Imagem representando a aparição de Nossa Senhora e da Santíssima Trindade à Irmã Lúcia |
É uma grave incumbência falar destas coisas no local em que
estas grandes aparições tiveram lugar. E não só é uma grave incumbência, como,
ainda por cima, vou dirigir-me a uma audiência que me intimida muito! Por isso,
vou tentar ganhar coragem e falar deste assunto o melhor que puder. Gostei
muito de ter de preparar estas conferências sobre a aparição de Tuy e o Ícone
da Trindade Redentora, nome que foi dado à Visão, porque me ajudou a clarificar
a minha própria compreensão de Fátima. Demasiadas vezes, Fátima passa a ser uma
devoção entre muitas. Os Primeiros Sábados tornam-se mais ou menos uma devoção
opcional. E vemos também que muitas vezes Fátima perde a sua intensidade, a sua
necessidade; mas, como é evidente, a culpa não é de Nossa Senhora, a culpa não
é da Irmã Lúcia. Na verdade, quando pensamos nas aparições, quando vemos as
mensagens que recebemos de Nossa Senhora e Nosso Senhor, mesmo aqui em Tuy, e
em Rianjo, notamos que há uma marca de obrigação que se liga às devoções de
Fátima, que se liga às devoções dos Primeiros Sábados, que se liga à
Consagração da Rússia. Quero sublinhar desde o princípio, o que também farei no
fim, que, quando estudamos o tema de Fátima, reparamos que não se trata apenas
de uma devoção; trata-se de um dever. E prevemos que isto é mostrado, de
maneira muito profunda, quando consideramos a aparição que a Irmã Lúcia teve em
Pontevedra, apenas a alguns quilômetros de onde estamos. Numa carta a uma sua
confidente, ela descreve o que aconteceu nesta visão. E isto é o que ela diz —
este é o tema da revelação de Pontevedra: Nosso Senhor está profundamente
descontente com as ofensas feitas à Sua Santíssima Mãe e não pode continuar a
tolerá-las. Por causa destes pecados, por causa dos ultrajes e blasfêmias que
tanto sofrimento causaram ao Coração Amantíssimo do Filho, muitas almas caíram
no inferno e muitas outras estão em perigo de se perderem. Nosso Senhor promete
salvá-las na medida em que se pratique esta devoção, com a intenção de fazer
reparação ao Imaculado Coração de Maria.
Quando estudamos o
tema de Fátima, reparamos que não se trata apenas de uma devoção; trata-se de
um dever.
Vemos aqui uma coisa
de grande significado — vemos Nosso Senhor a indicar que Nossa Senhora, como
Rainha do Céu, como Mãe da Igreja, como Mãe de Deus, tem uma dignidade própria
que é objetiva, que deve ser respeitada. Somos obrigados a prestar-Lhe
homenagem, somos obrigados a agir de acordo com isto. Temos obrigação de A
honrar como Rainha e Mãe. Aqui estamos perante uma obrigação, e esta obrigação
caracteriza-se pela ameaça de grandes castigos para quem não honrar a Nossa
Senhora como Ela deve ser honrada. Há graves consequências para quem A
blasfemar, para quem puser de lado a Sua posição de Mãe de Deus, para quem
profanar as Suas imagens. E Nossa Senhora disse mesmo que muitos já tinham
caído no inferno. Nossa Senhora disse que muitos já se tinham precipitado no
inferno por causa do que tinham feito — por causa das blasfêmias que tinham
cometido. São palavras de muita gravidade, e vemos imediatamente que há alguma
coisa em Fátima, nas aparições de Pontevedra e de Tuy, que se tornarão obrigatórias
para a humanidade. De que se trata, e como é que são obrigatórias? Ora bem, Pontevedra
ficamos a saber que honrar Nossa Senhora obriga a todos os seres humanos. E
Nossa Senhora diz que deve fazer-se Reparação por aqueles que blasfemaram, para
que as suas almas possam livrar-se do inferno.
Quando a Irmã Lúcia deixou
Pontevedra em 16 de Julho de 1926, para entrar no noviciado aqui, em Tuy, e
receber o hábito das Irmãs Doroteias, não esqueceu a missão que Nossa Senhora
lhe dera, de praticar estas devoções de reparação nos Primeiros Sábados e
também de falar destas devoções a outras pessoas. E nos poucos anos anteriores
a 1929, conseguiu falar destas devoções à casa dos Jesuítas que havia aqui em Tuy,
e estes começaram a praticar estas devoções; o mesmo aconteceu com a pequena
comunidade de famílias que havia à volta do convento, e que começou a praticar
estas devoções. Mas ela esteve sempre consciente deste aspecto de obrigação. A
Irmã Lúcia sempre soube que tinha a obrigação de difundir estas devoções. Tinha
a obrigação de difundir a devoção ao Imaculado Coração de Maria.
A Irmã Lúcia
não só tinha devoção ao Imaculado Coração de Maria, como também praticava
fielmente as devoções recomendadas por Santa Margarida Maria, as devoções ao
Sagrado Coração. De fato, naquela noite da Visão de Tuy, em 13 de Junho de
1929, das 23 para a meia-noite, como era seu costume todas as semanas, na noite
de Quinta para Sexta-Feira, a Irmã Lúcia praticava a devoção ao Sagrado
Coração, que fora recomendada por Santa Margarida Maria. E aqui temos a
descrição que a Irmã Lúcia fez do que lhe aconteceu naquela noite, na cidade em
que agora estamos. E o que disse ela? Foi isto, que nos faz tremer:
“Estando
só, uma noite (para a Hora Santa), ajoelhei-me junto à grade da comunhão, no
meio da capela, para dizer prostrada as orações do Anjo. Como me sentisse
cansada, levantei-me e ajoelhei-me, e continuei a dizê-las com os braços em
cruz. A única luz vinha da lamparina do sacrário. De repente, uma luz
sobrenatural iluminou toda a capela, e no altar apareceu uma Cruz de Luz que
chegava ao teto. Numa parte mais brilhante, podia ver-se, na parte superior da
Cruz, a face de um Homem, e o Seu corpo até à cintura; no Seu peito estava uma pomba
também luminosa. E pregado à Cruz, o corpo de outro Homem. E abaixo da cintura,
suspenso no ar, estava um Cálice e uma grande Hóstia, na qual caíam algumas
gotas de Sangue da face do Crucificado e de uma ferida no Seu peito. Estas
gotas corriam pela Hóstia e caíam no Cálice. Sob do braço direito da Cruz
estava Nossa Senhora, com o Seu Imaculado Coração na mão.”
(A Irmã Lúcia diz
que era Nossa Senhora de Fátima com o Seu Imaculado Coração — e note-se aqui —
“sem espada ou rosas, mas com uma coroa de espinhos e chamas.” Mostraremos mais
adiante como isto é tão importante.)
Portanto, Nossa Senhora estava sob o braço
direito da Cruz. Aqui temos uma representação magnífica da Santíssima Trindade,
o Pai, o Filho na Cruz, e o Espírito Santo no seio do Pai. E temos ainda Nossa
Senhora, sob o braço direito da Cruz, e junto d'Ela o Cálice e a Hóstia. E de
Nosso Senhor, do Cristo crucificado, caem gotas de sangue para a Hóstia e em
seguida para o Cálice. Esta é, para já, a imagem.
Esta é, para já, a visão,
esta visão que iluminou toda a capela. E a Irmã Lúcia disse então isto:
“Sob o
braço esquerdo (da Cruz), umas letras grandes, como se fossem de água
cristalina correndo para o altar, formavam estas palavras: ‘Graça e
misericórdia’."
Vinham do lado esquerdo da Cruz; correm para baixo estas
letras, claras como cristal, como água cristalina, como a água do Batismo,
perfeitamente limpa, as palavras ‘Graça e misericórdia’.
Esta é a visão de Tuy.
E depois, está presente esta humildade. A Irmã Lúcia disse:
“Compreendi que se me estava a mostrar o Mistério da
Santíssima Trindade, e recebi iluminações sobre este mistério que não me é
permitido revelar.”
Foi esta a aparição, foi esta a aparência. E eu quero
sublinhar desde já uma coisa, antes de discutirmos a mensagem. Que
representação tão perfeita do essencial da Fé, da Fé Católica! Que
representação tão perfeita, desde a Santíssima Trindade ao ato redentor do
Santo Sacrifício da Missa! Tudo o que Deus quer que os homens aceitem, tudo o
que Deus quer que os homens façam, está presente nesta aparição. E em seguida,
a Irmã Lúcia falou da mensagem que irá percorrer o mundo e criar um terremoto
por todo o mundo. A Irmã Lúcia disse: “Então, Nossa Senhora disse-me:
‘É chegado o momento
em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do
mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la
por este meio.’”
O segundo pedido é
este; parece diferente, parece que não é relacionado com o primeiro; mas este
segundo pedido é perfeitamente parte do pedido anterior; encaixam um no outro.
O que é o segundo pedido? Nossa Senhora disse isto:
“São tão numerosas as almas
que a justiça de Deus condena por pecados cometidos contra Mim, que venho pedir
uma reparação. Sacrificai-vos por esta intenção e rezai.”
Temos, portanto, dois
pontos, temos dois pedidos. Como é que se associam um ao outro? Como é que a Consagração
da Rússia e estes Atos de Reparação que seriam depois feitos estão
relacionados?
Bem, a Irmã Lúcia responde-nos, numa carta de 1930, que escreveu
ao seu confessor. Diz-nos como ambas as coisas se associam. É assim: “o Bom
Senhor promete acabar com a perseguição na Rússia se o Santo Padre fizer um ato
solene de reparação e Consagração da Rússia aos Sagrados Corações de Jesus e
Maria, e ordene a todos os bispos do mundo que façam o mesmo. O Santo Padre
deve em seguida prometer que, logo que esta perseguição acabe, aprovará e
recomendará a prática da devoção de reparação que já descrevi.”
Assim, depois
da Rússia ser consagrada, depois de terminarem as perseguições, o Papa deve
recomendar esta devoção de reparação, ou seja, os Cinco Primeiros Sábados, a
devoção ao Imaculado Coração de Maria, e os primeiros Sábados como atos de
reparação pelos pecados. Então, disse Nossa Senhora categoricamente: “Por fim,
o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que
se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.” Esta é a
mensagem, esta é a imagem, este é o Ícone de Tuy.
Este é um extrato editado da palestra do Sr. Peter Chojnowski
na conferência: "O Santo Ícone de Tuy: Imagem da Restauração Universal.
Fonte: http://www.fatima.org/port/crusader/cr84/cr84pg43.pdf
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