A Igreja celebra hoje a festa de São Tomé, Apóstolo, de cuja boca recebemos a mais bela profissão de fé registrada nos quatro evangelhos: “Meu Senhor e meu Deus!”, dita bem em frente a Jesus ressuscitado, com suas gloriosas chagas à mostra. São Tomé, como sabemos pelo que nos narram os evangelistas, não quis acreditar, ao menos a princípio, que o Senhor houvesse ressuscitado dentre os mortos. Daí sua conhecida resposta ao testemunho dos outros dez Apóstolos: “Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Embora costumemos ver nessa exigência de Tomé um ceticismo um tanto condenável, não seria justo chamar-lhe “o discípulo incrédulo”, já que todos os Onze não só tinham dúvidas sobre a ressurreição de Cristo como, durante a Paixão, fugiram covardemente, “esquecidos” do que lhes dissera o Senhor: “É necessário que o Filho do Homem seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro dia” (Lc 9, 22). De fato, somente a Virgem Santíssima permaneceu inabalável na fé, certa de que, após o silêncio do sábado santo, seu Filho venceria a morte e cumpriria a promessa: “Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias” (Jo 2, 19). É por isso que à ressurreição de Cristo segue-se, como resultado das aparições, a ressurreição da fé dos Apóstolos, sobre a qual seria erguida e mantida a Igreja até o fim dos tempos. É a esta mesma fé, testemunhada até a morte pelos Doze e por uma multidão de mártires, que devemos também nós nos manter unidos, dispostos a tingir nossas vestes com o próprio sangue a fim de provar nossa fidelidade à pregação apostólica, à verdade do Evangelho e à doutrina cristã. Que Deus se digne, pelos méritos e sufrágios de São Tomé, preservar em nós a fé que por ele foi proclamada ao mundo e lançada como fundamento da Santa Igreja Católica.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/festa-de-sao-tome-apostolo-mmxviii
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