sábado, 29 de junho de 2019

Memória do Imaculado Coração de Maria


Tendo celebrado ontem a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja comemora hoje o Imaculado Coração de Maria. Esta proximidade entre as duas festas litúrgicas busca salientar não só o vínculo estreitíssimo que, na piedade dos fiéis, deve existir entre a devoção ao Coração de Cristo, de um lado, e aquela ao de sua Mãe Santíssima, de outro; mas também, como nos recorda a aparição da Virgem em Tuy, que o Imaculado Coração de Maria não é mais do que o próprio Coração de Jesus. Maria mostrou à Irmã Lúcia o seu Coração puríssimo, não com as características com que ele costuma ser representado, mas cercado de espinhos flamejantes, numa clara alusão ao Coração de seu Filho. Isso não deve levar-nos a pensar que apenas a Maria foi dado o privilégio de ter o seu Coração substituído pelo de Cristo. Trata-se, antes, de uma realidade que os fiéis todos estamos chamados a vivenciar. Temos disto uma prova, em primeiro lugar, na autoridade das Sagradas Escrituras: “Estais mortos”, diz-nos São Paulo, “e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Col 3, 3), ou seja, pelo Batismo, fomos crucificados para nós e o mundo, de maneira que já não somos nós que vivemos; é Cristo quem vive em nós (cf. Gl 2, 20). Também a história dos santos nos mostra, sobretudo no caso singular de Santa Catarina de Sena, que quanto mais amamos a Cristo e a Ele nos configuramos, mais o nosso coração vai-se transformando no dele, até ser completa a nossa identidade de afetos e pensamentos, segundo aquilo do mesmo Apóstolo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de que Jesus Cristo estava animado” (Fp 2, 5). Mas como, de forma concreta, hemos de chegar a esse grau de configuração a Nosso Senhor? Encontramos no Evangelho de hoje a resposta a esta pergunta: “Sua mãe guardava todas essas coisas no seu coração” (Lc 2, 51), e também nos versículos anteriores, em que São Lucas, repetindo a mesma ideia, acrescenta um pormenor de fundamental importância: “Maria conservava todas essas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2, 18). Eis aí o caminho que temos a trilhar para que um dia o nosso coração se transforme no de Cristo: à semelhança de Maria, cujo Coração Imaculado — no dizer do Beato Alberto del Corona — foi o primeiro evangelho em que o Espírito Santo imprimiu os mistérios da fé, também nós temos de ouvir, guardar e meditara Palavra de Deus, para que ela, que se fez carne no ventre da Virgem, se encarne também em nossas almas, em nossos costumes, em nossa vida. Que, com a ajuda de nossa Mãe do céu, saibamos anelar a estar junto de Cristo, já aqui na terra, pela fé viva de amor, e depois na pátria celeste, pela caridade alegre de contemplar por todo o sempre a quem tanto esperamos nesta vida.

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-do-imaculado-coracao-de-maria-mmxix

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