“Eu sou o Pão Vivo descido do Céu… Quem comer deste Pão viverá eternamente… e o Pão que Eu darei é a Minha Carne, para a salvação do mundo.” (Jo 6, 51).
Sabemos que Nosso Senhor Jesus Cristo está realmente presente, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, sob o aspecto de pão e vinho. Sabemos disso porque a Igreja nos ensina, e porque o Evangelho também o diz.
A Eucaristia e o Evangelho de São João
O Evangelho de João é todo especial, único realmente. Seu autor constrói a narrativa reordenando os principais feitos e milagres de Jesus em 7 Sinais essenciais. Toda estrutura do texto é diferente dos sinóticos e muito centrada em clarificar quem realmente era Jesus e o que representava desde sempre (conceito de alfa e ômega). Dentre os aspectos mais maravilhosos e exclusivos deste Evangelho, podemos citar a doutrina presente no chamado Prólogo, a pregação de Jesus focada em si próprio e não no Reino de Deus (tema central dos sinóticos) e a singularidade da afirmação de que Jesus é Deus, presente na confissão póstuma de Tomé a Jesus em Jo 20,28: “meu Senhor, meu Deus”.
Na questão eucarística, este é o único dos 4 Evangelhos que não traz a narrativa da instituição da Eucaristia feita na Santa Ceia; em seu lugar aparece a narrativa do Lava pés. Historicamente, 3 razões principais podem explicar essa particularidade:
- a primeira é focal, ou seja, o âmago desta obra é fundamentalmente cristológico-transcendental-espiritual e não narrativo-temporal-doutrinário, com os sinóticos,
- a segunda é temporal porque este foi o último dos Evangelhos a ser escrito (por volta do ano 90 d.C.), de forma que a história da instituição da Eucaristia já era de conhecimento geral das comunidades joaninas,
- a terceira é teológica e tem a ver com uma compreensão cristológica bastante mais evoluída das comunidades joaninas sobre quem era Jesus Cristo e o que Ele representava. Para essas comunidades, a permanência mútua entre Cristo e seus seguidores era tão verdadeira, que eles não comungavam a Eucaristia conforme instituída, simplesmente “porque entendiam que não precisavam ritualizar essa comunhão”, dado que criam ter Jesus 100% do tempo com eles, em profunda e perfeita comunhão. Essas comunidades tinham de maneira muito viva a teologia da dependência vital entre a Videira e seus ramos, sendo Cristo a Videira e a Igreja – com suas comunidades e membros – seus ramos.
Ainda sim, o autor deste Evangelho entendia ser necessário reafirmar a verdadeira doutrina ensinada por Cristo acerca de sua Carne e seu Sangue, pois já naquele tempo diversas correntes hereges negavam o valor e/ou a presença real de Cristo na Eucaristia. Na teologia especial desta obra, a Eucaristia significa a nossa permanência em Jesus e dele em nós, uma vez que Ele permanece no Pai e o Pai nele; que Ele o Pai são um; que quem O vê, vê o Pai. Dessa forma, com a Eucaristia, estabelece-se, por Jesus,uma comunhão profunda entre Deus e os homens.
Abaixo, uma síntese do itinerário eucarístico preconizado e vivido por Jesus no Evangelho de São João:
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente! O pão que eu darei é a minha carne, entregue para a vida do mundo! ”Puseram-se, então, os judeus a disputar entre si: “Como pode esse homem dar-nos a comer (phagein) a sua carne? ”Retornou Jesus: “Em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós. Quem come (ho trogon) minha carne e bebe meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Porque minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim, e Eu nele.”(Jo 6, 53-56) |
Etapa 1: Preparação-Maturação Em João 6, vemos Jesus Cristo antecipando a consumação da Eucaristia, primeiro fazendo o milagre da multiplicação dos pães (Jo 6,5-13), mostrando assim sua capacidade de modificar miraculosamente as coisas criadas (mais exatamente o pão), depois caminhando por sobre as águas (Jo 6,19-20), mostrando seu domínio sobre as forças naturais e total controle sobre o seu próprio corpo. Então, cura doentes, ressuscita Lázaro, confirma seu poder sobre a vida e a morte. Obviamente, atrai a siinúmeros fieis, seguidores, curiosos e, claro, contestadores e inimigos. Com a atenção geral centralizada em seus poderes, feitos e ensinamentos, em Jo 6,27-59, o Mestre entende que está na hora de fazer seu discurso eucarístico. |
Etapa 2: Chamado-Determinação Neste discurso derradeiro, Jesus afirma que devemos buscar não a comida que perece (os alimentos do mundo), mas aquela que dura e nos leva até a vida eterna, que somente Ele poderá nos dar (Jo 6,27). Em seguida, trata do maná, prefiguração da Eucaristia, e afirma definitivamente que o maná de Moisés não era o verdadeiro pão dos céus; mas Ele sim (Jo 6,31-40). Com isso, muitos fiéis o abandonam, os judeus se revoltam. Ao invés de se retratar, Ele reafirma ser sua carne o verdadeiro pão dos céus (Jo 6,41-51) e vaticina que quem não comer (no grego “phagein”, que significa antropofagicamente comer, deglutir) sua carne e não beber do seu sangue, em comunhão espiritualmente “canibal”, não terá a vida eterna, pois sua carne é verdadeiramente a única comida e seu sangue verdadeiramente a única bebida (Jo 6,52-59) capaz de nos alimentar para a vida eterna. A intensidade de Jesus escandaliza ainda mais os judeus. Em resposta, Jesus aumenta o tom a níveis insuportáveis ao ouvido humano: Ele troca o verbo “phagein” (comer) pelo verbo “trogon”, que significa mastigar, dilacerar com os dentes. Muitos mais discípulos O deixam. Mas Ele se mantém firme, mostrando que comungar com Ele não é mais uma parábola ou um simples simbolismo; é, contudo, como Ele diz, comer, mastigar, dilacerar com os dentes a sua Carne, “verdadeiramente comida”, e beber do seu Sangue, “verdadeiramente uma bebida.” (Jo 6,55) |
Etapa 3: Resposta-Compromisso Provados dessa forma na fé, os Apóstolos, ainda atônitos e assustados com o abandono e ira geral provados pelas disruptivas palavras de Jesus, receberam um ultimato do Mestre: ou aceitavam suas palavras ou iam embora com os demais. Então Pedro, que seria o primeiro Papa, falando em nome de toda a Igreja, disse que não se afastariam dele. No fim, Jesus manteve o que disse e confirmou que é o “espírito” (as palavras que dissera – Jo 6,60-65) que vivifica e não a “carne” (as opiniões das pessoas apegadas ao mundo). |
Sob essa dinâmica, os membros das comunidades joaninas permaneciam em Cristo, pois se apropriavam do Cristo TODO (sua doutrina, seus mandamentos, seu sacrifício e sua graça), incluindo o que eventualmente não gostassem, quisessem, concordassem ou que não pudessem, naquele momento, compreender.
Reflexão interessante: de certa forma, com a instituição da Eucaristia, Cristo insiste em misturar sua natureza divina com a natureza do homem que dele comunga, santificando-o. Isso porque,ao comermos o que comemos (pão-Corpo) e bebermos o que bebemos (vinho-Sangue), pelo processo da digestão e da absorção celular, o que comemos e bebemos se mistura conosco, nos compõe, nos constrói (celularmente) e edifica (espiritualmente), porque em nós se dilui, se tornando “nós”. Esse processo tão humano – o da digestão – acaba fisiologicamente nos tornando semelhantes àquilo que se misturou conosco (Cristo), fazendo-nos a Eucaristia, portanto, permanecer em Cristo, com Cristo e Ele em nós.
Efeito prático da Eucaristia, segundo a visão joanina: a Eucaristia é o que nos torna Igreja (comunidade integrada a Cristo), pois migra o centro de nossa vida para Cristo. Com ela, Ele está em cada um de nós, refazendo nossas vidas. Não pode existir, portanto, Igreja sem Eucaristia!
QUESTÕES RELEVANTES SOBRE A FÉ EUCARÍSTICA
I – Não pode haver dúvida: a Eucaristia verdadeiramente é e não somente parece ou simboliza o Corpo e o Sangue de Cristo
Em todas as narrativas da instituição da Eucaristia nos sinóticos vemos Jesus afirmando que o pão e o vinho são seu Corpo e seu Sangue (“isto é o meu Corpo; isto é o cálice do meu Sangue”). Apesar de Cristo ter sido definitivamente claro acercada natureza Corpo-Sangue da Eucaristia, muitos cristãos ainda hoje contestam essa Verdade absoluta de fé. Dessa forma, outras 2 evidências podem ajudar a confirmar as palavras do Senhor:
- A questão gramatical grega: considerando a riqueza gramatical da língua grega – nativa dos Evangelhos – teria sido perfeitamente possível que os diferentes autores (Mateus, Marcos/Pedro, Lucas/Paulo) tivessem escrito as passagens acima utilizando verbos como “significa”ou “representa”, algo como “isto representa o meu corpo”, ou “isto simboliza o meu sangue”. Entretanto, não é isto o que está escrito, mas sim frases utilizando o verbo ser, em frases como “isto é o meu Corpo”.
- A auto-condenação proposta por Paulo: na doutrina de fé eucarística pregada por São Paulo aos Coríntios, ecoa-se claramenteque “todo aquele que comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, torna-se culpado do Corpo e do Sangue do Senhor, … pois quem come e bebe sem fazer distinção de tal corpo, come e bebe a própria condenação.” (ICor 11,27-29).
v Com esta doutrina, Paulo afirma que, comungando indignamente, somos culpados do Corpo de Jesus Cristo. Ora, como é que alguém pode ser culpado do Corpo de Cristo se este corpo não for, não estiver no pão que este come? Como acreditar que ao comermos um simples pedaço feito de trigo, sem devoção e com a alma manchada, podemos estar cometendo um crime no qual a vítima – nós mesmos – come a sua própria condenação? Qual o sentido e a lógica nisto?
v Aliás, o que São Paulo afirma acaba condenando, de certa forma, aqueles que creem de forma contrária. Afinal, é culpado do Corpo do Senhor e come sua própria condenação quem não discerne o Corpo de Cristo de um vulgar pedaço de pão, e come este pão indignamente.
A realidade é que Cristo, sentado à mesa na Última Ceia com os Apóstolos, tinha diante dos olhos todas as gerações cristãs através da história. Sabia, portanto, que durante séculos e séculos os seus discípulos haviam de interpretar as suas palavras de forma realista e fidedigna e, por isso, cuidou de utilizar termos claros e retos, mitigando assim a indução de suas ovelhas ao erro.
II – Eucaristia não é mais uma Metáfora: o texto significa exatamente o que ele significa
De fato, se alguém quiser interpretar metaforicamente as palavras ditas por Jesus, por exemplo, no Evangelho de João – como, em geral, fazem nossos irmãos protestantes e evangélicos (referente à Ceia do Senhor como memória simbólica do sacrifício de Jesus) – precisaria comprovar sua tese de forma objetiva, o que seria difícil por 2 razões principais:
ü O sentido metafórico que as doutrinas eucarísticas de Jesus poderiam ter em linguagem semita não combinaria com o contexto de Jo 6: “comer a carne de alguém”, metaforicamente significaria “ofender essa pessoa, persegui-la até a morte” (cf. SI 27,2); já “beber o sangue de alguém” equivaleria a “arder de ódio para com tal pessoa”. Ora, está claro que Jesus, em Jo 6,54, não poderia, por exemplo, chamar seus ouvintes ao ódio para com seu Deus, prometendo-lhes em troca a vida eterna, pela simples razão de que isso seria algo como Jesus se por a pregar o antievangelho, o antiamor, o antimessias, o antijesus.
ü Além disso, sempre que os discípulos se enganavam a respeito das afirmações do Mestre em suas metáforas, muitas vezes as tomando ao pé da letra, Jesus tratava de desfazer o equívoco; entretanto, no caso de Jo 6, Jesus não só não atenuou o realismo de suas palavras, como também o acentuou, evoluindo a utilização do verbo comer (phagein) para mastigar, dilacerar com os dentes (trogon). Desta forma, fica claro que o Senhor manteve sua posição, arcando com suas consequências: abandono de muitos discípulos e ira dos líderes judeus. Seja como for, os ouvintes de Cristo entenderam claramentesuas palavras em sentido literal, pois vale lembrar que lhe perguntaramcheios de admiração: “Como nos pode dar a comer a sua carne?” (Jo 6,52).
Curiosidade: No texto siríaco, tão antigo como o grego, feito no tempo dos Apóstolos, diz-se: “O que se nos dá é o próprio Corpo de Jesus, seu próprio Sangue”.
III – Esvaziando as dúvidas e as interpretações errôneas sobre o termo Memorial: o Sacrifício de Jesus foi único e suficiente; mas também eterno e, portanto, atualizado a todo instante, até sua prometida volta
Ao celebrar a última Ceia com seus Apóstolos durante a refeição pascal, Jesus deu seu sentido definitivo à Páscoa judaica. A passagem de Jesus para seu Pai, por sua morte e sua ressurreição – a Páscoa Nova – é antecipada na ceia e celebrada na Eucaristia, que tanto realiza definitivamente a Páscoa judaica, como antecipa a Páscoa Final da Igreja na glória do Reino.
No contexto de toda celebração da santa missa, e de modo especial nas orações eucarísticas encontramos, depois das palavras da instituição, a oração chamada anamnese ou memorial, porque a Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferta sacramental de seu único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o Corpo dele.
O caráter sacrifical da Eucaristia é manifestado nas próprias palavras da instituição: “Isto é o meu Corpo, que será entregue por vós”, e “Este cálice é a nova aliança em meu Sangue, que vai ser derramado por vós” (Lc 22,19-20). Na Eucaristia, Cristo dá este mesmo Corpo que, entregou por nós na cruz, e o próprio Sangue, que “derramou por muitos para remissão dos pecados” (Mt 26,28). Vejamos abaixo o No. 1225 de nosso Catecismo:
ü “Foi em sua Páscoa que Cristo abriu a todos os homens as fontes do Batismo. Com efeito, já tinha falado da paixão que iria sofrer em Jerusalém como de um “batismo” com o qual devia ser batizado. O sangue e a água que escorreram do lado traspassado de Jesus crucificado são tipos do Batismo e da Eucaristia, sacramentos da vida nova: desde então é possível “nascer da água e do Espírito” para entrar no Reino de Deus (Jo 3,5).”
ü “Vê, quando és batizado, donde vem o Batismo, se não da cruz de Cristo, da morte de Cristo. Lá está todo o mistério: ele sofreu por ti. E nele que és redimido, é nele que és salvo e, por tua vez, te tornas salvador.”
No sentido da Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus realizou por todo povo, ontem, hoje e sempre. A celebração litúrgica desses acontecimentos torna-os, de certo modo, presentes e atuais. É desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tomam-se presentes à memória dos crentes, para que estes conformem sua vida a eles.
Este memorial recebe um sentido renovado, no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra a Eucaristia, rememora a Páscoa de Cristo e esta se toma presente: o sacrifício que Cristo ofereceu uma vez por todas na cruz torna-se sempre atual: “Todas as vezes que se celebra no altar o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nessa Páscoa foi imolado, efetua-se a obra de nossa redenção.”
Ainda conforme nosso Catecismo (No. 1403) temos, na Última Ceia, um Jesus que prepara a refeição aos discípulos, em contexto Eucarístico: peixes e pão, como na multiplicação, mas pedindo que os discípulos tragam seus peixes. Que fique claro, portanto, que Jesus se dá na Eucaristia por inteiro, mas espera que os discípulos (nós) façam sua parte. “Desde agora não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco beberei o vinho novo no Reino de meu Pai” (Mt 26,29). Assim, toda vez que a Igreja celebra a Eucaristia lembra-se desta promessa, e seu olhar se volta para “aquele que vem” (Ap 1,4). Nesta oração, suspiramos por sua vinda: “Maranathá” (1Cor 16,22), “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,20), “Venha vossa graça e passe este mundo!”
Entendendo melhor…Quando comungamos, reeditamos a Última e Santa Ceia, revivemos a paixão de Cristo, atualizamos sua morte na cruz, reafirmamos a fé no sacrifício do Filho que se oferece ao Pai, por nós, para a total reconciliação da humanidade com seu criador, por pura graça. Na Eucaristia, Cristo voluntariamente (“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” – Jo 10,17-18) se renova como Cordeiro definitivo e efetivo para Deus, anulando os sacrifícios animais e carnais do judaísmo, detonando a idolatria e matando a morte.Assim, é evidente que o sacrifício de Cristo é um acontecimento único e definitivo, que não precisa jamais ser repetido. Na Santa Missa, não há repetição deste Sacrifício; Nosso Senhor não é imolado de novo, apesar de seu sacrifício estar sendo verdadeiramente reeditado como oferta ao Pai. Por isso, sua imolação única passa a se fazer novamente presente, por graça de Deus, para que possamos, nós também, receber seus frutos quase dois mil anos depois. Vale lembrar que quando Deus mandou sacrificar o Cordeiro da Páscoa no Egito e marcar as portas das casas com seu sangue, Ele também mandou comer da carne do Cordeiro (cf. Ex 12). Como o Cordeiro é a figura de Cristo, aquele que tira o Pecado do mundo (cf. Jo 1,29), não nos basta rememorar virtualmente o sacrifício do Cordeiro; temos que atualizá-lo concretamente, comendo sua carne. |
Jesus está verdadeiramente presente na Eucaristia: crer é condição fundamental para essa comunhão; compreender não!
IV – A Eucaristia é Sacramento. Mas o que é Sacramento mesmo?
Os Sacramentos são sinais visíveis eficazes da graça de Deus, instituídos pelo próprio Cristo e confiados à Igreja. Por eles, nos são aproximadas e/ou antecipadasalgumas condições e realidades da vida divina.
Os Sacramentos agem por si só; não precisando necessariamente da fé de seu ministrante para serem eficazes, porque não é a suposta santidade, sacralidade ou “cargo/ministério/autoridade” do agente sacramental que institui sua validade, mas a fé de quem o recebe e, principalmente, a ação livre e santificante do Espírito Santo, representando e agindo com toda a Trindade, no ato de realização de cada Sacramento. Como exemplo, em situações extremas um ateu ou um judeu podem batizar uma criança em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Assim, a principal finalidade dos Sacramentos é nos permitir ter vida efetiva e abundante com Deus, já nesta vida. No catolicismo primitivo, mais de 100 sacramentos foram instaurados nas diferentes comunidades, conforme a compreensão de cada Apóstolo e a aplicação viva em suas comunidades. Com a maturidade da fé e a unificação teológica-doutrinária da Igreja, entendeu-se que, para nós, católicos, 7 são os Sacramentos que devem nos acompanhar em cada etapa de nossas vidas, conforme a figura abaixo:
Importante 1: Apesar dos Sacramentos oficiais hoje serem 7, é fundamental ao cristão compreender que Cristo (e seu Evangelho) é o verdadeiro Sacramento, algo como o Sacramento Gerador, pois Jesus é Deus visível, perceptível, encarnado, que se pôde (quando vivo e ressuscitado)e pode tocar (nos dias de hoje, com a Eucaristia). Por decorrência, a Igreja, que é seu Corpo Místico, se torna um Sacramento Real, pois é também sinal vivo e perceptível de Deus para os homens (ref. Lumen Gencium, Vaticano II). É pelo lastro de divindade de Jesus e por sua outorga à Igreja, detentora das chaves, que todos os 7 Sacramentos se fazem viáveis e eficazes pela ação livre e edificante do Espírito Santo.
Importante 2: Os Sacramentos são necessários aos homens para a manutenção de sua salvação conquistada definitivamente por Cristo na cruz, mas não o são a Deus. Deus, que é Pai, olha e conhece o coração de cada um,sendo soberano para salvar a quem Ele quiser. Por exemplo, nossa Tradição sempre confiou no amor infinito do Pai como suficiente para garantir a salvação definitiva daqueles que morreram em martírio pela fé ou dos que fizeram sua contrição perfeita no ato da morte (como Dimas, na cruz).
V – A Eucaristia na Sagrada Escritura
A Eucaristia nasceu e se perpetuou quando Jesus se deu como alimento aos discípulos por ocasião daquela Última Ceia.
MATEUS: Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.” Tomando o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: “Bebei dele todos; porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos para remissão de pecados. Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber novo convosco no reino de meu Pai.” (Mt 26, 26-29) |
MARCOS: Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos discípulos, dizendo: “Tomem; isto é o meu corpo.” Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam. E disse-lhes: “Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Eu afirmo que não beberei outra vez do fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus.” (Mc 14,22-25) |
LUCAS: E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disse-lhes: “Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.” E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: “Tomai-o, e reparti-o entre vós; Porque vos digo que já não beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.” E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.” Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: “Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lc 22, 14-20) |
PAULO: E, havendo dado graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim.” Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que Ele venha.” (1Cor 11, 24-26) |
Curiosidade: Também na Didaquê, que é o primeiro livro de práticas e doutrinas cristãs, utilizada como referência por Apóstolos e discípulos, podemos encontrar o seguinte texto: “que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em Nome do Senhor, pois sobre isso o Senhor Jesus disse: “Não deem as coisas santas aos cães.”
VI – Compreendendo o Deus com quem Comungo, por Cristo
Na religião judaica, era ensinado que o homem tinha como tarefa principal servir ao seu Deus (cf. Dt 13,5). Javé era apresentado – ou se apresentava – como o soberano juiz exigente e insaciável, que continuamente ordenava, subtraindo aos homens suas coisas (“Trarás à casa do Senhor, teu Deus, os primeiros frutos das primícias do teu solo”, cf. Ex 23,19), seu tempo (Ex 20,8-11) e suas energias (Dt 6,5). Não somente, Javé também vorazmente consumia salmos, orações, músicas, cantos, louvores, glórias, doações, dízimos, mortificações e sacrifícios,através dos serviços prestados, principalmente,nos cultos.
Mas o Deus que Jesus nos deu a conhecer não se comportava como um soberano e sim como um Pai de Amor, servo dos homens; o Criador a serviço da cria.
O exemplo de Jesus, a real imagem do Pai, faz-nos entender que já não é o homem quem está ao serviço de um Deus caprichoso, mas é Deus, por graça e amor infinito, que se põe, voluntariamente, a serviço do homem, ou, como dizem Marcos e Mateus: um Deus que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45; Mt 20,28).A imagem deste Deus a serviço dos homens é de tal maneira importante para Jesus que, na Última Ceia, depois de ter feito dádiva de si, pelo pão e vinho, como alimento vital para os seus, ele declara: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27)
Assim, nesta Última Ceia, quando institui a Eucaristia, Jesus se faz simultaneamente sacerdote, oferta/Cordeiro e altar, substituindo todo e qualquer rito judaico, barganha ou poder segregatório auto-outorgado pelo homem ao homem, pela pura e simplesfé, pela esperança e pelo amor, os 3 pilares fundamentais de sua promessa e de sua mensagem, nominadas por Paulo como as verdades teologais.
Assim, o serviço ao próximo é o exemplo e a atividade que revela a essência da identidade de Jesus.
Solapando os hábitos tradicionais e a lógica possível ao homem, Jesus compara Deus a um patrão que, depois de longa viagem, voltando para casa tarde da noite e encontrando os servos ainda acordados, ao invés de sentar-se à mesa e fazer-se servir, cinge-se e manda que eles se ponham à mesa, pois há de servi-los (cf. Lc 12,37). Com Jesus, o Javé de Moisés é apresentado não mais como o Deus da nação de Israel, mas como o Deus Universal, criador de tudo e de todos, a força motriz do amor infinito e gerador, que coloca toda essa força à disposição dos homens para os elevar ao seu mesmo nível, em Corpo Único e Comunhão Perfeita.
É por isso que em João a narrativa da instituição da Eucaristia na Última Ceia é substituída pelo Lava pés. Neste ato, Jesus realiza um trabalho de servo, para que os servos se sintam senhores (Jo 13,1-17). Dessa forma, ao lavar os pés dos discípulos, Jesus, o Homem-Deus, demonstra que a verdadeira grandeza aos olhos do Pai não consiste em dominar, mas em servir, e que seu Reino, que não é deste mundo, começa neste mundo, com o compartilhamento do amor no Pai.
Em verdade, ao se colocar como último, Jesus não só não perde sua dignidade, divindade ou realeza, como manifesta aquelas que são verdadeiras, que vêm do Pai: “não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos.” (Mc 10,43-44), em reforço a Isaías 41,4: “Sou Eu mesmo, o Senhor, que sou o primeiro, e estou também com os últimos”.
Como efeito, a condição do homem em relação a Deus já não é a de servo perante o seu Senhor, mas de filho perante um Pai, que o convida a alcançar sua condição divina. Igualmente, como Jesus não é servo de Deus, mas “Filho do Pai” (2Jo 1,3), assim também os que nele crêem não são meramente seus servos (Jo 15,15), mas filhos do mesmo Pai, irmãos que com Ele e como Ele colaboram no projeto de Deus para a humanidade (Mt 28,10).
Jesus redefine completamente a noção e compreensão judaica de Javé, transformando-o em Abba (Pai).
Em suma, é Jesus quem nos revela que Deus é aquele que não diminui, mas fortalece; não pede, mas oferece; não exclui, mas acolhe; não castiga, mas perdoa.
VII – A Eucaristia e a Ressurreição
Ao contrário de Lázaro e outros, que foi ressuscitado por Jesus, para depois morrer outra vez, o Senhor venceu a morte e ressuscitou para nunca mais morrer. Assim entrou na nova vida em Corpo Glorioso, seu mesmo corpo, mas em estado diferente, ainda que com as chagas e com a identidade de sua carne.
Se antes de morrer Jesus era percebido por suas palavras e milagres (i.e. andar sobre as águas, curar enfermos, ressuscitar mortos etc.), depois de ressuscitado passou a ser percebido por seus atos remissivos (Eucaristia/Fractio Panis com os discípulos de Emaús, entrada presencial em recintos fechados, exposição das chagas ao toque de Tomé etc.) e por seus frutos, mas não diretamente pela sua aparência (vide o não reconhecimento dos mesmos discípulos de Emaús ao longo de toda caminhada, dos Apóstolos no barco quando da passagem do “Tu me amas”, ou mesmo de Maria Madalena na tumba no ato da ressurreição). Ou seja, o Cristo ressuscitado é identificado e reconhecido pela fé, e não pela lógica.
Com sua ressurreição, o que Jesus faz não é criar uma contradição à ciência humana. Pela fé, agora, a morte da carne não mata o justo, mas o salva. A morte foi morta por Jesus e não tem mais chances de ressurreição, exceto àquele que nega a salvação deliberadamente (definido em Marcos como o pecado imperdoável contra o Espírito Santo).
Com seu sacrifício e ressurreição, Jesus abre uma nova dimensão de mundo, fazendo Deus entrar na história da humanidade, em comunhão contínua, eucarística, portanto. Por isso, para nós que cremos no Jesus presente, vivo e ressuscitado, Deus não pode ser existencialista (como queria o famoso teólogo alemão Rudolf Buttman), nem tampouco Marxista (como defendiam alguns dos expertos da Teologia da Libertação). O Deus revelado por Jesus é como Jesus e, como tal, é também Ressurreição e Eucaristia. Por isso, estas grandezas não são simples memórias ou simbologias, mas são fatos e verdades que independem de nosso gosto, vontade e aceitação. Afinal Verdade é Verdade.
Com a Eucaristia, Cristo nos deifica, não porque nos faz Deus, mas sim parecidos e infundidos por Deus (Deus em nós, Deus conosco… Emanuel). A Eucaristia nos transforma com Deus, para que possamos resplandecer essa condição ao nosso próximo, neste mundo, nesta vida.
Lembrança: Quando Jesus fala “tomai e comei… este é o meu Corpo” está se referindo ao Corpo Glorioso; então, exceto quando conduzida por Ele mesmo, por ocasião da Última Ceia, a Eucaristia só foi verdadeiramente possível depois da Ascensão de Jesus aos céus, sendo, portanto, Pentecostes o 1º dia da Igreja. Isso porque somente depois da Ressurreição e Ascensão é que a Eucaristia foi formalizada como Sacramento e Jesus passou a ser compartilhado em Carne e Sangue, como pão e vinho vivos.
VIII – Sobre o Pão e a Hóstia
Ao comer o fruto proibido, nossos primeiros pais pecaram e a morte entrou no mundo.Por meio de outro alimento, o “Pão descido do Céu”, foi-nos restituída vida eterna. Na Eucaristia, o próprio Deus se oferece a nós como comida, dando-nos infinitamente mais do que havíamos perdido com o Pecado Original de Adão e Eva.
O pão é um elemento muito comum e importante nos Evangelhos e também no Antigo Testamento. Desde o pão/maná do deserto, enviado por Deus a Moisés e seu povo, aos pães ázimos da Páscoa, o “pão nosso de cada dia” da oração do Pai Nosso, o pão rasgado na Santa Ceia e o próprio Cristo, que se apresenta como o Pão da Vida, em diversas passagens o pão se transforma no alimento total, pois sacia a fome física (quando assumido como alimento) e a fome espiritual (quando assume a condição de Eucaristia).
A multiplicação dos pães feita por Jesus, mais que multiplicar o pão para distribuir e alimentar, nos remete à distribuição da infinitude do amor de Deus, mesmo quando parece não haver o suficiente para todos os seus filhos. Por isso, no pão/hóstia está o Cristo inteiro e não parte dele. Em cada partícula do pão, por mínima que seja, TODO o Cristo está lá.
ü Curiosidade 1: Hóstia significa pão, porque historicamente os judeus tinham sua relação de alimento de fé com o pão/maná do deserto. Entretanto, como comungamos o Cristo TODO, ou seja, seu Corpo (pão) e seu Sangue (vinho), o nome hóstia acaba não sendo o melhor nome para a comunhão eucarística, porque não comungamos somente no pão (da carne).
ü Curiosidade 2: Não se pode fazer a auto-Eucaristia, pois esta deve ser dada ao outro em sinal de compartilhamento e comunhão de amor e suficiência, como Cristo fez. Isso porque a Eucaristia é sempre dada por Cristo, através da Igreja, pelo ministro.
ü Curiosidade 3: Até alguns anos atrás, a Tradição católica pregava que não era adequado mastigar a hóstia, em sinal de respeito, para não “machucarmos” o Senhor. Ora, essa tradição mostrava-se bastante diferente da Eucaristia instituída por Cristo, uma vez que ele mesmo rasgou o pão com a mão na Santa Ceia e, em seu discurso no Evangelho de João (acima relatado), Ele pede para que comamos, mastiguemos, rasguemos com o dente a sua carne, para que entremos em perfeita e profunda comunhão com o Mestre.
ü Curiosidade 4: No início não se ajoelhava no ato da Eucaristia, pois aquilo era considerado um ato penitencial. Com o devocionismo característico da Idade Média, surge o ato reverencial (ajoelhar). Jesus, na origem, realiza a Eucaristia num contexto de refeição; portanto, de proximidade com os seus, o que anula necessidade de se ajoelhar. Ademais, na celebração dominical – dia por excelência da Ressurreição – os fiéis permaneciam em pé e nunca de joelhos (costume vivido na Sexta-Feira Santa).
IX – A Eucaristia e a Missa
A Missa Católica é embasada no ritual da Páscoa judaica (Pêssach, que quer dizer Passagem).
Na Última Ceia, que muitos entendem ser algo como a “primeira missa”, Cristo, que era judeu (crença/cultura/religião), segue a tradição judaica da Páscoa, celebrando este Pêssach com seus discípulos. Cristo se utiliza desse ritual para realizar seu memorial (participar, se fazer presente, atualizar, reviver), se oferecendo ao Pai.
Assim, a missa éa Páscoa onde por Jesus passamos da morte à vida, do pecado à graça, como o povo judeu viveu por ocasião de sua fuga do Egito, liderado por Javé no deserto, cruzando o Mar Vermelho até a terra prometida de Canaã. Na missa, com essa passagem, atualizamos essa oferenda de Jesus ao Pai, seu sacrifício salvífico, exorcizando assim o Homem Velho que em nós habita em prol do nascimento do Homem Novo… “ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos” (Rm 6,8).
A missa é toda dirigida ao Deus Pai, pelo Filho, sob a luz do Espírito Santo. Neste momento se forma a assembleia, a comunidade reunida. Sem essa unidade não há Eucaristia; por isso não se pode comungar em Pecado (desunião): “que sejam um, como Eu e Tu somos um” (ref. a João).
O ato de ação de graças na Eucaristia é um agradecimento, mas muito mais que isto! É um reconhecimento que Deus é o autor da vida, criador de tudo; é reconhecer a ação salvífica de Deus, por Jesus, que se manifesta concretamente em nossas vidas hoje, a cada ato de comunhão.
Mas que não nos enganemos: quem oferece o sacrifício ao Deus-Pai é Jesus, que se oferece como sacrifício perfeito e definitivo. Como seu Corpo Místico, também nós, Igreja, nos oferecemos em sacrifício, renegando o Pecado, nos mortificando para este mundo. Cristo é, portanto, o Cordeiro definitivo, aquele que é, como um cordeiro, manso e humilde de coração, a perfeita oferenda.
Como Cristo é o sumo e definitivo sacerdote (cf. a Carta aos Hebreus), é Ele quem faz a oferenda ao Pai, atualizada em memória, em todas as missas. Mas, como estamos e somos Igreja, também o oferecemos e nos oferecemos em sacrifício, como Corpo de Cristo, pois estamos inseridos nele,como Igreja, pelo Batismo.
X – Consagração e Transubstanciação
A hóstia é consagrada pelo sacerdote, por sua imposição de mãos, em consonância espiritual com a fé dos fieis.Portanto, é pelo Espírito Santo, como em Pentecostes, que se vivifica o mistério da Eucaristia e se torna reala transubstanciação do pão em Corpo de Cristo.
Cristo está presente no Sacramento do altar pela Transubstanciação de toda a substância do pão em seu Corpo e toda substância do vinho em seu Sangue.
A Igreja Católica sustenta que, quando o sacerdote pronuncia as palavras rituais “Isto é o meu Corpo”, em relação ao pão, e “Isto é o meu Sangue”, em relação ao vinho, acontece a transubstanciação, ou seja, a substância material que constitui o pão se converte no Corpo de Cristo e a que constitui o vinho se transmuda no seu Sangue.
Normalmente, a consagração acontece durante a celebração da missa, rito também chamado de Santo Sacrifício. O Sacrifício é precisamente o ato da consagração. Consiste na recriação, durante a missa, de um momento da Última Ceia dos apóstolos com Cristo, quando Ele serviu pão e vinho aos Apóstolos, dizendo-lhes que aquilo era o seu Corpo e o seu Sangue.
Quando o sacerdote, em Persona Christi, eleva o pão ao alto, está dando o Corpo de Jesus como sacrifício (e também mostrando-o à assembleia). Quando eleva o vinho, dá o Sangue de Jesus e toda a humanidade (representada pela água) também em sacrifício; portanto, corpo/assembleia + cabeça/sacerdote representam a Igreja, o Cristo TODO que se dá em sacrifício perfeito ao Pai. Aqui está o verdadeiro ofertório!
Então, o pão transubstanciado é distribuído aos fieis que, ao ingerirem a hóstia, estão ingerindo o Corpo de Cristo. Deus, então, devolve oferece, como forma de amor, todo sacrifício a nós, não guardando nada para si, dando tudo à humanidade.
Texto retirado de: http://kenosis.blog.br/eu-sou-o-pao-vivo-descido-ceu-quem-comer-deste-pao-vivera-eternamente-e-o-pao-que-eu-darei-e-minha-carne-para-salvacao-mundo-jo-6-51/
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