domingo, 30 de dezembro de 2018

Solenidade da Sagrada Família


A Sagrada Família, ajuda cada um a caminhar no espírito de Nazaré

Se o Natal tiver sido ao domingo; não tendo sido assim, a Sagrada Família celebrar-se-á no domingo dentro da Oitava do Natal.

Da alocução de Paulo VI, Papa, em Nazaré, 5.1.1964:

O exemplo de Nazaré:

Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la.

Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e ser discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!

Mas estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.

Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo. Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê.

Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social.

Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor.

João Paulo II, na Carta dirigida à família, por ocasião do Ano Internacional da Família, 1994, escreve:

A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do “evangelho da família”, mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja…

A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.


Fonte: https://santo.cancaonova.com

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

27 de Dezembro - Festa de São João, Apóstolo e Evangelista


São João (gr. Ἰωάννης ou Ἰωάνης, hebr. Jochanan = Yahweh é graça), discípulo de Cristo, era filho de Zebedeu e Salomé (Mt 27, 56; Mc 15, 40), oriundo de uma família socialmente bem colocada (cf. Mc 1, 20; Jo 18, 15). Foi primeiro discípulo do Batista; começou depois a observar os ensinamentos de Cristo (cf. Jo 1, 35-40), embora não se tenha associado de imediato ao grupo de seguidores do Mestre. Foi só mais tarde, após ser chamado por Ele juntamente com seu irmão Tiago e com os irmãos Pedro e André, que João abandonou de vez a pesca e a família para estar exclusivamente com Jesus (cf. Mt 4, 21; Mc 1, 19; Lc 5, 1-11). Que João era de índole enérgica e contundente, assim como seu irmão Tiago, fica claro no episódio em que ambos pretenderam rogar a Deus que caísse fogo do céu sobre uns samaritanos que se haviam recusado a receber Jesus. Foi nesta ocasião que, segundo muitos exegetas, o Senhor lhes impôs (cf. Mc3, 17) o nome Boanerges, que significa “filhos do trovão”. Além do que, é de todos sabido que João foi um dos discípulos mais queridos de Cristo, como atestam inúmeras passagens evangélicas (cf., por exemplo, Mc 5, 37; 9, 1; 14, 33; Jo 13, 23.35 etc.) e, sobretudo, aquele sinal eloquente de amor e predileção com que o Redentor, pouco antes de expirar, encomendou-lhe o cuidado de sua própria Mãe (cf. Jo 19, 26s). Após a ressurreição de Cristo, vêmo-lo com frequência ao lado de São Pedro, como sócio e companheiro de pregação (cf. Jo 18, 15; 20, 2-8; 21, 1ss; At 3, 1ss; 4, 3ss; 8, 14). É também enumerado por São Paulo, ao lado de Tiago e do Príncipe dos Apóstolos, como uma das colunas da Igreja (cf. Gl 2, 9). No Livro do Apocalipse, ele diz de si mesmo: “Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na rea­leza e na paciência em união com Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus” (Ap 1, 9). Morreu por volta do ano 100, na ilha de Éfeso, como atestam inúmeros autores antigos, como Santo Irineu, São Polícrates, São Justino Mártir, Apolônio, adversário dos montanistas, Clemente de Alexandria, entre outros.

Escrito na Ásia nos últimos anos do séc. I, o seu evangelho tem por finalidade a) pregar com clareza a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, b) impugnar uma série de heresias (o gnosticismo de Cerinto, o ebionismo etc.) que já naquela época começavam a deturpar a sã doutrina e desviar os cristãos da única fé verdadeira e c) complementar, tanto histórica como teologicamente, os três evangelhos sinóticos. O prólogo do quarto evangelho, que durante vários séculos a Igreja usou ler ao final da Missa, revela-nos a altura teológica a que a graça divina elevou o olhar de São João: “No princípio”, escreve ele, movido pelo Espírito Santo, “era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” (Jo1, 1). Antes de que tudo fosse feito, já havia na Palavra eterna do Pai, que Ele gera desde toda a eternidade, sem sucessão nem diferença de perfeição, a razão de todas as coisas, todo o plano da criação e da redenção futura do gênero humano. No Verbo eterno, por quem tudo foi feito e sem o qual nada pode subsistir (cf. Jo 1, 2), já existia a ideia de cada homem que viria a este mundo. Nele está a nossa verdade, isto é, aquilo que desde todo o sempre Deus “sonhou” para nós; nele está todo o nosso bem, porque é nele “que temos a vida, o movimento e o ser” (At 17, 28), de forma que, quanto mais nos afastamos dele, mais nos aproximamos da morte, da imobilidade e, por fim, do não-ser. Que, pela intercessão de São João, Apóstolo e Evangelista, possamos hoje acolher na fé a verdade de que só em Cristo Jesus tem sentido e consistência a nossa existência neste mundo, porque só Ele, que é antes de todos os tempos, pode fazer resplandecer dentro de nós a luz da vida verdadeira (cf. Jo 1, 4.9).


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/festa-de-sao-joao-apostolo

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O Nascimento de Jesus segundo as revelações de Maria Valtorta


6 de Junho de 1944.

Vejo ainda o interior deste pobre refúgio rochoso, onde José e Maria encontraram o abrigo que compartilharam com animais.

Um pequeno fogo está cochichando junto com o seu guardião. Maria levanta um pouco a cabeça, e olha. Vê José com a cabeça inclinada sobre o peito, como se estivesse pensando, e ela mesma também fica pensando que o cansaço possa ter vencido a boa vontade que ele tem de ficar o tempo todo acordado. Maria sorri com um sorriso cheio de bondade e, fazendo menos barulho que uma borboleta, se põe sentada e, depois de sentada, se põe de joelhos. E reza com um sorriso feliz em seu rosto. Reza de braços abertos, não propriamente cruzados, mas quase, e com as palmas viradas para o alto e para frente, e nem parece ficar cansada naquela penosa posição. Depois, se prostra com o rosto contra o feno, em uma oração ainda mais intensa. É uma longa oração.

José desperta. Vê que o fogo está quase apagado e a gruta está ficando escura. Joga um punhado de gravetos bem finos, e a chama se ergue de novo; procura depois uns galhos mais grossos, porque o frio deve ser de gelar. É o frio da noite severa de inverno, que estar por todos os lados da gruta. O pobre José, perto da porta (chamamos assim de porta a abertura sobre a qual está estendido seu manto) deve estar se enregelando. Ele aproxima as mãos da chama, desata as sandálias, aproxima também os pés. Procura aquecer-se. E, quando o fogo já está bem vivo, sua luz firme, vira de costas. Mas agora não vê nada, nem mesmo a brancura do véu de Maria, que antes formava uma linha clara sobre o feno escuro. Põe-se de pé, lentamente, vai-se aproximando da enxerga.

- Não estás dormindo, Maria?" - ele pergunta.

Faz a mesma pergunta três vezes, até que Maria estremece, e lhe responde:

- Estou rezando.

- Não estas precisando de nada?

- Não, José.

- Procura dormir um pouco. Ou, pelo menos, descansar.

- Vou procurar. Mas rezar não me cansa.

- Até logo, Maria.

- Até logo, José.

Maria volta à sua posição. José, para não cair de novo no sono, põe-se de joelhos perto do fogo, e reza. Reza apertando as mãos sobre o rosto. Tira-as, cada vez que ele precisa ir alimentando o fogo, e depois volta à sua fervorosa oração. Com exceção do barulho da lenha que crepita no fogo e do burrinho que, de vez em quando, bate um casco no chão, não se houve mais nada. Um pouco de luar está entrando por uma fenda do teto, e parece uma lâmina de alguma prata imaterial, que se vai aproximando de Maria. A lâmina vai-se alongando, à medida que a lua vai ficando mais alta no céu e, finalmente a alcança. Agora, já está sobre a cabeça da orante, ornando-a com uma auréola de luz.

Maria levanta a cabeça, como se tivesse sido chamada por uma voz do céu e se põe de novo de joelhos. Oh! Como é belo aqui. Maria ergue de novo a cabeça que parece estar brilhando, a luz branca da lua, e um sorriso não humano a transfigura. Que é que ela estará vendo? Que estará ouvindo? Que estará experimentando? Somente Ela poderia dizer o que está vendo, ouvindo e o que experimentou na hora esplendorosa da sua Maternidade. Eu vejo apenas como, ao redor Dela, a Luz cresce, cresce, vai crescendo sempre mais. Parece descer do Céu, parece sair das pobres coisas que estão ao redor Dela, mas parece ainda mais que emanem Dela mesma, ainda mais.

Sua veste, de um azul escuro, parece agora de um suave celeste de miosótis. Suas mãos e seu rosto parecem ficar de um azul muito delicado, como os de alguém que fosse colocado sob o foco de uma imensa safira clara. Esta cor me faz lembrar, ainda mais tênue, as cores que eu vejo do Santo Paraíso, e também a cor que eu vi na visão da chegada dos Magos, uma cor que se vai difundindo por sobre as coisas todas e as vestes, e as vai purificando todas, e tornando-as resplandecentes.

A luz, que se desprende sempre mais do corpo de Maria, absorve a luz da lua, e parece que Ela atrai para si toda a luz que lhe pode vir do céu. Agora Ela já é a Depositária da Luz. É Ela que deve dar esta Luz ao mundo. E esta Luz beatífica, incontrolável, imensurável, eterna e divina, está para ser dada, e se anuncia como uma aurora, uma luz que vem crescendo, como um coro de átomos que vem aumentando, aumentando, como a maré que sobe, e sobe como a nuvem do incenso, para descer depois como uma enchente e estender-se como um véu...

O teto, cheio de fendas, teias de aranha, de entulhos que em cima se estendem para frente, e que estão em equilíbrio por um milagre de estática, esse teto que estava antes tão enegrecido, esfumaçado e repelente, está parecendo agora o teto de uma sala real. Cada uma das grandes pedras é um bloco de prata, cada fenda é como um lampejar de opalas, cada teia de aranha é um baldaquim precioso, confeccionado com prata e diamantes. Uma lagartixa grande e verde, que está dormindo em letargia entre duas pedras, parece um colar de esmeraldas esquecido lá por uma rainha. Um cacho de morcegos, também em letargia, parece um precioso lampadário de ônix. O feno que está na manjedoura de cima, já não é mais uma erva: são fios e mais fios de prata pura, que tremulam no ar com a graça de uma cabeleira solta.

A manjedoura de baixo está com sua madeira de cor escura transformada em um bloco de prata brunida. As paredes estão cobertas de um brocado no qual a alvura da seda desaparece sob o bordado opalino do relevo, e o solo.. Que é o solo agora? É como um cristal que tem acendido em si uma luz branca. As saliências são como rosas de luz projetadas em homenagem ao solo; e os próprios buracos são vasos preciosos, de onde devem emanar aromas e perfumes.

E a luz vai-se tornando cada vez mais forte. Ela já está insuportável para a nossa vista. A Virgem desaparece nela, como se estivesse sendo absorvida por um véu incandescente.. E dele surge a Mãe.

Sim, quando a luz volta a ser suportável aos meus olhos, vejo Maria já com o Filho recém-nascido nos braços. Um pequenino, todo róseo e gorducho, que agita os braços e esperneia. Tem as mãozinhas do tamanho de botões de rosa e seus pezinhos caberiam na corola de uma rosa. Ele solta vagidos em sua vozinha tremula, como um cordeirinho que acaba de nascer, abrindo a boquinha, que mais parece um moranguinho selvagem e mostrando a lingüinha que bate repetidamente contra o véu palatino. Move a cabecinha loira, que me parece quase sem cabelos, essa cabecinha redonda que a Mamãe sustenta na palma da mão, enquanto olha o menino e o adora, chorando e rindo ao mesmo tempo e se inclina para beijá-lo não em sua cabecinha, mas em seu peito, onde está batendo seu coraçãozinho, batendo por nós. É nesse coração que um dia haverá uma Ferida. E Maria, com antecipação, já medica tal ferida, com seu beijo imaculado de Mãe.

O boi, despertado pela claridade, levanta-se, fazendo um grande barulho com seus cascos, e muge, enquanto o burrinho vira a cabeça e urra. É a luz que os desperta, mas eu gosto de pensar que eles quiseram saudar o Seu Criador, por si mesmos, mas também por todos os animais.

Também José que, quase extasiado, estava rezando de um modo tão recolhido, que nem sabia dar notícia do que estava acontecendo ao redor dele, também ele volta a si da oração e, por entre os dedos das mãos, que estão unidas sobre o rosto, vê filtrar-se aquela estranha luz. Tira, então, as mãos do rosto, levanta a cabeça e se vira para trás. O boi, que agora se pôs de pé, está escondendo Maria. Mas ela diz: "José, vem cá".

José se aproxima dela. E, ao ver, pára dominado por um sentimento de reverência, e está para cair de joelhos lá mesmo no lugar em que está. Mas Maria insiste, dizendo: "Vem cá, José" e, firmando a mão esquerda sobre o feno, com a direita Ela segura apertado contra o seu coração o menino e se levanta, indo ao encontro de José, que vem caminhando à maneira de um trôpego, embaraçado por causa do contraste entre o seu desejo de andar e o temor de estar sendo irreverente. Aos pés do catre, os dois esposos se encontram e olham um para o outro num só e feliz pranto.

"Vem, vamos oferecer Jesus ao Pai", diz Maria. E, enquanto José se ajoelha, Ela se põe de pé entre dois troncos que sustentam o teto, levanta o Filho em seus braços, e diz: "Eis-me aqui, senhor. Por Ele, o Deus, eu te digo esta palavra. Eis-me aqui para fazer a tua vontade. E com Ele, eu, Maria e José, meu esposo. Eis-nos aqui, nós teus servos, senhor! Seja feita sempre por nós, em toda a hora e em todos os acontecimentos, a tua vontade, para a tua glória e pelo teu amor".Depois, Maria se inclina e diz: "Pega-o, José", e lhe oferece o Menino."Eu? E tu o entregas a mim? Oh! Não! Eu não sou digno". José está completamente apavorado, e se sente aniquilado, só diante da idéia de ter que tocar em Deus.

Mas Maria insiste com ele, sorrindo: "Tu és bem digno disso, sim. Ninguém o é mais do que tu. Por isso é que o Altíssimo te escolheu. Toma-O, José, e segura-O, enquanto eu vou buscar as roupinhas."

José, vermelho como escarlate, estende os braços e pega aquele embrulhinho de carne que está gritando de frio, e quando já está com Ele nos braços, não se deixa mais levar pela vontade de tê-lo afastado do corpo pelo respeito, mas o aperta ao coração, dizendo numa grande explosão de pranto: "Oh! Senhor! Oh! meu Deus!".

Ao inclinar-se para beijar-lhe os pezinhos, percebe que eles estão frios e, então, senta-se no chão e o põe em seu colo e, com a veste marrom e com suas mãos, procura cobri-lo, aquecê-lo e defendê-lo do vento frio da noite. Ele bem que gostaria de ir para perto do fogo, mas por lá passa aquela corrente de ar, que entra pela porta. É melhor ficar entre os animais que servem de escudo contra o ar, e que produzem calor. E, assim pensando, vai ficar entre o boi e o jumento, e se coloca com as costas para a porta, inclinando-se sobre o Recém-Nascido, fazendo do seu peito um nicho, cujas paredes laterais são: uma cabeça cinzenta com longas orelhas e um grande focinho branco, com um nariz que solta um vapor quente, e com os olhos úmidos e cheios de bondade.

Maria abriu o baú, e dele tirou linhos e cueiros. Depois foi para perto do fogo e aqueceu os paninhos. Agora Ela vai a José, envolve o Menino naqueles tecidos mornos e no seu véu para proteger-lhe a cabecinha.

"Onde vamos colocá-lo agora?", ela pergunta.

José está olhando ao redor, pensativo...

"Espera", diz ele. "Vamos afastar os animais um pouco para lá, e o feno deles também. Depois jogamos para baixo aquele feno que está lá em cima e o colocamos aqui dentro. A madeira da beirada protegerá o Menino do ar frio, o feno lhe servirá de travesseiro, e o boi com seu hálito o aquecerá um pouco. Para isso é melhor o boi. Ele é mais paciente e sossegado". E José põe mãos à obra, enquanto Maria nina o seu Menino, apertando-o ao coração, e conservando sua face sobre a cabecinha para dar-lhe mais algum calor.

José atiça o fogo, sem economizar mais a lenha, para conseguir uma boa chama, esquentar o feno, e à medida que o vai enxugando, para que não se esfrie, o vai colocando no peito. Depois, quando já apanhou o bastante para fazer um colchãozinho para o Menino, vai até à manjedoura e o põe, de modo a tomar a forma de um pequeno berço.

"Está pronto", diz ele. "Agora precisaríamos de uma coberta, para cobrir o Menino, pois o frio está forte."

"Toma o meu manto", diz Maria.

"Mas tu ficarás com frio"

"Oh! Não faz mal! O cobertor é áspero demais. O manto é macio e quente. Eu não tenho frio algum. Mas quero que Ele não sofra mais!".

José pega, então o grande manto de lã macia, de cor azul clara, e o coloca dobrado sobre o feno, com uma beirada que fica pendurada para fora da manjedoura. Assim, o primeiro leito do Salvador ficou pronto.

E a Mãe, com passos cheios de graça e de doçura, o leva e lá o coloca com a beirada pendente do manto, ajeitando-o também ao redor da cabecinha descoberta que já começou a afundar-se no feno, protegida contra sua aspereza apenas pelo leve véu de Maria. Permanece descoberto somente o rostinho do tamanho do punho de um homem, e os dois, inclinados sobre a manjedoura, o ficam olhando felizes, enquanto Ele dorme o seu primeiro sono, porque o calor bom dos cueiros e do feno lhe acalmou o choro, e o doce Jesus conciliou o sono.

Maria diz:

"Eu te havia prometido que Ele te traria a paz. Estás lembrada da paz que havia em ti nos dias de Natal? De quando Me vias com o Meu Menino? Aquele era o teu tempo de paz. Agora é o teu tempo de sofrimento. Mas tu o sabes. É no sofrimento que se conquista a paz e toda graça para nós e o próximo. Jesus-Homem revelou-se Jesus-Deus, depois do tremendo sofrimento da Paixão. Revelou-se como a Paz. Paz no Céu, do qual Ele tinha vindo, derramada sobre aqueles que no mundo O amam. Mas, nas horas da paixão, Ele, a Paz do mundo, foi privado dela. Não teria sofrido, se tivesse tido a paz. Mas devia sofrer. Sofrer de modo completo.

Eu, Maria, redimi a mulher com a minha maternidade divina, Mas isso não foi mais que o início da redenção da mulher. Negando-me todo prazer de concupiscência, e merecido a graça de Deus. Isso, porém ainda não bastava. Porque o pecado de Eva era uma árvore de quatro ramos: soberba, avareza, gula e luxúria. Todos os quatro deviam ser cortados, a fim de esterilizar a árvore desde as raízes.

Humilhando-me profundamente, eu venci a soberba.

Humilhei-me diante de todos. Não estou falando da minha humildade para com Deus. Esta é devida ao Altíssimo por toda criatura. O Verbo de Deus a teve. Eu, uma Mulher, a devia ter. Mas terás já refletido por quantas humilhações da parte dos homens eu tive que passar, sem me defender de modo nenhum? Até José, que era justo, me havia acusado em seu coração. Os outros, que não eram justos, tinham pecado por murmuração a respeito do meu estado, e o barulho dessas palavras veio, como uma onda amarga, quebrar-se contra a minha natureza humana.

Foram estas as primeiras das infinitas humilhações que a minha vida, como Mãe de Jesus e do genero humano, me fizeram sofrer. Humilhações de pobreza, humilhações de uma fugitiva, humilhações pelas censuras dos parentes e amigos que, não sabendo a verdade, julgavam fraco o meu modo de ser mãe para com o meu Jesus, quando Ele se tornou jovem. Humilhações durante os três anos do seu ministério, humilhações cruéis na hora do Calvário, humilhações até em ter que reconhecer que eu não tinha com que comprar o lugar e os aromas, para a sepultura do Meu Filho.

Eu venci a avareza dos Progenitores, renunciando antecipadamente ao Meu Filho.

Uma mãe não renuncia nunca ao seu filho, a não ser que seja forçada. Se essa renúncia for solicitada ao seu coração pela Pátria, pelo amor de uma esposa, ou até pelo próprio Deus, ela sente o desejo de insurgir-se contra a separação. É natural. O filho cresce em nosso ventre, e nunca é completamente cortada a ligação que sua pessoa tem com a nossa. Mesmo depois de ter cortado o canal vital que é o cordão umbilical, sempre fica um elo espiritual, que nasce no coração da mãe, mais vivo e sensível do que o elo físico, o qual se introduz no coração do filho, esticando até à dor, se o amor de Deus, de uma criatura, da Pátria afasta o filho da própria mãe. Este elo se despedaça, dilacerando o coração, se a morte arrebata o filho de sua mãe.

Eu renunciei ao meu Filho, desde o momento em que O tive. Dei-O a Deus. Dei-O a vós. Eu me despojei do Fruto do meu ventre, para reparar o furto cometido por Eva, do fruto de Deus.

Eu venci a gula, tanto do saber como do gozar, aceitando saber unicamente o que Deus queria que eu soubesse, sem perguntar a mim mesma nem a Ele nada mais, além do que foi dito. Acreditei sem investigar. Venci a gula do gozar, porque neguei a mim mesma nem a Ele nada mais, além do que foi dito. Acreditai sem investigar. Venci a gula do gozar, porque neguei a mim mesma todo sabor de sensualidade. Pus minha carne debaixo dos meus pés. Confinei a carne, instrumento de satanás, colocando satanás debaixo do meu calcanhar, a fim de fazer da carne um degrau para aproximar-se do Céu. O Céu! Ele era a minha meta. Era lá que estava Deus. Deus, a minha única fome. Fome esta que não é gula, mas sim, necessidade abençoada por Ele, o qual quer que a tenhamos.

Eu venci a luxúria, que é a gula, convertida em voracidade, porque todo vício não contido conduz a um vício maior. A gula de Eva, além de reprovável em si mesma, a conduziu à luxúria. Não lhe bastou procurar a satisfação sozinha. Quis levar o seu delito até uma refinada intensidade, conhecendo e se fazendo mestra de luxúria para o companheiro. Eu inverti os termos e, em lugar descer, sempre subi. Em lugar de fazer descer, eu sempre atraí para o alto, e do meu companheiro, um homem honesto fiz um anjo.

Agora eu possuía Deus, e com Ele as Suas riquezas infinitas, apressei-me a despojar-me delas, dizendo: "Que seja feita a tua vontade para Ele e por Ele". Casto é aquele que se auto contém, não só na carne, mas também nos afetos e nos pensamentos. Eu devia ser a casta, para anular a impudica da carne, do coração e da mente. Não saí da minha reserva, para dizer a respeito do meu único Filho na terra e único Filho de Deus no Céu: "Ele é meu, e eu O quero".

Contudo, isso não bastava para obter para a mulher, a paz perdida por Eva. Aquela paz eu vo-la obtive aos pés da Cruz. Ao ver morrer Aquele que tu viste nascer. Ao sentir minhas entranhas sendo arrancadas, ao grito do meu Filho que estava morrendo, fiquei vazia de todo feminismo: não mais carne, mas anjo. Maria, a virgem desposada com com o Espírito, morreu naquele momento. Ficou a mãe da graça, aquela que do seu tormento gerou e vos deu a Graça. O gênero da mulher que eu tinha voltado a consagrar na noite de Natal, aos pés da Cruz conseguiu se tornar criatura dos Céus.

Fiz isso por vós, negando-me qualquer satisfação, ainda que santa. Eu fiz de vós, se o desejais, santas de Deus, vós que fostes reduzidas por Eva a fêmeas não superiores às companheiras dos animais. Por vós eu subi. Como fiz com José, eu vos levei para o alto. A rocha do Calvário é o Meu Monte das Oliveiras. Foi dali que eu tomei o impulso para levar a alma da mulher aos céus, de novo santificada, junto com minha carne glorificada, por ter trazido o Verbo de Deus, e anulado em mim todo vestígio de Eva. Ela foi a última raiz daquela árvore dos quatro ramos venenosos, com a raiz fincada na sensualidade, que arrastou a humanidade à queda e que haverá de morder as vossas entranhas, até o fim dos séculos, até a última mulher. De lá, de onde agora eu brilho no raio do Amor, eu vos chamo, e vos indico o remédio para vós vencerdes a vós mesmas: a graça do Meu Senhor e o Sangue do Meu Filho.

E tu, minha porta-voz, repousa a tua alma na luz desta aurora de Jesus, a fim de que tenhas força para futuras crucificações, que não te serão poupadas, porque te queremos aqui, para onde se vem através da dor; e para tão mais alto se vem, quanto mais se suporta o sofrimento, a fim de obter graça para o mundo.

Vai em paz. Eu estou contigo".

(Excertos do Primeiro Livro: O Evangelho como me foi revelado, onde Nosso Senhor e Maria Santíssima revelam Suas Vidas a Grande Mística Maria Valtorta, das paginas 167 a 175.)

Fonte: http://www.espacojames.com.br/?cat=180&id=10514

25 de Dezembro - Solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo


Deus nos traz hoje, pelo anúncio majestoso dos anjos, uma grande alegria: “Não temais”, diz o emissário angélico à turba atemorizada de pastores, “eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor ” (Lc2, 10-11). Eis a Boa-Nova, eis o evangelho que hoje nos é anunciado: nasceu-nos por fim, na cidade de Belém, o Cristo, nosso Salvador. Sim, o nascimento de Cristo é para todo o povo uma grande alegria. Mas os evangelistas, inspirados pelo Espírito divino, também fazem questão de anotar que nem todos reagiram com júbilo ao anúncio deste nascimento. São Mateus, por exemplo, fala-nos da fúria gananciosa com que Herodes I, à notícia dos magos de que acabara de nascer o rei dos judeus, mandou exterminar em Belém todos os meninos até os dois anos (cf. Mt 2, 16). E não só Herodes: com ele, toda Jerusalém ficou perturbada (cf. Mt 2, 3). E também nós, em alguma medida, deveríamos hoje ficar “perturbados”, porque o nascimento que celebramos o é do nosso Salvador, ou seja, de alguém que veio pôr a nu os nossos pecados, revelando toda a feiura deles no horror de sua Paixão, e exigir de nós, não sem conceder-nos o auxílio da graça, uma profunda mudança de vida. Sim, é-nos anunciada hoje uma grande alegria, mas uma alegria que não é “anestésica”, que não é esse dar de ombros, em nome de uma suposta “paz” entre os homens e as religiões, ao erro e ao pecado; não é esse “alegria” anódina e sensaborona de um Natal de mesa farta e corações vazios. Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo Senhor, e não outro, porque não há nenhum um nome pelo qual possamos ser salvos além do dele. Sim, trata-se de um alegria “incômoda”, porque a alegria de todo nascimento é sempre precedida pelas angústias do parto. Em Maria Santíssima, é verdade, o dar Jesus à luz foi uma exceção à regra por que deve passar toda mulher que está prestes a parir; mas em nós, ao contrário, o nascimento espiritual de Cristo, para dar o fruto gozoso de sua plena maturidade em nossas almas, há antes de ser doloroso. Por isso, que os nossos corações, nos quais há sempre um pouco do egoísmo de Herodes e da cândida confiança dos pastores, se deixe hoje incomodar por este santo nascimento, que, se nos fere o orgulho e nos exige conversão, nos traz também as maiores delícias que podemos ter tanto nesta quanto na outra vida. Acolhamos pois o Cristo que hoje quer nascer em nossas almas; acolhamo-lo no presépio do nosso espírito e corramos, de almas limpas, a adorá-lo e servi-lo a partir de hoje com uma vida nova e reta aos seus olhos.


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/solenidade-de-natal

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

12 de Dezembro - Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas


Nossa Senhora de Guadalupe apareceu pela primeira vez ao índio asteca Juan Diego. Na língua asteca, o nome Guadalupe significa, Perfeitíssima Virgem que esmaga a deusa de pedra. Os Astecas adoravam a deusa Quetzalcoltl, uma monstruosa deusa, a quem eram oferecidas vidas humanas em holocausto.

A Virgem Maria, porém, veio para acabar com essa idolatria e mudar a vida daquele povo sofrido. No ano de 1539, mais de 8 milhões de Astecas tinham abraçado a fé católica, convertendo-se e acabando com a idolatria pagã. No México e em todo o mundo, Nossa Senhora de Guadalupe é muito venerada.

A aparição de Nossa Senhora de Guadalupe

Estava o índio Juan Diego no campo. Ele sofria por causa da grava enfermidade de seu tio a quem muito amava. Juan rezava por seu tio quando teve a visão de uma mulher com seu manto todo reluzente. Ela o chamou por seu nome e disse em nauátle, a língua asteca: Juan Diego, não deixe o seu coração perturbado. Não temas esta enfermidade ou angústia. Por acaso não estou eu aqui que sou tua Mãe? Você não está sob minha proteção?

A Senhora pediu, então, que o índio fosse revelar sua mensagem ao Bispo local. A mensagem de que Ela iria acabar com a serpente de pedra, e que o povo do México iria parar com os holocaustos e se converter a Jesus Cristo. Além disso, deveria ser construída uma Igreja no local das aparições.

O Milagre de Nossa Senhora de Guadalupe

O Bispo não acreditou no índio, mas ordenou que ele pedisse um sinal à Senhora para provar a veracidade da história. Quando Juan Diego voltou para o campo, Nossa Senhora de Guadalupe apareceu novamente a ele. Este lhe contou sobre a desconfiança do Bispo, porque Maria tinha pedido que fosse construída também uma grande igreja naquele local.

Maria sorrindo, pediu a Juan Diego que subisse ao monte e enchesse seu poncho com flores. Era inverno. A neve recobria os campos. Naquela época, não nasciam flores naquela região do México. Juan Diego sabia disso. Porém, mesmo assim obedeceu. Chegando ao alto do monte em meio à neve, ele achou uma grande quantidade de flores cheias de grande beleza. Ele apanhou muitas flores, encheu seu poncho e foi levá-las ao Bispo.

O Segundo Milagre

Com dificuldade Juan Diego foi recebido pelo Bispo. Ele tinha seu poncho ou sua Tilma, dobrado cheio de rosas. Então, ele abriu a tilma e as flores caíram no chão. Quando o Bispo viu, ainda não acreditou. Então, para espanto de todos os que estavam na sala, no poncho do índio estava estampada a bela imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, como o índio tinha revelado ao Bispo. Todos na sala acreditaram, inclusive o bispo. Desse momento em diante, tudo mudou.

O fato causou grande comoção em todo o povo mexicano. Logo foi construída uma grande Igreja no local indicado por Nossa Senhora e o poncho de Juan Diego com a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe impressa foi levado para ser venerado. Guadalupe se tornou o grande Santuário do México, e a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe se estendeu por toda América Latina. Coroada em 1875 durante o Pontificado de Leão XIII, Nossa Senhora de Guadalupe foi declarada “Padroeira de toda a América” pelo Papa Pio XII no dia 12 de outubro de 1945. No dia 27 de janeiro de 1979, durante sua viagem apostólica ao México, o Papa João Paulo II visitou o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e consagrou a Mãe Santíssima toda a América Latina, da qual a Virgem de Guadalupe é Padroeira.

Estudos sobre o poncho

Estudos realizados sobre o poncho do índio Juan Diego, revelam que a pintura não foi feita por materiais existentes na natureza e nem fabricados pelo homem. Nos olhos de Maria, dentro da Iris e da pupila, vê-se a cena em que o índio abre sua tilma na sala do bispo, com todas as pessoas presentes na sala conforme foi descrito em documentos posteriores. Tem uma família de um lado, o índio e o Bispo do outro. O olho reflete a luz como o olho humano.

Em janeiro de 2001, o engenheiro peruano, José Aste Tonsmman, revelou o resultado da pesquisa de 20 anos, com a ajuda da NASA. Os olhos da imagem ampliados 2,500 vezes, mostram umas 13 pessoas, crianças, mulheres, o Bispo e o próprio índio Juan Diego, no momento da entrega do poncho ao Bispo.

Richard Kuhn, prêmio Nobel de química, descobriu que a imagem não tem corantes e que após 470 anos continuam com seu brilho. O pano do poncho não dura mais do que 20 anos e começa a se desfazer, o que não acontece com o poncho do milagre, que já dura quase 500 anos. Concluíram que o que forma a imagem de Nossa Senhora não é pintura. A fibra do ayate, cacto, são suportaria as tintas da época. Além disso, não existe esboço ou marca de pincel.

Milagres de Nossa Senhora de Guadalupe

Grandes milagres aconteceram ao longo dos quinhentos anos de história da aparição de Nossa Senhora de Guadalupe. O povo sofrido do México teve sua esperança renovada com esta visita e permanência de Nossa Senhora em suas terras.

Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe

Nossa Senhora, em um ato de delicadeza, apareceu como uma índia, morena, vestida como uma índia grávida. Em sua roupa está retratado o céu com a posição das estrelas do dia em que ela apareceu. Os astecas sabiam reconhecer estes sinais e isso foi decisivo para que a conversão daqueles povos acontecesse em massa.


Fontes: https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-guadalupe/45/102/#c e https://santo.cancaonova.com/santo/nossa-senhora-de-guadalupe-padroeira-de-toda-a-america/

sábado, 8 de dezembro de 2018

A Imaculada Conceição e as aparições marianas

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"Eu sou a Imaculada Conceição!"

As aparições de Lourdes

O ano era 1858. No sopé dos Pirineus, na França, “uma pequena moça” apareceu para a adolescente Bernadette Soubirous, de 14 anos, durante uma série de visões que durou cinco meses, de fevereiro a julho. A “Senhora” pediu que fizéssemos penitência pela conversão dos pecadores e que fosse construído um santuário em cima do depósito de lixo em que as aparições ocorriam.

Bernadette, a menina asmática da família mais pobre da cidade, virou objeto imediato de descrédito. Perseverante apesar do escárnio e da suspeita, Bernadette aprendeu a obediência naquela que o papa Pio XII chamaria de “Escola de Maria”. Graças à sua submissão às orientações da Senhora, brotou no local uma fonte cujas águas dotadas de poderes de cura realizaram vários milagres já confirmados.

A menina retransmitiu ao pároco o pedido da Senhora para que fosse construída uma capela sobre a gruta. Ele inicialmente rejeitou o pedido, mas, depois de algum tempo, a baixa instrução de Bernadette acabou servindo para confirmar a autenticidade daqueles eventos sobrenaturais e dos complexos conceitos envolvidos neles.

É que a “Senhora” tinha se apresentado a Bernardette declarando: “Eu sou a Imaculada Conceição”

Ora, como é que poderia aquela pobre menina saber que, quatro anos antes, tinha sido promulgado pelo papa Pio IX o dogma da Imaculada Conceição? Ela nem sequer sabia o que a palavra “conceição” significava!

As autoridades locais queriam impedir as multidões de visitar o local. Tentavam forçar uma condenação por parte do bispo, que criou uma comissão de investigação. Quatro anos mais tarde, as aparições foram declaradas autênticas e, em 1876, a basílica sobre a gruta foi consagrada.

Graças às aparições em Lourdes, o dogma da Imaculada Conceição se tornou assunto de discussão comum e ajudou a espalhar uma compreensão da lógica divina ao preservar Maria da mancha do pecado.

Bernadette morreu num convento, escondida do mundo, vinte e um anos depois da última aparição. Seu corpo permaneceu incorrupto internamente, mas não sem defeitos exteriores; durante a terceira exumação, em 1925, revestimentos de cera foram colocados em seu rosto e em suas mãos antes que o corpo fosse transferido para um relicário de cristal, naquele mesmo ano. Para os católicos, os santos incorruptos ajudam a contemplar o quanto a iluminação divina consegue elevar um ser humano a um estado tal de santidade que as próprias células destinadas ao pó permanecem preservadas.

As aparições na Rue du Bac



Em 1830, 28 anos antes das aparições de Lourdes, a Imaculada Mãe de Deus apareceu, também na França, em Paris, na Rue du Bac, à Santa Catarina Labouré, uma jovem freira pertencente a Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Nessas aparições, a Virgem Maria revelou a Medalha Milagrosa, que contém, entre outros símbolos, a inscrição: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". Era uma indicação clara da Imaculada Conceição, que viria a ser proclamado como dogma anos depois, em 1854.

Fonte: http://pt.aleteia.org/2015/12/08/imaculada-conceicao-o-dogma-que-a-propria-virgem-maria-confirmou-e-pessoalmente/

8 de Dezembro - Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora


O objeto da solenidade que alegra neste dia toda a Santa Igreja Católica e Apostólica, contido na saudação que ouvimos hoje, no Evangelho, da boca de São Gabriel Arcanjo: “Ave, cheia de graça”, é o privilégio singular com que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi preservada imune por Deus onipotente, em atenção aos méritos futuros de Cristo, Redentor do gênero humano, de toda mancha do pecado original. Trata-se do mistério da Imaculada Conceição, em virtude do qual Maria Santíssima teve sempre, apenas saiu das mãos do Criador, o dom da graça santificante. Como todo descendente de Adão segundo a carne, também a Virgem deveria contrair o pecado original assim que fosse concebida de São Joaquim e Santa Ana, mas foi dele preservada a fim de tornar-se digna Mãe do Salvador. A causa eficiente deste privilégio, como diz um grande teólogo do século passado, foi o amor singularíssimo com que Deus amou desde o princípio sua futura Mãe e a eximiu, por esta razão, da lei comum de pecado sob a qual todo homem vem ao mundo. Tal privilégio — como o definiu o Magistério eclesiástico na bula Ineffabilis Deus, do Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854 — foi-lhe concedido em atenção aos méritos futuros de Nosso Senhor Jesus Cristo, de modo que também a Virgem Maria, ao contrário do que praguejam alguns hereges e cismáticos, foi verdadeiramente redimida por Cristo, e de uma maneira ainda mais sublime. Com efeito, enquanto aos outros homens o mérito redentor de Cristo é aplicado para os libertar de um mal já contraído, à Virgem Santíssima foi aplicado para a preservar de todo contágio. Ora, não é melhor médico quem é capaz de impedir a contração da doença do que aquele que só pode curar os que já estão enfermos? Não foi, portanto, mais perfeita a redenção preservadora de Maria do que a redenção restaurativa dos outros homens? Como não louvar Deus por ter nela preparado, enriquecendo-a de todos os tesouros divinos, uma morada digna para o seu Filho encarnado? Se hoje os coros angélicos saúdam a Virgem Mãe com aquelas sublimes palavras: “Ave, cheia de graça”, como não iremos também nós, unidos a todas as gerações de fiéis, proclamar para maior honra e glória da Santíssima e indivisa Trindade que Maria é realmente a Imaculada Conceição? — Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!



sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

7 de Dezembro - Memória de Santo Ambrósio de Milão, Bispo e Doutor da Igreja


Hoje fazemos memória em toda a Igreja de Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja. De nobre e distinta família romana, nasceu provavelmente em 339, em Tréviros, onde seu pai exercia o cargo de prefeito das Gálias. A mãe ficou viúva muito cedo e voltou a Roma com três filhos: Marcelina, que se consagrou a Deus e tomou o véu das virgens; Sátiro, que morreu em 378, depois de exercer altos cargos do Estado; e Ambrósio, o último, que seguiu a carreira diplomática, tradicional na família. Ambrósio desde cedo aprendeu a alimentar as virtudes cívicas e morais, ao ponto de ter sido governador da Emília, do Lácio e de Milão, antes de ser Bispo. Estudou Direito antes de estudar Teologia.

A mãe de Ambrósio devia ser cristã praticante e generosa. O Papa Libério (352-366) impôs pessoalmente o véu à filha dela, Marcelina, e parece que visitava a casa da nobre senhora romana. Todos da família beijavam a mão de Libério. Ambrósio, ainda criança, depois de se despedir do Pontífice, tratou de imitá-lo e estendeu a mão aos criados e à irmã, para que a beijassem. Marcelina recusou-a com bons modos mas ele respondia: “Não sabes que eu também hei-de ser Bispo?” Dizia então Ambrósio, por brincadeira, mais do que sabia. No entanto, era para isso que a Divina Providência o destinava. Ambrósio era governador de Milão. Com a morte do Bispo de Milão, chamado Ariano, Ambrósio foi para a eleição do novo Bispo, a fim de evitar grandes conflitos. Em meio a confusão, de repente uma criança grita: “Ambrósio, Bispo!”.O Clero e o povo aderiu e todos aclamaram: “Queremos Ambrósio Bispo!”. O povo teve que teimar durante uma semana, até que vendo nisto a voz de Deus, Ambrósio que ocupava alto cargo no Império Romano e somente era catecúmeno, cedeu a vontade do Senhor. O 1° Concílio de Niceia (325) tinha proibido que subisse ao Episcopado qualquer neófito. Mas o Papa e o Imperador aprovaram a eleição. Depois de batizado, foi ordenado sacerdote e logo em seguida Bispo de Milão. Tudo isso no ano de 374.

Providencialmente usou as qualidades de organizador e administrador para o bem da Igreja, podendo assim atuar no campo pastoral, político, doutrinal, litúrgico, ao ponto de merecer o título de grande Doutor e Padre do Cristianismo no Ocidente. Sua figura política ficou marcante, principalmente quando aplicou ao Imperador uma dura penitência pública comum, pois teria Teodósio consentido uma invasão à cidade de Tessalônica, que resultou na morte de muitos. À Imperatriz Justina, que desejou restaurar a estátua da deusa Vitória, opôs-se valentemente enquanto viveu. Santo Ambrósio, como homem de Deus, partilhou sua riqueza material e espiritual com o povo; jejuava sempre; pai carinhoso e tão grande orador que teve papel importante na conversão de Santo Agostinho. Deixou muitos escritos e morreu com 60 anos no ano de 397, após 23 anos de serviço ao seu amado Cristo, com estas palavras: “Não vivi de tal modo que tenha vergonha de continuar vivendo; mas não tenho medo de morrer, porque temos um Senhor que é bom”.

Santo Ambrósio, rogai por nós!


Fonte: https://santo.cancaonova.com/santo/santo-ambrosio-bispo-e-doutor-da-igreja/

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

3 de Dezembro - Memória de São Francisco Xavier


Celebramos hoje a memória de São Francisco Xavier, o maior missionário que, depois de São Paulo, o mundo já viu. Conhecido como Apóstolo do Oriente, São Francisco levou a luz da fé cristã ao Japão e a inúmeros povos da Índia. Amigo e colaborador de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, foi canonizado menos de cem anos após sua morte e, em 1927, honrado pelo Papa Pio XI com o título de padroeiro universal das missões. A vida deste santo espanhol, além de ser um modelo de zelo pela salvação das almas, sobretudo das que se encontram mais distantes do Senhor, deve recordar-nos neste Advento daquele a quem esperamos receber no Natal: Jesus Cristo, que veio ao mundo por sua Encarnação e que agora, ao longo deste tempo da Igreja, quer chegar às almas através da palavra e do testemunho de seus fiéis. São Francisco Xavier, nesse sentido, foi um desses instrumentos eleitos por Deus para fazer ressoar na consciência de milhares de pessoas o chamado evangélico à conversão, a esse “dar-se conta” de que Jesus, de um modo misterioso, já se encontra no íntimo de todo coração, mas deseja ser “descoberto” para ali reinar como em seu castelo e ser adorado como Deus e Senhor. Ele, que ao mesmo tempo está presente em nós e vem ao nosso encontro por meio da pregação, espera ardentemente que acolhamos a sua visita nunca passageira e sempre permanente, agradecendo-lhe por ter estado conosco desde o início, ainda que não o soubéssemos. — Que São Francisco Xavier, que levou a tantas as almas a alegria de saber-se habitado por Cristo, interceda por nós e, por seus merecimentos e preces, nos alcance de Deus todo-poderoso a graça de reconhecermos o Senhor que em nós vive, habita e reina.


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-de-sao-francisco-xavier-mmxviii

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

30 de Novembro - Festa de Santo André, Apóstolo


A Igreja comemora hoje a festa de Santo André, Apóstolo, irmão de Simão Pedro e, como ele, oriundo de Betsaida (cf. Jo 1, 44). Embora Sãi Pedro seja sempre mencionado em primeiro lugar nos catálogos de Apóstolos do Novo Testamento (cf. Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 14-16; At1, 13), o que leva a concluir que lhe coube desde o início uma posição de destaque entre os outros discípulos, foi Santo André quem teve a graça de ser o primeiro a conhecer Jesus e ser chamado para o seguir. É por isso que a tradição oriental o honra com o título de Πρωτόκλητος, expressão grega que significa “o primeiro vocacionado”. O quarto evangelho recorda que tanto ele como São João, filho de Zebedeu, eram discípulos de São João Batista. Foi este que lhes apontou Jesus como o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1, 36) e os motivou a acompanhá-lo. Como os dois discípulos o seguissem ao longe, talvez um pouco  tímidos, o Senhor voltou-se a eles, dizendo: “Que procurais?” (Jo 1, 38), não porque ignorasse o que pensavam, mas para, com esta pergunta, incentivá-los a conversar mais de perto e atraí-los assim para a intimidade do seu Coração. Eles, porém, se limitaram a perguntar onde morava o Mestre (cf. Jo 1, 38), ao que este responde: “Vinde e vede” (Jo 1, 39). Eles foram aonde Cristo vivia e, alimentados com a sua doutrina e animados pela delicadeza do seu trato, ficaram aquele dia com Ele. Santo André, no entanto, saiu o quanto antes à procura do irmão para, como primeiro Apóstolo do Evangelho, comunicar-lhe a boa notícia: “Achamos o Messias” (Jo 1, 41), pois quem conheceu a Cristo e foi admitido à sua casa, isto é, à Igreja, não pode guardar só para si tamanha alegria.

Além dessas duas primazias no colégio apostólico, uma de poder e governo e outra de tempo e serviço, São Pedro e Santo André têm em comum também o modo como foram martirizados. Condenados a ser crucificados, os dois irmãos não se consideraram dignos de morrer como morrera Jesus. Por isso, São Pedro exigiu ser crucificado de cabeça para baixo, enquanto Santo André, conforme algumas atas de seu martírio, foi cravado em dois postes cruzados em forma de xis, ou seja, numa cruz decussata, também chamada habitualmente “cruz de Santo André”. A tradição também lhe atribui uma bela oração que ele teria rezado pouco antes de ser morto, prova do grande amor que este santo Apóstolo tinha a Jesus e testemunho inequívoco de que é não só proveitoso, mas muito adequado à ortodoxia da fé honrar e venerar os ícones e imagens que representam a Cristo a os instrumentos de sua Paixão. A oração é conhecida como O bona crux e deveria estar sempre pendentes dos nossos lábios, e com especial fervor nesta festa de Sabto André: “Ó boa cruz, que do Corpo de Jesus recebeste a formosura, tanto tempo desejada, tão ardentemente amada, sem descanso procurada! Para a minha alma ansiosa estás por fim preparada! Retira-me dentre os homens e devolve minha vida ao Mestre a quem pertenço! Por ti me receba aquele que por ti me resgatou. Amém.” — Santo André, Apóstolo, rogai por nós!


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/festa-de-santo-andre

terça-feira, 27 de novembro de 2018

27 de Novembro - Memória de Nossa Senhora das Graças


Origem na eternidade

A história de Nossa Senhora das Graças começa, na verdade, fora do tempo, quando o Pai, nos seus mais altos desígnios, planejou a encarnação de seu Filho Jesus, no seio da humanidade. Nesse momento, o Pai também pensou em Maria, pois, seu Filho teria que ter uma mãe humana. E a mãe do Salvador teria que ser “cheia de graça”. E assim aconteceu. A história começou, o mundo foi criado, o homem decaiu e Deus prometeu o Salvador. Por isso, Ele preparou Maria. Tanto que, quando o Anjo Gabriel apareceu para anunciar que ela seria a Mãe de Jesus, afirmou que ela era “cheia de graça”. (Lucas 1, 28)

Portadora de todas as graças

Em seguida, quando Maria disse o seu “sim” a Deus, diante do mesmo Anjo Gabriel, ela passou a ser portadora da maior de todas as graças que a humanidade poderia receber: o próprio Filho de Deus. Gerando Jesus para o mundo, Maria proporcionou que todas a graças chegassem até nós.

O título Nossa Senhora das Graças

Desde o início da Igreja, Maria sempre foi vista como “portadora das graças”. Porém, o título “Nossa Senhor das Graças” surgiu num determinado tempo da história e num local específico. Estamos falando das 17 horas e 30 minutos do dia 27 de novembro de 1830, na Rua Du Bac, 140, em Paris, França. Neste local e data especificados, Catarina Labouré, então noviça da Congregação de São Vicente de Paulo, foi até à capela impelida para rezar. Estando em oração, teve uma visão da Virgem Maria, que se revelou a ela como Nossa Senhora das Graças.

A aparição


E tal revelação não aconteceu somente por palavras. Nossa Senhora deu a Catarina Labouré uma visão reveladora. Vejamos o relato da própria Catarina que, depois, se tornou santa: "...uma Senhora de mediana estatura, de rosto muito belo e formoso... Estava de pé, com um vestido de seda, cor de branco-aurora. Cobria-lhe a cabeça um véu azul, que descia até os pés... As mãos estenderam-se para a terra, enchendo-se de anéis cobertos de pedras preciosas. A Santíssima Virgem disse-me: ‘Eis o símbolo das Graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem ...’ Formou-se então, em volta de Nossa Senhora, um quadro oval, em que se liam, em letras de ouro, estas palavras: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a Vós’. Depois disso o quadro que eu via virou-se, e eu vi no seu reverso: a letra M, tendo uma cruz na parte de cima, com um traço na base. Por baixo: os Sagrados Corações de Jesus e de Maria. O de Jesus, cercado por uma coroa de espinhos e a arder em chamas, e o de Maria também em chamas e atravessado por uma espada, cercado de doze estrelas. Ao mesmo tempo, ouvi distintamente a voz da Senhora, a dizer-me: ‘Manda, manda cunhar uma medalha por este modelo. As pessoas que a trouxeram, com devoção, hão de receber muitas graças”.

A revelação de Nossa Senhora das Graças

Enquanto contemplava esta cena maravilhosa, Maria sobre o globo terrestre e raios saindo de suas mãos em direção à terra, Catarina ouviu uma voz a lhe dizer: "Este globo que vês representa o mundo inteiro e especialmente a França, e cada pessoa em particular. Os raios são o símbolo das Graças que derramo sobre as pessoas que Me as pedem. Os raios mais espessos correspondem às graças que as pessoas se recordam de pedir. Os raios mais finos correspondem às graças que as pessoas não se lembram de pedir.“

Pedir com fé

Compreendemos que o título Nossa Senhora das Graças está intimamente ligado à revelação da Medalha Milagrosa. Porém, as graças distribuídas por Nossa Senhora não dependem do uso da Medalha e sim de pedir a ela com fé e devoção. Tanto que, em outra aparição, Nossa Senhora se queixou a Santa Catarina Labouré dizendo: “Tenho muitas graças para distribuir... Mas as pessoas não me pedem...”

O poder da Medalha Milagrosa

Depois de um tempo, Catarina Labouré conseguiu que a medalha fosse cunhada, tal qual a Virgem Maria tinha lhe pedido. Logo, esta medalha se tornou um fenômeno inimaginável. A promessa da Virgem Maria se cumpria admiravelmente em todos os que usavam a Medalha com devoção. Graças a ela, uma terrível epidemia da peste negra foi debelada na França. Milhares de pessoas já tinham morrido quando a Medalha Milagrosa começou a ser usada. Então, os doentes que a recebiam com fé começaram a ser curados milagrosamente, pois a peste não tinha cura.

Milhões de Medalhas

Então, a Medalha Milagrosa passou de milhares para milhões de cunhagens. Espalhou-se rapidamente pela Europa livrando milhões de pessoas da peste. Depois, espalhou-se por todo o mundo. E as graças continuam acontecendo até hoje. A medalha Milagrosa é a mais cunhada de todos os tempos. O número de medalhas, porém, não se compara ao número de graças derramadas pelas mãos cheias de amor da Virgem Maria, Nossa Senhora das Graças.

O papel da Virgem Maria

É interessante lembrar que Nossa Senhora é despenseira, ou seja, uma “distribuidora” de graças. As graças são de Deus e só Ele pode dá-las. Mas, em sua misericórdia, o senhor escolheu distribui-las pelas mãos de sua mãe, Maria. Esta é a maravilha da nossa fé. Milhões de graças estão nas mãos de Nossa Senhora e ela quer distribuí-las a seus filhos. É vontade de Deus que assim seja. Por isso, vamos pedir a ela, com fé. São Bernardo de Claraval dizia que “Nunca se ouviu dizer que ela não atendeu a quem pediu com fé.” Esta realidade maravilhosa é testemunhada por milhões de pessoas, ao longo de séculos. Por isso, não deixe de faze seus pedidos à Mãe Celestial. E não deixe também de usar a bendita Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças. E grandes graças vão acontecer na sua vida.


Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-das-gracas/283/102/#c

domingo, 25 de novembro de 2018

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo


O que significa para nós, católicos, celebrar, neste domingo, a solenidade de Cristo Rei? Ainda é possível falar em monarquia quando, em praticamente todos os países do mundo, o sistema republicano domina, e às figuras monárquicas restou apenas um papel simbólico e decorativo? De fato, soa estranho falar de um reinado social de Cristo, como pontificou Pio XI na encíclica Quas Primas, justo agora que essa forma de governo aparentemente caducou.

Para compreender a solenidade de hoje, o católico precisa ir às fontes da natureza humana, lá na origem das civilizações, quando o homem, embora já marcado pelo pecado, ainda se orientava pela liderança dos mais virtuosos. Em todas as sociedades antigas, desde as indígenas às africanas, os povos se organizavam naturalmente pelo reconhecimento das excelências humanas. Trata-se de uma lei da natureza. Para sobreviver, as populações se aliavam àqueles que tinham verdadeiras habilidades de governo; organizavam-se como uma família e se submetiam aos conselhos do rei, cujo papel remetia à figura paterna. As sociedades tinham, sim, um patriarca.

Falar de Cristo Rei, portanto, significa voltar para essa natureza humana, a fim de que todos os homens se coloquem debaixo do governo desse pai “manso e humilde de coração”, que outra coisa não deseja senão a salvação dos seus filhos. Diante de nossos fardos e tribulações, Ele nos chama para si, toma as nossas dores, e nos ensina o caminho correto para a felicidade: “Aprendei de mim”, diz o Senhor, “e achareis repouso para vossas almas” (Mt 11, 29).

A doença da sociedade atual tem origem, entre outras coisas, na perda do senso natural da realidade. As pessoas vivem uma ficção. Por isso, os governos já não são organizados como famílias, segundo um modelo naturalmente monárquico, mas por meio da propaganda demagógica, que forja falsas lideranças. Não se trata de líderes realmente habilitados para dirigir paternalmente uma nação, mas de oportunistas, que dissimulam uma falsa autoridade apenas para desfrutar das benesses do poder. Daí os escândalos políticos de corrupção tão comuns hoje em dia.

Nunca o mundo precisou tanto de um rei como agora. Por isso, a Igreja insiste no anúncio do reinado de Cristo, entendendo que é a partir da submissão a esse Deus amoroso que podemos, verdadeiramente, superar as seduções do diabo, as maquinações do mundo e a rebeldia da carne. O sacrifício de Cristo na cruz serviu exatamente para nos libertar da escravidão da morte e, ipso facto, colocar-nos debaixo de um jugo suave e um fardo leve. Se, antes da ressurreição de Jesus, a morte era nossa senhora, agora, que Deus a derrotou, Ele é o nosso único e autêntico Senhor.

Muitas tiranias têm se abatido sobre a consciência daqueles que, erroneamente, se apartaram de Deus: drogas e outros vícios; ideologias maquiavélicas; corrupção e violência generalizada. Tudo isso está destruindo a sociedade atual. Ou seguimos Jesus, ou nos tornamos reféns de nossas paixões. A Igreja, por isso mesmo, cumpre o seu papel de despertar as almas, encorajando-as para o combate e a resiliência diante das adversidades, a fim de que vivamos e sirvamos à caridade antes de servir às leis humanas positivas. Uma nação regida nesses termos certamente terá um destino diferente das demais. Sim, que Cristo reine sobre nós agora e para sempre. Amém.



quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A Apresentação de Nossa Senhora segundo a mística Maria Valtorta


Maria é acolhida no Templo. Ela, em sua humildade, não sabia que era a cheia de sabedoria.

30 de agosto de 1944.

Vejo Maria caminhar entre o pai e a mãe, pelas ruas de Jerusalém. Os passantes detêm-se para olhar a formosa menina, toda vestida de um branco neve, coberta com um véu muito leve que, por seus desenhos de ramos e de flores, mais escuros por entre os pontos mais claros do fundo, parece-me ser o mesmo que Ana usou no dia de sua Purificação. Com esta diferença: enquanto para Ana ele chegava só até a cintura, para a pequenina Maria desce quase até o chão, e a envolve em uma nuvem tênue e clara de uma extraordinária beleza.

O loiro dos cabelos soltos sobre os ombros, ou melhor, sobre a graciosa nuca, transparece aqui e ali, nos pontos em que o véu não é adamascado, apresentando à vista apenas o fundo, que é quase diáfano. O véu está preso sobre a fronte por meio de uma fita de um azul muito claro sobre a qual, certamente por obra da mamãe, estão bordadas, a fio de prata, pequenos lírios. O vestido de Maria, como eu disse, é alvíssimo, desce até o chão, e os pezinhos mal se mostram, quando ela anda, com suas sandalinhas brancas. Suas mãozinhas lembram duas pétalas de magnólia, saindo das mangas largas. Fora o círculo azul formado pela fita, não se vê nenhuma outra cor. Tudo é branco. Maria parece vestida de neve. Joaquim e Ana estão vestidos, ele com a mesma roupa da Purificação e Ana ao invés, com um vestido de cor violeta muito escuro. Até o manto, que lhe cobre a cabeça, é de um violeta escuro. Ela o traz caído totalmente sobre os olhos, dois pobres olhos de mãe, vermelhos de tanto chorar, que não queriam ser vistos assim, por isso choram sob a proteção do manto. Essa proteção serve por causa dos transeuntes e também por Joaquim que, embora tenha sempre olhos serenos, hoje eles estão avermelhados e opacos de lágrimas. Ele caminha, muito encurvado, debaixo do seu véu colocado como um turbante, com as beiras laterais descendo ao longo do rosto. Joaquim agora está, realmente, envelhecido. Quem o vê deve pensar que ele seja o avô, talvez até bisavô daquela pequenina que leva pela mão. O sofrimento por ter que separar-se dela faz que o pai ande como que arrastando os pés, desanimado em todos os seus movimentos e modos, o que o faz ficar vinte anos mais velho. Seu rosto parece o de uma pessoa doente, além de envelhecida, tão grande é o grau do seu cansaço e de sua tristeza, e sua boca está com um leve tremor, por entre duas rugas ao lado do nariz, mais acentuadas hoje. Os dois estão procurando esconder o pranto. Mas, se o podem esconder para muitos, não o escondem de Maria que, pelo seu pequeno tamanho, pode ver, olhando de baixo para cima e, levantando a cabecinha, olha uma vez o pai, outra vez, a mãe. Eles se esforçam para sorrir a ela, com um tremor na boca, aumentando o aperto de suas mãos sobre a pequenina mão, cada vez que sua filhinha olha para eles sorrindo. Eles devem ficar pensando: “Aí está. É esta uma vez a menos que vemos este sorriso”.

Vão andando bem devagar. Parecem querer que aquela sua viagem dure o mais possível. Tudo serve de motivo para mais uma parada... Mas, afinal, uma estrada uma hora tem que acabar. E esta já está no fim. No alto deste último trecho da estrada, que vai subindo, estão os muros que rodeiam o Templo. Ana solta um gemido e aperta com mais força a mãozinha de Maria. - Ana querida, eu estou contigo! - assim diz uma voz, que vem da sombra de um arco baixo, que se projeta sobre um cruzamento. Isabel, que, com certeza, a estava esperando, se aproxima dela e a aperta ao coração. Vendo que Ana está chorando, lhe diz: - Vem, entra um pouco nesta casa amiga. Depois, iremos juntos. Zacarias também está aqui. Entram todos em uma morada baixa e escura, na qual se vê o clarão de um grande fogo. A dona da casa deve ser amiga de Isabel, mas para Ana é estranha, e então se retira dali delicadamente, deixando os recém-chegados mais a vontade. - Não pense que eu esteja arrependida, ou esteja dando o meu tesouro de má vontade ao Senhor - explica-lhe Ana, entre lágrimas - Mas o coração... oh! como o meu coração está doendo, o meu velho coração, que vai voltar para aquela solidão dos que não têm filhos!... Se pudesses sentir o que estou sentindo... - Eu compreendo, minha querida Ana... Mas, tu és boa, Deus te confortará em tua solidão. Maria rezará pela paz de sua mamãe. Não é mesmo? Maria acaricia as mãos maternas e as beija, e as passa em seu rosto para ser acariciada, enquanto Ana aperta entre as suas aquele rostinho, e o beija, repetidamente. 

E não se sacia de beijá-lo.

Entra Zacarias, e saúda: - Aos justos, a paz do Senhor! - Sim - diz Joaquim - suplica para nós a paz, pois as nossas entranhas estão trêmulas, ao fazermos nossa oferta, como deviam estar as entranhas de nosso Pai Abraão, quando subia o monte, só  que nós não encontraremos outra oferta para darmos no lugar desta. Também não quereríamos fazer isso, pois somos fiéis a Deus. Mas estamos sofrendo, Zacarias. Sacerdote de Deus, procura compreender-nos e não fiques escandalizado conosco. - Nunca. Pelo contrário, a vossa dor, que sabe não passar além do permitido e levar-vos à infidelidade, serve para mim até como um exemplo de amor ao Altíssimo. Mas, tende coragem! Ana, a profetisa, tomará muito cuidado desta flor de Davi e de Arão. Neste mo mento ela é o único lírio de sua estirpe santa, que Davi ainda tem no Templo, e cuidaremos dela como de uma pérola real. Visto que os tempos vão chegando ao fim, as mães da estirpe deveriam consagrar suas filhas ao Templo, dado que há de ser de uma virgem, da estirpe de Davi, que nascerá o Messias. No entanto, por um relaxamento na fé, os lugares das virgens estão vazios. São muito poucas no Templo, e nenhuma da estirpe real, depois que Sara, a esposa de Eliseu, saiu para se casar, há três anos. É verdade que ainda faltam seis lustros para o fim, mas... ainda bem!

Esperemos que Maria seja a primeira de muitas outras virgens da estirpe de Davi diante do Sagrado Véu. E depois... quem sabe... - Zacarias não diz mais nada, mas, pensativo olha para Maria. Depois, retoma o assunto: - Eu mesmo velarei por ela. Sou sacerdote, e lá dentro tenho as minhas funções. E, no desempenho delas cuidarei deste anjo. Isabel também virá muitas vezes se encontrar com ela... - Oh! Decerto! Eu tenho tanta necessidade de Deus, e virei dizer isso a esta menina, para que ela o transmita ao Eterno. Ana se sente reanimada. Isabel, para aliviá-la ainda mais, lhe pergunta:  - Esse não é o teu véu de esposa? Ou será que o fiaste de um novo linho? - É aquele mesmo. Eu o consagro com ela ao Senhor. Já não tenho mais aquela vista boa... Depois, as riquezas estão muito diminuídas pelos impostos e pelas desventuras... Nem eu podia estar fazendo pesadas despesas. Tomei as providências necessárias só para um bom enxoval durante o tempo que vai passar na Casa de Deus, e para depois... pois penso que não serei eu quem a vai vestir para as núpcias... Mas quero que tenha sido a mão de sua mamãe, ainda que fria e imóvel, a preparar-lhe para as núpcias, fiando os linhos e as vestes de esposa. - Oh! Por que ficar pensando estas coisas?! - Eu estou velha, prima. Nunca me senti assim, como agora que estou passando por esta dor. As últimas forças de minha vida foram dadas a esta flor, quando a trouxe comigo, quando a alimentei, e agora... agora que estou nas últimas, estou sentindo a dor de perdê-la, o que vai acabar com minhas forças. • Não digas uma coisa dessas. Pensa no Joaquim. Tens razão. Procurarei viver para o meu homem. Joaquim fez como se não tivesse ouvido, atento como estava em ouvir Zacarias; mas bem que ele ouviu, e dá um forte suspiro, com os olhos marejados de lágrimas. - Estamos entre a terça e a sexta horas. Acho que seria bom irmos andando - diz Zacarias. Levantam-se todos para colocarem-se os mantos e partirem. Mas antes de saírem, Maria se ajoelha sobre a soleira, de braços abertos. 8.5 É um pequeno querubim, que implora: - Pai! Mãe! Dai-me a vossa bênção! A pequenina é forte, não chora. Mas seus labiozinhos tremem, e a voz, entrecortada por um interno soluço, tem, mais do que nunca, o som do gemido trêmulo da rolinha. Seu rostinho está mais pálido, e seus olhos têm aquele olhar cheio de uma resignada angústia que parece sempre mais forte até provocar-nos um profundo sofrimento. Este olhar só o verei de novo no Calvário e junto ao Sepulcro. Seus pais a abençoam e beijam. Uma, duas, dez vezes. Não sabem saciar-se... Isabel chora silenciosamente, e Zacarias, por mais que não queira demonstrá-lo está comovido. Saem. Maria entre o pai e a mãe, como antes. Na frente, vão Zacarias e a mulher. E¡-los dentro dos muros do Templo. - Vou ao Sumo Sacerdote. Vós subi até o grande terraço. Atravessam três pátios e três átrios sobrepostos. Chegam aos pés do grande cubo de mármore coroado de ouro. Cada cúpula, convexa como uma enorme laranja, está brilhando agora ao sol, cujos raios incidem perpendicularmente sobre o vasto pátio que circunda a majestosa construção, ocupando toda a ampla esplanada, abrangendo a escadaria que conduz ao Templo. Só o pórtico, que fica à frente da escadaria, está na sombra, tornando a alta porta feita de bronze e ouro ainda mais escura e majestosa, rodeada de muita luz. Maria parece ainda mais ser feita de neve, quando anda ao sol. Agora ela está aos pés da escadaria. Entre o pai e a mãe. Como devem estar batendo os corações dos três! Isabel está ao lado de Ana, mas a um meio passo atrás. Um toque de trombetas de prata, e a porta, girando sobre as dobradiças, parece produzir um som de cítara, ao correr sobre as esferas de bronze. Pode-se ver agora o interior, com suas lâmpadas lá no fundo, e um cortejo que vem saindo do interior. É um cortejo pomposo, com o soar das trombetas de prata, nuvens de incenso e muitas luzes. Ei-lo que chega à soleira da porta. O Sumo Sacerdote parece vir à frente. É um ancião cheio de majestade, vestido de linho finíssimo, tendo sobre o linho uma túnica mais curta, também de linho, sobre 56 a qual traz uma espécie de casula, um paramento multicolor, parecido com a planeta e a veste dos diáconos. Nas suas vestes, as cores púrpura e ouro, roxo e branco se alternam, e brilham como pedras preciosas ao sol; duas gemas verdadeiras brilham ainda mais vivamente sobre os ombros. Também parecem ser duas fivelas em seus engastes preciosos. Sobre o peito uma larga placa reluzente com pedras preciosas presas por uma corrente de ouro. Há ainda pingentes e ornamentos vários, que reluzem na barra da túnica curta, enquanto o ouro lhe resplende sobre a fronte por cima da cobertura da cabeça, fazendo lembrar os padres ortodoxos, na mitra que eles usam em forma de cúpula, diferente da católica, que tem uma ponta. O solene personagem avança sozinho, até o começo da escadaria, exposto ao brilho do sol, que o torna ainda mais esplêndido. Os outros, numa fila em semicírculo, o esperam do lado de fora da porta, à sombra do pórtico. A esquerda, há um grupo de meninas vestidas de branco, em companhia de Ana, a profetisa, e outras anciãs, que certamente são mestras. O Sumo Sacerdote olha para a pequena e sorri. Ela deve estar-lhe parecendo muito pequena, ainda mais, aos pés daquela escadaria que parece digna de um templo egípcio! Ele eleva os braços em oração. Todos abaixam a cabeça, como que aniquilados, diante da majestade sacerdotal que está em comunhão com a Majestade eterna. Depois, chegou a hora! Ele faz um sinal a Maria. E ela se separa da mãe e do pai e sobe, vai subindo, como se estivesse fascinada. Ela sorri. Está sorrindo, agora já à sombra do Templo, onde desce o Véu precioso... Já está no alto da escadaria, aos pés do Sumo Sacerdote, que lhe impõe as mãos sobre a cabeça, a vítima é aceita. Que hóstia mais pura terá tido algum dia o Templo? Depois o Sumo Sacerdote se volta até a porta do Templo, conservando a mão sobre o ombro dela, como para conduzir a cordeirinha sem mácula ao altar. Antes de fazê-la entrar, lhe pergunta: - Maria de Davi, sabes qual é o teu voto? Ao “sim” alto e claro, com que ela lhe responde, ele exclama: - Entra, então. Caminha em minha presença. E sê perfeita. Maria entra, pois, e a sombra a faz desaparecer, enquanto o grupo das virgens e das mestras, e depois o dos levitas, a escondem cada vez mais, até separá-la. Acabou-se... Agora a porta também gira sobre suas dobradiças harmoniosas... Uma pequena fresta, permite ainda que se veja o cortejo, que se vai encaminhando para o Santo. A fresta torna-se apenas um fio. Já não se vê mais nada. A porta é então fechada. Ao último acorde das dobradiças sonoras, responde o soluço de dois velhinhos e um único grito: - Maria! Minha filha! - depois, dois gemidos, um que chama o outro: - Ana! - Joaquim! - e terminam, dizendo: - Demos glória ao Senhor, que a recebe em sua Casa, e a conduz pelo seu caminho

E tudo termina assim.

Jesus diz: “O Sumo Sacerdote havia dito: “Caminha em minha presença, e sê perfeita”. Ele não sabia que estava falando à mulher que era inferior em perfeição só a Deus. Mas ele falava em nome de Deus e, por isso, sua ordem era sagrada. Sempre sagrada, especialmente quando dada àquela que é cheia de sabedoria. Maria havia merecido que a “Sabedoria fosse ao seu encontro mostrando-se primeiro a ela”, porque, “desde o começo de sua vida, tinha ficado vigiando à sua porta, desejando instruir-se por amor, quis ser pura para conseguir o perfeito amor e merecer ter a sabedoria por mestra”. Em sua humildade, não sabia que a possuía desde antes de nascer, e que sua união com a Sabedoria não era outra coisa, senão a continuação das divinas palpitações do Paraíso. Ela nem podia imaginar isso. E, quando, no silêncio do coração, Deus lhe dizia palavras sublimes, Ela humildemente pensava que fossem pensamentos de orgulho, e, elevando a Deus seu coração inocente, suplicava: “Tem piedade de tua serva, Senhor!”. Oh! É bem verdade que a verdadeira sábia, a virgem eterna, teve um só pensamento, desde a aurora do seu dia: “Dirigir a Deus o seu coração, desde a manhã de sua vida, estando atenta à vontade do Senhor, orando diante do Altíssimo”, pedindo perdão pela fraqueza do seu coração, como sua humildade lhe sugeria, sem saber que estava antecipando os apelos de perdão que haveria de fazer pelos pecadores, aos pés da Cruz, em companhia de seu Filho, quase morto. “Quando, pois, o Senhor o quiser, ela ficará cheia do Espírito de inteligência, compreendendo, então, sua sublime missão. Por enquanto, não é senão uma pequenina que, na sagrada paz do Templo, abraça, tornando mais estreitos com Deus, os laços de seus colóquios, de seus afetos e de suas recordações. Isto é para todos. Mas para ti, pequena Maria, não terá nada em particular para dizer-te o teu. Mestre? “Caminha na minha presença: e portanto sê perfeita”. Modifico ligeiramente a frase sagrada fazendo dela uma ordem para ti: sê perfeita no amor, na generosidade, no sofrer. Olha uma vez mais para minha mãe. E medita sobre aquilo que tantos ignoram ou querem ignorar, porque a dor é uma matéria por demais dura para o seu paladar e o seu espírito. A dor. Maria teve-a desde as primeiras horas da vida. Ser perfeita assim era possuir uma sensibilidade também perfeita. Portanto mais agudo ainda devia ser o seu sacrifício, sendo, então, mais meritório também. 

Quem possui pureza, possui amor, quem possui amor possui sabedoria, quem possui sabedoria, possui generosidade e heroísmo, porque sabe o motivo pelo qual se sacrifica. Eleva para o alto o teu espírito, mesmo quando a cruz te perturba, te estraçalha, te mata. Deus está contigo”.

Fonte: http://jesusfala.org/downloads/Valtorta_O_Evangelho_pt.pdf

21 de Novembro - Memória da Apresentação de Nossa Senhora


Com base numa antiga tradição, preservada por escrito no protoevangelho de Tiago (apócrifo do ano 150 d.C.), a Igreja convida todos os seus filhos a celebrarem hoje a festa da apresentação de Nossa Senhora. Feliz fruto da esterilidade de São Joaquim e Santa Ana, Maria Santíssima foi consagrada ao serviço a Deus no Templo de Jerusalém ainda bastante jovem, por volta dos três anos de idade. Entregue por inteiro ao Senhor, nossa querida Mãe do Céu permaneceu no Templo por mais ou menos dez anos, quando enfim foi desposada por São José e, segundo o relato evangélico, visitada por São Gabriel Arcanjo, de quem recebeu o anúncio da Encarnação do Verbo divino. Mais do que os detalhes históricos dessa apresentação, a importância da festa de hoje para a nossa vida espiritual consiste em venerarmos Maria em sua agraciada infância. Como sabemos por fé, a Virgem imaculada recebeu, no primeiro instante de sua concepção, uma plenitude de graças superior às derramadas por Deus em todas as outras criaturas. Isso significa que aquela pequena menina que contemplamos hoje a subir os degraus do Templo já vivia, num prodígio irrepetível de santidade, um amor tão intenso e consciente a Deus que sequer somos capazes de imaginar. De fato, se tantos santos, como nos atesta a história, deram provas de uma acendrada caridade antes mesmo de chegarem à idade da razão, com que carinho, com com desprendimento, com que fervor não deve nossa Mãe bendita ter amado aquele que, sendo seu Deus e Senhor, ela conceberia mais tarde como seu próprio Filho? Devemos, pois, dar graças ao Altíssimo por ter embelezado com todos os dons celestes essa angelical menina, a primeira criança a vir ao mundo sem a mancha do pecado original, com um coração reto e simples, com uma alma desde o início amiga e amante de Deus. Que saibamos propor a nossos filhos a Santíssima Virgem menina como modelo de amor e obediência, a fim de que eles, cuidadosamente educados na fé, se entreguem desde cedo à obra de sua própria santificação.


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-da-apresentacao-de-nossa-senhora-mmxviii

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

2 de Novembro - Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos


Celebramos hoje o dia de finados, no qual se comemoram todos os fiéis já falecidos. E o nosso dever hoje, como bons católicos, é rezar pelas almas dos nossos irmãos que se encontram no Purgatório, onde esperam o dia em que, purificados de suas culpas, poderão associar-se à assembleia dos santos que ontem celebrávamos. Como nos ensina a Igreja, todo homem logo após a morte recebe de Cristo, num juízo particular, a sentença definitiva sobre o seu destino eterno: ou a salvação no céu ou a condenação no inferno. Acontece, porém, que muitos dos que se salvam (ou seja, que são admitidos à glória do céu) não se encontram em estado de perfeita santidade na hora da morte e, por isso, não estão ainda em condições de entrar no gozo do seu Senhor, em cuja casa, como dizem as Escrituras, não entrará nada impuro nem profano (cf. Ap 21, 27). Por causa disso, Deus institui um lugar de purgação onde os fiéis que já estão salvos podem purificar-se, mediante o sofrimento, das culpas e imperfeições que ainda lhes restam. E nós, como membros do Corpo Místico de Cristo, unidos em uma só família pela comunhão dos santos, podemos oferecer a essas almas pobres e ao mesmo tempo benditas uma série de socorros espirituais, tanto para lhes aliviar o sofrimento como para lhes encurtar o tempo de purificação. Se sabemos o quanto padecem as almas do Purgatório, não só pela dor que lá suportam, mas pela sede do Deus a quem tanto querem ver, por que cruzamos os braços e nada fazemos, sendo-nos tão fácil ajudá-las por meio de orações e pequenas obras de caridade e pelas inúmeras indulgências que em proveito delas a Igreja nos concede? Não fiquemos indiferentes e cumpramos esse dever de justiça e caridade para com os fiéis defuntos, e peçamos ao Deus de misericórdia que as nossas humildes preces sejam úteis às almas dos seus servos falecidos, a fim de que se vejam livres o quanto antes de todos os seus pecados e possam repousar no lugar da paz e do eterno descanso.

Oração. — Ó Deus, Criador e Redentor de todos os fiéis, concedei às almas dos vossos servos e servas a remissão de todos os seus pecados, a fim de que, por meio destas piedosas súplicas, alcancem de Vós a misericórdia que sempre desejaram. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Amém. Pai-Nosso e Ave Maria. — Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, e que a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém.


Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/comemoracao-de-todos-os-fieis-defuntos-mmxviii

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

1° de Novembro - Solenidade de Todos os Santos


A Solenidade de Todos os Santos é uma data especial na Igreja, pois no dia 1 de novembro oramos por todos os santos e mártires que não foram relembrados ao longo do ano.

É uma data para orar e relembrar os santos mártires que deram a maior prova de amor por Deus, aceitando o martírio de bom grado por não renegar sua fé. Demonstrando com a prova da própria vida o Amor a Deus sobre todas as coisas.

O Dia de Todos os Santos é uma data especial de reflexão, oração e uma festa especial para os exemplos da Igreja, além de ser uma data e reflexão para os fiéis sobre o amor a Deus, sobre a fé.

Durante o Dia de Todos os Santos nossas orações não são apenas por um santo do qual somos devotos, mas sim direcionadas a todos em gratidão da sua luta para preservar a fé cristã e a palavra de Deus viva mesmo diante de terríveis obstáculos e sacrifícios.

Oremos a todos os santos e mártires da Igreja nessa data especial, e vamos comemorar o Dia de Todos os Santos celebrando a memória dos ícones e exemplos de fé.

Todos os santos de Deus, roguem por nós!

Fonte: https://www.nossasagradafamilia.com.br/conteudo/todos-os-santos.html