domingo, 18 de agosto de 2019

Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria


A Igreja deseja que todos os fiéis celebrem publicamente as “glórias de Maria” e, por isso, a Solenidade da Assunção é, no Brasil, transferida de 15 de agosto para o domingo seguinte. A Assunção de Nossa Senhora é um dogma da fé católica, pelo qual proclamamos a feliz entrada da Virgem Maria no Céu e a sua coroação como rainha dos corações e de todo o universo, segundo o beneplácito de Deus, “que tudo pode, e cujos planos de providência são cheios de sabedoria e de amor” (Pio XII, Munificentissimus Deus, n. 1).

Lemos no capítulo 12 do Apocalipse de São João, o discípulo que acolheu a Virgem Maria em sua casa, uma descrição muito acertada do papel de Nossa Senhora na “economia da salvação”. Ela é a “mulher revestida de Sol”, cujos pés solapam o solo da lua, ou seja, daquilo que é efêmero e compromete o nosso edifício espiritual. Essa mulher é Maria porque ela gera não somente Jesus, nosso Deus e Senhor, mas também sofre pelo parto de seu Corpo Místico que é a Igreja, conforme o que Simeão lhe havia anunciado: “Uma espada de dor transpassará o teu coração” (Lc 2, 35).

Maria sofre as dores do nosso parto estando intimamente associada à cruz de Nosso Senhor, pelo qual somos libertados da escravidão do diabo. De fato, a nossa salvação consiste numa luta de vida ou morte contra a “velha serpente”, que deseja nos roubar a felicidade eterna. Trata-se, portanto, de uma “batalha espiritual”, a qual não se pode vencer sem o auxílio providente de Maria, porquanto “não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora” (Bento XVI, Homilia, 11 de maio de 2007, n. 5).

Afirmar que Maria coopera na nossa salvação significa dizer que ela tem um papel especialíssimo na conservação do “estado de graça” em nossa alma. Esse “estado de graça” é, antes de tudo, a semente do amor divino que Deus infunde em nossos corações por meio do Batismo ou da Confissão — no caso dos batizados que caíram em desgraça. Para entrar no Céu, precisamos que essa semente gere frutos de caridade em nós, que o amor cresça em nossas vidas, ao ponto de podermos cumprir plenamente o preceito maior: amar ao Senhor nosso Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todo o nosso espírito e de todas as nossas forças (cf. Mc 12, 30).

Nós não podemos, por nossas próprias forças, amar divinamente, a não ser por uma intervenção sobrenatural. Essa intervenção se dá por meio de Jesus, que nos concede as graças do seu Sagrado Coração, em cujo centro se encontra o tríplice amor com o qual devemos amar a Deus: o amor divino, espiritual e sensitivo. Tal amor foi devidamente concedido à Virgem Maria para que ela pudesse gerar o fruto da salvação e, com isso, formar na santidade todo o Corpo Místico de Cristo.

A serpente maligna, por outro lado, quer nos privar dessa graça, porque ela mesma jogou fora o dom de amar divinamente, e, agora, por pura inveja, deseja nos ver participando da sua condição miserável. A batalha espiritual pela nossa salvação consiste, pois, nessa luta contra o diabo e seus aliados pela preservação da graça em nossos corações. Afinal de contas, Lúcifer deseja nos ver arrastados para o inferno, como a terça parte das estrelas que ele varreu do céu com sua cauda, atirando-as a terra para fazer guerra contra nós e a Mulher (cf. Ap 12, 4).

É nosso dever empunhar as armas desse combate, recorrendo sabiamente ao auxílio da Virgem Maria e de toda a milícia celeste, assim como fizeram todos os bons cristãos ao longo da história. Porque se refugiaram debaixo do manto da Santa Mãe de Deus, eles preservaram e aumentaram o seu amor por Nosso Senhor Jesus, alcançando assim a coroa da eternidade.

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/uma-batalha-pela-graca-de-deus

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