quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Memória de São João Paulo II, Papa

Se a Igreja celebra hoje a memória de S. João Paulo II, e se este Papa se fez aluno da escola de santidade de S. Luís M.ª Grignon de Montfort, nada mais natural do que meditar sobre o papel da Virgem SS. na santificação das almas. O princípio de que parte S. Luís M.ª para mostrar esta função especialíssima atribuída por Deus a Nossa Senhora é, na verdade, bastante simples e evidente: se Maria foi escolhida para Mãe do Verbo encarnado, Cabeça da Igreja, seria uma monstruosidade que não lhe coubesse a missão de gerar, com verdadeira maternidade espiritual, e não meramente simbólica ou metafórica, os membros do Corpo místico de Cristo: “Se Jesus Cristo” — escreve S. Luís —, “Cabeça dos homens, nasceu dela, todos os predestinados, membros desta Cabeça, também dela devem nascer, por uma conseqüência necessária” (Tratado da verdadeira devoção, §32). Em outras palavras, havemos de reconhecer como nossa Mãe na ordem sobrenatural aquela que cooperou para a nossa regeneração espiritual, dando-nos por diversos títulos a vida da graça. Ela, com efeito, nos concebeu no dia da Anunciação, ao conceber por obra do Espírito Santo a nossa Cabeça moral, e nos deu à luz no Calvário, quando da morte de seu Filho, ao ser consumada a nossa Redenção, que já tivera início na cidade de Nazaré. Essa maternidade, porém, não exclui — antes, pelo contrário, a exige — nossa livre cooperação, porque, se Maria gera e nutre os que são membros de Cristo, serão dela mais filhos (isto é, receberão mais copiosas graças por intermédio dela) os que estiverem mais unidos ao Senhor. E como, nesta vida, Cristo é atual e perfeitamente Cabeça dos que a Ele estão unidos pela fé e a caridade, segue-se que destes, isto é, dos que mantêm formada pelo amor divino a virtude da fé, Maria será Mãe atual e mais perfeitamente. Para sermos, pois, contados no número desta prole bendita, que se pode orgulhar de ter por Mãe a mais pura das criaturas e por irmão o Verbo humanado, recorramos confiantes à intercessão de S. João Paulo II, que, assim como soube manter-se filho de Maria nesta vida, se gloria agora no Céu de contemplar com ela o rosto do nosso divino Salvador.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Memória de Santa Teresa de Ávila, Doutora da Igreja

Teresa d’Ávila, cuja memória festejamos hoje, tem a particularidade de ter sido não só uma grande santa, mas um dos primeiros Doutores a ensinar passo a passo como se chega à santidade e à vida mística. Embora sejam ricos de ensinamentos os seus vários escritos, um deles tem para nós especial importância, não tanto por dizer de modo expresso como as almas se santificam, mas por denunciar o principal impedimento que encontram elas para crescer em santidade: a tibieza. No Livro da Vida, com efeito, após narrar as tantas mercês que Deus lhe vinha fazendo, expõe a Madre Teresa a causa por que passou tanto tempo sem dar passos no amor, embora fosse boa religiosa, cumpridora de seus ofícios e livre de pecados mortais: “Comecei, de passatempo em passatempo, de vaidade em vaidade, de ocasião em ocasião, a meter-me tanto em mui grandes ocasiões e a andar a minha alma tão estragada em vaidades, que já tinha vergonha, em tão particular amizade como é tratar de oração, de me tornar a chegar a Deus. Ajudou a isto que, ao crescerem os pecados, me começou a faltar o gosto e regalo na coisas de virtude” (7, 1). Refere-se a santa a certas amizades e conversas que a distraíam no mosteiro em que vivia, muito aberto às coisas do mundo, e ao gosto que nelas encontrava, a ponto de apegar-se a esses afetos intrusos que, se em si mesmos não eram graves, constituíam ao menos faltas veniais para uma carmelita, que por estado de vida deveria consagrar-se à solidão e à intimidade com Deus.

Veem-se, de fato, os principais efeitos do pecado venial no relato de S. Teresa: a) afeto desordenado aos bens temporais: “Comecei […] a meter-me tanto em mui grandes ocasiões”; b) ofuscamento do esplendor e beleza atuais da alma: “e a andar a minha alma tão estragada”; c) subtração de muitas graças, sobretudo das necessárias à vida de oração: “que já tinha vergonha […] de me tornar a chegar a Deus”; d) disposição ao pecado mortal, em razão dos efeitos anteriores: “Ajudou a isto que, ao crescerem os pecados”; e) e dificuldade no exercício da caridade e das demais virtudes: “me começou a faltar o gosto e regalo nas coisas de virtude”. Foi essa a doença que impedia Teresa de tornar-se a grande santa em que Deus a queria transformar, e é esse mesmo verme, roedor da piedade, que ainda impede tantas almas boas de chegarem a ser perfeitas. É esse saber-se chamado por Deus, mas seguir o mundo; ter contento nas coisas divinas, mas permanecer atado às do mundo; querer juntos contrários tão inimigos um do outro como a vida espiritual e os afetos terrenos — é esse, pois, o principal impedimento das almas que querem ser do Céu sendo reféns da Terra, que muito trabalham na oração por serem escravas de sensações, que não se podem encerrar dentro de si sem trazerem o fardo de mil vaidades (cf. 7, 17). Mas se Deus permitiu a Teresa passar tanto tempo nesse estado, foi para prevenir-nos contra ele de antemão, a fim de combatermos já, antes de que cresça, o verme que em Teresa, para ser mais experimentada Doutora, cresceu por anos: “Há mil bens que eu não ousaria dizer se não tivesse grande experiência do muito que isto importa” (7, 22).

Fonte: Padre Paulo Ricardo

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Consagração a São José

Ó Glorioso São José, que Deus escolheu para Pai putativo de Jesus, para Esposo puríssimo da Virgem Maria e chefe da Sagrada Família, e que o Sumo Pontífice declarou Padroeiro e Protetor da Igreja Católica Apostólica Romana, fundada por Jesus Cristo, eu recorro a vós neste momento e imploro, com a maior confiança, o vosso poderoso auxílio para toda a Igreja militante.

Protegei especialmente, com o vosso amor verdadeiramente paternal, o Vigário de Cristo e todos os Bispos e sacerdotes, unidos à Santa Sé de Pedro.

Defendei os que trabalham pela salvação das almas, entre as angústias e tribulações desta vida, e fazei que todos os povos da Terra se sujeitem docilmente à Igreja, que é o meio de salvação necessário para todos.

Dignai-vos também, meu querido São José, aceitar a consagração que vos faço de mim mesmo. Eu me ofereço todo a vós, para que sejais sempre o meu Pai, o meu protetor e o meu guia no caminho da salvação. Alcançai-me uma grande pureza de coração e um amor ardente à vida interior.

Fazei que, seguindo o vosso exemplo, todas as minhas obras sejam dirigidas para a maior glória de Deus, em união com o Coração Divino de Jesus, com o Coração Imaculado de Maria, e convosco. Amém.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

A importante presença de São José em Fátima

Sobre as aparições da Virgem de Fátima em Portugal muitas pessoas devem ter ouvido falar do “Milagre do Sol” de 1917, mas poucos sabem que São José também esteve presente na visão da Irmã Lúcia.

A Serva de Deus e vidente de Fátima, Irmã Lúcia, descreveu a aparição em suas memórias: “Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. São José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz”.

“Isto reitera a importância do papel de São José dentro da Igreja. Diz muito sobre nosso mundo de hoje. É o gigante silencioso, amigo esquecido que está constantemente presente”, explicou Mike Wick, diretor executivo do Instituto on Religious Life, apostolado que promove e apoia o crescimento, o desenvolvimento e a renovação da vida consagrada.

Além disso, Wick disse que a presença da Sagrada Família na última aparição de Fátima é um “lembrete oportuno” de que a Igreja deve ser a “família de Deus”.

“São José, que é o chefe da Sagrada Família, nos dá grande instrução sobre o plano de Deus”, acrescentou.

Nesse sentido, Mons. Joseph Cirrincione, estudioso há mais de 40 anos das aparições de Fátima, detalhou em seu livro “St. Joseph, Fatima and Fatherhood” (1989) que as aparições são, definitivamente, um lembrete da importância da paternidade.

“A paternidade de São José, assim como com todos os pais humanos, é o reflexo em uma criatura da paternidade de Deus Pai. A visão de São José e do Menino Jesus abençoando o mundo com Maria ao lado do sol, que não deixou o seu lugar, é a segurança de Deus de que, embora o homem possa rechaçá-lo, Deus nunca rechaçará o homem”, enfatizou.

Quando a pacífica cena familiar é interrompida pelos giros do sol durante o Milagre do Sol, Mons. Cirrincione acredita que se trata de “um presságio sinistro das consequências para o mundo, que certamente se sentirão se a verdadeira paternidade de Deus e o tradicional forte papel do pai da família são rechaçados pela humanidade”.

“O Milagre do Sol representa não tanto uma ameaça de males futuros, mas um presságio do destronamento de Deus Pai e uma indicação das terríveis consequências que seguirão”, ressaltou.

Mons. Cirrincione explicou “que a paternidade humana, como reflexo da paternidade de Deus, foi desenhada para ser o pilar da família” e que o “desaparecimento da estima pela paternidade levou ao colapso desse pilar e a desintegração da família”.

No século IX, o Papa Leão XIII consagrou o mês de outubro à Virgem do Rosário – título com o qual Maria chamou a si mesma em Fátima –, e na sua encíclica Quamquam Pluries (Devoção a São José) de 1889, o Papa pediu “que o povo cristão invocasse constantemente, com grande devoção e confiança, junto com a Mãe de Deus, o seu casto esposo São José”.

Porque era “muito importante a devoção a São José”, este Papa escreveu e ofereceu uma oração ao Santo Custódio para que fosse recitada depois do Rosário, durante o mês de outubro.

Fonte: Acidigital

Sexta aparição de Nossa Senhora em Fátima - 13 de Outubro de 1917

Já era o outono. Uma chuva persistente e forte transformara a Cova da Iria num lamaçal e encharcava a multidão de 50 a 70 mil peregrinos, vindos de todos os cantos de Portugal. Assim que chegaram os videntes, Lúcia pediu que fechassem os guarda-chuvas para rezarem o Terço. E, pouco depois, houve o reflexo de luz e Nossa Senhora apareceu sobre a carrasqueira.

(Relato da aparição em português de Portugal)

«– Que é que Vossemecê me quer?
– Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar [ainda hoje] e os militares voltarão em breve para as suas casas.
– Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc.
– Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.
E tomando um aspecto mais triste:
– Não ofendam mais a Nosso Senhor que já está muito ofendido! {Se o povo se emendar, acaba a guerra e, se não se emendar, acaba o mundo.}
[– Ainda me quer mais alguma coisa?
– Já não quero mais nada.]
E, abrindo as mãos, fê-las reflectir no Sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projectar no Sol.
[...]
Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. São José com o Menino pareciam abençoar o Mundo, com os gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores. Nosso Senhor parecia abençoar o mundo da mesma forma que São José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo.»


O Milagre do Sol

E (Nossa Senhora), abrindo as mãos, fê-las refletir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol

Chovera durante toda a aparição.

Lúcia, no término de seu colóquio com Nossa Senhora, gritara para o povo: “Olhem para o sol!” Rasgam-se as nuvens, e o sol aparece como um imenso disco de prata. Apesar de seu intenso brilho, pode ser olhado diretamente sem ferir a vista. As pessoas o contemplam absortas quando, de súbito, o astro se põe a “bailar”. Gira rapidamente como uma gigantesca roda de fogo. Pára de repente, para dentro em pouco recomeçar o giro sobre si mesmo numa espantosa velocidade. Finalmente, num turbilhão vertiginoso, seus bordos adquirem uma cor escarlate, espargindo chamas vermelhas em todas as direções. Esses fachos refletem-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas faces voltadas para o céu, reluzindo com todas as cores do arco-íris. O disco de fogo rodopia loucamente três vezes, com cores cada vez mais intensas, treme espantosamente e, descrevendo um ziguezague descomunal, precipita-se em direção à multidão aterrorizada. Um único e imenso grito escapa de todas as bocas. Todos caem de joelhos na lama e pensam que vão ser consumidos pelo fogo. Muitos rezam em voz alta o ato de contrição. Pouco a pouco, o sol começa a se elevar traçando o mesmo ziguezague, até o ponto do horizonte de onde havia descido. Torna-se então impossível fitá-lo. É novamente o sol normal de todos os dias.

O ciclo das visões de Fátima estava encerrado.

Os prodígios haviam durado cerca de 10 minutos. Todos se entreolhavam perturbados. Depois, a alegria explodiu: “O milagre! As crianças tinham razão!” Os gritos de entusiasmo ecoavam pelas colinas adjacentes, e muitos notavam que sua roupa, encharcada alguns minutos antes, estava completamente seca.

O milagre do sol pôde ser observado a uma distância de até 40 quilômetros do local das aparições.

Fontes: Santuário de Fátima e Arautos

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O Beato Carlo Acutis e as aparições marianas

 
O Beato Carlo Acutis já é conhecido por ter divulgado inúmeros milagres eucarísticos ao redor do mundo. Porém, algo que pode passar despercebido, é o fato de ele também ter realizado uma coleta acerca de inúmeras aparições marianas ao redor do mundo. Carlo era apaixonado por Nossa Senhora, e dizia que, se Ela vinha do Céu nos falar, não deveríamos ficar indiferentes. O Beato tinha ainda especial carinho pelas aparições de Fátima e Lourdes. Indo inclusive aos santuários marianos.

Nossa Senhora Aparecida e do Pilar, a mesma Mãe

Hoje Brasil e Espanha (e também todos os países hispânicos) alegram-se na celebração de suas padroeiras, respectivamente Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora do Pilar, que são a mesma Mãe de Deus! Rogai por nós!

Memória do Beato Carlo Acutis


Hoje, com grande alegria, celebramos pela primeira vez a memória do Beato Carlo Acutis!
Rogai por nós Anjo da Juventude!

Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil

1) Deus quer ser honrado pelos povos. — Hoje, dia em que celebramos a solenidade de nossa Padroeira, a SS. Virgem da Conceição Aparecida, queremos erguer aos céus nossas mãos suplicantes e rogar ao Deus três vezes santo, confiando na intercessão de Maria Imaculada, pelo bem de todo o nosso país. Nós, que tivemos a graça de receber o dom da fé católica, sabemos que, assim como os outros povos, também o Brasil tem a sua vocação específica, porque não só os indivíduos, tomados isoladamente, são chamados a participar dos projetos divinos, senão que as famílias e as comunidades que formamos têm, também elas, o seu lugar próprio nos planos providenciais do Altíssimo: Ele quer ser honrado e servido tanto por cada homem em particular como pelo conjunto das nações e dos estados — é um direito seu, como Senhor e Criador da humanidade, em sua dimensão individual e social.

2) Vocação evangelizadora. — Unido estreitamente à história de Portugal, o Brasil, abençoada Terra de Santa Cruz, tem a missão de ser um povo evangelizador, de levar a luz de Cristo aos lugares aos quais ela ainda não chegou ou, infelizmente, onde ela quase se extinguiu. Eis a nossa tarefa, mas não porque sejamos um povo melhor do que os outros, mais bem preparados, mais cultos, mais ricos; não porque tenhamos “merecido” aos olhos de Deus ser distinguidos com uma missão especial. A história sagrada nos mostra, muito ao contrário, que são justamente os pobres e pequeninos, aqueles que aos olhos do mundo parecem não prometer nada de grandioso, que o Senhor escolhe com preferência e predileção para levar a cabo os seus desígnios. Disso é prova nada menos do que a própria Igreja, um milagre moral de santidade e beleza cujos fundamentos são doze simples judeus, quase todos sem instrução, sem recursos, mas inflamados daquela santíssima e apostólica caridade que faz os humildes superarem os poderosos da terra.

3) Fazer, na fé, tudo o que nos manda Jesus. — Mas para que cumpramos efetivamente este encargo que Deus nos confiou precisamos ser fiéis à nossa vocação, fiéis às nossas origens católicas, fiéis à sã doutrina com que os portugueses ilustraram nossas terras, instruíram nossa gente, conquistaram o nosso coração para aquela que é a Senhora e Rainha de todos os brasileiros. Emancipemo-nos de uma vez para sempre dessa ilusão, tão falsa quanto venenosa, de que estamos fadados a ser o povo “do carnaval, do futebol e do sexo fácil”. Deus nos quer grandes entre os seus santos, e foi por isso que nos colocou sob o amparo daquela que, exaltada sobre todos os coros angélicos, reina ao lado de Cristo e chama todos os seus súditos à obediência da fé e do amor: “Fazei tudo o que Ele vos disser”, ainda que nos custa, por menos que entendamos, agora, os desígnios de Deus. — Agarrados ao manto de nossa Mãe concebida sem pecado, demos graças e glória Àquele que, uno e trino, nos fulgores do seu trono celeste, governa o Brasil com mão paterna e está sempre disposto a cumular-nos com os bens que realmente importam.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

sábado, 10 de outubro de 2020

Alegria por termos o Beato Carlo Acutis


“Concedemos que o Venerável Servo de Deus Carlo Acutis, leigo, que, com o entusiasmo da juventude, cultivou amizade com o Senhor Jesus, colocando a Eucaristia e o testemunho da caridade no centro da própria vida, a partir de agora seja chamado Beato e que seja celebrado todos os anos nos locais e de acordo com as regras estabelecidas pelo direito, em 12 de outubro, dia de seu nascimento ao céu.” 

(Fórmula de beatificação do Beato Carlo Acutis, lida pelo cardeal-vigário do Papa para a Diocese de Roma, Agostino Vallini)

Depois destas palavras, a Igreja ganhou um novo beato, e a juventude uma grande esperança! Rogai por nós!

Nossa Senhora da Boa Ajuda, Champion, Wisconsin

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Fátima e a importância do Rosário



Nossa Senhora pediu a oração do Terço em todas as suas aparições em Fátima, Portugal, de maio a outubro de 1917.


Ela nos prometeu a paz e muitas outras graças mediante esta oração, feita com o coração. Nos dias atuais, o seu pedido continua veemente, visto que a situação do gênero humano é censurável, devido ao afastamento de Deus e, consequentemente, do abandono dos valores morais.


A Virgem Santíssima, preocupada com a situação da humanidade, faz um apelo incisivo, mostrando-nos que, por meio da oração, alcançamos a misericórdia de Deus, ferida pela indiferença do homem. Diante da urgência dos tempos, precisamos corresponder aos pedidos da Virgem Santíssima, oferecendo a Deus súplicas pela salvação da humanidade e em reparação dos nossos pecados. A oração do Terço é uma arma eficaz para vencermos todos os tipos de guerras, pelas quais somos constantemente assolados.


O então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI), no seu comentário teológico sobre a Mensagem de Fátima, afirma que “não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos.” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 231)


Irmã Lúcia nos mostra, nas suas ‘Memórias’, que Nossa Senhora pediu para rezarmos o Terço diariamente nas aparições de Fátima, para alcançarmos as graças que Nosso Senhor tem para nós, confiantes na Sua poderosa intercessão. Vejamos os trechos referentes a esses pedidos:


Na aparição de maio:
“Rezem o terço, todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.” (Memórias da Ir. Lúcia, p.174)


Na aparição de junho:
“Quero que venhais aqui, no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler.” (Memórias da Ir. Lúcia, p.175).


Na aparição de julho:
“Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 176).


Na aparição de agosto:
“Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias” (Memórias da Ir. Lúcia, p.178).


Na aparição de setembro:
“Continuem a rezar o terço, para alcançarem o fim da guerra” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 180).


Na aparição de outubro:
“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias” (Memórias da Ir. Lúcia, pp.180-190).


A Mensagem de Fátima, por tratar-se da voz da Mãe de Deus, não perderá jamais a sua atualidade, como nos recorda sempre o Magistério da Igreja: “A mensagem que naquela ocasião a Virgem Santíssima dirigiu à humanidade, continua a ressoar com toda a sua força profética, convidando a todos à constante oração, à conversão interior e a um generoso empenho de reparação dos próprios pecados e daqueles de todo o mundo” (Mensagem do Papa João Paulo II por ocasião do 80º Aniversário da Primeira Aparição de Nossa Senhora em Fátima). Portanto, na medida em que ouvimos e correspondemos aos apelos da Virgem Santíssima, que tanto se preocupa com a nossa salvação, crescemos no amor a Nosso Senhor Jesus Cristo e, consequentemente, nos comprometemos com a Sua Igreja. Entramos assim no dinamismo do amor, que sempre nos remete à edificação do gênero humano.


A Oração do Terço é também um meio pelo qual podemos aprofundar o nosso relacionamento filial com a Santa Mãe de Deus. Ao rezarmos cotidianamente, vamos estreitando os laços de amor e amizade com a Santíssima Virgem, Ela que é portadora da Misericórdia Divina e medianeira de todas as graças que Nosso Senhor Jesus Cristo tem reservado para nós.


Sendo assim, como não corresponder com amor e generosidade à tamanha ternura e misericórdia da Santa Mãe de Deus para conosco? Para correspondermos, basta que estabeleçamos um relacionamento de amor e amizade para com a nossa Mãe Santíssima, buscando reparar o Seu Coração Imaculado e recorrer sempre ao seu auxílio materno.


Ao rezar o Terço todos os dias, meditando nos Mistérios da Vida de Cristo, crescemos na semelhança a Cristo, como nos ensinou João Paulo II: “O Rosário, lentamente recitado e meditado em família, em comunidade, pessoalmente – vos fará penetrar pouco a pouco nos sentimentos de Jesus Cristo e de sua Mãe, evocando todos os acontecimentos que são a chave de nossa salvação.” (Alocução de 06/05/1980).


O Papa João Paulo II nos adverte também na sua carta sobre o Rosário da Virgem Maria, (onde ele inseriu a meditação dos Mistérios Luminosos do Rosário), sobre a importância da contemplação dos Mistérios da Vida de Jesus, pois, segundo ele, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente: “O Rosário, precisamente a partir da experiência de Maria, é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, perderia sentido, como sublinhava Paulo VI: ‘Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: Na oração não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão-de ser ouvidos graças à sua verbosidade (Mt 6, 7). Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d’Aquela que mais de perto esteve em contacto com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas’”.


A contemplação dos mistérios do Terço é de suma importância, pois vivemos num mundo onde o ativismo nos torna insensíveis à qualquer forma de meditação, tornando-nos superficiais no nosso relacionamento com Deus e consequentemente nos nossos relacionamentos fraternos.


Os Pastorinhos de Fátima compreenderam e viveram com muita intensidade a oração contemplativa do Terço. O Francisco, ao saber que Nossa Senhora disse que ele teria de rezar muitos Terços, disse com muita prontidão: “– Ó minha Nossa Senhora, terços, rezo todos quantos Vós quiserdes. E, desde aí, tomou o costume de se afastar de nós, como que passeando; e se chamava por ele e Ihe perguntava que andava a fazer, levantava o braço e mostrava-me o terço. Se Ihe dizia que viesse brincar, que depois rezava conosco, respondia: – Depois também rezo. Não te lembras que Nossa Senhora disse que tinha de rezar muitos terços?” (Memórias da Ir. Lúcia, p.141)


O Francisco é um modelo de alma contemplativa. Gostava de consolar Jesus e Maria por meio dos terços que rezava. Vejamos outro testemunho narrado pela irmã Lúcia: “Poucos dias depois da primeira aparição de Nossa Senhora, ao chegar à pastagem, subiu-se a um elevado penedo e disse-nos: – Vocês não venham para aqui; deixem-me estar sozinho. – Está bem. E pus-me, com a Jacinta, atrás das borboletas que apanhávamos, para logo fazer o sacrifício de deixar fugir, e nem mais do Francisco nos lembrou. Chegada a hora da merenda, demos pela sua falta, e lá fui a chamá-lo: – Francisco, não queres vir a merendar? – Não. Comam vocês. – E a rezar o terço? – A rezar, depois vou. Torna-me a chamar. Quando voltei a chamá-lo, disse-me: – Venham vocês a rezar aqui pró pé de mim. Subimos para o cimo do penedo, onde mal cabíamos os três de joelhos, e perguntei-lhe: – Mas que estás aqui a fazer tanto tempo? – Estou a pensar em Deus que está tão triste, por causa de tantos pecados! Se eu fosse capaz de Lhe dar alegria” (Memórias da Ir. Lúcia, pp. 141-142)


A oração do Terço é particularmente querida pela Santíssima Virgem e enaltecida pelo Magistério como nos mostra o Papa João XXIII: “Como exercício de devoção cristã, entre os fiéis de rito latino, (…) o Rosário ocupa o primeiro lugar depois da Santa Missa e do Breviário, para os eclesiásticos, e da participação nos Sacramentos para os leigos” (carta apostólica ‘Il religioso convegno‘ de 29/09/1965).


A oração do Terço é também um dos atos reparadores pedidos pela Virgem Maria ao instituir a Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados. Vejamos: “Dia 10-12-1925, apareceu-lhe a SS. Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa, um Menino. A SS. Virgem, pondo-lhe no ombro a mão e mostrando, ao mesmo tempo, um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, disse o Menino:– Tem pena do Coração de tua SS. Mãe que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar. Em seguida, disse a SS. Virgem: – Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante 5 meses, ao 1.° sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 192)


Que a Senhora do Rosário de Fátima rogue por nós!


Fonte: Canção Nova

São José no Rosário

Nenhuma oração nos lembra tanto São José como o Rosário. Na contemplação dos mistérios gozosos não o podemos separar de Maria.

Da Anunciação ao Encontro de Jesus no Templo, o Evangelho sempre nos mostra São José ao lado de Jesus e Maria.

Que amargura e perplexidade angustiosa antes que lhe revelasse o Anjo o mistério da Encarnação!

Que alegria e caridade na visita a Santa Isabel!

E no presépio de Belém? Oh! Como é doce e amável São José na gruta em adoração ao Filho de Deus Encarnado, seu Filho adotivo e seu Deus!

Na Apresentação ei-lo com Maria e Jesus a ouvir a profecia de Simeão. Três dias procura aflito o Deus Menino e o encontra entre os doutores.

Tudo isto nossa piedade vai meditando ao desfiar as contas do Rosário nos mistérios gozosos. E sempre nos aparece a figura tão amável de nosso querido São José.

O Terço é, pois, a melhor oração a São José, não há dúvida.

Nenhuma oração é mais agradável à Maria que o Rosário. Não há por certo outra mais agradável e querida também a São José.

É a oração que nos recorda o mistério para o qual Deus criou e formou a alma de São José — o mistério da Encarnação. O santo foi predestinado por Deus para ser o guarda do Verbo Encarnado e o Esposo Puríssimo da Mãe do Filho de Deus feito homem.

A predestinação de São José estava ligada à predestinação de Maria e ambas ao mistério adorável da Encarnação!

Eis porque São José deve ser objeto da nossa meditação carinhosa na recitação do Rosário de Maria!
Não separemos em nossa piedade, o que Deus uniu na terra e no céu para a nossa eterna salvação: Jesus, Maria e José!

Rezemos nosso Terço unidos a São José.

Quem nos poderá alcançar maior devoção e amor a Jesus e Maria que o Santo Patriarca?

Tenhamos uma devoção ardente ao grande e poderoso Santo. Santa Teresa dizia:

“Nunca recorri a São José que não fosse atendida. Em todas as vossas necessidades recorrei a São José. Eis a receita infalível que vos dou”

Santo Afonso, São Francisco de Sales, São Bernardino de Sena, e muitos outros santos recomendaram ardentemente a devoção a São José ao povo cristão. A Igreja, como Pio IX, proclama o Santo Patriarca o seu Patrono e chefe.

Nas horas de aflição, nos momentos mais graves, Leão XIII se volta a São José e une a recitação da oração de São José à do Rosário no mês de outubro para obter a graça e a salvação para o mundo.

O grande Papa do Rosário de Maria foi também o grande propulsor da devoção e do culto de São José.

A Igreja é Jesus continuado através dos séculos. Jesus viveu sob o olhar e a guarda e solicitude vigilante de São José.

Não há de continuar, pois, São José a guardar e defender a Igreja que é Jesus Vivo na terra para salvação dos homens? Quanto motivo de devoção a São José!

Honremos, pois, o Santo Patriarca.

A devoção a São José, como a de Maria, é como um selo de predestinação.

É impossível que se perca o devoto de São José!

E com o Rosário de Maria, nossa doce esperança de salvação como não há de crescer e firmar?

Felizes seremos se na vida e na morte, tivermos em mãos o Rosário e Maria e nos lábios os nomes benditos: Jesus, Maria, José!

E neste mês tão belo tomemos a resolução — Nunca recitar o Rosário sem pensar em São José, sem nos unirmos a São José.

Fonte: Rumo à Santidade

Memória de Nossa Senhora do Rosário

As confrarias do SS. Rosário, que ganharam grande popularidade a partir da segunda metade do séc. XV, costumavam celebrar com maior solenidade o primeiro domingo de outubro com a Missa Salve, Radix sancta (que depois caiu em desuso) e com solenes procissões enriquecidas com indulgências. Ora, foi no primeiro domingo de outubro de 1571 que um gravíssimo perigo se levantou contra a Igreja e as nações cristãs do Ocidente: a invasão dos turcos. Por isso, alguns príncipes cristãos, movidos pelo Papa S. Pio V, quiseram fazer frente a esse gravíssimo perigo. Mas, bem pesadas as forças humanas, a situação parecia, de fato, desesperadora, pois todos tinham perfeito conhecimento das forças prontíssimas do inimigo. João de Áustria, supremus Dux, e outros capitães de exércitos cristãos, plenamente conscientes de sua própria insuficiência e da gravidade da situação, para impetrar a ajuda do Céu, fizeram preceder a luta por três dias de oração e penitência e prometeram ir em peregrinação ao santuário de Loreto, caso saíssem vitoriosos. Também o Papa S. Pio V, pressionado pela angustiosa circunstância, naquele mesmo dia, 7 de outubro, prescreveu a todas as confrarias do Rosário que realizassem a procissão de costume, da qual ele mesmo participaria, com ainda maior solenidade, devoção e fervor. Nos documentos de beatificação e canonização do santo Pontífice consta que naquele dia, em certo momento, ele, iluminado por uma visão celeste, se teria virado para os circunstantes e, repleto de alegria, exclamado: “Vitória! Vitória!”. E de fato, naquela mesma hora, nas ilhas Equinadas, o exército dos cristãos triunfou gloriosamente das hostes turcas: 183 trirremes caíram em mãos cristãs, enquanto as outras foram destruídas; cerca de 25.000 soldados inimigos, junto com o capitão, foram mortos; e mais de 20.000 cristãos escravizados pelos turcos foram libertos. S. Pio V, no dia 17 de março de 1572, para mostrar à Bem-aventurada Virgem toda a sua gratidão, ordenou que todos os anos, no dia 7 de outubro, se fizesse memória solene daquele acontecimento com uma festa sob o título de Santa Maria da Vitória. No entanto, Gregório XIII, seu sucessor, por decreto do dia 1.º de abril de 1573, substituiu esta solene comemoração pela festa de Nossa Senhora do Rosário, a ser celebrada no primeiro domingo de outubro em todas as igrejas que tivessem um oratório ou altar consagrado a ela. Por ocasião do primeiro centenário da grande vitória, em atenção aos pedidos de Maria Ana, Rainha da Espanha, o Pontífice estendeu a festa do SS. Rosário a toda a nação hispânica. A mesma festa, mais tarde, seria concedida a muitas dioceses da Itália e de outras nações. Inocêncio XI, aquiescendo aos pedidos de Leopoldo, Imperador da Áustria, preparou um decreto que estenderia a festa para toda a Igreja; mas, como a morte se antecipasse aos desejos do Papa, o decreto só seria promulgado por seu sucessor, Clemente XI, no dia 3 de outubro de 1716, após a insigne vitória de 5 de agosto do mesmo ano na Hungria, perto de Petrovaradin, pelos exércitos do Imperador Carlos VI, sob o comando de Eugênio de Sabáudia. Bento XIII introduziu no Ofício divino as leituras próprias da festa, e Leão XIII a elevou, segundo a antiga classificação das celebrações litúrgicas, a rito de segunda classe. S. Pio X, em sua reforma litúrgica, pelo Motu proprio de 23 de outubro de 1913 a fixou para o dia 7 de outubro. Atualmente, é celebrada na mesma data, mas sob a classificação de simples memória.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A Divina Misericórdia revelada à Santa Faustina e a doutrina da Igreja

Como as revelações privadas que Deus se digna fazer a certos santos e místicos supõem e não podem contradizer a revelação pública que Ele fez a toda a Igreja nem as verdades que sobre Ele podemos alcançar com as luzes da razão, convém repassar brevemente, no dia em que celebramos a memória de S. Faustina Kowalska, o que uma e outra fonte, isto é, a revelação divina e a inteligência humana, nos dizem sobre a divina misericórdia.

1) É evidente, antes de mais, que em Deus há misericórdia. Não há, com efeito, doutrina mais constante em toda a Escritura: “O Senhor é clemente e misericordioso” (Sl 110, 4), junto ao qual se acha a misericórdia e redenção copiosa (cf. Sl 129, 7). E a razão nos mostra que, se a Deus hão de atribuir-se todas as perfeições criadas, não segundo o modo, finito e participado, com que se dão nas criaturas, mas como infinitas e idênticas à sua própria substância, a virtude da misericórdia deverá predicar-se dele em sentido próprio quanto à sua essência, ou seja, quanto ao que nela é formal ou constitutivo (a saber, a displicência pela miséria alheia e o buscar-lhe remédio), e apenas em sentido metafórico quanto ao que nela é acidental (a saber, a paixão da tristeza, que é uma afecção do apetite concupiscível). Daí dizer o Aquinate que, atribuída a Deus, a misericórdia designa o efeito da virtude, que é repelir o mal ou a imperfeição alheia, mas não o afeto da paixão, que é entristecer-se por esse mal ou imperfeição como algo próprio (cf. STh I 21, 3c.).

2) É, por isso, evidente que a misericórdia, tomada em sentido próprio, não se predica de Deus e dos homens unívoca, mas analogamente, na medida em que, dita de nós, a misericórdia se refere primeiro à tristeza pelo mal alheio, e apenas secundariamente do socorro efetivo, enquanto que, dita de Deus, ela se refere antes e de modo perfeitíssimo ao socorro efetivo que Ele presta às criaturas, e apenas secundariamente e por certa metáfora à tristeza pelo mal alheio.

3) Ora, dado que não há miséria maior para o homem do que não alcançar o fim para o qual foi criado, que é a visão intuitiva de Deus no céu, segue-se que nada move mais a misericórdia divina a socorrê-lo do que os males que o põem em perigo de frustrar esse fim, ou seja, o pecado. E visto que a misericórdia consiste formalmente na displicência pelo mal alheio e no buscar-lhe remédio, segue-se que em nada se manifesta mais a misericórdia de Deus para com o homem do que em detestar o pecado e buscar por todos os meios afastá-lo de tamanho mal, segundo aquilo: “Vós não sois um Deus a quem agrade o mal” (Sl 5, 4): é a displicência; “Não me comprazo com a morte do pecador, mas antes com a sua conversão, de modo que tenha a vida” (Ez 33, 11): é o bem que Ele busca com os socorros de sua misericórdia.

Temos aí um bom critério para avaliar certas (falsas) interpretações da divina misericórdia, apresentada por muitos como uma tolerância ou indiferença quase infinitas pelo pecado, quando o que ela supõe, na verdade, é uma intolerância santíssima com o mal que Deus mais detesta e o empenho incansável de livrar o homem dele, o que porém não pode ser feito se o mesmo homem lhe resistir: “O Senhor Deus é generoso e misericordioso e não desviará os olhos de vós, se voltar­des para Ele” (2Cr 30, 9b); “Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para serem apagados os vossos pecados” (At 3, 19).

Fonte: Padre Paulo Ricardo

sábado, 3 de outubro de 2020

Nove súplicas ao Santo Anjo da Guarda

Que estas breves invocações sirvam para inspirar-nos reverência aos nossos Santos Anjos da Guarda, infundir-nos devoção pela benevolência com que eles nos tratam, e trazer-nos confiança pela diligência com que eles nos guardam.

I. — Ó meu bom Anjo da Guarda, ajudai-me a agradecer ao Altíssimo por vos ter destinado à minha guarda. Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém.

II. — Ó príncipe celeste, dignai-vos alcançar-me o perdão de todos os desgostos que dei a vós e a Deus, quando desprezei as vossas ameaças e os vossos conselhos. Santo Anjo do Senhor… 

III. — Ó meu amável protetor, gravai em minha alma um profundo respeito por vós, de modo que eu jamais tenha o atrevimento de fazer qualquer coisa que vos desagrade. Santo Anjo do Senhor… 

IV. — Ó piedoso médico de minha alma, ensinai-me os remédios necessários para curar-me dos meus maus hábitos e de tantas misérias que me oprimem a alma. Santo Anjo do Senhor… 

V. — Ó guia fiel, dai-me força para superar todos os obstáculos que se encontram no caminho da virtude e para sofrer com verdadeira paciência as tribulações desta vida. Santo Anjo do Senhor… 

VI. — Ó meu eficaz intercessor diante de Deus, obtende-me a graça de obedecer prontamente às vossas santas inspirações e de conformar a minha vontade em tudo à santíssima vontade de Deus. Santo Anjo do Senhor… 

VII. — Ó puríssimo espírito todo aceso em chamas de amor a Deus, impetrai-me este fogo divino e, juntamente com ele, uma verdadeira devoção à vossa augusta Rainha e minha boa Mãe, Maria. Santo Anjo do Senhor… 

VIII. — Ó meu invencível protetor, assisti-me para corresponder dignamente ao vosso amor e aos vossos benefícios e para empenhar-me com todas as minhas forças a promover o vosso culto. Santo Anjo do Senhor… 

IX. — Ó bem-aventurado ministro do Altíssimo, obtende-me de sua infinita misericórdia que eu chegue a preencher um dos lugares deixados vazios no Céu pelos anjos rebeldes. Santo Anjo do Senhor…

Fonte: Padre Paulo Ricardo

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Memória dos Santos Anjos da Guarda

Temos hoje a alegria de recordar a presença sempre constante dos nossos santos anjos custódios, instrumentos de que sabiamente se serve a divina Providência para governar os nossos passos neste mundo. Porque, se bem é certo que Deus tudo poderia fazer sozinho, sem nenhum intermediário, é fato atestado pela Revelação e evidente pela constituição mesma da Igreja que Ele conta e quer contar com o ministério de suas criaturas. Assim, pois, como Deus se vale de homens, tão pequenos e inconstantes, para levar de um extremo ao outro da Terra a verdade da fé católica e a força salvífica dos sacramentos, assim também Ele encarrega os santos anjos, tão grandes e para sempre confirmados em graça, de nos assistirem continuamente, enviando-nos suas inspirações e livrando-nos de uma multidão de perigos, tanto físicos como espirituais. A Liturgia de hoje nos vem recordar, desta forma, que temos sempre ao nosso lado uma pessoa muito santa, que, estando acima de nós por natureza e dons, se digna contudo a servir-nos como se fossemos seu único cuidado.

O problema é que, por mais inteligentes que sejam, os anjos da guarda não podem saber tudo o que se passa conosco. Há sempre uma parte, a mais íntima, da nossa alma, dos nossos pensamentos, que só lhe serão acessíveis se lha quisermos comunicar. Eis por que é de suma importância, para bem aproveitarmos o auxílio do nosso anjo custódio, que nos recordemos sempre de sua presença, o invoquemos com frequência e lhe demos livre acesso à nossa interioridade, falando-lhe de nossas necessidades, pedindo-lhe luzes nas matérias que mais nos inquietam, para que nos guie ele com segurança até o céu. Quantas ajudas, quantas iluminações já não teremos recebido deste nosso amigo, sem sequer nos darmos conta! E quão grande tem sido a nossa ingratidão, quão insensato o nosso esquecimento, por não agradecermos a Deus e aos anjos pelos benefícios que deles recebemos nem a eles recorrermos, nós, que mal sabemos aonde vamos nem que caminho temos seguido! Como propósito concreto, comecemos a partir de hoje a invocar frequentemente o nosso anjo da guarda, dirigindo-lhe de manhã e de noite a oração Santo Anjo do Senhor, que todos aprendemos ainda crianças.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Alegria pela exposição do corpo do Venerável Carlo Acutis


Hoje, 1° de outubro, ocorreu a abertura do túmulo do Venerável Carlo Acutis no Santuário do Despojamento em Assis. Uma grande alegria ver um santo de tênis da Nike, moletom e calça jeans! Rogai por nós! 

Memória de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, Doutora da Igreja

É com grande alegria que comemoramos hoje a memória de S. Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Proclamada Doutora da Igreja em 1997 pelo bem-aventurado Papa João Paulo II, S. Teresa de Lisieux ensinou um caminho acessível e seguro a todos quantos, fiéis ao seu compromisso de Batismo, aspiram verdadeiramente à santidade e à glória eterna. Trata-se de sua pequena via, que consiste: a) fundamentalmente, em abandonar-se com a confiança duma criança nos braços misericordiosos de Deus, b) crendo com firme esperança que Ele nos há de conceder todas as graças de que tivermos necessidade para vencer o nosso egoísmo, e c) amá-lO com toda a caridade que pudermos, não pela grandeza externa da obra, mas pela intensidade interior do ato com que O amamos, sobretudo nas pequenas obrigações do nosso dia a dia. Para isso, temos de pôr-nos diante dEle na condição humilde de crianças pequenas, que se sabem incapazes de fazer o que quer que seja sem a presença e o auxílio de seus pais; temos pois de abandonar aquela atitude sobranceira dos orgulhosos; dos que se julgam autossuficientes; dos que, como Lúcifer, amam louca e desordenadamente a própria “excelência”. Pois é somente ao nos rebaixarmos, aceitando que nada somos nem podemos, que o Senhor poderá encontrar espaço em nosso coração para derramar a sua caridade, para fazer de nós os santos que Ele deseja, para nos conceder, enfim, a graça de que precisamos para amá-lO no pouco que podemos fazer com a grandeza com que O amaram os maiores santos e mártires da Igreja. — Recorramos à intercessão de S. Teresinha, a “maior entre os santos modernos”, como lhe chamou certa vez o Papa São Pio X, e lhe peçamos que faça chover sobre nós as rosas da divina graça, a fim de que, plantadas no solo de nossa alma, deem abundantes frutos de amor para a maior glória de Deus.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

Outubro, mês do Rosário e das Missões

O mês de outubro é dedicado pela Santa Igreja à devoção do Santo Rosário e às Missões. Na antiguidade, romanos e gregos possuíam o costume de coroar suas estátuas com rosas ou outras flores, simbolizando a homenagem e reverência que a elas prestavam. Adotando para si esse costume, as mulheres cristãs que eram levadas para o martírio, vestiam suas roupas mais belas e adornavam suas frontes com coroas de rosas, mostrando o enorme contentamento que possuíam de irem ao encontro do Senhor. À noite os cristãos recolhiam as flores, e por cada rosa recitavam uma oração ou um salmo pelas mártires.

Daí salmos de Davi nasceu o costume recomendado pela Igreja de se rezar o rosário, que consistia em recitar os 150, que eram considerados uma oração extremamente agradável a Deus. Entretanto, nem todos podiam seguir essa recomendação: saber ler naquela época era reservado apenas aos cultos e letrados. Para os que não podiam fazê-lo, a Igreja permitiu substituir os 150 salmos por 150 Ave-Marias. A este “rosário” se passou a chamar “o saltério da Virgem”.

Pouco antes de findar o século XII, Domingo de Gusmão afligia-se com a situação de decadência de sua época, a gravidade dos pecados e o crescimento da heresia dos cátaros.
Um dia, decidiu ir rezar num bosque, e pedindo fervorosamente que Deus interviesse na situação da Cristandade, começou a flagelar-se com dureza tão grande, que acabou por cair desmaiado. Apenas tendo recobrado os sentidos, a Virgem Santíssima lhe apareceu e disse-lhe: a melhor arma para combater a heresia e conseguir a conversão dos hereges não era a flagelação, mas sim a recitação de seu saltério.

Dirigindo-se imediatamente à Catedral de Toulouse, São Domingos de Gusmão mandou tocar os sinos e reuniu o povo. Quando ia começar a falar, uma violenta tempestade se desencadeou com raios e trovões. Porém, verdadeiro susto tiveram os presentes quando viram a imagem da Mãe de Deus erguer o braço direito e ameaçá-los com olhar terrível. Nesse momento, São Domingos começou a rezar o Rosário, e com ele todo o povo reunido na catedral. À medida que rezavam a tempestade amainava, até que cessou completamente.

Noutra ocasião, São Domingos iria fazer um sermão em Notre Dame de Paris na festa de São João Batista. Preparara primorosamente sua homilia, mas antes de fazê-lo rezou fervorosamente o Rosário, e eis que a Virgem Santíssima lhe apareceu e disse: “seu sermão está bom, mas este que lhe dou está melhor!”, e deu-lhe um que tratava da devoção ao seu Santo Rosário, e o quanto ela agradava a Deus e à Virgem.

Por muito tempo a população passou a rezar com devoção o Rosário. Porém, passados uns 100 anos da morte desse grande santo, o Rosário começou a ser esquecido. Em 1349 houve uma terrível epidemia na Espanha que devastou o país, à qual deram-lhe o título de “morte negra”. Foi nessa ocasião que Nossa Senhora teve a condescendência de aparecer, juntamente com seu Divino Filho e São Domingos, ao frei Alano de la Roche, então superior dos dominicanos na mesma província onde nasceu a devoção ao Santo Rosário. Nessa aparição a Virgem Maria pedia que frei Alano fizesse reviver a devoção ao seu Saltério.

Sem demora o padre Alano, junto com os outros freis dominicanos, começou a trabalhar na difusão dessa poderosa devoção, que tanto agrada à Santíssima Virgem. Foi com ele que o Rosário tomou a forma que tem até hoje, dividido em dezenas e contemplando os mistérios da vida de Jesus e Maria. A partir de então essa devoção se estendeu por toda a Igreja.

Fonte: Gaudium Press