Com grande alegria celebramos hoje a memória de Nossa Senhora do Rosário. Esse ano, celebramos de forma especialíssima essa festa porque é o aniversário de 450 anos da batalha que deu origem a ela. Em 1571, os cristãos montaram uma armada de navios para deter o avanço dos turcos muçulmanos contra a Europa. O Papa via que os infiéis estavam tomando a Europa de roldão, mas os príncipes católicos permaneciam de braços cruzados; havia entre eles muita desunião, por isso o romano pontífice, São Pio V, fez todo um trabalho de diplomacia para conseguir montar uma armada, prontamente consagrada a Nossa Senhora.
Além disso, Pio V mandou que houvesse um padre em cada barco para a confissão dos soldados e marinheiros. Ordenou ainda que se rezasse o Terço, para que todos estivessem em estado de graça. Veja-se a preocupação deste grande Papa em pôr a armada católica contra a invasão muçulmana sob a proteção de Nossa Senhora! No dia 7 de outubro, veio o verdadeiro milagre: os católicos saíram vencedores de Lepanto, embora seu número de navios e canhões etc. fosse bem inferior ao número dos infiéis.
Para confirmar que a vitória fora uma graça do céu, aconteceu outra coisa extraordinária: o Papa São Pio V, a centenas de quilômetros da batalha, estava em reunião; de repente, ele parou, foi até a janela, olhou fixamente para fora e depois voltou, dizendo: “Senhores, temos de encerrar a reunião porque é preciso ir à capela agradecer a Deus a vitória dos cristãos”. Naquela tarde, o Papa, a centenas de quilômetros de distância de Lepanto, viu misticamente a vitória com que o céu presenteou a cristandade. É um fato histórico.
Mas o que ele tem a ver conosco? Lembremos que Nossa Senhora apareceu inúmeras vezes insistindo na importância do Rosário como arma espiritual. Não há escapatória. A Virgem insiste de forma quase martelante na necessidade de precisamos rezar o Rosário, no entanto, ainda há quem não o reze! De fato, não sabemos o que é mais admirável: se a insistência de Nossa Senhora, se a cabeça dura dos católicos que insistem em não rezar o Terço todos os dias. O Santo Padre Pio de Pietrelcina sempre se referia ao Terço como a arma. Certa feita, estava ele em sua cela e perguntou a um dos frades: “Onde está a arma?” O outro não entendeu nada. “Eu quero a arma”. “Mas que arma é essa?”, pensava o irmão “A arma!” Era o Terço.
Mas por que, afinal, o Terço é tão eficaz? Por que uma oração repetitiva, aparentemente enfadonha, tem tanta importância? Em primeiro lugar, porque o Terço se baseia nos mistérios da nossa salvação. Rezá-lo é meditar os mistérios da nossa salvação tendo como pano de fundo a Ave-Maria, que já carrega em si mesma o mistério da entrada do Salvador neste mundo. Ora, Satanás e os seus demônios tremem no inferno quando ouvem uma Ave-Maria. Por quê? Porque foi por ocasião da mensagem do anjo que Nossa Senhora realizou o ato de obediência e de humildade pelo qual o Filho de Deus entrou no mundo. São as virtudes da obediência e da humildade as que derrotam Satanás. O diabo é soberbo; logo, a humildade de Nossa Senhora e de Jesus são o sinal e a causa de sua derrota.
Precisamos, sim, inclinar a cabeça. Somos soberbos, e o Terço é uma oração que nos faz pequeninos. Na verdade, é uma oração que até as crianças podem fazer. Não é como a Liturgia das Horas, a Lectio Divina, uma meditação espiritual etc., ou seja, métodos de oração que, por assim dizer, são mais acessíveis aos letrados e aos progredidos espiritualmente.
O Terço não. Ele pode ser rezado por uma criança de colo ou por um grande místico. É uma oração para todos porque é a oração da humildade. As crianças crescem ouvindo a mãe rezar o Terço, e assim vão elas aprendendo a recitá-lo. Nossa Senhora quer que percorramos esse caminho de santificação, de modo que nos tornemos cada vez mais devotos do santo Terço.
No início, pode parecer repetitivo; mas, se formos meditando os mistérios de nossa salvação, e contemplaremos em cada um deles as vitórias de Deus. O santo Terço é, de fato, uma grande arma, que faz o inferno tremer de horror e vergonha. Queiramos agradar à nossa Mãe cantando as vitórias de seu Filho, e demos graças pelas inúmeras vitórias que os cristãos têm recebido dos céus por intercessão dela.
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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