Com grande alegria iniciamos o mês de julho, dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. No calendário antigo, celebrava-se hoje a festa do Preciosíssimo Sangue, que no rito novo pode ser celebrada com uma Missa votiva do Precioso Sangue de Nosso Senhor. Mas o que estamos celebrando, afinal? Comecemos pela expressão. Precioso é aquilo que tem preço, geralmente elevado, é o que tem valor e, portanto, não é gratuito: há que pagar por ele alguma coisa. Ora, fomos resgatados da morte eterna, dos nossos pecados, do poder que o demônio tinha sobre nós, não com o sangue de bodes e de touros, mas com o preço do Sangue de Cristo, que não é um preço baixo. É preciosíssimo. A primeira coisa que temos de compreender é que a devoção ao Preciosíssimo Sangue está ligada ao mistério da Paixão, ou seja, ao fato de que, pela cruz de Cristo, o mundo foi redimido. Vamos além. O que quer dizer a palavra “redimido”? “Redimido” quer dizer “comprado de volta”. É como se fôssemos escravos alforriados porque alguém pagou o nosso preço. Estávamos no mercado, à venda como escravos, condenados a uma vida miserável, mas um benfeitor bondoso apareceu e nos comprou, não para que continuemos escravos, mas para nos dar a liberdade. Foi isso o que Jesus Cristo fez por nós: Ele nos veio redimir. Mas o que tudo isso quer dizer, no fim das contas? Antes de tudo, que Deus nos amou com amor infinito. O amor de Deus chegou aos limites do que, aos olhos humanos, pode até parecer uma loucura. Sim, uma loucura. Pensemos bem. Quem de nós teria tanto amor por um animal de estimação, a ponto de dar a vida e morrer por ele? A qualquer pessoa que agisse nós chamaríamos de louca. Afinal, uma vida humana é preciosíssima se comparada com a de qualquer animal irracional. Ora, Deus é Deus e nós, pobres criaturas; ainda mais, criaturas pecadoras. Não merecemos que Deus nos venha resgatar. No entanto, o amor de Deus por nós não encontrou limites nem fronteiras. Por isso Ele fez por nós loucuras de amor. É uma adaptação das palavras de São Paulo, que se refere à cruz de Cristo como a sabedoria de Deus, mas que é loucura para os homens.
Para algumas pessoas, é difícil crer no Evangelho, não porque ele seja incompreensível, mas porque ele é bom demais. O Evangelho traz uma notícia tão boa, que chega a ser incrível. Sim, é incrível que Deus infinito, de poder e majestade soberanos, aquele que rege o universo, por quem e para quem todas as coisas existem, tenha vindo a este mundo por nós, para nos amar entregando a própria vida. Diante disso, como não cair de joelhos em gratidão e adoração? Eis o grande mistério que celebramos: Deus pagou um o inimaginável para nos resgatar. Tal foi o amor dele por nós, que não encontrou limites. Deus nos amou em Cristo Jesus. Meditar sobre o Precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, portanto, é olhar para o preço pago por Deus em resgate da nossa miséria, a fim de que pudéssemos participar de sua divindade. Há mais, porém, porque o Sangue de Cristo, o preço maravilhoso pago por Deus, se tornou ainda outra realidade: tornou-se para nós, na Eucaristia, bebida espiritual, alimento celeste. Na comunhão, mesmo que recebamos somente a espécie do pão, sem beber do cálice sagrado, recebemos o Cristo todo, Christus totus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Esse Sangue é uma verdadeira bebida, é a caridade de Deus derramada em nossos corações para incendiar nossas almas. Na Eucaristia, com efeito, recebemos a força para amar de volta aquele que tanto nos amou. Por isso, o Preciosíssimo Sangue nos fala não somente do amor de Deus por nós, mas também do amor que Ele mesmo quer nos dar para que o amemos de volta. Para isso Ele se fez alimento e bebida. Se é maravilhoso que Deus nos ame, o que não será que Ele queira que a nossa miséria seja transformada a ponto de amá-lo como Ele mesmo ama! Sim, Deus se dá a nós por amor para nos dar o amor com que Ele quer ser amado! São esses os pensamentos e mistérios maravilhosos que nos acompanharão durante o mês de julho, mês do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mergulhemos nesses mistérios que nos alimentam e são para nós caminho de salvação.
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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