No décimo dia do Natal, ou seja, no dia 3 de janeiro, a Igreja celebra o SS. Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Trata-se de uma devoção que não consta mais do Calendário Geral, mas que ainda podemos celebrar. No Missal, há uma Missa votiva do SS. Nome de Jesus; no Lecionário também se encontram as leituras, todas muito profundas. É até um pouco “constrangedor” escolher uma delas, porque é tal a profundidade dessa devota celebração, que nós, numa homilia de poucos minutos, não temos condições de explorar toda a sua riqueza. Pois bem, no Antigo Testamento, como se lê no Livro do Êxodo, Deus revelou seu nome do meio da sarça ardente. Disse Ele a Moisés: “Eu sou o que sou”. Deus afirma ser a fonte de todo o ser, uma presença ativa em todas as coisas, porque Ele é aquele que é, enquanto nós, na realidade, “não somos”. Este nome, os judeus o guardaram com todo o zelo e devoção, com toda a reverência e cerimônia; esse mesmo amor, agora nós, cristãos, devemos tê-lo por Jesus e seu nome: Yeshua, “Jesus”, traduzido e adaptado para o português. A carta de S. Paulo aos filipenses nos diz com clareza que Jesus recebeu um nome que foi exaltado sobremaneira por Deus para que, “seja no céu, na terra ou nos abismos, todo joelho se dobre e toda língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai” (8,10s). Toda liturgia, não somente a da terra, mas também a celeste proclama o triunfo do grande nome de Jesus. A devoção a ele sempre existiu na Igreja. Tanto é assim que, durante a Liturgia, de cabeças descobertas, nos inclinamos ao ouvir o nome de Jesus e dobramos os joelhos em várias ocasiões. Não é um nome qualquer; é uma presença viva. Os próprios Apóstolos curavam os doentes em nome de Jesus e proclamavam o nome do Senhor. Quando os Apóstolos são chamados a comparecer ante o Sinédrio para serem julgados, os sacerdotes do Templo de Jerusalém dizem: “Nós vos proibimos de pregar este nome, e no entanto enchestes esta cidade com vossa doutrina” (At 5,28). Os Apóstolos saíram de lá alegres por sofrerem pelo nome de Jesus. Tudo isso, a Igreja o celebra e proclama em sua Liturgia. Nos últimos séculos, essa devoção cresceu graças aos cistercienses e franciscanos. Santos como S. Bernardino de Siena, S. João Capistrano etc. faziam pregações sobre o nome de Jesus e, ao cabo dela, levavam o povo a adorá-lo por meio do monograma de Cristo. Para nós, de línguas latinas, o monograma de Cristo escreve-se assim: IHS. Na verdade, é um iota (I), um éta (H) e um sigma (Σ) maiúsculos, ou seja, as três letras iniciais do nome “Jesus” em grego (Ἰησοῦς). Na tradição artística católica, é costume ver essas três letras rodeadas de raios de luz fulgurantes. Muitos santos, como dizíamos, faziam pregações sobre o nome de Jesus e, no último dia de pregação, desvelavam o monograma de Cristo para que as pessoas o adorassem, porque no nome santíssimo de Jesus está a presença do divino Salvador. E o que quer dizer o nome de Jesus, Yeshua? “Deus salva”! Por isso diz S. Pedro aos sumos sacerdotes: “Não há nenhum outro nome pelo qual nós possamos alcançar a salvação” (At 4,12).
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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