Celebramos hoje a Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão em Roma, a catedral do Papa. Erigida no monte Célio e pertencente originalmente a uma família de patrícios — os chamados “Laterani” —, a Basílica do Latrão remete-se à época de Constantino, o Grande, que no ano de 313 d.C., pelo Édito de Milão, tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano. Ela foi consagrada pelo então Pontífice, Papa S. Silvestre, no dia 9 de novembro de 324 d.C. Foi, aliás, a partir desta época que começou a propagar-se o conceito de “igreja” tal como o entendemos até os dias de hoje: um edifício sagrado em que os fiéis se reúnem para rezar e prestar culto a Deus. Até então, os templos pagãos eram espaços destinados apenas aos sacerdotes, cabendo ao restante do povo ficar de frente para a fachada do templo (“fanum”). Isso nos mostra, como quer que seja, o quão revolucionária é a noção de “igreja” que inaugura o cristianismo. Se para as antigas religiões pagãs, por um lado, o templo era um lugar específico em que morava este ou aquele deus, para a fé cristã, por outro, o templo é, não já uma construção de pedra, mas o próprio fiel; é nele, com efeito, que Deus habita pela graça.
Ao comemorar, portanto, a Festa da dedicação da Basílica do Latrão, o que a Santa Madre Igreja está fazendo é chamar-nos a atenção para essa realidade misteriosa de que, rasgando-se o véu do Templo de Jerusalém ao último suspiro de Cristo na cruz, são os fiéis os templos vivos de Deus, que têm agora acesso livre à intimidade dos átrios das igrejas para orar e oferecer ao Pai um sacrifício agradável: o seu próprio Filho, que se faz presente sob as aparências do pão e do vinho para santificar nossas paróquias, capelas e oratórios com a sua presença real, verdadeira e substancial.
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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