quinta-feira, 31 de maio de 2018

A mediação de Nossa Senhora



A Virgem Maria é Medianeira de todas as graças, pois ela nos deu Jesus Cristo

O título de “Medianeira de todas as graças”, atribuído a Nossa Senhora, tem o seu significado ligado principalmente à participação da Mãe de Deus no Mistério da Encarnação do Verbo e no Mistério Pascal de Jesus Cristo. Mas esse título tem seu significado ligado também à mediação materna da Mãe de Deus sobre toda a Igreja e cada um dos fiéis em particular. Desde os primórdios do Cristianismo, o povo de Deus recorria a Virgem Santíssima, e a Tradição da Igreja já reconhecia a sua participação singular no Mistério de Cristo e na vida dos fiéis. Esse costume de recorrer a Santíssima Virgem é atestado pela mais antiga oração mariana de que se tem conhecimento, do século III, que em latim se chama Sub tuum præsidium, e significa “À vossa proteção”.

As imagens de Nossa Senhora, muitas delas retratadas até mesmo em cavernas e catacumbas, onde se reuniam os primeiros cristãos para rezar, também nos ajudam a compreender que a mediação da Mãe do Senhor faz parte do Cristianismo desde o princípio. Tendo em vista a importância do significado do tema para a Igreja de todos os tempos, trataremos brevemente sobre a Virgem Maria “Medianeira de todas as graças” a partir da doutrina do Corpo Místico de Cristo, presente nas Sagradas Escrituras; dos ensinamentos dos santos e dos doutores da Igreja; da doutrina do Magistério da Igreja.

Os mediadores junto ao único Mediador

Para falar da mediação da Virgem Maria, vamos partir da Palavra de Deus, mais especificamente da Carta de São Paulo a Timóteo, na qual está escrito: “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e a humanidade: o homem Cristo Jesus, que se entregou como resgate por todos”. Por essa passagem, não há dúvida de que o apóstolo Paulo diz claramente que existe um só mediador entre Deus e os homens. Mas, voltando alguns versículos, também está escrito: “Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade”.

Nesses versículos, o apóstolo dos gentios pede que se “façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças” pelas necessidades da comunidade e por toda a sociedade da época. Mas se Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens, por que Paulo pede a Timóteo e a sua comunidade que intercedam por suas necessidades e as de outras pessoas? O apóstolo faz isso, porque tem a clareza de que o único Mediador é a Igreja, é o Cristo Total, que é formado pela Cabeça, que é Jesus, e por nós, membros do Corpo Místico de Cristo5. Fazemos parte do Corpo de Cristo, por isso participamos da mediação do único Mediador, que é Cristo. Dessa forma, a “mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa única fonte”6. No entanto, somos pessoas cheias de fraquezas, inconstantes, pecadores, e Deus sabe que somos indignos e incapazes, por isso teve piedade de nós e, para nos dar acesso às suas misericórdias, concedeu-nos intercessores poderosos junto da Sua grandeza.

A Medianeira como caminho para chegar ao Mediador

Pela Sua infinita caridade, Jesus Cristo tornou-se a nossa garantia e o nosso Mediador “junto de Deus, Seu Pai, para aplacá-lo e pagar-lhe o que lhe devíamos. Mas será isso uma razão para termos menos respeito e temor à sua majestade e santidade? Digamos, pois, abertamente – com São Bernardo – que temos necessidade dum mediador junto do mesmo Medianeiro, e que Maria Santíssima é a pessoa mais capaz de desempenhar essa função caridosa. Foi por Ela que nos veio Jesus Cristo; é por Ela que devemos ir a Ele. Se receamos ir diretamente a Jesus Cristo, nosso Deus, por causa da sua grandeza infinita, ou da nossa miséria, ou ainda dos nossos pecados, imploremos ousadamente o auxílio e a intercessão de Maria, nossa mãe”.

À vista disso, compreendemos que a grandeza de Deus e a miséria humana são motivos suficientes para recorrer a Medianeira de todas as graças. Para chegar até Deus, segundo São Bernardo e São Boaventura, temos que subir três degraus: “o primeiro, que está mais perto de nós e mais conforme à nossa capacidade, é Maria; o segundo é Jesus Cristo, e o terceiro é Deus Pai. Para ir a Jesus é preciso ir a Maria: Ela é a nossa Medianeira de Intercessão. Para ir ao Eterno Pai é preciso ir a Jesus: nosso Medianeiro de Redenção”. No que diz respeito a Virgem Maria, devemos esclarecer que ela não é somente medianeira de intercessão no sentido mais comum da palavra, que é de interceder por nós, mas também no sentido de intervir concretamente em nossas vidas.

A Medianeira e a sua maternidade espiritual

A doutrina a respeito da maternidade espiritual da Virgem Maria sobre os fiéis atravessou os séculos e se faz presente na Igreja até os nossos dias, inclusive nos principais documentos do magisteriais do Concílio Vaticano II, como a Constituição Dogmática Lumen Gentium e o Catecismo da Igreja Católica. Mas, novamente vamos partir da Palavra de Deus que, a respeito do Corpo Místico de Cristo, diz: “Um homem e um homem nasceu d’Ela”. Neste versículo do Salmo 86, “segundo a explicação de alguns Santos Padres, o primeiro homem que nasceu de Maria foi o Homem-Deus, Jesus Cristo; o segundo é um homem impuro, filho de Deus e de Maria por adoção”. Se Jesus Cristo, cabeça do Corpo Místico da Igreja, nasceu da Virgem de Nazaré, todos os predestinados, membros dessa Cabeça, também devem nascer dela, por uma consequência necessária.

Visto que, a mesma mãe não pode dar à luz a cabeça sem os membros, nem os membros sem a cabeça. Isso seria uma monstruosidade na ordem da natureza. Do mesma forma, na ordem da graça, a cabeça e os membros nascem também de uma só Mãe: a Virgem Maria.

Se um membro do Corpo Místico de Cristo nascesse de outra mãe que não fosse a Mãe de Deus, que gerou a Cabeça, não seria um predestinado nem um membro de Jesus Cristo, mas sim um monstro na ordem da graça . Por disposição divina, a Santíssima Virgem, “concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É, por essa razão, nossa mãe na ordem da graça”. Essa maternidade espiritual de “Maria, na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos”. Isso significa que a mediação materna da Mãe da Igreja é universal e particular, que ela é “Medianeira de todas as graças”

O significado do título de Maria “Medianeira de todas as graças”

Portanto, a Palavra de Deus, a Tradição da Igreja sempre consideraram a mediação humana junto a Jesus Cristo, o único Mediador, pois a Santíssima Trindade não quis salvar a humanidade sem a cooperação dos homens. Na História da Salvação, desde a Antiga Aliança, muitas foram as mediações humanas como Abraão, Moisés, os reis, os profetas, as santas mulheres, os apóstolos e discípulos de Jesus Cristo. Mas, na plenitude dos tempos, Deus suscitou a mediação singular da Virgem Maria para o desígnio da Salvação da humanidade.

Nossa Senhora esteve presente em toda a vida terrena de Seu Filho Jesus Cristo, desde o Mistério da Encarnação do Verbo, passando pela Sua vida oculta em Nazaré e a sua vida pública, até a consumação do Mistério Pascal. Como que para simbolizar a sua mediação, depois da Ascensão do Senhor aos Céus, a Santíssima Virgem permaneceu com os apóstolos e discípulos. Essa mediação de Maria, que permanece pelos séculos até a consumação eterna de todos os eleitos, não exclui a mediação de Cristo, mas antes é um caminho mais fácil para chegar até o Filho, nosso único Mediador junto ao Pai. No entanto, essa mediação da Mãe da Igreja se diferencia radicalmente das outras mediações humanas por seu caráter materno.

A Virgem de Nazaré não somente gerou o Filho de Deus, mas também o alimentou, educou e acompanhou durante toda sua vida, até o momento supremo de sua existência terrena, a sua doação total no sacrifício da Cruz. Isso significa que a Virgem Maria é medianeira universal, pois ao entregar-se inteiramente ao seu Filho Jesus, ela cooperou na obra da salvação de toda a humanidade. Ao mesmo tempo, Nossa Senhora é nossa medianeira particular, porque sua maternidade espiritual estende-se também a cada um de nós, que somos membros do Corpo de Cristo. Nós somos gerados, alimentados, educados e acompanhados pela Mãe da Igreja por toda a vida, por isso ela é também nossa medianeira de modo particular.

Dessa forma, a Virgem Maria é medianeira de todas as graças, pois ela nos deu Jesus Cristo, a graça incriada e eterna, e nos dá todas as graças necessárias para a nossa salvação, que nos foi alcançada pelo sacrifício único e definitivo de seu Filho no alto da cruz. Embora “Medianeira de todas as graças” seja um título de Nossa Senhora, e não um dogma de fé, o senso de fé do povo de Deus e a Igreja Universal são favoráveis a este, tanto que a sua celebração é reconhecida na Liturgia. Em 1921, o Papa Bento XV concedeu o Ofício e a Santa Missa da Bem-aventurada Virgem Maria “Medianeira de todas as graças”. A sua celebração, no dia 31 de maio, aconteceu primeiramente na Bélgica, mas se difundiu rapidamente por toda a Igreja.

“A devoção também chegou no Brasil e, no sul do país, ganhou enorme expressão. Em 1928, foi introduzida no Seminário São José, da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, através de um santinho recebido da Bélgica por padre Inácio Valle”. À Medianeira junto ao Mediador, recorramos com toda a confiança:

Bem-aventurada Virgem Maria Medianeira de todas as graças, rogai por nós!

Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/o-que-significa-ser-medianeira-de-todas-as-gracas/

A visita de Nossa Senhora a Santa Isabel



Tão logo o Arcanjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria a Mãe do Salvador, e Maria vai, apressadamente, diz São Lucas, para fazer uma visita à sua prima Isabel, já idosa, para ajudá-la nos serviços do lar. A Virgem caminha cerca de 200 km, passa pela Samaria e chega a Judeia, vai à cidade de Ain-Karin, no alto das montanhas da Judeia onde morava o sacerdote Zacarias.

Certamente, Maria caminha, por uma semana, meditando o mistério anunciado pelo anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo!”. “Não temas Maria, encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho que colocarás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á filho do Altíssimo e o Senhor Seu Deus lhe dará o trono do seu Pai Davi… e o seu reino não terá fim”. (Lc 1,30ss)

Seu coração humilde transbordava de alegria e júbilo, ainda sem entender tudo. Mas, apesar de tudo o que se passava em sua mente e em seu coração, ela pensa na sua idosa parenta Isabel, que precisa dela. Vai, então, às pressas pelas montanhas da Judeia. Ao chegar à casa de Isabel, a saúda: Shalom! João Batista estremece no seio de Isabel, e esta, cheia do Espírito Santo, diz São Lucas, exclama:

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1,40-45).

Isabel é a primeira pessoa, iluminada pelo Espírito Santo, que percebe que está diante da Mãe de Deus humanado. “A Mãe do meu Senhor!”. Ciente desta verdade, diante de Jesus e de João Batista que se encontram ainda nos seios de suas mães, com sentimentos de humilde gratidão para com a grandeza e bondade de Deus, Maria, cheia do Espírito Santo, expressa com o Magnificat, toda a sua alegria e júbilo:

“Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.” (Lc 46-55)

Vinte séculos de cristianismo repetiram rezando e cantando este hino. Este canto é o suficiente para provar e demonstrar a visita do Anjo e o prodígio operado na Virgem Maria. Se ela não tivesse estado sob a ação do Espírito Santo, jamais aceitaria ser chamada de “bendita entre todas as mulheres”, como lhe disse Isabel. E como se atreveria a dizer que “todas as gerações me chamarão de bem aventurada”. E o mais admirável é que todas as suas palavras se realizaram e todos os séculos passam ante Ela cantando a sua felicidade sem igual, de ser escolhida para ser a Mãe de Deus, por ser a mais humilde de todas as mulheres.

O Verbo encarnado em Maria é causa de graça para Isabel que, pelo Espírito Santo, percebe os grandes mistérios que se operam nela: a sua dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação do Batista, precursor, que exulta de alegria no ventre da mãe.

Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, servindo-a humildemente. A primeira coisa que faz a Mãe de Deus, é servir! Amar é servir! Desinteressadamente. É a primeira lição que Maria nos dá. Ela não levou em conta ser a Mãe do Salvador; teria o direito de ser servida; mas, ao contrário, vai logo servir. Reinar com Cristo é servir!

São Francisco de Sales, doutor da Igreja, diz: “Na Encarnação Maria se humilha confessando-se a serva do Senhor… Porém, Maria não fica só na humilhação diante de Deus, pois sabe que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus ao próximo. Não é possível amar a Deus que não vemos, se não amamos os homens que vemos. Esta parte realiza-se na Visitação.”

Depois dos oito dias para o rito da circuncisão de João Batista e imposição do nome, Maria volta para Nazaré.

A festa da Visitação, de origem franciscana, que os frades menores já a celebravam em 1263, era celebrada a dois de julho, isto é, ao término da visita de Maria.

A festa foi depois estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano VI (1378-1389) para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente no século 14.

O atual calendário litúrgico abandonou a data tradicional de 2 de julho para fixar-lhe a memória no último dia de maio, como coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem.

Fonte: http://cleofas.com.br/visita-de-nossa-senhora-a-santa-isabel/

Como surgiu a Solenidade de Corpus Christi?



No final do século XIII surgiu em Liege, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124 pelo Bispo Alberto de Lieja. Este movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como por exemplo a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação na Missa e a festa de Corpus Christi.

Santa Juliana de Mont Cornillon, naquela época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. A santa nasceu em Retines perto de Liège, Bélgica em 1193. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinianas em Mont Cornillon. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade. Morreu em 5 de abril de 1258, na casa das monjas Cistercienses em Fosses e foi enterrada em Villiers.

Desde jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperou que se tivesse uma festa especial em sua honra. Este desejo se diz ter intensificado por uma visão que teve da Igreja sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significava a ausência dessa solenidade.

Santa Juliana de Mont Cornillon ou de Liege


Juliana comunicou estas aparições a Dom Roberto de Thorete, o então bispo de Lieja, também ao douto Domenico Hugh, mais tarde cardeal legado dos Países Baixos e Jacques Pantaleón, nessa época diácono de Liege, mais tarde o Papa Urbano IV.

O bispo Roberto ficou impressionado e, como nesse tempo os bispos tinham o direito de ordenar festas para suas dioceses, invocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração fosse feita no ano seguinte, ao mesmo tempo o Papa ordenou, que um monge de nome João escrevesse o ofício para essa ocasião. O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto com algumas partes do ofício.

Dom Roberto não viveu para ver a realização de sua ordem, já que morreu em 16 de outubro de 1246, mas a festa foi celebrada pela primeira vez no ano seguinte na quinta-feira posterior à festa da Santíssima Trindade. Mais tarde um bispo alemão conheceu os costume e a o estendeu por toda a atual Alemanha.

O Papa Urbano IV, naquela época, tinha a corte em Orvieto, um pouco ao norte de Roma. Muito perto desta localidade está Bolsena, onde em 1263 ou 1264 aconteceu o Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração fosse algo real., no momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue do qual foi se empapando em seguida o corporal. A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. Hoje se conservam os corporais -onde se apóia o cálice e a patena durante a Missa- em Orvieto, e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue.

O Santo Padre movido pelo prodígio, e a petição de vários bispos, faz com que se estenda a festa do Corpus Christi a toda a Igreja por meio da bula “Transiturus” de 8 setembro do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes e outorgando muitas indulgências a todos que asistirem a Santa Missa e o ofício.

Em seguida, segundo alguns biógrafos, o Papa Urbano IV encarregou um ofício -a liturgia das horas- a São Boaventura e a Santo Tomás de Aquino; quando o Pontífice começou a ler em voz alta o ofício feito por Santo Tomás, São Boa-ventura foi rasgando o seu em pedaços.

A morte do Papa Urbano IV (em 2 de outubro de 1264), um pouco depois da publicação do decreto, prejudicou a difusão da festa. Mas o Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e, no concílio geral de Viena (1311), ordenou mais uma vez a adoção desta festa. Em 1317 é promulgada uma recopilação de leis -por João XXII- e assim a festa é estendida a toda a Igreja.

Nenhum dos decretos fala da procissão com o Santíssimo como um aspecto da celebração. Porém estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV.

A festa foi aceita em Colônia em 1306; em Worms a adotaram em 1315; em Strasburg em 1316. Na Inglaterra foi introduzida da Bélgica entre 1320 e 1325. Nos Estados Unidos e nos outros países a solenidade era celebrada no domingo depois do domingo da Santíssima Trindade.

Na Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, armênios, coptas, melquitas e os rutínios da Galícia, Calábria e Sicília.

Finalmente, o Concílio de Trento declara que muito piedosa e religiosamente foi introduzida na Igreja de Deus o costume, que todos os anos, determinado dia festivo, seja celebrado este excelso e venerável sacramento com singular veneração e solenidade; e reverente e honorificamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos. Nisto os cristãos expressam sua gratidão e memória por tão inefável e verdadeiramente divino benefício, pelo qual se faz novamente presente a vitória e triunfo sobre a morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fonte: https://pt.churchpop.com/como-surgiu-solenidade-de-corpus-christi/

Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo - Corpus Christi



Celebramos hoje com grande alegria a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, conhecida de forma mais abreviada como festa de Corpus Christi. Esse detalhe não é de pouco importância, haja vista que, este ano, as leituras proclamadas se centram particularmente na figura não tanto do Corpo como do Sangue de Nosso Senhor. A primeira leitura, por exemplo, extraída do livro do Êxodo (cf. 24, 3-8), fala-nos do sangue da Aliança que Deus fez com o povo de Israel; a segunda leitura — um trecho da Epístola aos Hebreus (cf. 9, 11-15) —, por sua vez, descreve-nos a virtude purificadora do Preciosíssimo Sangue de Jesus, “Sumo Sacerdote dos bens futuros”. Tudo isso nos remete para o fato, narrado por fim no Evangelho, de que o Senhor quis tornar sacramentalmente presente o seu único e eterno sacrifício mediante dois elementos ou sinais distintos: o pão, que na Missa se converte em seu Corpo adorável, e o vinho, que pelas palavras da consagração torna-se verdadeiro Sangue de Redenção. É claro que, como nos ensina a Igreja, sob cada espécie eucarística está presente Cristo inteiro, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Mas a dualidade destes sinais serve para destacar que a Eucaristia é, verdadeira e propriamente, um sacrifício oferecido ao Pai eterno: o Corpo se separa do Sangue e, assim, o mundo é remido e Deus, aplacado em sua justa cólera. Que a solenidade de que hoje participamos nos leve a venerar com mais profundos sentimentos de adoração a presença real e permanente de Nosso Senhor sob as espécies eucarísticas. Peçamos-lhe, de forma especial, a graça de dedicarmos um dia da semana — ou todos, se possível — para fazermos uma vista de alguns minutos ao Santíssimo Sacramento: ali, no altar e no tabernáculo, está presente, como prova de amor, o preço inestimável com que fomos salvos e, como penhor da vida futura, o dom incomparável com que Ele mesmo nos quer alimentar até o dia de nossa morte.


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/solenidade-do-santissimo-corpo-e-sangue-de-cristo-mmxviii

quarta-feira, 30 de maio de 2018

30 de Maio - Memória de Santa Joana d'Arc



Uma simples camponesa, com apenas 17 anos de idade, assume o comando de exércitos e salva sua pátria de um desaparecimento inglório.

Certas lendas parecem-se tanto com a realidade a ponto de levantar a pergunta: “Será, de fato, simples lenda?” Em sentido contrário, certas narrações históricas revestem-se de tantos aspectos surpreendentes que suscitam uma desconfiança: “Mas isto é mesmo real?”

Um dos mais expressivos exemplos do segundo caso é a vida de Santa Joana d’Arc, uma das maiores epopéias da História. São desconcertantes os traços de sua curta existência. Seriam mesmo inexplicáveis abstraindo-se a graça de Deus, que transformou essa delicada virgem camponesa em guerreira intrépida e fez de seu nome uma saga, um mito, um poema.

Desde muito pequena, preparada para sua grande missão


Quando Joana nasceu, em 1412, a França sangrava dolorosamente havia já 75 anos, nos duros embates da Guerra dos Cem Anos, contra a Inglaterra. O nome de seu vilarejo natal, situado no Ducado de Lorena, soa como um toque de sininho de aldeia: Domrémy.

Filha de camponeses honrados e laboriosos, ali passou ela sua infância, aprendendo o mesmo que as outras meninas de sua idade. “Ela se ocupava, como as demais mocinhas, fazendo os trabalhos de casa e fiando, e, algumas vezes, como eu mesma vi, cuidava dos rebanhos de seu pai” – conta Hauviette, sua amiga.

Entretanto, a nota dominante de sua infância foi sua exemplar piedade. Desde muito pequena, Deus a atraía para a contemplação de panoramas elevados. Destinada a grandes feitos, sua fé deveria ser robusta. Gostava imensamente de freqüentar a igreja, e com sumo interesse dava os primeiros passos no aprendizado da doutrina cristã.

Jamais poderia ela imaginar a grande missão para a qual sua alma estava sendo preparada. Ouçamo-la narrar, com encantadora simplicidade, um acontecimento que a marcou profundamente: “Quando eu tinha mais ou menos 13 anos, ouvi a voz de Deus que veio ajudar-me a me governar. Eu ouvi a voz do lado direito, quando ia para a Igreja. Depois que ouvi esta voz três vezes, percebi que era a voz de um anjo. Ela me ensinou a me conduzir bem e a frequentar a igreja”.

Tempos depois, sabendo já que aquela “voz” era de São Miguel Arcanjo, conta: “Ela [a voz] me disse ser necessário que eu, Joana, fosse em socorro do Rei da França”.

Aos 17 anos, parte para a vida de batalhas

A Filha Primogênita da Igreja estava numa situação calamitosa. Em 1337, o Rei Eduardo III da Inglaterra, reivindicando para si o Trono da França, desencadeou a Guerra dos Cem Anos. Enfraquecidos por fatores de ordem moral e religiosa, além de graves discórdias internas, os franceses sofreram reveses sucessivos. Em 1420, foram obrigados a assinar o humilhante Tratado de Troyes, em consequência do qual o Rei da França perdeu o trono em favor do Rei da Inglaterra. Assim, a nação francesa caminhava para um inglório ocaso.

Precisamente nesta trágica circunstância, surge a figura argêntea de Santa Joana d’Arc, a camponesa iletrada, mas instruída nas vias da virtude por três enviados de Deus: o Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Sena e Santa Margarida de Antioquia.


Quando ela completou 17 anos, as “vozes do Céu” lhe indicaram que o momento de agir havia chegado. Saindo da casa paterna, Joana conseguiu convencer o Capitão Roberto de Baudricourt a conduzi-la à presença do “Delfim” (assim era chamado o monarca francês Carlos VII, ainda não coroado Rei), o qual se encontrava em Chinon.

Com a convicção e confiança recebida das vozes celestes, afirmava ela ser a vontade do rei do Céu que Carlos fosse coroado, e que ela era chamada a comandar em nome de Deus os exércitos franceses para expulsar da França as tropas inglesas.

Após vencer muitas dificuldades, a pastora de Domrémy chegou à corte no dia 6 de março de 1429. Nesta ocasião ela se encontraria, por fim, com o monarca que ela própria levaria ao trono. Para testar a autenticidade da missão da qual ela assegurava estar incumbida, e também para divertir-se frivolamente às custas da “ingênua” camponesa, Carlos decidiu disfarçar-se no meio de seus cortesãos, enquanto outro ficaria sentado no trono, vestido com os trajes reais.

Entrou a Santa e foi apresentada ao falso Delfim. Sem dar-lhe maior atenção, ela imediatamente passou a observar todas as fisionomias do recinto, até ver Carlos escondido em um canto. Fixou nele seu puro e penetrante olhar, e fez-lhe uma profunda reverência, dizendo: “Muito nobre senhor Delfim, aqui estou. Fui enviada por Deus para trazer socorro a vós e vosso reino”. O assombro geral logo deu origem a estrondosas aclamações.

Em longa conversa, Santa Joana d’Arc expôs a Carlos VII a missão a ela confiada pela Providência e solicitou que lhe fosse posto à disposição um exército para acorrer logo em defesa de Orléans. Convencido, afinal, pelo que vira e ouvira, Carlos não hesitou em fazer o que a enviada de Deus lhe indicava.

Coroação do Rei: dia de glória e alegria

Desta forma o mundo de então presenciou um fato absolutamente inédito: Joana, a “donzela”, marcha à frente dos exércitos franceses, conduzindo-os para uma batalha decisiva.

A presença dessa virgem resplendente de inocência e de certeza na vitória impunha respeito no acampamento e dava novo alento aos oficiais e soldados. Proibiu terminantemente as bebidas alcoólicas e os jogos. Sobretudo, fez questão de que os soldados pudessem confessar-se e receber a santa Comunhão.

Seus conselhos de guerra jamais falharam, causando admiração aos mais experimentados generais. A tomada de Orléans foi um esplêndido triunfo! Em meio à batalha, lá estava ela segurando seu branco estandarte bordado com a imagem de Nosso Senhor e as palavras Jesus, Maria.

Após a tomada de Orléans, seguiram-se outras grandes vitórias. Graças a Santa Joana d’Arc, renascera na França o ideal de unidade e a esperança de reconquistar o território perdido. O povo não poupava entusiásticas manifestações de gratidão e admiração pela “Donzela”.

Chegou, enfim, o almejado dia em que o Rei da França voltou a ocupar o trono ao qual só ele tinha direito. Em 17 de julho de 1429, Carlos VII foi solenemente coroado, tendo a seu lado Santa Joana d’Arc com seu estandarte. Alguém lhe perguntou o motivo da presença daquele lábaro de guerra numa cerimônia de coroação, e recebeu pronta resposta: “Ele esteve comigo na hora do combate, é natural que esteja também no momento da glória”.

Foi um dia de grande festa. Mais do que nunca, a alegria invadia-lhe a alma. Embora os ingleses não tivessem ainda sido expulsos totalmente, o Reino da França já estava restabelecido!

Uma terrível perplexidade

Em pouco tempo, porém, a essa alegria se sobreporiam as pesadas sombras da ingratidão, das intrigas e da traição.

O Rei, sentindo-se agora poderoso e firme em seu trono, rapidamente se esqueceu da gratidão devida a essa heróica donzela. Pior ainda, Carlos VII, dominado por surda inveja, abandonou-a à própria sorte.

Santa Joana d’Arc sofreria da mesma forma que o Divino Salvador, o qual, depois de ser recebido triunfalmente no Domingo de Ramos, foi crucificado na Sexta-Feira Santa.

Mesmo assim, ela continuou a luta, disposta a não depor armas enquanto houvesse tropas inglesas no território francês. Tentando salvar a cidade de Compiègne, em 1430, ela foi feita prisioneira por soldados da Borgonha (aliada da Inglaterra) e entregue aos ingleses.

Estes levaram-na a um tribunal da Inquisição, formado irregularmente e presidido por um bispo indigno e corrupto, Pierre Cauchon, ao qual foi oferecida alta soma em dinheiro.

Perante o iníquo tribunal, a inocente jovem foi acusada de heresia e bruxaria. Não faltou quem atribuísse suas vitórias a um acordo com os espíritos malignos. Não lhe foi dado um defensor, mas ela, assistida pelo Espírito Santo, defendeu-se com tanta segurança e sabedoria que deixou pasmos tanto os acusadores quanto os juízes.

Esse tribunal, porém, não se reunira para julgar… A sentença condenatória já estava decidida de antemão. A salvadora da França foi condenada à pena de morte na fogueira em praça pública.

Torturada pelas pressões e injustiças das quais era vítima, Joana tinha um sofrimento maior, uma terrível perplexidade: o Rei estava reposto em seu trono, mas os ingleses ocupavam ainda boa parte do território francês; iria ela morrer sem ter cumprido inteiramente sua missão?

O prêmio da confiança e da fidelidade

Na manhã triste e fria do dia 30 de maio de 1431, ela foi queimada viva na cidade de Rouen, aos 19 anos de idade. Amarrada em meio às chamas e olhando para seu crucifixo, ela reafirmou em altos brados a inabalável confiança no cumprimento de sua missão: “As vozes não mentiram! As vozes não mentiram!”

Terá ela recebido nesse instante supremo alguma revelação que a tirou da angustiante perplexidade? Ter-lhe-ão “as vozes” falado uma última vez, explicando que, graças ao irresistível impulso por ela dado, em pouco tempo a França estaria livre dos invasores?

Quem saberá dizer? O certo é que em 1453, após a batalha de Castillon, os ingleses foram expulsos do Reino da França.

Em 1456, um inquérito judicial realizado por ordem do Rei teve como resultado a declaração da inocência de Santa Joana d’Arc. Beatificada por São Pio X em 1909, foi ela canonizada por Bento XV em 1920, sendo proclamada padroeira da França. A Santa Igreja celebra sua festa no dia 30 de maio.

Guardadas as devidas proporções, essa virgem guerreira e mártir bem poderia cantar como a Mãe de Deus:

“Minha alma glorifica o Senhor (…) porque lançou os olhos sobre a baixeza de sua serva, e eis que de hoje em diante me proclamarão bem-aventurada todas as gerações. Porque realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é santo.”

Fonte: http://www.padrerodrigomaria.com.br/santo-do-dia-30-de-maio-santa-joana-darc/

domingo, 27 de maio de 2018

Solenidade da Santíssima Trindade


Só existe um Deus, mas n’Ele há três Pessoas divinas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo

Hoje, a Igreja celebra a Solenidade da Santíssima Trindade, o mistério central da fé e da vida cristã. Deus se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem nos revelou esse mistério. Ele falou do Pai, do Espírito Santo e de Si mesmo como Deus. Logo, não é uma verdade inventada pela Igreja, mas revelada por Jesus. Não a podemos compreender, porque o Mistério de Deus não cabe em nossa cabeça, mas é a verdade revelada.

Santo Agostinho (430) dizia que o Espírito Santo procede do Pai, enquanto fonte primeira, e pela doação eterna deste último ao Filho, do Pai e do Filho em comunhão (A Trindade, 15,26,47).

Só existe um Deus, mas n’Ele há três Pessoas divinas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver mais que um Deus, pois este é absoluto. Se houvesse dois deuses, um deles seria menor que o outro, mas Deus não pode ser menor que outro, pois não seria Deus.

Por não dividir a unidade divina, a distinção real das Pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras: Nos nomes relativos das Pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois. Quando se fala dessas três Pessoas, considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância (XI Conc. Toledo, DS 675).

São Clemente de Roma, Papa no ano 96, ensinava: “Um Deus, um Cristo, um Espírito de graça” (Carta aos Coríntios 46,6). “Como Deus vive, assim vive o Senhor e o Espírito Santo” (Carta aos Coríntios 58,2).

O Concílio de Niceia, ano 325, confirmou toda essa verdade: “Cremos […] em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que há no céu e na terra. […] Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual falou pelos Profetas” (Credo de Niceia).

COMPÊNDIO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

(nº 44) Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?
O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo

(nº 45) O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido pela pura razão humana?
Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.

(nº 48) Como a Igreja exprime a sua fé trinitária?
A Igreja exprime a sua fé trinitária ao confessar um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência umas com as outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.

(nº 49) Como operam as três Pessoas divinas?
Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também em suas operações: a Trindade tem uma só e a mesma operação. Mas no único agir divino cada Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade. “Ó meu Deus, Trindade que adoro... pacifica a minha alma; faz dela o teu céu, a tua morada amada e o lugar do teu repouso. Que eu não te deixe jamais só, mas que eu esteja ali, toda inteira, completamente vigilante na minha fé, toda adoradora, toda entregue à tua ação criadora" (Santa Elisabete da Trindade).

TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

É Cristo que passa:
Gosto de mostrar como o cristão, na sua existência habitual e corrente, nos pormenores mais simples, nas circunstâncias normais da sua jornada de trabalho, põe em prática a fé, a esperança e a caridade, porque é nisso que reside a essência da conduta de uma alma que conta com o auxílio divino e que, no exercício dessas virtudes teologais, encontra a alegria, a força e a serenidade.
Estes são os frutos da paz de Cristo, da paz que nos traz o seu Coração Santíssimo. Porque – digamo-lo uma vez mais – o amor de Jesus pelos homens é um dos aspectos insondáveis do mistério divino, do amor do Filho pelo Pai e pelo Espírito Santo, laço de amor entre o Pai e o Filho, encontra no Verbo um Coração humano.
Não é possível falar destas realidades centrais da nossa fé sem percebermos as limitações da inteligência humana e as grandezas da Revelação. Mas, embora não possamos abarcar essas verdades, embora a nossa razão se pasme diante delas, nós as cremos humilde e firmemente: sabemos, apoiados no testemunho de Cristo, que são assim; que o amor, no seio da Trindade, se derrama sobre todos os homens por meio do Amor do Coração de Jesus. (nº 169)

Forja

Aprende a louvar o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Aprende a ter uma especial devoção pela Santíssima Trindade: creio em Deus Pai, creio em Deus Filho, creio em Deus Espírito Santo; espero em Deus Pai, espero em Deus Filho, espero em Deus Espírito Santo; amo a Deus Pai, amo a Deus Filho, amo a Deus Espírito Santo. Creio, espero e amo a Trindade Santíssima.
– Faz–nos falta esta devoção como um exercício sobrenatural da alma, que se traduz em atos do coração, ainda que nem sempre se verta em palavras. (nº 296)

Caminho

Como gostam os homens de que lhes recordem o seu parentesco com personagens da literatura, da política, do exército, da Igreja!...
– Canta diante da Virgem Imaculada, recordando-lhe:
Ave, Maria, Filha de Deus Pai; Ave, Maria, Mãe de Deus Filho; Ave, Maria, Esposa de Deus Espírito Santo... Mais do que tu, só Deus! (nº 496)

Fonte: https://santo.cancaonova.com/santo/solenidade-da-santissima-trindade/ e http://opusdei.org/pt-br/article/festa-da-santissima-trindade/

sábado, 26 de maio de 2018

A aparição de Nossa Senhora em Caravaggio



No princípio do século XV vivia em Caravaggio (diocese de Cremona), lugarejo a 38 km de Milão (Itália), uma jovem muito piedosa, Giannetta Vacchi. Por ser muito devota de Nossa Senhora, jejuava na véspera de suas festas, que ela celebrava com grande fervor; além disso, não deixava passar um só dia sem se recomendar à Mãe de Deus, e, durante o dia, quer estivesse a trabalhar em casa, quer se entregasse aos trabalhos do campo, suspendia o trabalho por breves momentos para elevar sua mente à Virgem bendita. Era, em suma uma daquelas almas virtuosas e simples que tanto agradam ao Senhor.

Casada contra a sua vontade com Francisco Varoli, teve de sofrer duríssimas provações, pois o malvado do marido não só a ofendia com os maiores insultos, mas também chegava a bater-lhe. Contudo, ela suportava injúrias e maus tratos com admirável resignação, recomendando-se a Nossa Senhora com fervor sempre crescente, à medida que aumentavam os tormentos que lhe infligia o desumano marido.

Estava Giannetta para completar o 32º ano de sua tormentosa existência (e ninguém suspeitava que em breve terminariam suas tribulações), quando inesperadamente começa a paciente senhora a desfrutar o conforto da Rainha do Céu.

No dia 26 de maio de 1432, o cruel marido, ou porque naquele dia ainda se deixasse levar mais pela brutal paixão da ira, ou por instigação de maus companheiros, agrediu a mulher mais brutalmente do que em geral o fazia, não se compadecendo dela nem mesmo depois de vê-la ferida; ao contrário, juntando crueldade a crueldade, ordenou-lhe que fosse sozinha cortar o feno, acrescentando à desumana ordem as mais duras ameaças.

Giannetta não se revolta: pega na foice e obedece confiando em Deus, que vê as aflições dos atribulados, e no patrocínio daquela a quem invocamos como o poderoso auxílio dos cristãos.

Chegando ao campo agreste chamado Mazzolengo, distante cerca de uma légua de Caravaggio, na estrada que conduz a Misano, pôs-se a pobrezinha ao trabalho, que durou várias horas, entremeado de frequentes invocações à Virgem Santíssima.

Quando o dia já declinava, olhando Giannetta para o feno ceifado, viu claramente que não tinha a força necessária para levá-lo para casa em uma só caminhada, e, pela distância em que estava, não havia tempo para fazer duas viagens. Desolada e torturada com a lembrança do cruel marido, não sabe o que fazer, por mais que procure imaginar um meio de livrar-se daquele apuro. Volta então os olhos lacrimosos para o céu e exclama:

“Oh, Senhora caríssima, ajudai-me: só de vós espera socorro a vossa pobre serva!…”

Ia continuar a confiante súplica, quando de repente lhe aparece uma senhora de aspecto nobre e venerando, de porte majestoso e belo e gracioso semblante, tendo nos ombros um manto azul, e a cabeça coberta com um véu branco.

“Oh, Senhora minha santíssima”, exclama Giannetta no auge da admiração…

“Sim, eu sou a tua Senhora”, replica Maria, “mas não temas, filha: tuas preces foram, por minha intercessão, ouvidas por meu divino Filho, e já te estão preparados os tesouros do céu. Ajoelha-te, pois, e escuta reverente.”

“Oh, Senhora”, diz a humilde e simples Giannetta (que ou não imaginava ter diante de si a Mãe de Deus, ou então estava obcecada pelo pensamento do demônio que a esperava em casa), “eu não tenho tempo a perder: os meus jumentos estão esperando este feno”.

Mas a Virgem Santíssima, tocando-lhe suavemente nos ombros, fê-la ajoelhar-se e assim lhe falou:

“Ouve atentamente, filha: o mundo, com suas iniquidades, havia excitado a cólera do céu. O meu divino Filho queria punir severamente esses homens iníquos, cobertos de pecados; mas eu intercedi pelos míseros pecadores com insistentes súplicas, e finalmente Deus se aplacou. Vai, portanto, comunicar a todos que, por causa deste assinalado benefício de meu divino Filho, devem jejuar numa sexta-feira a pão e água, e, em minha honra, festejar o sábado desde a véspera; eu reclamo isto como uma prova da gratidão dos homens pela singularíssima graça que para eles obtive. Vai, filha, e manifesta a todos a minha vontade.”

Admiração, amor, compunção enchiam a alma de Giannetta, que, depois de refletir um pouco, exclama: “Senhora, quem acreditará em minhas palavras? … Sou uma pobre e desconhecida criatura…”

E a Virgem bendita replica: “Levanta-te, minha filha, e não temas: refere corajosamente o que te comuniquei e ordenei: eu confirmarei com sinais evidentes as tuas palavras; e este lugar onde agora tu me vês se tornará célebre e famoso para toda cristandade”.

Ditas estas palavras, abençoa Giannetta com o sinal da cruz e desaparece, deixando no solo os vestígios de seus beatíssimos pés.

Imagine quem puder como ficou Giannetta a tal espetáculo (visto que já compreendido então que era Nossa Senhora quem lhe falava): extática, fora de si, levanta os olhos como que para acompanhar a Virgem Maria; e, prostrando-se em terra, beija e torna a beijar as santas pegadas. Depois afasta-se contra a vontade daquele santo lugar e corre, voa para sua aldeia, e pelos caminhos por onde passa vai narrando a quem encontra tudo o que tinha visto e ouvido. Todos creem em suas palavras, cumprindo-se assim a profecia da Santíssima Virgem, e correm, guiados por Giannetta, ao bem-aventurado lugar, admirando as santas pegadas impressas no solo verdejante, bem como a fonte que ali brotara milagrosamente.

Todos empenhavam-se em louvar e agradecer a bondade divina, maravilhando-se sempre mais. Sua gratidão crescia quando viam as curas operadas por meio da água da fonte milagrosa, ou as graças e prodígios alcançadas de outra maneira, que se multiplicavam dia a dia. Como é natural, a fama de tantos prodígios voou com a rapidez do raio até as cidades vizinhas, e mesmo até as regiões mais longínquas, de modo que foi tal a afluência de pessoas que iam a Mazzolengo, para contemplar os santos vestígios dos pés de Maria, admirar a fonte sagrada e beber da água prodigiosa, que foi necessário construir uma comissão que regulasse o acesso dos peregrinos. Mais tarde, divulgada por toda a Europa a notícia do milagroso acontecimento e das contínuas curas prodigiosas e outras graças concedidas por Maria no local da aparição, começaram a chover as ofertas, de modo que a autoridade diocesana constituiu uma comissão cuja incumbência era recolher donativos e aplicá-los na construção de uma igreja no lugar em que tinha aparecido Nossa Senhora.

Uma pessoa, de nome Graziano, não acreditando nos relatos envolvendo o milagre da fonte, jogou com descaso um galho de árvore seco dentro dela; qual não foi a surpresa, imediatamente ele ganhou vida e floresceu. Inclusive esse pequeno arbusto está presente na imagem de Nossa Senhora de Caravaggio.

Imagem de Nossa Senhora junto do arbusto que floresceu milagrosamente no local da aparição em Caravaggio

A primeira pedra da igreja foi lançada pelo vigário de Caravaggio em 31 de julho do mesmo ano da aparição (1432), mas só foi acabada e consagrada dezenove anos depois.

Transcorrido um século, a igreja ameaçava ruir, pelo que foi preciso ser escorada. Depois, tornando-se pequena para o sempre crescente número de peregrinos, foi ampliada por iniciativa de São Carlos Borromeu. Posteriormente, ameaçando novamente ruir, foi preciso demoli-la.

Foi então que o célebre arquiteto Pellegrini construiu o majestoso Santuário, que é hoje uma das mais fúlgidas glórias da fé do povo italiano, como da arte que se inspira na religião.

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Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio

Eis, pois mais um título dado à Mãe de Deus – Nossa Senhora de Caravaggio -, por causa de sua aparição em Caravaggio (Itália) a Giannetta Vacchi.

Fonte: http://www.a12.com/academia/titulos-de-nossa-senhora/nossa-senhora-de-caravaggio e http://www.derradeirasgracas.com/4.%20Apari%C3%A7%C3%B5es%20de%20N%20Senhora/Nossa%20Senhora%20de%20Caravaggio.htm

26 de Maio - Memória de São Filipe Néri, Presbítero


A exemplo de São Filipe Néri, duas virtudes têm de dar as mãos numa alma apaixonada por Deus: o temor servil e a piedade.

Hoje, dia em que a Igreja recorda aquelas palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as crianças”, celebramos a memória de São Filipe Néri, o santo da alegria. O Senhor nos diz que, para entrarmos no Reino dos Céus, precisamos ter o coração como o de uma criança: inocente, cândido e confiante. Não se trata, é claro, de infantilizar-se, comportando-se como a típica criança mimada e emburrada, que ainda pensa, em suas manhas e arrufos, ser o centro do universo. A figura da criança é aqui símbolo da confiança ilimitada com que nos devemos abandonar nos braços amorosos de Deus Pai. Nesse sentido, ter um coração de criança não é mais do que ter a virtude da piedade filial, que não é incompatível, lembremos sempre, com o temor servil de todos os que se reconhecem pecadores e muito inclinados à maldade. A Deus, com efeito, nunca devemos deixar de temer. O próprio São Felipe Néri, cuja pureza angelical não teve par em seu tempo, rezava com frequência: “Jesus, põe a mão na cabeça do teu Filipe, pois ele é capaz de cada coisa!…” Porque temer, para uma alma cristã, é sinal de grande amor: tão grande, que teme ofender ou desagradar Aquele a quem tanto ama. Mas, além do temor, temos de viver ainda a piedade própria de filhos, consistente numa confiança inabalável na bondade e ternura divinas, sempre dispostas a nos perdoar, e na certeza de que Deus nos ama mais do que nós mesmos nos amamos. E como não se encher de alegria diante da sublime certeza de sermos queridos gratuitamente pela fonte de todo bem, de toda beleza? Que São Filipe Néri nos conceda, por sua intercessão, a graça de, temendo a Deus com todo o nosso ser, o amarmos de todo coração, como filhos entregues às mãos do Pai mais poderoso, paciente e confiante que poderíamos imaginar.


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-de-sao-filipe-neri-presbitero-mmxviii

quinta-feira, 24 de maio de 2018

24 de Maio - Memória de Nossa Senhora Auxiliadora



Maria Santíssima, Nossa Senhora Auxiliadora, acompanha sempre a Igreja de que é Mãe e Rainha, sobretudo nos momentos mais difíceis e angustiantes. Foi por isso que São João Bosco a escolheu sob esse título para ser a padroeira da Congregação Salesiana. Dom Bosco tinha plena consciência de que, já em sua época, as ideologias estavam a tomar conta das escolas, expulsando a verdade das salas de aula. E para evitar que em meio a tantos erros e confusões as almas jovens se envenenassem de princípios contrários à fé católica, era necessário recorrer ao poderosíssimo auxílio da Virgem bendita. Só ela, como Mãe zelosa e protetora, nos pode garantir o triunfo contra a heresia e a mentira, espalhadas no mundo por aquele que é homicida desde o início e pai de todo engano. Porque os piores inimigos do povo cristão, com efeito, não são aqueles que podem ferir nossos corpos, arrojando-os às prisões ou dando-os à morte, mas os que, na cultura e na literatura, no ensino e nas cátedras, difundem os erros mais perversos, as ideias mais absurdas, os projetos ideológicos mais revoltantes que a soberba humana é capaz de conceber. Hoje, em que essa batalha contra a verdade e a pureza da fé parece ter chegado ao ápice, confiemo-nos ao patrocínio de Nossa Senhora Auxiliadora e peçamos-lhe nos conceda, como soldados do exército de Cristo, a graça de defendermos sempre, com santa intransigência, a doutrina católica, os imperativos do Evangelho e os direitos da Santa Igreja Romana, coluna e sustentáculo da verdade.





terça-feira, 22 de maio de 2018

22 de Maio - Memória de Santa Rita de Cássia


Santa Rita de Cássia, cuja memória a Igreja hoje celebra, é popularmente conhecida como a santa das causas impossíveis. A sua particular intercessão junto de Deus nos indica um fato que nunca é demais lembrar: o Senhor se compraz em escutar e atender aqueles que, nesta vida, mais o amaram. Não é por outra razão que a Virgem Santíssima, cujo papel singular na economia da Salvação recordávamos ontem, é também chamada “a onipotência suplicante”. De fato, a caridade que Maria teve foi tão intensa e elevada que os seus pedidos “dobram”, por assim dizer, a vontade amorosíssima daquele que se dignou ser Filho seu. Por isso, podemos dizer que Deus dá preferência às súplicas dos santos que mais o amaram, de sorte que o poder e a eficácia de um intercessor é um indicativo seguro da grande caridade que o Espírito Santo nele acendeu. Santa Rita de Cássia é, pois, um desses santos que muito amaram, e ela amou a Deus em vários estados de vida: como virgem, em seu desejo de consagrar-se a Jesus Cristo; como esposa fiel e paciente, maltratada por um marido convertido por suas preces pouco antes de morrer; como mãe zelosa pela conversão dos filhos; como viúva e, enfim, como religiosa agostiniana, dedicada inteiramente ao serviço de Deus. Em todas as condições em que uma mulher de sua época poderia encontrar-se, Rita amou tanto a Cristo que recebeu dele a graça de provar o seu amor associando-se às dores de sua Paixão. E agora, exaltada no céu entre os anjos e santos do Paraíso, ela pode interceder continuamente a nosso favor e alcançar do Coração de Cristo aquelas graças que nós, pela nossa falta de amor, não poderíamos alcançar sozinhos. Que Santa Rita de Cássia interceda por nós e conceda-nos poder imitar a partir de hoje o seu exemplo de caridade e entrega a Cristo.



Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-de-santa-rita-de-cassia-mmxviii

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Por que celebrar a Virgem Maria como "Mãe da Igreja"?

Ícone "Mater Ecclesiae" que se encontra no Vaticano


O núcleo desta celebração, a ser comemorada todos os anos na segunda-feira logo após a solenidade de Pentecostes, é o título mariano de “Mãe da Igreja” (Mater Ecclesiae), que se popularizou e, por assim dizer, oficializou entre os fiéis a partir do Concílio Vaticano II, quando em 1964, durante a promulgação da Constituição dogmática Lumen Gentium, o Pontífice então reinante, Paulo VI, proclamou Maria Santíssima como Mãe amorosíssima de todo o Povo de Deus.

Um pouco de história

À época, é bem verdade, nem todos os teólogos presentes no Concílio eram plenamente favoráveis a essa proclamação.

O texto do capítulo VIII da Constituição Lumen Gentium ofereceu uma síntese de duas escolas marianas existentes à época: a escola eclesiológica e a escola cristológica.
As duas tendências teológicas, reunidas em um Congresso Mariano Internacional, em Lourdes, ainda no ano de 1958, eram perfeitamente católicas, mas entraram em um embate: enquanto a escola eclesiológica concebia Maria simplesmente como a maior dentre os santos e, na expressão que o Concílio utilizou depois, “membro eminente e inteiramente singular da Igreja”, a outra olhava para o papel especial que ela exerceu na história da salvação.

A tendência cristológica condensava suas formulações no antiquíssimo título de “Maria, Mãe de Deus”. Para estes teólogos, Jesus não estabeleceu Nossa Senhora como mera intercessora, mas, tendo-a escolhido para vir ao mundo uma vez, serve-se sempre dela para reinar nas almas.
Tendo escolhido Nossa Senhora para vir ao mundo uma vez, Jesus serve-se sempre dela para reinar nas almas.

Durante o Concílio Vaticano II, dois prelados ficaram encarregados de elaborar as linhas a ser escritas sobre a Santíssima Virgem: eram os cardeais Franz König, de Viena, representante da escola eclesiológica, e Rufino Santos, das Filipinas, adepto da escola cristológica.

Na votação para definir se haveria um documento específico para Nossa Senhora, os padres conciliares, encabeçados pelos dois membros do colégio cardinalício, encontraram-se visivelmente divididos. Entre os mais de dois mil padres votantes, decidiu-se incluir o texto sobre Maria no documento sobre a Igreja, por apenas 17 votos. Tratava-se, evidentemente, de uma “vitória” da escola eclesiológica.

No entanto, o resultado final da Constituição Dogmática Lumen Gentium representou um verdadeiro equilíbrio entre as duas escolas marianas. Poder-se-ia dizer que o que este documento conciliar fez foi fixar um “mínimo denominador comum” da mariologia para os católicos. Assim, ao mesmo tempo em que ele considera Maria a “realização exemplar (typus) da Igreja”, reconhece que, “de modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas”, chegando a chamar-lhe nossa “mãe na ordem da graça” (Catecismo da Igreja Católica, § 967-968).

Se as palavras do Concílio, porém, pareceram de algum modo tímidas — a Constituição Lumen Gentium diz que Maria é “Mãe dos membros (de Cristo)”, sem usar propriamente a palavra “Igreja” —, no dia 21 de novembro de 1964, o Papa Paulo VI pronunciou um discurso no qual, surpreendentemente, proclamou Maria “Mãe da Igreja”.

Ainda que pertencente ao Magistério ordinário, não se tratou de um discurso rotineiro do Santo Padre, mas de um momento “solene”, nas palavras do próprio beato:

Para glória da Virgem e para nosso conforto, proclamamos Maria Santíssima “Mãe da Igreja”, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima; e queremos que com este título suavíssimo seja a Virgem doravante honrada e invocada por todo o povo cristão. […] Quanto a nós, da mesma sorte que a convite do Papa João XXIII, a 11 de outubro de 1961, entramos na aula conciliar juntamente “cum Maria, Matre Jesu”, assim também, ao terminar a terceira sessão, deste mesmo templo saímos no nome santíssimo e suavíssimo de Maria, Mãe da Igreja.

O recente decreto do Papa Francisco, portanto, só vem para consolidar ainda mais o desejo da Sé de Pedro de que “com este título suavíssimo”, de Mãe da Igreja, “seja a Virgem doravante honrada e invocada por todo o povo cristão”.

Um pouco de teologia

O título que hoje celebramos nos traz constantemente à memória a função maternal que Nossa Senhora exerce sobre todo o Corpo místico de Cristo, não só na qualidade de seu membro mais digno e excelente, mas como verdadeira Mãe da Cabeça e de todos os fiéis que a Ele estão unidos. Com efeito, seria uma monstruosidade, dizia São Luís Maria Grignion de Montfort, que aquela que deu à luz à Cabeça não fosse Mãe também dos outros membros (cf. Tratado da Verdadeira Devoção à SS. Virgem, n. 32).

Dizer, pois, que Maria é Mãe da Igreja não é senão afirmar o seu papel singular na ordem da Encarnação, gerando em seu seio o Filho de Deus feito carne, e na economia da Redenção, oferecendo ao Pai o fruto bendito que o Espírito Santo nela formara.

Os teólogos continuam livres para debater mariologia e adotar, em suas considerações, a escola de sua preferência. O que não se pode fazer é relegar Nossa Senhora — cuja memória todas as gerações recordariam, proclamando-a bem-aventurada (cf. Lc 1, 48) — a um papel de simples coadjuvante na história da salvação. Afirmá-lo seria assumir uma postura protestante. E esta, definitivamente, não tem lugar na doutrina católica.

Que Maria Santíssima continue a interceder do céu por nós, seus filhos indignos e necessitados, e a socorrer a Igreja, da qual é Mãe e Rainha, com sua poderosíssima proteção.

Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós!



Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog/por-que-celebrar-a-virgem-maria-como-mae-da-igreja

Memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja


Celebramos hoje a Memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, instituída por Sua Santidade, o Papa Francisco, mediante o decreto Ecclesia Mater, publicado no dia 3 de março de 2018. O núcleo desta celebração, a ser comemorada todos os anos na segunda-feira logo após a solenidade de Pentecostes, é o título mariano de Mãe de Igreja, que se popularizou e, por assim dizer, oficializou entre os fiéis a partir do Concílio Vaticano II, quando em 1964, durante a promulgação da Constituição dogmática Lumen Gentium, o Pontífice então reinante, Paulo VI, proclamou Maria Santíssima como Mãe amorosíssima de todo o Povo de Deus. Este título, nunca assaz repetido e venerado, nos traz constantemente à memória a função maternal que Nossa Senhora exerce sobre todo o Corpo místico de Cristo, não só na qualidade de seu membro mais digno e excelente, mas como verdadeira Mãe da Cabeça e de todos os fiéis que a Ele estão unidos. Com efeito, seria uma monstruosidade, dizia São Luís Maria Grignion de Montfort, que aquela que deu à luz à Cabeça não fosse Mãe também dos outros membros. Dizer, pois, que Maria é Mãe da Igreja não é senão afirmar o seu papel singular na ordem da Encarnação, gerando em seu seio o Filho de Deus feito carne, e na economia da Redenção, oferecendo ao Pai o fruto bendito que o Espírito Santo nela formara. Que Maria Santíssima, “que em Jesus nos deu a fonte da graça”, continue a interceder do céu por nós, seus filhos indignos e necessitados, e a socorrer a Igreja, da qual que é Mãe e Rainha, com sua poderosíssima proteção.



Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-da-bem-aventurada-virgem-maria-mae-da-igreja

domingo, 20 de maio de 2018

Solenidade de Pentecostes




O venerável arcebispo Fulton Sheen cunhou uma expressão um tanto ousada para referir-se à Igreja. Em seu dizer, ela nada mais seria que o novo Corpo com o qual Jesus se revestiu após os eventos de Pentecostes, ou seja, após o derramamento do Espírito Santo sobre a comunidade reunida em torno dos Apóstolos e da Virgem Maria, no cenáculo.

Na solenidade de Pentecostes, portanto, os fiéis católicos celebram o acontecimento eclesial por excelência, o surgimento da Igreja como Corpo Místico de Cristo, do qual ninguém devidamente esclarecido pode se afastar sem prejuízo da própria salvação. Guiada e instruída por seu divino fundador, ela transmite aos homens de todas as épocas os meios necessários para a sua santificação, quais sejam: os sacramentos e o depósito sagrado da fé.

Nenhum cristão pode considerar-se verdadeiro discípulo de Jesus se não segue os legítimos pastores por Ele instituídos, nem “é compatível com a doutrina da Igreja a teoria que atribui uma atividade salvífica ao Logos como tal na sua divindade, que se realizasse ‘à margem’ e ‘para além’ da humanidade de Cristo, também depois da encarnação”, pois “como existe um só Cristo, também existe um só seu Corpo e uma só sua Esposa: ‘uma só Igreja católica e apostólica’” (Dominus Iesus, IV, 16).

Infelizmente, muitas pessoas fazem uma distinção indevida entre Jesus e a Igreja, como se fosse possível estar junto de um e longe do outro. Isso é simplesmente absurdo. Apesar dos erros de muitos de seus membros ao longo dos séculos, Cristo prometeu a sua assistência à Igreja, por meio do Espírito Santo,  conferindo aos Apóstolos o poder de perdoar ou não os pecados. E esse poder é conservado ainda hoje pelos sucessores dos Apóstolos, os bispos da Santa Igreja Católica, dos quais se destacam santos homens que governaram a grei de Cristo com zelo e dedicação. Quem ignora essa realidade, termina por perseguir o próprio Senhor, como fazia São Paulo até o episódio de Damasco, quando Jesus lhe perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9, 4).

O Espírito Santo é a alma da Igreja, que nos anima a seguir o caminho de santidade indicado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Renovemos, então, o nosso desejo de pertencer cada vez mais a esse Corpo Místico, a fim de que sejamos verdadeiros membros do Senhor Jesus, pela graça do Espírito Santo.


segunda-feira, 14 de maio de 2018

14 de Maio - Festa de São Matias, Apóstolo



São Matias, Apóstolo cuja festa hoje celebramos, foi eleito como membro do colégio apostólico após a Ascensão do Senhor, durante aquele período de dez dias de expectativa pela vinda do Espírito prometido. Matias foi escolhido dentre os que estiveram em companhia dos Doze desde o início (cf. At 1, 21-22), a fim de preencher o lugar deixado por Judas Iscariotes, “guia daqueles que prenderam Jesus” (At 1, 17). A escolha de doze Apóstolos não foi uma coincidência nem uma arbitrariedade por parte de Cristo. Este número expressa, de forma bastante clara, a sua intenção de reformar o antigo Israel, fundado outrora sobre os doze filhos de Jacó, e transformá-lo no novo povo de Deus, a Igreja una, santa e católica, uma só família na qual se reúne uma multidão de povos, unidos pelos laços de um só batismo, uma só fé, um só Espírito e uma só Cabeça. Já não é, pois, o sangue que determina quem pertence ou não ao povo que Deus formou para si, mas a fé e a graça que nos vêm por meio de Cristo Jesus, Filho unigênito de Deus. São Matias foi eleito para ser fundamento e coluna da Igreja porque esteve ao lado dos Doze “todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do batismo de João até o dia em que de nosso meio foi arrebatado”, para tornar-se com eles “testemunha da sua Ressurreição” (At 1, 21-22). Que a fé testemunhada pelos Apóstolos até o derramamento do próprio sangue mantenha-se viva em nós, fortalecida pelos dons do Espírito Santo e manifestada em uma vida de cumprimento fiel das máximas do Evangelho. Que São Matias e, com ele, todos os demais Apóstolos intercedam por nós de seus tronos no céu e protejam, hoje e sempre, a Igreja que Cristo fundou sobre eles.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

domingo, 13 de maio de 2018

Primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima - 13 de Maio de 1917



Quando Nossa Senhora apareceu pela primeira vez em Fátima, no dia 13 de maio de 1917, Lúcia acabara de completar 10 anos; Francisco estava para completar 9; e Jacinta, a menor, tinha pouco mais de 7 anos.
Os Três Pastorinhos, Jacinta, Francisco e Lúcia, respectivamente

As aparições de Nossa Senhora se deram habitualmente na Cova da Iria, numa propriedade do pai de Lúcia, situada a 2,5Km de Fátima. A mãe de Deus aparecia por volta do meio-dia, sobre uma azinheira de pouco mais de um metro de altura.

Por algum misterioso desígnio de Deus, as três crianças foram privilegiadas, mas desigualmente: as três viam Nossa Senhora, mas Francisco não A ouvia; Jacinta A via e ouvia, mas não lhe falava; Lúcia via e ouvia a Santíssima Virgem, e também falava com ela.

Os pastorinhos estavam, naquele dia 13, brincando de construir uma casinha de pedras em redor de uma moita quando, de repente, brilhou uma luz muito intensa.

Num primeiro momento pensaram que tinha sido um relâmpago, mas pouco depois avistaram, sobre uma azinheira, "uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do Sol mais ardente".

As crianças, surpreendidas, pararam bem perto da Senhora, dentro da luz que a envolvia. Nossa Senhora então deu início a seguinte conversação com Lúcia:

- Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.


- De onde é Vossemecê?

- Sou do Céu.
- E que é que Vossemecê quer?

- Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima vez.
- E eu vou para o Céu?

- Sim, vais.

- E a Jacinta?

- Também.


- E o Francisco?

- Também; mas tem que rezar muitos Terços. Lucia lembrou-se então de perguntar por duas jovens suas amigas que haviam falecido pouco tempo antes:

- A Maria das Neves já está no Céu?

- Sim, está.
- E a Amélia?

- Estará no Purgatório até o fim do mundo.

Nossa Senhora fez então um convite explícito aos pastorinhos:

- Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?


- Sim, queremos.

- Ide, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.

Nossa Senhora ainda acrescentou: "Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra". Depois, começou a Se elevar majestosamente pelos ares na direção do nascente, até que desapareceu.

Fonte: http://www.fatima.org.br/mensagemdefatima/aparicoes/primeira_aparicao.asp

13 de Maio - Memória de Nossa Senhora de Fátima - A Mãe misericordiosa que vem nos alertar


Hoje, dia 13 de Maio, comemora-se a memória de Nossa Senhora de Fátima! Nesse mesmo dia, em 1917, a Virgem Maria apareceu em Fátima, Portugal, para três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta. A Mãe de Deus pediu oração, sacrifício e penitência e disse que a oração do Terço, especialmente, pode trazer paz para o mundo. Em Fátima a Santíssima Virgem deu profecias, os famosos três segredos, que dizem respeito às Guerras Mundiais, à Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, à visão do Inferno e a visão da morte de um Papa no meio de uma grande tribulação. A Mensagem de Fátima é urgente e mais atual do que nunca. Também em Fátima, a Senhora do Céu demonstrou seu amor de Mãe para conosco, revelando que em meio aos desânimos e tristezas da vida, "O Seu Imaculado Coração seria o nosso refúgio e o caminho que nos conduziria até Deus"! Ela é a Mãe por excelência, nos alerta e conforta... Rogai por nós Mãe das mães!



Solenidade da Ascensão do Senhor

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“E, quando eu for elevado na terra, atrairei todos os homens a mim” (Jo 12,32).

“E o Senhor Jesus, depois de ter-lhes falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus” (Mc 16,19). Depois da Ressurreição, Jesus esteve quarenta dias com os discípulos, onde comeu e bebeu familiarmente com eles e os instruiu sobre o Reino de Deus. Nesses dias sua glória estava ainda velada debaixo de uma humanidade comum; e a sua última aparição termina com a entrada de sua humanidade na glória divina, simbolizada pela nuvem e pelo céu.

Na Carta aos efésios, São Paulo diz: “Deus manifestou a sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita no céu, bem acima de toda autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear não somente neste mundo, mas ainda no futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal” (Ef 1, 20-23).A Igreja ensina que “Jesus, rei da glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto dos Céus, e tornou-se o mediador entre Deus e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa Cabeça e princípio, subiu aos Céus, não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade… Ele, após a ressurreição, apareceu aos discípulos e, à vista deles, subiu aos céus, a fim de nos tornar participantes da sua divindade”. (Prefácio da Ascensão I, II)

A elevação de Jesus na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu. Jesus Cristo, o único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não “entrou em um santuário feito por mão de homem… e sim no próprio céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor” (Hb 9,24). No céu, Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, “por isso é capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que ele vive eternamente para interceder por eles” (Hb 7,25). Como “sumo sacerdote dos bens vindouros” (Hb 9,11), ele é o centro e o ator principal da liturgia que honra o Pai nos Céus. (cf. Cat. §662)

Por “estar sentado à direita do Pai” entendemos a glória e a honra da divindade, onde aquele que existia como Filho de Deus antes de todos os séculos, se sentou corporalmente junto do Pai, como homem também, com a sua carne glorificada. Assim, através de Jesus a humanidade, outrora expulsa do Paraíso, agora volta para o convívio de Deus. Daí Cristo glorioso vai derramar o Espírito Santo sobre a Igreja para que ela cumpra a sua missão de resgatar os filhos de Deus.

O sentar-se à direita do Pai significa também “a inauguração do Reino do Messias, realização da visão do profeta Daniel no tocante ao Filho do Homem: “A Ele foram outorgados o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído” (Dn 7,14). A partir desse momento, os Apóstolos se tomaram as testemunhas do “Reino que não terá fim”. (Cat. §664)

Por isso, na Festa da Ascensão do Senhor a Igreja reza: “Ó Deus todo poderoso, a Ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros do seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória”. Assim, a Ascensão de Jesus é uma preparação e antecipação da glorificação também de cada cristão que o segue fielmente. Significa que o cristão deve viver com os pés na terra, mas com o coração no céu, a nossa pátria definitiva e verdadeira, como São Paulo lembrou os filipenses: “nós somos cidadãos do Céu” (Fl 3, 30).

Em vista Ascensão de Jesus ao Céu, São Paulo nos exorta: “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus… Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria” (Col 3, 1-3).

O cristão vive neste mundo sem ser do mundo, caminha entre as coisas que passa abraçando somente as que não passa.

Fonte: https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/12/22/o-significado-da-ascensao-de-cristo-ao-ceu/

quinta-feira, 10 de maio de 2018

As aparições de Nossa Senhora no Barral, Portugal



O QUE ACONTECEU NO BARRAL A 10 E 11 DE MAIO DE 1917

O protagonista do caso foi um pobre pastorinho, de nome SEVERINO ALVES, de dez anos de idade, filho de uma pobre e virtuosa viúva, e irmão de mais outros seis, todos eles muito tementes a Deus.


No dia 10 de maio de 1917, deviam ser oito horas da manhã, ia esse rapazinho a caminho do monte rezando o terço, como costumava fazer, quando numa ramada próxima da Ermida de Santa Marinha, sentiu um relâmpago que o impressionou.

Dá mais alguns passos, atravessa um portelo e defronta uma Senhora, sentada, com as mãos postas, tendo o dedo maior da mão direita destacado, em determinada direção. O seu rosto era lindo como nenhum outro, toda Ela cheia de luz e esplendor, de maneira a confundir vista, cobrindo-lhe a cabeça um manto azul e o resto do corpo um vestido branco.

Logo que o pequeno vidente a viu, caiu para o lado surpreendido com tal acontecimento.

Readquirindo ânimo, levantou-se, e exclamou: “Jesus Cristo!”. Nesse mesmo instante desapareceu a Visão.

O pároco da localidade, que não parecia ser um espírito que facilmente se dominava por factos, que não parecessem credíveis, ouviu com atenção o rapazinho, não só atendendo á fama de bem comportado, que gozava na localidade, mas atendendo à sinceridade e à precisão com que relatou tudo o que viu. O pároco aconselhou-o, finalmente, a que voltasse ao lugar da Aparição e pedisse a essa Visão que o informasse quem era.

No dia seguinte ao da primeira Aparição, dia 11 de maio de 1917, uma sexta-feira, deviam ser também oito horas da manhã, pois ia soltar as ovelhas e os carneiros a fim de os levar para o monte, sem que sentisse relâmpago algum, quando atravessava o portelo, deparou-se com a mesma Senhora, que estava sentada no mesmo sítio do dia anterior.

Nesse dia, 11 de maio de 1917, o rosto da Aparição desprendia-se em sorrisos. Quando a viu, o pastorinho caiu de joelhos e disse um pouco surpreendido (para não dizer assustado) o que o pároco lhe havia aconselhado: “Quem não falou ontem, que fale hoje”.




Então a Aparição com uma voz que era um misto de rir e cantar, diferente do falar de todos os mortais que tem visto, tranquilizou-o, dizendo-lhe: “Não te assustes, sou Eu, menino”. E acrescentou: “Diz aos pastores do monte que rezem sempre o terço, que os homens e mulheres cantem a ESTRELA DO CÉU, e se apeguem comigo, que hei-de acudir ao mundo e aplacar a guerra”.

Depois de dizer o que fica escrito, sem que a criança tivesse mais tempo que responder a tudo: “Sim, Senhora”, a Visão, olhando para uma ramada, acrescentou: “Que gomos tão lindos, que cachos tão bonitos!”

Mal o rapazinho tinha olhado para a ramada, voltando a cabeça, já a Visão tinha desaparecido. O privilegiado Vidente foi imediatamente avisar do acontecido as mães dos filhos da localidade que estavam no exército. A comoção do pequeno teria sido tamanha que depois destes factos, nunca mais quis voltar sozinho ao sítio da Aparição.

Às perguntas feitas, o rapazinho respondia sempre da mesma maneira: “Se quiserem acreditar, que acreditem, se não quiserem que não acreditem”, e acrescentava: “Eu fiz a minha obrigação, avisando como me mandaram”.

“O seu rosto era lindo como nenhum outro, toda Ela cheia de luz e esplendor, de maneira a confundir vista, cobrindo-lhe a cabeça um manto azul e o resto do corpo um vestido branco”. (Severino Alves, 1917)


Oração Estrela do Céu

Senhor Deus, dai-nos auxilio, união, paz e concórdia, pois assim seremos dignos da vossa misericordia.
Misericórdia, meu Deus! Misericórdia, Senhor! Misericórdia vos pede este grande pecador!
A Estrela do céu, que deu o leite ao senhor, livrou-nos do contágio da morte, que o primeiro pai dos homens trouxe ao mundo. A mesma estrela se digne apaziguar o céu, cuja ira castiga o povo com morte cruel. Piedosíssima Estrela do mar, livrai-nos da peste!
Ouvi-nos, Senhora, e intercedei por nós, já que vosso filho nada vos nega e sempre vos honra!
Salvai-nos, Jesus, por quem a virgem, a vossa mãe, vos roga!
Rogaí por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Deus de misericórdia, Deus de piedade, Deus de perdão, que vos compadecestes da aflição do vosso, povo e dissestes ao anjo que o feria « Detém a tua mão», pelo amor daquela estrela gloriosa, a cujos peitos vos alimentastes para nos ser dado remédio contra o veneno dos nossos pecados, dai-nos o socorro da vossa graça, a fim de que sejamos livres de toda a peste e morte repentina, e misericordiosamente salvos de toda a perdição. Por vós Jesus Cristo, Rei da glória, Salvador do mundo, que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.
Senhor Deus, misericórdia!
Senhor Deus, misericórdia!
Senhor Deus, misericórdia!




Fonte: https://www.santuariosenhoradapaz.pt/narrativa-das-aparicoes/