quinta-feira, 11 de junho de 2020

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo


No sacramento da SS. Eucaristia, como ensina a doutrina católica, estão presentes, não em signo, figura ou virtude, mas verdadeira, real e substancialmente o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, portanto, o Cristo inteiro (cf. Concílio de Trento, sess. 13, cân. 1). Assim o quis a caridade de Nosso Senhor, que pela nossa salvação assumiu um Corpo como o nosso e, para nos unir a si e a Deus, deixou neste sacramento a verdade de sua presença corporal (cf. S. Tomás de Aquino, STh III 75, 1 c.), ainda que só alcançável pelos olhos da fé: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue”, diz no Evangelho de hoje, “permanece em mim e eu nele” (Jo 6, 56). Por isso, embora pela comunhão sejamos realmente unidos à Divindade, objeto e fim primário da nossa adoração, essa íntima união é mediada pela humanidade — Corpo, Sangue e Alma — de Cristo, de maneira que, ao recebermos na Eucaristia o Filho eterno de Deus, entramos em comunhão também com um ser humano: Cristo, como ensina a fé católica e ortodoxa, não é uma pessoa humana, mas divina; no entanto, possui Ele tudo o que tem e compete a um homem íntegro e perfeito, e tudo isso está contido sacramentalmente na hóstia e vinho consagrados. A comunhão eucarística, por esse motivo, não deve ser vivida como uma vaga e, por assim dizer, “vaporosa” união espiritual com um Deus distante, mas como a relação mais estreita, interior, profunda e amorosa que podemos ter com um ser humano que é, ao mesmo tempo, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Com efeito, por mais que se amem os esposos, por maior que seja o carinho entre os irmãos, por mais firme que seja uma amizade, nenhum outro homem além de Cristo pode fazer o próprio Sangue correr nas nossas veias, a própria Alma penetrar e iluminar a nossa, o próprio Corpo como que se fundir com cada célula do nosso. Sinal da mais perfeita caridade, a Eucaristia é pois a união com o Deus que se fez homem e com o Homem que é Deus: nela, recebemos não só a graça, mas o autor da graça e o instrumento que no-la comunica; nela, recebendo a Cristo, recebemos também, por concomitância, toda a SS. Trindade, porque onde está o Filho, aí está o Pai; e onde estão os dois, ali está também o Espírito de amor que os une. Que a nossa comunhão eucarística, escândalo para os que não creem, seja pois cada vez mais devota e fervorosa, como um momento de encontro íntimo com aquele que, de tanto nos amar, não quis destituir-nos de sua presença real, mas unir-nos ao seu próprio ser em uma familiaríssima conjunção de corpo, alma e coração. — Graças e louvores se dêem a todo momento, ao santíssimo e diviníssimo sacramento!

Fonte: Padre Paulo Ricardo

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