Celebramos hoje a festa da Cátedra de São Pedro, por ocasião da qual a Igreja repete, agora pela pena de São Mateus, a mesma cena que meditávamos ontem, ainda que do ponto de vista de São Marcos. Aqui, o evangelista nos conduz a Cesareia de Filipe, onde São Pedro professa sua fé em Cristo, e este, ao ver o príncipe dos Apóstolos deixar-se iluminar pelo Espírito Santo, prorrompe de júbilo, dizendo: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu”. Porque, com efeito, como diz a Epístola aos Tessalonicenses, o homem é corpo, alma e espírito: corpo e alma, na ordem meramente natural, e espírito, quando elevado pela graça à participação da natureza divina. Os que são só corpo e alma, movem-se ora pelos apetites sensíveis, quando não cresceram ainda em virtude, ora pelo conhecimento do bem e do dever, quando começam a sair da “infância” moral e adquirem os primeiros hábitos virtuosos. Mas tudo isso é ainda muito pouco para um cristão, porque não é o sangue nem a carne, mas somente o Pai celeste que nos pode levar ao conhecimento de seu Filho encarnado, Jesus Cristo, nem há virtude natural que, sozinha, sem um dom gratuito dos céus, nos faça dignos de receber a luz da fé. Por isso, o fiel precisa que Deus, que lhe deu o corpo e a alma naturais, lhe dê também um espírito, isto é, uma modificação íntima operada pela graça que o torne apto para ser movido pelo Espírito Santo, o único que pode levar-nos a dizer, com aquela fé sobrenatural: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Que, por intercessão de São Pedro, fundamento da Igreja e princípio visível da unidade da fé, Deus nos conceda o dom de sua graça e faça bem-aventuradas as nossas almas, por crerem como convém à nossa salvação e santificação diária.
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