domingo, 19 de abril de 2020
São José e a Divina Misericórdia na hora derradeira
A Divina Misericórdia é e deve ser pedida em nossa vida e sobretudo na hora da morte. Dela depende nossa entrada no Reino do Céu, junto de Nosso Senhor. Neste sentido, é salutar meditar sobre a morte mais consoladora e cheia de misericórdia que poderíamos imaginar, a de São José.
A Exortação Apostólica Redemptoris Custos não acena a morte de São José, também se a piedade dos fiéis sempre foi sensível neste ponto. Por que este importante documento sobre José não faz referência à sua morte? Porque a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja, é apresentada por este documento pontifício de uma maneira rigorosamente cristológica e eclesiológica, que não deixou espaços, também se legítimos, para fatos que não têm uma ligação neste campo.
A Redemptoris Custos dá atenção somente aos mistérios da vida de Cristo que pertencem à Economia da salvação, conforme é também a indicação da Dei Verbum (nº 2). Desta forma, a Redemptoris Custos evidencia a tarefa de “ministro da salvação” confiada por Deus a José no plano da encarnação. Isto não significa que a morte de José não tenha o seu valor e não deva ter lugar na piedade dos fiéis. Já que sobre o tempo em que ele viveu e sobre a sua morte, nem os evangelhos, nem os Concílios, nem os pronunciamentos da Igreja ou da Tradição, fazem referências. Portanto, deve-se buscar uma opinião que seja racional e prudente, conforme acenou João de Cartagena.
Em vista disso, São Bernardino de Sena afirma: “Deve-se crer piamente que durante a sua morte (de José) estiveram presentes Jesus Cristo e a Sacratíssima Virgem, sua Esposa” (Sermo de S. Joseph Sponso B.M. Virginis, art. 2, nº 52). Afirma ainda que a sensibilidade religiosa levou a piedade cristã a considerar desde os tempos mais antigos a morte de São José como “Um plácido sono entre os braços da Virgem e da casta prole”.
Entre os apócrifos encontramos a “História de José o Carpinteiro” do século II, o qual foi escrito para o uso litúrgico dos judeus-cristãos. Neste faz-se uma narrativa colocando na boca do próprio Jesus, o qual teria contado aos apóstolos, reunidos no Monte das Oliveiras, toda a vida de José, inclusive a sua morte. O Dominicano Isidoro Isolani tornou-a conhecida através de sua obra “Summa de donis S. Joseph”, publicada em 1522. A narrativa assim exprime: “Sentei-me na cabeceira de José e minha mãe sentou-se aos seus pés… Vieram Miguel e Gabriel ao meu pai José. Assim expirou com paciência e com alegria…”. Ainda neste relato Jesus faz uma promessa a quem praticar a devoção para com São José:“Eu abençoarei e ajudarei cada pessoa da Igreja dos justos que no dia de tua memória, Ó José, oferecer um sacrifício a Deus. E quem meditar sobre tua vida, sobre teus cansaços, sobre teu Trânsito deste mundo, quando este morrer, eu cancelarei do livro os seus pecados… Na casa onde houver uma lembrança de Ti, não entrará a doença e nem a morte improvisamente”.
A cena do “Transito de São José” está presente na iconografia no final do século XVI e se difundiu rapidamente, surgindo várias Confrarias para promover a “festa do Trânsito”. Uma das mais conhecidas é a “Pia União do Trânsito de São José para a salvação dos moribundos” instituída por Pio X em 1913 junto a Igreja de San Giuseppe Al Trionfale” em Roma. Também o papa Bento XV com o motu próprio “Bonum Sane” (25/7/1920), promoveu esta mesma devoção: “sendo que ele é tido merecidamente como o mais eficaz protetor dos moribundos, tendo expirado com a assistência de Jesus e de Maria”. O mesmo papa aprovou em 1920, das missas votivas de São José, um para os moribundos e outra para a boa morte. Na Ladainha de São José aprovada por São Pio X aos 18/3/1909 tem a invocação pelos moribundos.
Pio XI, em agosto de 1922, dispunha que no ritual Romano fosse colocado no rito do sacramento da unção dos enfermos, o nome de São José e as palavras: “São José, dulcíssimo protetor dos moribundos, fortaleça a tua esperança”, assim como a oração: “A ti recorro, São José, protetor dos moribundos; e a ti, em cujo bem-aventurado Trânsito te assistiram vigilantes Jesus e Maria, fervorosamente recomendo pelo precioso dom de ambos, a alma deste servo empenhado na luta extrema, a fim de que seja livre, pela tua proteção das insídias do diabo e da morte eterna, e mereça chegar às alegrias eternas”. Em vista disso, como já acenamos na consideração sobre a sua morte, ele tornou-se o patrono da boa morte.
Que São José rogue por nós junto da Virgem Maria ao Senhor de Misericórdia! Que tenhamos a graça de ter a assistência dos três no momento derradeiro!
Fonte: http://www.osj.org.br/josefologia/sao-jose-patrono-da-boa-morte/
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