Hoje, dia em que celebramos, jubilosos, a solenidade de nossa Padroeira, a Santíssima Virgem da Conceição Aparecida, queremos erguer aos céus nossas mãos suplicantes e rogar ao Deus três vezes santo, confiando na intercessão de Maria Imaculada, pelo bem de todo o nosso país. Nós, que tivemos a graça de receber o dom da fé católica, sabemos que, assim como os outros povos, também o Brasil tem a sua vocação específica, porque não só os indivíduos, tomados isoladamente, são chamados a participar dos projetos divinos, senão que as famílias e as comunidades que formamos têm, também elas, o seu lugar próprio nos planos providenciais do Altíssimo: Ele quer ser honrado e servido tanto por cada homem em particular como pelo conjunto das nações e dos Estados — é um direito seu, como Senhor e Criador da humanidade, em sua dimensão individual e social.
Unido estreitamente à história de Portugal, o Brasil, abençoada Terra de Santa Cruz, tem a missão de ser um povo evangelizador, de levar a luz de Cristo aos lugares ou a que ela ainda não chegou ou, infelizmente, onde ela quase se extinguiu. Eis a nossa tarefa, mas não porque sejamos um povo melhor do que os outros, mais bem preparados, mais cultos, mais ricos; não porque tenhamos “merecido” aos olhos de Deus ser distinguidos com uma missão especial. A história sagrada nos mostra, muito ao contrário, que são justamente os pobres e pequeninos, aqueles que aos olhos do mundo parecem não prometer nada de grandioso, que o Senhor escolhe com preferência e predileção para levar a cabo os seus desígnios. Disso é prova nada menos do que a própria Igreja, um milagre moral de santidade e beleza cujos fundamentos são doze simples judeus, quase todos sem instrução, sem recursos, mas inflamados daquela santíssima e apostólica caridade que faz os humildes superarem os poderosos da terra.
Mas para que cumpramos efetivamente este encargo que Deus nos confiou precisamos ser fiéis à nossa vocação, fiéis às nossas origens católicas, fiéis à sã doutrina com que os portugueses ilustraram nossas terras, instruíram nossa gente, conquistaram o nosso coração para aquela que é Senhora e Rainha de todos os brasileiros. Emancipemo-nos de uma vez para sempre dessa ilusão, tão falsa quanto venenosa, de que estamos fadados a ser o povo “do carnaval, do futebol e do sexo fácil”. Deus nos quer grandes entre os seus santos, e foi por isso que nos colocou sob o amparo daquela que, exaltada sobre todos os coros angélicos, reina ao lado de Cristo e chama todos os seus súditos à obediência da fé e do amor: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. — Agarrados ao manto de nossa Mãe concebida sem pecado, demos graças e glória Àquele que, uno e trino, nos fulgores do seu trono celeste, governa o Brasil com mão paterna e está sempre disposto a cumular-nos com os bens que realmente importam.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/solenidade-de-nossa-senhora-aparecida-mmxviii
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