domingo, 25 de novembro de 2018

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo


O que significa para nós, católicos, celebrar, neste domingo, a solenidade de Cristo Rei? Ainda é possível falar em monarquia quando, em praticamente todos os países do mundo, o sistema republicano domina, e às figuras monárquicas restou apenas um papel simbólico e decorativo? De fato, soa estranho falar de um reinado social de Cristo, como pontificou Pio XI na encíclica Quas Primas, justo agora que essa forma de governo aparentemente caducou.

Para compreender a solenidade de hoje, o católico precisa ir às fontes da natureza humana, lá na origem das civilizações, quando o homem, embora já marcado pelo pecado, ainda se orientava pela liderança dos mais virtuosos. Em todas as sociedades antigas, desde as indígenas às africanas, os povos se organizavam naturalmente pelo reconhecimento das excelências humanas. Trata-se de uma lei da natureza. Para sobreviver, as populações se aliavam àqueles que tinham verdadeiras habilidades de governo; organizavam-se como uma família e se submetiam aos conselhos do rei, cujo papel remetia à figura paterna. As sociedades tinham, sim, um patriarca.

Falar de Cristo Rei, portanto, significa voltar para essa natureza humana, a fim de que todos os homens se coloquem debaixo do governo desse pai “manso e humilde de coração”, que outra coisa não deseja senão a salvação dos seus filhos. Diante de nossos fardos e tribulações, Ele nos chama para si, toma as nossas dores, e nos ensina o caminho correto para a felicidade: “Aprendei de mim”, diz o Senhor, “e achareis repouso para vossas almas” (Mt 11, 29).

A doença da sociedade atual tem origem, entre outras coisas, na perda do senso natural da realidade. As pessoas vivem uma ficção. Por isso, os governos já não são organizados como famílias, segundo um modelo naturalmente monárquico, mas por meio da propaganda demagógica, que forja falsas lideranças. Não se trata de líderes realmente habilitados para dirigir paternalmente uma nação, mas de oportunistas, que dissimulam uma falsa autoridade apenas para desfrutar das benesses do poder. Daí os escândalos políticos de corrupção tão comuns hoje em dia.

Nunca o mundo precisou tanto de um rei como agora. Por isso, a Igreja insiste no anúncio do reinado de Cristo, entendendo que é a partir da submissão a esse Deus amoroso que podemos, verdadeiramente, superar as seduções do diabo, as maquinações do mundo e a rebeldia da carne. O sacrifício de Cristo na cruz serviu exatamente para nos libertar da escravidão da morte e, ipso facto, colocar-nos debaixo de um jugo suave e um fardo leve. Se, antes da ressurreição de Jesus, a morte era nossa senhora, agora, que Deus a derrotou, Ele é o nosso único e autêntico Senhor.

Muitas tiranias têm se abatido sobre a consciência daqueles que, erroneamente, se apartaram de Deus: drogas e outros vícios; ideologias maquiavélicas; corrupção e violência generalizada. Tudo isso está destruindo a sociedade atual. Ou seguimos Jesus, ou nos tornamos reféns de nossas paixões. A Igreja, por isso mesmo, cumpre o seu papel de despertar as almas, encorajando-as para o combate e a resiliência diante das adversidades, a fim de que vivamos e sirvamos à caridade antes de servir às leis humanas positivas. Uma nação regida nesses termos certamente terá um destino diferente das demais. Sim, que Cristo reine sobre nós agora e para sempre. Amém.



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