sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

As Santas Chagas de Nosso Senhor


Hoje, em Portugal, celebramos a Festa das Cinco Chagas de Cristo; e aqui no Brasil, podemos unir-nos a nossos irmãos lusitanos, celebrando a missa votiva da Paixão do Senhor. Essa é uma devoção que há séculos permeia a história e a cultura de Portugal. O grande Luís de Camões, na monumental obra Os Lusíadas, descreve a presença das chagas de Nosso Senhor no escudo português: “Vede-o no vosso escudo que presente/ Vos amostra a vitória já passada/ Na qual vos deu por armas e deixou/ As que Ele per Si na Cruz tomou”. Isso porque existe a tradição segundo a qual Jesus crucificado teria aparecido a D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, dizendo-lhe que ele venceria a batalha de Ourique a fim de fundar o Reino português, por meio do qual o nome do próprio Cristo seria levado a terras distantes e a povos estrangeiros. Ou seja, nós, brasileiros, também fomos contemplados nessa aparição de Jesus crucificado. Para além do sentido histórico, é necessário compreender o significado espiritual dessa devoção. No Ofício das Leituras próprio de Portugal, a segunda leitura é de São João Crisóstomo, que se questiona por que Jesus ressuscitado, em corpo glorioso, aparece a Tomé com suas chagas abertas. Ele interpreta, então, que Nosso Senhor foi condescendente com Tomé, de modo que, experimentando-lhe a humanidade, ele pudesse crer na divindade. Também com relação a nós, as Chagas de Cristo dão-nos a certeza do amor de Deus; ajudam-nos a compreender que o Ressuscitado é o Crucificado, que morreu para a nossa salvação. Depois da Comunhão, muitas vezes rezamos a belíssima oração Alma de Cristo, na qual pedimos a Nosso Senhor: “Dentro de Vossas chagas, escondei-me. Não permitais que me separe de Vós. Do espírito maligno, defendei-me. Na hora da minha morte, chamai-me e mandai- me ir para Vós, para que com os vossos Santos Vos louve, por todos os séculos dos séculos”. Vivamos, pois, nas Chagas de Cristo, a fim de que estejamos sempre unidos a Ele, nesta vida e na eternidade.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

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