingo de novembro, a Igreja, no Brasil, celebra a festa de todos os santos e, continuamente, apresenta-nos uns “modelos” daqueles que, de verdade, amaram a Deus e ao próximo “com toda a sua vida”.

Nós, humildemente, olhamos para esses modelos e precisamos confessar: eu não amo a Deus como um São Francisco, uma Santa Clara, um Santo Afonso, um S. João XXIII, uma Madre Paulina, um Padre Vítor Coelho de Almeida; ou como muitos outros cristãos pouco conhecidos, mas que deram um extraordinário exemplo de fé e amor. Nosso amor a Deus e ao próximo, frequentemente, fica misturado com egoísmo, com vaidade, presunção, negligência, falta de delicadeza, instabilidade e “pouca fé”.

O que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre purgatório?

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina a distinguir entre pecado mortal e pecado venial (N. 1855-1856). Na primeira situação, o ser humano teve um comportamento tão grave, que rompeu sua ligação mais profunda, tanto com Deus quanto com o próximo. No segundo caso, essa ligação permanece, mas não é perfeita.

O que acontece quando o homem chega ao fim da sua vida e deve entrar em contato com o Deus totalmente santo? Com Deus ninguém convive se não for totalmente d’Ele. Diz o livro do Apocalipse (21,27) que, no céu, na “cidade santa”, na “nova Jerusalém… não entrará nada de impuro”.

É aqui que reside o lugar teológico do purgatório. O purgatório significa, pois, a graciosa possibilidade que Deus concede ao homem de poder e dever, na morte, amadurecer radicalmente. O purgatório é esse processo doloroso, como todos os processos de ascensão e educação, no qual o homem, na morte, atualiza todas as suas possibilidades, purifica-se (daí o termo “purgatório”) de todos os limites, fruto da própria história de pecado, de maus hábitos adquiridos ao longo da vida.

São Pedro, na sua primeira carta (1,14-16) escreve: “Como filhos obedientes, não vos conformeis com os desejos que tínheis no tempo da vossa ignorância; mas, assim como aquele que vos chamou é santo, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito ‘Sereis santos porque eu sou santo’ (Levítico 11,44)”.

Como não lembrar a outra palavra que lemos em Mateus 5,48: “Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste?”.

Deus nos pede a perfeição, ele nos quer perfeitos e, por meio da Sua graça, que sempre nos acompanha nesta e na outra vida, ele nos transforma de imperfeitos em perfeitos. Essa graça, na vida presente, é oferecida à nossa “liberdade”. O homem pode dizer a Deus um ‘não’ definitivo ou ‘sim’, mas não de uma maneira perfeita. Então, a sua graça nos acompanha até o momento em que esse ‘sim’ se tornará perfeito: e se isso não acontece antes da nossa morte, acontecerá depois dela, para aqueles que escolheram amar a Deus e ao próximo, mas não chegaram a fazê-lo “com todo o coração”. Eis o “lugar”, ou melhor, o “estado”, a “situação” do Purgatório.

Por que purgatório?

A essa altura, pode-se perguntar quando, na história e na doutrina da Igreja, fala-se do purgatório.

Na antiga Igreja, a ideia do purgatório se desenvolveu em relação à prática penitencial. De fato, se por um lado Jesus concedeu aos apóstolos o poder de perdoar os pecados (cf. João, 20,22-23), por outro, a Igreja organizou sua “prática penitencial” de maneira diferente, em épocas diferentes. Hoje, temos a modalidade do sacramento da “confissão”, mas, desde o início até o século VI, houve a modalidade da penitência pública, concedida uma vez na vida e reservada para os pecados mais graves e públicos, caracterizada por um longo (de anos) e difícil caminho de expiação, que se concluía com uma reconciliação eclesial, por meio do bispo.

Reinava, então, a insegurança quanto ao batizado que houvesse cometido um pecado mortal e em consequência se achasse excluído da vida comunitária da Igreja, se estava suficientemente purificado e havia feito suficiente penitência para poder ser admitido novamente na Celebração Eucarística. E, em suas dúvidas, as autoridades eclesiásticas se decidiam a conceder a reconciliação, que, às vezes, parecia demasiado prematura, movidas pelo pensamento de que, além da morte, existe uma possibilidade de purificação ou reconciliação. Quem mais difundiu a doutrina do purgatório foi o Papa Gregório Magno  (papa desde o ano de 590 até 604).

A convicção eclesiástica criou diversas formas de expressão na liturgia. Já no século II, atesta-se uma oração pelos falecidos. Desde o século III, existe o costume de orar por eles durante a Celebração da Eucaristia.

A Igreja Católica ensinou explicitamente a existência do purgatório no Segundo Concílio de Lião (1274), no Concílio de Florença (1439) e no Concílio de Trento (1545-1563).

O que fazer para não passar pelo purgatório?

Diante desse ensinamento da Igreja, vamos agora nos perguntar: “O que vamos fazer para “evitar” o purgatório ou para chegarmos no fim da vida mais “purificados” do que estamos agora?

“Viver é aprender”, diz o provérbio. Temos a vida toda para aprender a “amar a Deus de todo o coração e  amar o próximo como a nós mesmos”. Nessa caminhada, fazemos também a experiência do pecado, mais ou menos grave. Não podemos, então, esquecer o significado da palavra Evangelho. Essa importante palavra vem do grego e se traduz como “boa nova”, “bela notícia”. Qual é a “bela notícia”? Ei-la: Deus é misericórdia, Deus é graça, Deus perdoa, Deus é como o Pai do Filho Pródigo. Manifestou esse amor dando-nos seu Filho, Jesus, nosso Salvador, que deu a vida por nós, que nos salvou através da sua morte – ressurreição e do dom do Espírito Santo. Naturalmente, o homem tem que fazer a sua parte, acreditando neste amor e convertendo-se.

Falamos que a Igreja é santa e pecadora ao mesmo tempo. Trata-se, para todos nós, de uma luta contínua entre o pecado e a graça. Vamos, aos poucos, aprender a “viver como Jesus viveu”. É um processo educacional: os que mais aprendem, às vezes, depois de uma experiência de pecado, chegam no fim da vida “purificados”, “prontos” para “ver a Deus face a face”. Os que escolheram a Deus de verdade, mas que ainda não se aperfeiçoaram de maneira completa,  na morte irão completar este “processo de conversão”: eis o “purgatório”.

Quanto vai durar? Depois da morte vamos ficar sem relógio. No fundo, é ridículo falar de 100 anos ou de mil anos de purgatório. Entramos no mistério da vida após a morte. Só Deus sabe.

Em suma, somos chamados, desde já, a percorrer o caminho da santidade. Não vamos esquecer que, no Concílio Vaticano II (1962-1965), a Igreja falou da “Vocação universal à santidade” (cf. Documento sobre a Igreja, Lumen Gentium, n. 39-42). Todos os cristãos são chamados a ser santos, naturalmente dentro da específica vocação de cada um.

Por fim, lembramos que, no Dia de Finados, reza-se especialmente pelos mortos, visitam-se os cemitérios. A que se devem essas práticas? São válidas?

A oração pelos mortos têm raízes já na crença dos próprios judeus, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus (II século antes de  Cristo). Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então, Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado louva a ação de Judas nestes termos:   “Se ele não esperasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. E acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente. Era este um pensamento santo e piedoso. Por isso, pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas”. (2 Mac 12,44-46)

Nesse caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé.

No Credo, nós cristão professamos a fé na “comunhão dos santos”. O que significa isso?

Procuramos a resposta no Catecismo da Igreja Católica, que assim se expressa: “A expressão comunhão dos santos designa, em primeiro lugar, as coisas santas e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual ‘é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só Corpo em Cristo’. Esse termo também designa a comunhão das pessoas santas em Cristo, que ‘morreu por todos’, de modo que o que cada um faz ou sofre por Cristo e em Cristo reverte em proveito de todos. Nós cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja; e cremos que, nesta comunhão, o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre atento às nossas orações.” (N. 960-962).

Então, visitando os cemitérios e rezando pelos falecidos manifestamos a fé na “comunhão dos santos”; e, acima de tudo, manifestamos a fé na ressurreição dos mortos. A esse respeito, gostaria de concluir com as belíssimas palavras do Apóstolo Paulo, que encontramos na Primeira Carta aos Tessalonicenses (4, 13-18).

“Não queremos, irmãos, que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para não vos entristecerdes como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também devemos crer que Deus levará por Jesus e com Jesus os que morrem nele. Seremos arrebatados juntamente com eles (quer dizer, com os que já morreram) sobre as nuvens; iremos ao encontro do Senhor nos ares e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos portanto com estas palavras”.

Vamos, então, visitar os cemitérios e rezar pelos falecidos; essas práticas são validas, pois nascem da nossa fé e a alimentam.

Fonte: Canção Nova

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Memória de Nossa Senhora das Graças


Celebramos hoje a memória de Nossa Senhora das Graças, que apareceu em 1830, na França, a Santa Catarina Labouré, a quem confiou a missão de cunhar e divulgar a Medalha Milagrosa. A mensagem dessa aparição mariana pode ser compreendida à luz das leituras desta Missa votiva. No capítulo 12 do Apocalipse, o Apóstolo S. João vê no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol, que luta com a antiga serpente, um enorme dragão cor de fogo. Na visão de Santa Catarina, por sua vez, Nossa Senhora aparece resplandecente, tendo sob os pés uma serpente, símbolo do demônio, e um globo terrestre, símbolo da mundanidade, vencida por sua pureza sem igual. Das mãos de Nossa Senhora saem ainda raios luminosos, que representam as inúmeras graças que, por sua intercessão, ela quer derramar sobre os seus filhos. Vemos claramente esse papel mediador da Virgem Santíssima na cena que nos retrata hoje o Evangelho. Ali, em Caná da Galiléia, Maria como que se “adianta” a Jesus, refere-lhe as necessidades dos anfitriões e consegue de seu Filho a realização do primeiro milagre: a conversão da água em vinho. Assim também, na vida de cada um de nós, ela muitas vezes se adianta às nossas necessidades e alcança de Cristo as graças de que precisamos. No entanto, faz parte dos desígnios de Deus que nós, chamados a participar livremente de suas obras, também peçamos a Ele, por intermédio de Maria, os auxílios que nos são necessários, não só quanto ao corpo, mas sobretudo quanto à alma. Ainda que não saibamos o que realmente nos convém, tenhamos a confiança de que Maria, sim, o sabe e está sempre pronta a pedi-lo ao seu Filho, que, encantado diante da beleza com que Ele mesmo a ornou, por certo não irá negar-lhe um único pedido. Recorramos, pois, confiadamente à intercessão de Maria Santíssima, medianeira de todas as graças, porque, se por meio dela quis vir ao mundo o nosso Salvador, também por meio dela irá conceder-nos tudo quanto nos for conveniente para a nossa salvação e santificação.

Oração. — “Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao contemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades. Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas. E para melhor servirmos ao vosso divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre como verdadeiros cristãos. Amém”. Rezar três Ave-Marias e, no final, a seguinte jaculatória: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.


Fonte: Padre Paulo Ricardo

domingo, 24 de novembro de 2019

Solenidade de Cristo Rei do Universo


Neste domingo, celebramos a Solenidade de Cristo Rei do Universo, que foi instituída pelo Papa Pio XI, a fim de glorificarmos o reinado espiritual de Cristo em reparação às perseguições cometidas por diversos governos anticristãos no início do século XX; mas também para refletirmos que a paz, a justiça e a ordem, na sociedade civil, só serão alcançadas quando Cristo reinar nos corações dos governantes.

Nessa reflexão sobre o reinado de Cristo, é necessário destacar, de imediato, que a Igreja sempre foi, e sempre será, contra o Estado laicista. Para compreender as razões disso, não é preciso citarmos o Catecismo da Igreja ou alguma encíclica papal, basta olharmos para os dias atuais. Por exemplo, se você recomendar a alguém que busque a confissão, certamente a pessoa se esquivará com a seguinte falácia: “Não preciso me confessar! Eu não tenho pecado! Eu não matei, não roubei...”. Por trás desse sofisma — que está impregnado na sociedade contemporânea — encontra-se o pressuposto de que pecado é sinônimo de crime, e por consequência, assimila-se a ideia de que pecado é somente aquilo que o Código Penal reconhece como ação criminosa. Todo aquele que pensa dessa forma, na prática, escolheu o Estado como a “autoridade espiritual” que “revela” em que consistem o bem e o mal, ou o que é pecado e o que não é. Parece inacreditável, mas justamente o Estado, com seus governantes — cujo currículo é marcado pelo materialismo e pelo relativismo moral —, exerce o poder espiritual sobre a vida das pessoas, condicionando sua visão da realidade.

Assim, lenta e gradualmente, as pessoas vão assimilando as convenções estatais. A fonte da moral passa a ser a lei aprovada e interpretada pelo Estado. Está, aí, uma das grandes ofensas contemporâneas a Cristo Rei: quando as pessoas escolhem acreditar nos ditames arbitrários do Estado e ignorar as leis gestadas no coração amoroso de Nosso Senhor Jesus Cristo. No nosso país, por exemplo, percebemos a banalização do divórcio, a partir de aprovação legislativa ocorrida em 1977, e a relativização do conceito de família por meio do ativismo judiciário exercido, cada vez mais, pelo Supremo Tribunal Federal.

Nós, católicos, não podemos aceitar esse tipo de ingerência, pois, de acordo com a ordem natural das coisas, deve haver um poder espiritual que esteja acima do Estado e que exerça influência sobre seus governantes. Essa autoridade espiritual é de Nosso Senhor Jesus Cristo; se não o for, sempre haverá um poder substituto, que é exercido pelo Anticristo, Satanás.

O princípio ideológico do “Estado laico” tem sido usado como pretexto para a implantação de um “Estado laicista”, no sentido de um governo que se autoproclama “neutro” (como se isso fosse possível), mas que, na prática, é anticristão e antirreligioso, quando não, explicitamente ateísta. No entanto, a própria ideia de “Estado laico” é irrealizável, pois é impossível a constituição de um Estado sem que haja um poder espiritual acima dele.

Nesse sentido, se um governante, ao fazer política, não obedece ao Reinado de Cristo — a fim de ter uma suposta “neutralidade” —, na verdade, estará tendo uma atitude anticristã, pois, ao ignorar os ensinamentos de Jesus, estará servindo ao Anticristo. Sempre haverá uma autoridade espiritual à qual se está servindo. Todo administrador, legislador ou juiz inevitavelmente está sujeito a esse poder espiritual real e concreto: ou está servindo a Nosso Senhor ou ao Maligno, não há outra alternativa.

Para ficar mais claro, podemos pensar na educação dos nossos filhos. Suponhamos que tomemos a insensata decisão de ter uma família “laica”, não educando nossos filhos na fé católica nem lhes ensinando os valores cristãos. Com o passar do tempo, perceberemos que nossos filhos estão seguindo ideias marxistas, defendendo a ideologia de gênero, pensando a partir de uma visão liberal sem limites morais, ou até mesmo vivendo a sexualidade de forma depravada e promíscua. Em outras palavras, se os pais não educarem seus filhos, alguém certamente os “educará” ou, para ser mais preciso, deformará.

Quando falamos em poder espiritual estamos nos referindo, de forma prática, a um poder educador. Então, as perguntas que devem ecoar em nossos corações e inquietar-nos são: Quem educará os nossos filhos? Quem educará a nossa nação? Os ateus relativistas, materialistas e anticristãos, ou nós que cremos no Reinado de Cristo?

As pessoas não param para refletir que muitos problemas da sociedade poderiam ser sanados se estivéssemos sob a autoridade espiritual de Cristo. Só é possível manter a ordem pública, por exemplo, se estivermos alicerçados sobre um sistema espiritual de valores sólidos. No entanto, como o nosso país assimilou a falácia ideológica de que o Estado é laico — quando, na prática, é laicista —, a Igreja Católica fica “amordaçada”, impedida de proclamar a Verdade e de exercer sua missão de educar. Isso porque o Estado quer instaurar o seu projeto educacional, que é satânico e anticristão, no qual triunfa a destruição da família natural, dos valores cristãos e da civilização ocidental. Até quando deixaremos Satanás reinar no lugar de Cristo?

Celebrar a Cristo Rei é, pois, recordar o fato de que, em qualquer nação do mundo, existe um poder espiritual que está acima do Estado. Esse poder, ou será exercido por Cristo ou o será pelo Maligno. E se alguém levianamente defender que não existe nenhum poder espiritual sobre o Estado, podemos ter a certeza de que este serve ao poder espiritual do mal, uma vez que, ao negar o poderio de Cristo, ele está erigindo o poder anticristão.

Que o Cristo, Rei do Universo, reine também sobre o nosso país. Mas, para isso, Ele precisa primeiro reinar em nossos corações e em nossas famílias. Portanto, não tenhamos medo de educar nossos filhos e de exercer o poder espiritual sobre eles, não os deixemos a mercê de um Estado que disfarça ser laico, mas que, na verdade, é anticristão.

Oração. — Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, que coroado de espinhos reinastes a partir do trono da cruz, vinde reinar sobre nós, nossas famílias e nossa nação, a fim de que sirvamos somente a Vós. Assim seja!

Fonte: Padre Paulo Ricardo

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Nossa Senhora de Akita: Nova e urgente revelação



Quarenta e seis anos depois da última mensagem recebida nas aparições de Nossa Senhora de Akita, Japão, ser reconhecida como autênticas por parte da Igreja, a vidente Irmã Agnes Sasagawa relatou ter recebido uma nova mensagem. No domingo, 6 de outubro de 2019, por volta das 3h30, um anjo se manifestou e mencionou uma instrução diretamente dirigida à religiosa.

"É bom que diga a todos: cubram-se de cinzas e rezem o rosário penitente todos os dias. E você, deve converter-se em uma menina e oferecer sacrifícios todos os dias", expressou o anjo na visão, difundida e traduzida para o inglês pela emissora católica WQPH de Massachusetts, Estados Unidos. A religiosa tem 88 anos de idade e sofre condições de saúde próprias de sua idade, tendo experimentado recentemente uma cura providencial de um tumor em seu pescoço.

A vidente expressou que sentiu dúvidas de difundir a mensagem, mas ao assistir a Missa notou que a liturgia dois dias depois incluiu a profecia de Jonas, que pediu o arrependimento empregando os mesmos sinais pedidos pelo anjo. Ao sentir que a mensagem, apesar de ser uma revelação privada, não contradizia o que Deus mesmo comunicou reiteradamente, deu notícia do fato.

Questionada sobre a fidelidade da história, a emissora manifestou em um comunicado oficial seu apoio à redação da notícia, assim como as fontes que a transmitiram ao meio de comunicação. "Particularmente, sabemos que a Irmã Agnes sofreu muito desde a última mensagem de Akita, e nos preocupa que esta nova mensagem, este simples chamado ao arrependimento, que obtivemos através de fontes próximas a ela, tenha começado novas tribulações para ela e para seus confidentes", expressou o meio. "Não temos nenhuma razão para assumir os riscos associados com a publicação de uma história sensacionalista, como esta nova mensagem da Irmã Agnes Sasagawa, que não seja em nome das fontes, que são confiáveis e valentes, e que nos pediram que divulguemos diretamente sua mensagem".

"A nova mensagem pede a cada um de nós rezar um Rosário Penitente diariamente, e cobrir-nos de cinzas como o fizeram os residentes de Nínive ao escutar a profecia de Jonas", concluiu o comunicado sobre o relatório. "Até que possamos obter mais informação de nossa fonte, pedimos a vocês, nossos irmãos e irmãs em Cristo, que distingam com Fé e razão a veracidade da história, e lhes agradecemos sua prudência e preocupação devota pela integridade do legado de Nossa Senhora de Akita e a reputação de seus mensageiros".

A data da nova revelação privada da religiosa, como foi notada em diversos meios de comunicação coincidiu com a abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica na Cidade do Vaticano. (EPC)

Fonte: Gaudium Press

Abaixo um vídeo explicativo das aparições marianas em Akita, Japão.

13 de Novembro de 1965 - Última aparição de Nossa Senhora em Garabandal


No sábado, 13 de Novembro de 1965, Conchita teve sua última aparição de Nossa Senhora em Garabandal. A Conchita deu os detalhes numa carta que escreveu:

Um dia na Igreja, Nossa Senhora disse-me, numa locução, que eu iria vê-la no sábado, 13 de Novembro, nos pinheiros. Seria uma aparição especial para beijar os objetos religiosos para que eu pudesse dá-los depois, eu estava ansiosa para este dia chegar, para que eu pudesse ver de novo a Santíssima Virgem e o Menino Jesus, que tem implantado na minha vida as sementes da felicidade de Deus.

Estava chovendo, mas isso não importa para mim. Fui até os Pinheiros, carregando comigo muitos terços que as pessoas me têm dado, para distribuí-los… Quando eu estava indo para cima, e falando comigo própria, sentia-me culpada pelo meus defeitos, desejando não cair novamente, pois estava muito preocupada de comparecer perante a Mãe de Deus, sem me ter visto livre deles.

Quando cheguei aos Pinheiros, comecei a tirar os rosários para fora, e ouvi uma voz doce, a da Virgem, que sempre se distingue do meio das outras, chamando-me pelo meu nome. Respondi-lhe:

- "O que é?"

Naquele momento eu vi-A com o Menino nos braços. Ela estava vestida como sempre, sorrindo.

Eu disse-Lhe:

- "Eu vim trazer-Lhe os rosários, para que possa beijá-los."

Ela disse-me:

- "Posso ver."

Eu tinha estado a mascar pastilha elástica, mas como estava a vê-La, não mastigava. Eu coloquei a pastilha num dente. Ela deve ter notado, e por isso disse:

- "Conchita, porque não te livras da pastilha elástica e ofereces como um sacrifício para a glória de Meu Filho?"

Eu, um pouco envergonhada de mim mesma, tomei-a e joguei-a no chão. Ela disse depois:

- "Lembras-te do que Eu disse no dia do teu santo? - Que tu irias sofrer muito na Terra... Agora, eu repito-te. Tem confiança em Nós."

Então acrescentei:

- "Como sou indigna, ó Mãe nossa, de tantas graças recebidas através de Vós, e agora Vós vindes a mim para me ajudar a carregar a pequena cruz que eu tenho."

Ela disse:

- "Conchita, Eu não vim apenas para ti, mas estou vindo para todos os meus filhos, com o desejo de chegá-los para mais perto dos Nossos Corações."

Ela, então, pediu as coisas que eu tinha levado.

- "Dá-mos para que eu possa beijar tudo o que trouxeste contigo."

E dei-Lhe tudo. Eu estava trazendo comigo também um pequeno crucifixo que eu lhe dei a beijar. Beijou-o e disse:

- "Coloca-o nas mãos do Menino Jesus."

Eu fi-lo e Ele não disse nada. Eu disse:

- "Essa cruz, eu a pretendo levar comigo quando for para o convento."

Mas Ele não respondeu. Depois de tudo beijar, Ela comentou:

- "O Meu filho, através deste beijo, irá operar maravilhas. Distribui-as aos outros..."

- "Claro que eu vou fazê-lo."

Depois de tudo isto, Ela pediu que eu Lhe dissesse todas as petições que havia recebido dos outros.

- "Conchita, diz-me, diz-me coisas sobre os meus filhos. Eu tenho todos eles sob o Meu Manto."

Eu comentei:

- "Ele é muito pequeno e não há espaço para todos nós."

Ela sorriu e disse:

- "Tu sabes, Conchita, porque Eu não vim pessoalmente a 18 de Junho para dar-te a mensagem para o mundo? Porque Me doía dizê-lo pessoalmente, mas tenho que dizê-lo para vosso próprio bem, e se o cumprirdes, para glória de Deus. Eu te amo muito e desejo a vossa salvação; para reunir todos em torno de Deus Pai, do Filho e do Espírito Santo. Conchita, não vais responder a isto?"

Eu disse:

- "Se eu pudesse estar sempre a vê-La, sim, mas de outra forma não posso, porque eu sou muito má..."

- "Tu, faz tudo o que puderes”. Nossa Senhora acrescentou: "E nós te ajudaremos, bem como a minhas filhas Loli, Jacinta e Mari Cruz..."

Ela não ficou muito tempo comigo.

Ela também disse:

- "Esta será a última vez que tu me vais ver aqui, mas Eu sempre estarei com todos os meus filhos." Depois disso, ela acrescentou: "Conchita, por que não vais frequentemente visitar o Meu Filho no Santíssimo Sacramento? Por que te deixas levar pela preguiça e não vais visitar quem está à tua espera noite e dia?"

Como já escrevi anteriormente, estava uma forte chuvada. Nossa Senhora e o Menino não se molharam. Eu não sabia que estava chovendo enquanto Os via, mas quando parei de vê-los, eu estava encharcada. Também Lhe disse:

- "Ó como estou feliz quando eu Vos vejo. Por que não me levais conVosco agora?"

Ela respondeu:

- "Lembra-te do que te disse no dia do teu santo. Quando tu te apresentares diante de Deus, deves mostrar-Lhe as mãos cheias de boas obras feitas por ti para teus irmãos, e para a glória de Deus. Agora, as tuas mãos estão vazias."

Isto é tudo. Passei um momento feliz com a minha Mãe do céu, a minha melhor amiga, e com o Menino Jesus. Eu deixei de Os ver, mas não de os sentir próximos. Novamente eles semearam na minha alma grande paz, alegria e o desejo de vencer os meus defeitos para que eu consiga amar, com todas as minhas forças, o Coração de Jesus e Maria, que tanto nos amam...

Imagem retratando a última aparição da Mãe de Deus com o Menino Jesus em Garabandal

Conchita termina com isto:

A Virgem Maria disse-me antes que Jesus não pretende enviar a punição, a fim de nos entristecer, mas para nos ajudar e nos repreender por não Lhe prestarmos atenção. E o Aviso, será enviado a fim de nos purificar para o Milagre, em que Ele vai nos mostrar o Seu grande Amor, e para que possamos cumprir a Mensagem.

Com esta aparição de Nossa Senhora, o ciclo de aparições em Garabandal fechou-se. Vai ser definitivamente confirmada numa quinta-feira às 08:30 da noite, quando o Milagre acontecer. Isso marcará o início de uma nova era na história da Salvação da humanidade.

Fonte: http://www.amen-etm.org/MensagemdaVirgemMariaemGarabandal.htm

sábado, 2 de novembro de 2019

Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

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A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, dia em que a Igreja nos exorta a sufragar com especial generosidade, com jejuns, esmolas e orações, as almas dos que padecem no Purgatório, é uma ocasião propícia para recordarmos alguns pontos básicos da fé cristã a respeito dos novíssimos. Antes de tudo, é preciso saber que, logo após a morte, a alma humana apresenta-se diante de Deus para receber a sentença do seu juízo particular, em virtude da qual ela irá, de forma definitiva e irreformável, a) ou para o inferno, caso tenha morrido em pecado mortal, ou, se partiu deste mundo em estado de graça, b) para o céu, se estiver totalmente preparada para a visão beatífica, c) ou para o Purgatório, onde deverá pagar a pena temporal de seus pecados ainda não satisfeita, além de purificar-se das imperfeições que a impedem de entrar na glória eterna. Isso significa que, no Dia de Finados, não rezamos para que os mortos se salvem, uma vez que, depois da morte, já está selado para sempre o destino de cada um deles. Proferida a sentença do juízo particular, de nada adiantam, por exemplo, as orações feitas em favor de um condenado.

Daí também se segue que o Purgatório, ao contrário de que às vezes se pensa, não é um momento de “indecisão” em que a alma, numa última oportunidade, poderia decidir amar a Deus, e assim ir para o céu, ou rejeitá-lo para sempre, e assim precipitar-se no inferno. Os que vão para o Purgatório, com efeito, já estão salvos: têm garantida a sua eterna bem-aventurança, à qual só terão acesso depois de se terem purificado, padecendo sem mérito na outra vida o que poderiam ter lucrado nesta, da pena temporal devida aos seus pecados já perdoados quanto à culpa. Essas almas benditas, que se acham em condição puramente penal e nada são capazes de fazer por si mesmas, podem contudo ser ajudadas pelos sufrágios dos fiéis, na forma de Missas, orações, esmolas, jejuns e outras obras de piedade, sobretudo pelas indulgências.

É a isso que nos exorta hoje a Santa Igreja, é ao cumprimento deste dever sagrado de caridade para com os nossos irmãos mortos na fé que ela hoje nos induz. É verdade que, a não ser por especial revelação, não podemos saber se um nosso parente ou amigo, falecido talvez repentina e tragicamente, sem chance de receber os sacramentos, foi para o inferno ou para o Purgatório. No entanto, essa mesma incerteza, sustentada pela esperança de que Deus não nega a ninguém os auxílios necessários e suficientes à salvação, nos deve impelir a rezar, sim, por todos os fiéis que, mortos na graça divina, necessitam agora do nosso auxílio para que se lhes aliviem as penas que suportam e se lhes abrevie o tempo de padecimento; mas também por todos aqueles que, mesmo sem dar nesta vida sinais visíveis de se terem convertido a Deus, podem muito bem, num ato supremo de misericórdia do nosso dulcíssimo Juiz, estar hoje no Purgatório, onde permanecerão por ainda mais tempo, se não abrirmos nossas mãos para auxiliá-los generosamente. Nossa Mãe Santíssima, que conhece o fim que tiveram os mortos por quem hoje rezarmos, saberá fazer bom uso dos sufrágios que oferecermos, e lhes dará melhor e mais sábia aplicação.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Solenidade de Todos os Santos

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A Igreja celebra em 1° de novembro a Solenidade de Todos os Santos, que, no Brasil, será celebrada no próximo domingo.

Nesta solenidade, a Igreja exulta pela glória e honra de todos os Santos, que contemplam eternamente o rosto de Deus e vivem plenamente a sua visão beatífica.

Para alguns, na Europa, este dia é chamado também "Páscoa do outono", uma solenidade importante para os membros ativos da Igreja, que olham e aspiram ao Céu.

A santidade é um caminho que todos somos chamados a trilhar, seguindo o exemplo dos nossos irmãos, que nos foram propostos como modelos de vida cristã, por terem encontrado Jesus e a ele confiado sua vida, fraquezas e sofrimentos.

Significado da Solenidade

A memória litúrgica dedica um dia especial a todos aqueles que estão unidos a Cristo na glória eterna e intercedem por nós como nossos protetores.

Os Santos são os filhos de Deus que chegaram à meta da salvação e vivem na eternidade a condição da bem-aventurança; os santos são também aqueles que nos acompanham no caminho da imitação de Jesus, que nos leva a ser pedras angulares na construção do Reino de Deus.

Comunhão dos Santos

Em nossa profissão de fé, afirmamos que cremos na Comunhão dos Santos, uma expressão que nos faz entender a vida e a eterna contemplação de Deus, motivo e finalidade da verdadeira Comunhão, mas também com as "coisas" sagradas.

O dom da Eucaristia permite a antecipação da liturgia que o Senhor celebra no santuário celestial, com todos os Santos. A grandeza da redenção é medida pelos seus frutos, isto é, pelos que foram redimidos pela santidade. Por meio deles, a Igreja contempla a sua vocação e a condição da humanidade transfigurada a caminho do Reino.

Origem e história


A origem desta festa da esperança, objetivo da nossa vida, tem raízes antigas. No século IV, teve início a comemoração dos fiéis mártires. Os primeiros sinais desta celebração encontramos em Antioquia, no domingo após o dia de Pentecostes, sobre os quais fala São João Crisóstomo.

Entre os séculos VIII e IX, esta festa começou a se espalhar pela Europa e em Roma, onde o Papa Gregório III (731-741) escolheu o dia 1º de novembro como a data que coincidia com a consagração de uma capela, na Basílica de São Pedro, dedicada às relíquias "dos santos Apóstolos e de todos os Santos mártires e confessores, e a todos os justos, que descansam em paz no mundo".

Fonte: Vatican News

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Beato Bartolo Longo, de devoto do demônio a apóstolo do Rosário


O Beato Bartolo Longo foi um advogado e leigo que fundou o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia (Itália) e que, além disso, dedicou-se a ensinar o catecismo e a difundir a devoção ao Santo Rosário.

Durante sua juventude, ingressou no espiritismo até que, finalmente, Deus tocou seu coração e converteu-se. O Beato Longo foi definido pelo Papa São João Paulo II como “o homem da Virgem”.

Na homilia de sua beatificação, em 26 de outubro de 1980, o Santo Padre disse que ele, “por amor de Maria, tornou-se escritor, apóstolo do Evangelho, propagador do Rosário, e fundador do célebre Santuário no meio de enormes dificuldades e adversidades; por amor de Maria criou institutos de caridade, fez-se mendicante em favor dos filhos dos pobres e transformou Pompeia numa viva cidadezinha de bondade humana e cristã; por amor de Maria suportou em silêncio tribulações e calúnias, passando através de um longo Getsêmani, sempre confiado na Providência, sempre obediente ao Papa e à Igreja”.

Bartolo Longo nasceu em Latiano (Itália), em 10 de fevereiro de 1841. Antes de obter a licenciatura como advogado na Universidade de Nápoles, enveredou-se na moda anticristã da época e dedicou-se à política, às superstições, ao espiritismo: chegou a ser “médium” de primeiro grau e “sacerdote espírita”.

Por outro lado, a filosofia ateia e o racionalismo o tinham totalmente preso. Começou a odiar a Igreja, organizando conferências contra ela e louvando os que criticavam o clero.

Graças à influência de seu amigo Vicente Pepe e do dominicano Pe. Alberto Radente, voltou à fé. Sua conversão aconteceu no dia do Sagrado Coração de Jesus, em 1865, na Igreja do Rosário de Nápoles.

Após seu encontro com Cristo, abandonou a vida libertina e dedicou-se às obras de caridade e ao estudo da religião.

Mais tarde, escreveu, fazendo alusão à sua própria experiência, que “não pode haver nenhum pecador tão perdido, nem alma escravizada pelo implacável inimigo do homem, Satanás, que não possa se salvar pela virtude e eficácia admirável do santíssimo Rosário de Maria, agarrando-se dessa corrente misteriosa que nos estende do céu a Rainha misericordiosíssima das místicas rosas para salvar os tristes náufragos deste tempestuoso mar do mundo”.

Em 1876, por sugestão do Bispo de Nola, iniciou uma campanha para construir um templo em Pompeia. Como resultado da cooperação e da intercessão da Virgem Maria, surgiu o belo Santuário.

No dia 5 de outubro de 1926, aos 85 anos, morreu em Pompeia. Em seu testamento, deixou escrito o seguinte: “Desejo morrer como terciário dominicano… entre os braços da Virgem do Rosário, com a assistência de meu pai São Domingos e de minha mãe Santa Catarina de Sena”.

Fonte: https://cleofas.com.br/tag/beato-bartolo-longo/

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A espiritualidade mariana de São João Paulo II


Falar da espiritualidade mariana de São João Paulo II torna-se ainda mais significativo. Estamos falando da devoção a Virgem Maria, que levou Karol Wojtyla a tamanha santidade, que os fiéis o queriam proclamado santo logo depois da sua morte: “santo súbito”.

Ainda seminarista, um grande tratado de espiritualidade mariana o ajudou a tirar as dúvidas que tinha em relação a sua devoção a Nossa Senhora. Principalmente no que diz respeito a centralidade de Jesus Cristo na vida e na espiritualidade cristã. A espiritualidade mariana do grande São João Paulo II, o levou a uma vida inteiramente dedicada a Deus e isso se deu nos mais de 25 anos de seu pontificado. Com São João Paulo II, esse santo dos nossos dias, podemos aprender a espiritualidade que o fez de um dos Papas mais extraordinários de todos os tempos e que o elevou à glória dos altares.

São João Paulo II disse, na Carta às Famílias Monfortinas, que o Tratado é um “texto clássico da espiritualidade mariana”, que teve singular importância em seu pensamento e em sua vida. Segundo o Pontífice, o Tratado é uma “obra de eficiência extraordinária para a difusão da ‘verdadeira devoção’ a Virgem Santíssima”.

Testemunho de São João Paulo II a respeito do Tratado

João Paulo II experimentou e testemunhou essa eficácia do Tratado: “Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da leitura desse livro, no qual ‘encontrei a resposta às minhas perplexidades’ devidas ao receio que o culto a Maria, ‘dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a supremacia do culto devido a Cristo’. Sob a orientação sábia de São Luís Maria compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de fato, ‘está radicado no Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus’”.

A perfeição, ensina São Luís Maria, consiste em ser conformes, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é, sem dúvida, a que nos conforma, une e consagra mais perfeitamente a Ele. Por conseguinte, foi Maria a criatura que mais se conformou ao seu Filho. Por isso, “entre todas as devoções, a que consagra e conforma mais uma alma a nosso Senhor é a devoção a Maria, Sua Mãe santa, e que, quanto mais uma alma estiver consagrada a Maria, tanto mais estará consagrada a Jesus Cristo”.

Dirigindo-se a Jesus Cristo, São Luís Maria exprime como é maravilhosa a união entre o Filho de Deus e a Sua Mãe Santíssima: “Ela é de tal forma transformada em Ti pela graça, que não vive mais, não existe mais: és unicamente Tu, meu Jesus, que vives e reinas n’Ela. Ah! se conhecêssemos a glória e o amor que Tu recebes nesta maravilhosa criatura. Ela está tão intimamente unida (…) De fato, Ela ama-Te mais ardentemente e glorifica-Te mais perfeitamente do que todas as outras criaturas juntas”.

Somos filhos de Deus Pai e filhos da Virgem Maria

Em Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, somos realmente filhos do Pai e, ao mesmo tempo, filhos da Virgem Maria e da Igreja. Com a Encarnação do Verbo eterno de Deus, de certa forma é toda a humanidade que renasce. À Mãe de Jesus podem ser aplicadas de maneira mais verdadeira, que São Paulo as aplica a si mesmo estas palavras: “Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós”.

Nossa Senhora dá à luz, todos os dias, os filhos de Deus, enquanto não estiver formado neles Jesus Cristo, Seu Filho, na plenitude da sua idade. Essa doutrina encontra a sua expressão mais bela na oração: “Oh! Espírito Santo, concede-me uma grande devoção e uma grande inclinação para Maria, um apoio sólido sobre o seu seio materno e um recurso assíduo à Sua Misericórdia, para que, n’Ela, Tu possas formar Jesus dentro de mim."

Escravidão por amor a Cristo

Na espiritualidade monfortina, o dinamismo da caridade é expresso especialmente pelo símbolo da escravidão do amor ou consagração total a Jesus, a exemplo e com a ajuda materna de Maria. “Trata-se da comunhão plena na kenosis (despojamento) de Cristo; comunhão vivida com Maria, intimamente presente nos mistérios da vida do Filho”. Segundo São Luís Maria, “não há nada entre os cristãos que faça pertencer de maneira mais absoluta a Jesus Cristo e à Sua Santa Mãe como a escravidão da vontade, segundo o exemplo do próprio Jesus Cristo, que assumiu as condição de escravo por amor, e da Santa Virgem, que se considerou serva e escrava do Senhor. O apóstolo honra-se do título de servus Christi. Várias vezes, na Sagrada Escritura, os cristãos são chamados servi Christi."

Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo em obediência ao Pai na Encarnação. Humilhou-se fazendo-se obediente até a morte de cruz. Em comunhão com o Filho, “Maria correspondeu à vontade de Deus com o dom total de si, corpo e alma, para sempre, desde a Anunciação até a Cruz, e da cruz até a Assunção.”

Entenda a consagração a Virgem Maria

Essa consagração ou escravidão de amor a Virgem Maria deve ser interpretada à luz do admirável intercâmbio entre Deus e a humanidade no mistério do Verbo encarnado. Esse é um verdadeiro intercâmbio de amor entre Deus e os homens, na reciprocidade da doação total de si. O espírito dessa devoção é uma resposta ao amor de Deus. Consiste em “tornar a alma interiormente dependente e escrava da Santíssima Virgem e de Jesus por meio dela.”

Ao contrário do que podemos pensar, esse “vínculo de caridade”, essa “escravidão de amor” torna-nos plenamente livres, com a verdadeira liberdade dos filhos de Deus. Trata-se de nos entregarmos totalmente a Jesus Cristo, respondendo ao Amor com que Ele nos amou por primeiro. Qualquer pessoa que viver esta consagração, esta escravidão de amor, pode dizer como São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. Assim como São João Paulo II, façamos do Tratado o nosso livro de cabeceira: “Li e reli muitas vezes, e com grande proveito espiritual, este precioso livrinho ascético de capa azul.”

A Virgem Maria no plano de Salvação do Pai

Esse precioso clássico de espiritualidade mariana ajudou o Santo Padre a entender que “a Virgem pertence ao plano da salvação por vontade do Pai, como Mãe do Verbo encarnado, por Ela concebido por obra do Espírito Santo. Toda a intervenção de Maria na obra da regeneração dos fiéis não se põe em competição com Cristo, mas d’Ele deriva e está ao seu serviço. A ação que Maria realiza no plano da salvação é sempre cristocêntrica. Faz diretamente referência a uma mediação que acontece em Cristo.”

A partir do entendimento dessas verdades de fé pelo Tratado, João Paulo II, abraçou a escravidão de amor a Santíssima Virgem Maria: “Compreendi, então, que não podia excluir da minha vida a Mãe do Senhor sem desatender a vontade de Deus-Trindade, que quis ‘iniciar e realizar’ os grandes mistérios da história da salvação com a colaboração responsável e fiel da humilde Serva de Nazaré”. Como João Paulo II, este homem extraordinário, abracemos também a escravidão de amor a Virgem Maria, para que como ele sejamos fiéis a Jesus Cristo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/a-espiritualidade-mariana-de-joao-paulo-ii/