Um pequeno povoado de apenas 2.000 habitantes, situa-se na Bélgica, denomina-se Beauraing. Nada o distingue de muitos outros povoados da zona. Nesse local, nossa Mãe celeste apareceu 33 vezes a cinco crianças, de 29-11-1932 a 3-1-1933, ou seja, quase todos os dias! Tais aparições foram reconhecidas pela Igreja em 1943. É uma das poucas aparições, ocorridas no século passado, reconhecidas oficialmente.
Em 29 de novembro de 1932, as meninas Gilberte e Andrea Degeimbre, órfãs de 9 e 14 anos, acompanham Fernanda e Alberto Voisin, de 15 e 11 anos, que foram buscar, num pensionato de freiras, Gilberte Voisin, de 13 anos, irmã dos dois últimos. Os meninos brincavam, quando Alberto fica assustado e diz: “Olhem, a Virgem vestida de branco está caminhando sobre a ponte”. As meninas olham e ficam também muito assustadas. Batem com força à porta do pensionato. Surgem uma freira — a irmã Valerie, que nada percebe — e Gilberte Voisin, que vê a aparição e fica também muito assustada. Os meninos correm de volta à casa e contam a suas famílias o ocorrido. Estas não acreditam. Ainda pior: a irmã mais velha das meninas Degeimbre, tomada de inveja, diz: “Vocês duas vêem a Virgem? Se eu a tivesse visto, seria diferente... Mas, vocês duas!?” Dominada pelo despeito de nada ter visto, ela chegará a caluniar suas irmãs.
Chama muito a atenção nessa narração o pouco que Nossa Senhora fala a estas crianças — fato que será utilizado como argumento principal pelos adversários das aparições. Após os meninos indagarem à Mãe de Deus o que queria deles, Ela simplesmente respondeu: “Sejam sempre bons”. No dia seguinte, Ela pergunta aos meninos: “Vocês serão sempre bons, não é verdade?”. “Sim!” — responderam enfaticamente.
No dia 30 de dezembro de 1932, ao mostrar seu Coração, que parecia de ouro, a Virgem Santíssima recomenda: “Rezai, rezai muito”. No dia 1º de janeiro, apenas aconselha: “Rezai sempre”. Na última aparição, no dia 3 de janeiro, Ela falará mais. E mesmo assim, será breve: “Eu converterei pecadores. Eu sou a Mãe de Deus, a Rainha do Céu. Rezai sempre”.
Curiosamente, a Virgem Santíssima, nesta derradeira aparição, revela três segredos pessoais a três dos videntes. O que revelou? Nada veio a público.
Algumas pessoas quiseram acrescentar palavras ao que Nossa Senhora asseverou, mas os videntes não aceitaram.
Outro aspecto digno de nota: os meninos viam Nossa Senhora com raios dourados em torno da cabeça, como se fosse uma coroa, símbolo de majestade. O que está em consonância com a afirmação: “Sou a Rainha do Céu”.
Desde o início as aparições chamaram muito a atenção, e o interesse público ia crescendo diariamente. No dia da última aparição, havia uma multidão de 30.000 pessoas presentes. Entre elas, numerosos médicos. Estes aproveitaram a ocasião para fazer experiências, durante as aparições. Eles beliscaram os videntes, apertaram-lhes a pele, aproximaram fogo de suas mãos, soltaram flashes incandescentes sobre os olhos, mas os videntes não reagiram. Não ficaram marcas ou cicatrizes de tais experiências.
Os videntes sofreram muita oposição. Nem o sacerdote do local acreditava neles, e não tinham nas adjacências a quem recorrer para os ajudar. Como até parte da imprensa católica tentava negar os eventos miraculosos, sentiam-se rodeados por um desprezo geral. No início, até seus pais mostravam-se contrários à veracidade das aparições. Muitos acusavam as crianças de mentirosas, pois esperavam que uma aparição da Mãe de Deus devesse ser necessariamente no estilo Hollywood, com milagres espetaculares e uma mensagem apocalíptica. A curiosidade geral encheu a loja dos Voisin. Mas logo eles perderam os fregueses, que não podiam ou não se atreviam a entrar na loja, que acabou tendo de ser fechada. Mas isto foi um fator para a conversão do pai, Hector Voisin, que abandonou o partido socialista e voltou a praticar a religião.
Algumas pessoas perguntaram: por que Nossa Senhora apareceu para dizer tão pouca coisa, além do mais, já muito conhecida? Seria algo na linha de uma aparição “ordinária”, diferente de aparições “fora de série”, como as de Lourdes ou Fátima?
Como resposta, podemos lembrar, de início, que a Virgem Santíssima quis Ela mesma fazer apostolado, para nos ensinar que todo apostolado é santo, mesmo se dirigido a pessoas simples, e limitando-se a repetir doutrina já conhecida.
Em segundo lugar, a Religião católica não se caracteriza por sensacionalismos. É a Religião da perseverança em meio à vida cotidiana. Nunca uma aparição de Nossa Senhora é algo comum. Embora seja um acontecimento extraordinário, uma aparição mariana pode ter por objeto, entretanto, reafirmar uma doutrina básica da Igreja.
Em terceiro lugar, a Santíssima Virgem, com sua aparição, ressalta que Ela está protegendo a nós, seus filhos. Nem sempre mediante palavras, mas sempre nos amparando. O que mais podemos desejar?
Ademais, uma aparição de Nossa Senhora não pode deixar de trazer consigo grandes graças, seja para os videntes, seja para os que os rodeiam e mesmo para todo o mundo. Ela é a Mãe da divina graça, que conduz sempre a seu Filho amantíssimo, Jesus.
Fonte: Revista Catolicismo