Celebramos hoje a festa de Santa Maria Madalena, uma figura luminosa na história da Igreja que nos enche o coração de grande esperança. Por que Maria Madalena é para nós um sinal de esperança? Porque, ao ver que uma pecadora pode transformar-se em grande discípulo de Jesus, nosso coração enche-se de ânimo. Como diz o Dies Irae, uma poesia usada antigamente como sequência da Missa dos defuntos e agora rezada na Liturgia das Horas na última semana litúrgica, Qui Mariam absolvisti mihi quoque spem dedisti, “Tu”, Jesus, “que absolveste Maria a mim também deste esperança”. Temos esperança porque, ao ver Jesus absolver Maria Madalena e atender ao pedido do bom ladrão na cruz, vemos que também nós podemos ser grandes santos! Não importa qual seja o nosso passado, o que importa verdadeiramente é o que Deus quer para nós hoje: o futuro da glória de um grande santo no céu. Somos chamados à vocação da santidade. É uma vocação universal. (cf. Concílio Vaticano II, Constituição “Lumen gentium”, c. 5). Todos os fiéis batizados, não interessa se têm um passado virginal ou de prostitutos; não interessa se vêm de berço católico ou se se converteram recentemente; não interessa se são padres, religiosos ou leigos; não interessa se são casados, solteiros ou celibatários — todos os batizados são chamados à santidade.
Mas por que tão poucos chegam lá? A maioria não chega à santidade, número um — e aqui está o segredo da coisa —, porque não faz ideia do que seja a santidade. As pessoas não têm ideias claras. Para a maior parte delas, santo é quem obedece aos Mandamentos. Bastaria não matar nem roubar. Ora, isso não é santidade. Sim, quem obedece aos Mandamentos, se morrer em graça, será salvo, mas nem por isso terá sido santo. Santo é quem ama a Deus com amor divino e sobrenatural. É o fiel capaz de ter por Deus o amor que Maria Madalena mostra a Jesus no Evangelho de hoje. Maria, antes uma pecadora, está agora no túmulo de Jesus e, o que é extraordinário, ela vê dois anjos vestidos de branco — um sentado à cabeceira, outro aos pés do sepulcro —, mas nem eles são capazes de consolá-la! Madalena quer Jesus e é somente quando ela o encontra: “Raboni!”, que se sente consolada. Aquela que antes procurava consolação nas coisas carnais e mundanas agora tem um amor tão ardente por Jesus, que nem os anjos podem consolá-la. Isso é ser santo. Santo é quem ama Jesus com amor sobrenatural, um amor que, por nós mesmos, não somos capazes de produzir; somente Deus o pode infundir no nosso coração, tornando-nos capazes de viver um amor tão sublime.
Então, o que é um santo? É aquele que, perdoado de seus pecados pelo Batismo ou pela Confissão, se dispôs a mudar interiormente e deixar que Deus aja e transforme o seu coração. Aqui vemos o segundo obstáculo pelo qual muitos não chegam a ser santos: a falta de generosidade, de disposição para mudar e ser instrumento de Deus. — Em resumo: Todos, absolutamente todos são chamados à santidade; mas por que poucos chegam lá? Primeiro problema: não sabemos mais o que é a santidade, que é ter um grande amor sobrenatural por Jesus. Segundo problema: mesmo quando sabemos o que é, não somos generosos, ou seja, não estamos dispostos a viver aquelas mudanças extraordinárias que Deus quer fazer dentro de nós, esquecendo-nos de nós para viver para Cristo, para o serviço de Cristo, para amar Jesus, como fez Maria Madalena. Já sabemos, pois, o que precisamos fazer. Primeiro: ter ideias claras sobre o que é a santidade. Neste site há inúmeros vídeos em que, de um jeito ou de outro, se busca esclarecer o que é verdadeiramente a santidade e quais são as virtudes que devemos desenvolver generosamente para ser santos. Mãos à obra! Que Santa Maria Madalena nos ilumine e conduza pelo caminho de santidade, caminho em que, esquecidos de nós e de toda consolação criada, seremos consolados por Jesus, nosso grande amor.
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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