Ao celebrarmos neste Ano Jubilar a Memória de Nossa Senhora das Dores, devemos meditar com especial atenção o Imaculado e Dolorosissimo Coração de nossa Mãe bendita, que se manteve firme "perto da cruz de Jesus". Se Deus, com efeito, se encarnou para que, com um Coração Sagrado e humano, pudesse padecer e nos amar até o extremo (cf. Jo 13, 1), era conveniente que, associado às suas dores, houvesse um Coração que pudesse compadecer-se e amá-lO como nós não somos capazes de amar. Porque se diante da cruz do Senhor reagimos, não raro, com indiferença, frieza e ingratidão, a Virgem fiel não só se mantém de pé junto a seu Filho crucificado como, além disso, se une tão intimamente a seus terríveis padecimentos que oferece também ela, a título de Corredentora em estreita e subordinada dependência de Cristo, um sacrifício agradável ao Pai. Em Maria, portanto, Deus encontra um Coração perfeitíssimo, feito — se assim se pode dizer — à sua incomensurável medida, capaz de corresponder digna, embora proporcionalmente, ao amor infinito que do alto do Calvário Ele derrama sobre os homens; e Maria o faz não apenas O amando de volta, mas ainda sofrendo com Ele o maior dos males: o pecado, com o qual ofendemos e ultrajamos dia após o dia a honra divina, conspurcamos em nós a imagem dAquele a cuja semelhança fomos criados, rejeitamos enfim, com diabólico desprezo, a caridade infinita de um Deus que deseja ardentemente associar-nos às alegrias do Paraíso celeste. Consagremo-nos hoje a este Doloroso Coração, que, mais do que Abraão prestes a imolar Isaac, creu e confiou em Deus sem reservas, pronto a entregar ao Pai o Filho que o Espírito Santo gerou em seu seio intocado. — Ó doce Coração de Maria, sede a nossa salvação!
Homilia do Padre Paulo Ricardo
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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