sábado, 13 de julho de 2019

Terceira aparição de Nossa Senhora em Fátima - 13 de Julho de 1917


Escreve a Irmã Lúcia

Momentos depois de termos chegado à Cova da Iria, junto da carrasqueira, entre numerosa multidão de povo, estando a rezar o terço, vimos o reflexo da costumada luz e em seguida Nossa Senhora sobre a carrasqueira.


– Vossemecê que me quer? Perguntei.


– Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem o rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só ela Lhes poderá valer.


– Queria pedir-Lhe para nos dizer quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.


– Continuem a vir aqui todos os meses, em Outubro direi quem sou, o que quero, e farei um milagre que todos hão de ver para acreditar.


Aqui fiz alguns pedidos, que não recordo bem quais foram.
O que me lembro é que Nossa Senhora disse que era preciso rezar o terço para alcançar as graças durante o ano. E continuou:


– Sacrificai-vos pelos pecadores, e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: "O Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria."





SOBRE O SEGREDO DE FÁTIMA



1ª e 2ª Parte do segredo


1ª. Consta da visão do inferno.
2ª. A Devoção ao Meu Imaculado Coração com a comunhão reparadora nos primeiros sábados e a Consagração da Rússia.


O texto que segue, nesta narração, fazia já parte do segredo que, em 1917, Nossa Senhora pediu aos Pastorinhos não contassem a ninguém e que eles não revelaram nem mesmo quando o Administrador os prendeu e ameaçou mandar fritar em azeite a ferver. Só em 31 de Agosto de 1941, na carta escrita em Tuy ao Bispo D. José Alves Correia da Silva, Lúcia diz ser "chegado o momento" de falar do segredo, acrescentando: Bem; o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar.


1ª Parte:


A primeira foi, pois, a vista do inferno! Nossa Senhora .... Ao dizer estas palavras, abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo, mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que deles mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo de todos os lados semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Devia ser ao deparar-me com esta visão que dei esse Ai, que dizem ter-me ouvido.





(No jornal O Século, de 23 de Julho de 1917, lia-se: "ouviu-se um ruído semelhante ao ribombar do trovão, pro rompendo as crianças num choro aflitivo, fazendo gestos epiléticos e caindo depois em êxtase.")


Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Esta visão foi um momento, e graças à Nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu. Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Assustados e como que a pedir socorro, levantamos a vista para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza:


2ª Parte:


- Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz: a guerra vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas: por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da fé, etc...




3ª Parte do segredo.


Quanto à terceira parte do segredo, encontrando-se Lúcia doente, em Tuy, descreveu-a em 3 de Janeiro de 1944, também por ordem do Bispo de Leiria, entregando-a num envelope fechado. Lúcia diz nessa carta:


Escrevo em ato de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia. Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo em a mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varias tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.





Continuando a carta de 31 de Agosto de 1941:


– Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco sim, podeis dizê-lo. Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério:


Ó meu Jesus, perdoai-nos livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem.


Seguiu-se um instante de silêncio e perguntei:


– Vossemecê não me quer mais nada?


– Não, hoje não te quero mais nada.


E como de costume começou a elevar-se em direção ao nascente até desaparecer na imensa distância do firmamento.»

Fonte: Últimas e derradeiras graças

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