Nossa Senhora pediu a oração do Terço em todas as suas aparições em Fátima, Portugal, de maio a outubro de 1917.
Ela nos prometeu a paz e muitas outras graças mediante esta oração, feita com o coração. Nos dias atuais, o seu pedido continua veemente, visto que a situação do gênero humano é censurável, devido ao afastamento de Deus e, consequentemente, do abandono dos valores morais.
A Virgem Santíssima, preocupada com a situação da humanidade, faz um apelo incisivo, mostrando-nos que, por meio da oração, alcançamos a misericórdia de Deus, ferida pela indiferença do homem. Diante da urgência dos tempos, precisamos corresponder aos pedidos da Virgem Santíssima, oferecendo a Deus súplicas pela salvação da humanidade e em reparação dos nossos pecados. A oração do Terço é uma arma eficaz para vencermos todos os tipos de guerras, pelas quais somos constantemente assolados.
O então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI), no seu comentário teológico sobre a Mensagem de Fátima, afirma que “não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos.” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 231)
Irmã Lúcia nos mostra, nas suas ‘Memórias’, que Nossa Senhora pediu para rezarmos o Terço diariamente nas aparições de Fátima, para alcançarmos as graças que Nosso Senhor tem para nós, confiantes na Sua poderosa intercessão. Vejamos os trechos referentes a esses pedidos:
Na aparição de maio:
“Rezem o terço, todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.” (Memórias da Ir. Lúcia, p.174)
Na aparição de junho:
“Quero que venhais aqui, no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler.” (Memórias da Ir. Lúcia, p.175).
Na aparição de julho:
“Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 176).
Na aparição de agosto:
“Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias” (Memórias da Ir. Lúcia, p.178).
Na aparição de setembro:
“Continuem a rezar o terço, para alcançarem o fim da guerra” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 180).
Na aparição de outubro:
“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias” (Memórias da Ir. Lúcia, pp.180-190).
A Mensagem de Fátima, por tratar-se da voz da Mãe de Deus, não perderá jamais a sua atualidade, como nos recorda sempre o Magistério da Igreja: “A mensagem que naquela ocasião a Virgem Santíssima dirigiu à humanidade, continua a ressoar com toda a sua força profética, convidando a todos à constante oração, à conversão interior e a um generoso empenho de reparação dos próprios pecados e daqueles de todo o mundo” (Mensagem do Papa João Paulo II por ocasião do 80º Aniversário da Primeira Aparição de Nossa Senhora em Fátima). Portanto, na medida em que ouvimos e correspondemos aos apelos da Virgem Santíssima, que tanto se preocupa com a nossa salvação, crescemos no amor a Nosso Senhor Jesus Cristo e, consequentemente, nos comprometemos com a Sua Igreja. Entramos assim no dinamismo do amor, que sempre nos remete à edificação do gênero humano.
A Oração do Terço é também um meio pelo qual podemos aprofundar o nosso relacionamento filial com a Santa Mãe de Deus. Ao rezarmos cotidianamente, vamos estreitando os laços de amor e amizade com a Santíssima Virgem, Ela que é portadora da Misericórdia Divina e medianeira de todas as graças que Nosso Senhor Jesus Cristo tem reservado para nós.
Sendo assim, como não corresponder com amor e generosidade à tamanha ternura e misericórdia da Santa Mãe de Deus para conosco? Para correspondermos, basta que estabeleçamos um relacionamento de amor e amizade para com a nossa Mãe Santíssima, buscando reparar o Seu Coração Imaculado e recorrer sempre ao seu auxílio materno.
Ao rezar o Terço todos os dias, meditando nos Mistérios da Vida de Cristo, crescemos na semelhança a Cristo, como nos ensinou João Paulo II: “O Rosário, lentamente recitado e meditado em família, em comunidade, pessoalmente – vos fará penetrar pouco a pouco nos sentimentos de Jesus Cristo e de sua Mãe, evocando todos os acontecimentos que são a chave de nossa salvação.” (Alocução de 06/05/1980).
O Papa João Paulo II nos adverte também na sua carta sobre o Rosário da Virgem Maria, (onde ele inseriu a meditação dos Mistérios Luminosos do Rosário), sobre a importância da contemplação dos Mistérios da Vida de Jesus, pois, segundo ele, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente: “O Rosário, precisamente a partir da experiência de Maria, é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, perderia sentido, como sublinhava Paulo VI: ‘Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: Na oração não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão-de ser ouvidos graças à sua verbosidade (Mt 6, 7). Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d’Aquela que mais de perto esteve em contacto com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas’”.
A contemplação dos mistérios do Terço é de suma importância, pois vivemos num mundo onde o ativismo nos torna insensíveis à qualquer forma de meditação, tornando-nos superficiais no nosso relacionamento com Deus e consequentemente nos nossos relacionamentos fraternos.
Os Pastorinhos de Fátima compreenderam e viveram com muita intensidade a oração contemplativa do Terço. O Francisco, ao saber que Nossa Senhora disse que ele teria de rezar muitos Terços, disse com muita prontidão: “– Ó minha Nossa Senhora, terços, rezo todos quantos Vós quiserdes. E, desde aí, tomou o costume de se afastar de nós, como que passeando; e se chamava por ele e Ihe perguntava que andava a fazer, levantava o braço e mostrava-me o terço. Se Ihe dizia que viesse brincar, que depois rezava conosco, respondia: – Depois também rezo. Não te lembras que Nossa Senhora disse que tinha de rezar muitos terços?” (Memórias da Ir. Lúcia, p.141)
O Francisco é um modelo de alma contemplativa. Gostava de consolar Jesus e Maria por meio dos terços que rezava. Vejamos outro testemunho narrado pela irmã Lúcia: “Poucos dias depois da primeira aparição de Nossa Senhora, ao chegar à pastagem, subiu-se a um elevado penedo e disse-nos: – Vocês não venham para aqui; deixem-me estar sozinho. – Está bem. E pus-me, com a Jacinta, atrás das borboletas que apanhávamos, para logo fazer o sacrifício de deixar fugir, e nem mais do Francisco nos lembrou. Chegada a hora da merenda, demos pela sua falta, e lá fui a chamá-lo: – Francisco, não queres vir a merendar? – Não. Comam vocês. – E a rezar o terço? – A rezar, depois vou. Torna-me a chamar. Quando voltei a chamá-lo, disse-me: – Venham vocês a rezar aqui pró pé de mim. Subimos para o cimo do penedo, onde mal cabíamos os três de joelhos, e perguntei-lhe: – Mas que estás aqui a fazer tanto tempo? – Estou a pensar em Deus que está tão triste, por causa de tantos pecados! Se eu fosse capaz de Lhe dar alegria” (Memórias da Ir. Lúcia, pp. 141-142)
A oração do Terço é particularmente querida pela Santíssima Virgem e enaltecida pelo Magistério como nos mostra o Papa João XXIII: “Como exercício de devoção cristã, entre os fiéis de rito latino, (…) o Rosário ocupa o primeiro lugar depois da Santa Missa e do Breviário, para os eclesiásticos, e da participação nos Sacramentos para os leigos” (carta apostólica ‘Il religioso convegno‘ de 29/09/1965).
A oração do Terço é também um dos atos reparadores pedidos pela Virgem Maria ao instituir a Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados. Vejamos: “Dia 10-12-1925, apareceu-lhe a SS. Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa, um Menino. A SS. Virgem, pondo-lhe no ombro a mão e mostrando, ao mesmo tempo, um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, disse o Menino:
– Tem pena do Coração de tua SS. Mãe que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar. Em seguida, disse a SS. Virgem:
– Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante 5 meses, ao 1.° sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.” (Memórias da Ir. Lúcia, p. 192)
Que a Senhora do Rosário de Fátima rogue por nós!
Fonte: Canção Nova