segunda-feira, 29 de abril de 2019

29 de Abril - Memória de Santa Catarina de Siena, Doutora da Igreja


Origens

Catarina nasceu em 25 de março de 1347, na cidade de Siena (Sena), na Itália. Filha de uma família muito pobre, ela foi uma entre os vinte e cinco filhos que seus pais tiveram. Por causa de toda essa situação, Catarina teve uma infância conturbada. Não teve condições de estudar e, além disso, cresceu fraca e franzina. Vivia sempre doente.

Chamada desde criança

Com apenas sete anos, a pequena Catarina quis consagrar a Deus sua virgindade. Já nessa idade, relatava visões em seus momentos de oração. Também já fazia penitências rigorosas, mesmo que sua família se opusesse a isso. Obedecendo ao chamado de seu coração, ela seguia em frente.

Um exemplo que converte

Tendo apenas quinze anos, a jovem Catarina decidiu ingressar na Ordem Terceira de São Domingos, ou, dominicana. Também como religiosa, em seus momentos de oração contemplativa, entrava em êxtases. A simples observação desses fatos levou à conversão centenas de pessoas durante a juventude da Santa.

Analfabeta e mestra

Depois de adulta, Catarina de Siena continuou sua vida de oração e atuação na sociedade. Com o intuito de orientar o povo, e como não sabia escrever, ela passou a ditar cartas para as pessoas. Nessas cartas, ela orientava as atitudes conduzindo para a misericórdia e convocando a todos para o exercício da caridade, para o esforço pelo entendimento e pela paz.

Influenciando os destinos da Igreja

Então, apareceu a primeira grande dificuldade na vida de Catarina e da Igreja: o cisma católico. Fazia já setenta anos que a sede da Igreja estava em Avignon, na França, e não em Roma. Com isso, a autoridade da igreja sofria influência da política francesa. Muitos na igreja pensavam que seria impossível superar essa adversidade, porque dois papas estavam disputando a Cátedra de São Pedro. Com isso, o povo católico, em todo o mundo, sofria. Santa Catarina, porém, inspirada por Deus, começou a agir. Viajou pela Itália inteira e também por outros países, falando, pregando, ditando cartas aos reis, aos príncipes e aos governantes católicos. Também ditou cartas aos cardeais e aos bispos. Por fim, ela conseguiu que Urbano VI, o verdadeiro papa, voltasse para Roma e assumisse o legítimo governo da Igreja.

Heroína durante a peste negra

Outra grande dificuldade enfrentada por Santa Catarina de Siena, foi a peste negra. Para muitos, essa barreira seria intransponível. Santa Catarina, porém, enfrentou com serenidade e firmeza. A peste, com efeito, dizimou quase um terço de toda a população da Europa. Santa Catarina colocou-se ao lado dos doentes, lutando por eles e curando a muitos através de ações diretas e de suas orações. Seu exemplo de amor e misericórdia converteu centenas de pagãos e deixaram seus contemporâneos perplexos.

Analfabeta e Doutora da Igreja

Em meio a todas essas turbulências em sua vida, Santa Catarina de Siena conseguiu deixar obras literárias extraordinárias, ditadas por ela, escritas e editadas por vários copistas. Sua obra é de grande valor histórico, espiritual, religioso e místico. Um de seus livros mais importantes é o "Diálogo sobre a Divina Providência". Esta obra é lida, estudada e respeitada até os dias de hoje. No seu tempo, teólogos famosos viajavam de longe para ouvir as pregações e meditações de Santa Catarina de Sena, por causa de sua grande sabedoria, profundidade teológica e poder da Palavra.

Humildade e estigmas de Cristo

Santa Catarina de Siena não era nem mesmo uma religiosa com votos perpétuos. Era apenas uma simples irmã leiga da Ordem Terceira dos Dominicanos. Porém, apesar de analfabeta, ela é considerada a mulher cristã mais impressionante do segundo milênio. Frágil, simples, além de toda a sabedoria de Deus, ela portava em seu corpo franzino os estigmas, ou seja, as chagas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Morte

Catarina de Siena faleceu em 29 de abril de 1380, dia de sua festa. Foi vítima de um derrame quando tinha apenas trinta e três anos de idade. Em tão pouco tempo de vida, esta mulher admirável realizou muito pela Igreja e pela humanidade. A cabeça de Santa Catarina está na cidade de Sena. Lá se conserva a casa onde ela viveu. Seu corpo foi trasladado para Roma. Fica na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva. O Papa Paulo VI declarou-a "doutora da Igreja" em 1970, por causa da grandeza teológica e mística de sua obra.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santa-catarina-de-sena/369/102/#c

A imagem de Jesus Misericordioso


A imagem de Jesus misericordioso foi revelada a Santa Faustina Kowalska, na Polônia, a partir de 1931. O próprio Jesus Cristo apareceu a ela e pediu que fosse pintado um quadro exatamente como ela via, para que o mundo conhecesse a misericórdia de Deus. Trata-se de uma imagem sagrada, cuja simples contemplação nos trás grandes graças. O próprio Jesus disse: 'Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela.' (Diário de Santa Faustina, 570). Vamos conhecer os significados contidos na imagem.

A túnica branca de Jesus

A túnica branca de Jesus significa o amor de Deus e a sua pureza. O amor de Deus é puro e eterno e está sempre disposto a nos receber.

A mão direita levantada

A mão direita de Jesus levantada neste quadro da Divina Misericórdia é o gesto de abençoar. Significa a bênção que o Senhor quer dar a toda a humanidade, derramando sobre nós sua misericórdia.

A mão esquerda de Jesus sobre o peito

A mão esquerda de Jesus sobre o peito aponta para o seu Sagrado Coração, de onde emana todo o seu amor. É de lá que saem os raios que exprimem sua infinita misericórdia.

Os raios que saem do Coração de Jesus

Os raios que saem do Coração de Jesus tem um significado maravilhoso revelado pelo próprio Senhor. Eles relembram o sangue e a água que jorraram de seu Coração quando este foi perfurado pela lança. Os raios vermelhos simbolizam o sangue de Jesus, que salva o homem. O raio azul claro simboliza a Água Viva, o Espírito Santo, que brota do Coração de Jesus e nos purifica de todo pecado. Segundo as palavras do próprio Jesus, 'Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha misericórdia, quando na Cruz, o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança. Estes raios defendem as almas da ira do Meu Pai. Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido peio braço da justiça de Deus. Desejo que o primeiro domingo depois da Páscoa seja a Festa da Misericórdia.' (Diário de Santa Faustina nº 299)

A inscrição "Jesus, eu confio em vós"

A inscrição 'Jesus, eu confio em vós' é uma jaculatória, ou seja, uma pequena oração que deve ser repetida com frequência, com fé e devoção. Jesus também falou sobre ela: 'Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro.Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte. Eu mesmo a defenderei como Minha própria glória.' (Diário de Santa Faustina nº 47-48). Jesus ainda disse: 'Ofereço aos homens um vaso, com o qual devem vir buscar graças na fonte da misericórdia. O vaso é a Imagem com a inscrição: 'Jesus, eu confio em Vós.' (Diário de Santa Faustina nº 327)

O olhar de Jesus Misericordioso

O olhar de Jesus Misericordioso nesta imagem tem um significado maravilhoso. Ele mesmo disse: 'O Meu olhar, nesta Imagem, é o mesmo que eu tinha na cruz.' (Diário de Santa Faustina nº 326.

A imagem de Jesus Misericordioso e as obras de misericórdia

A imagem de Jesus Misericordioso não teria o mesmo valor espiritual sem as obras de misericórdia que devem ser praticadas por nós. As obras de misericórdia são aquelas que fazemos em favor de nossos irmãos necessitados: visitar os doentes, vestir os nus, libertar os aprisionados, etc. Sobre isso, Jesus disse: 'Por meio desta Imagem concederei muitas graças às almas. Ela deve lembrar as exigências da Minha misericórdia, porque mesmo a fé mais forte de nada serve sem as obras.' (Diário de Santa Faustina nº 742) Os verdadeiros devotos de Jesus misericordioso devem se esforçar para, diariamente, praticar as obras de misericórdia.

As graças concedidas através da imagem

Sobre as graças concedidas através da imagem, Jesus disse: "O valor da Imagem não está na beleza da tinta nem na habilidade do pintor, mas na Minha graça." (Diário de Santa Faustina nº 313)

Oração a Jesus Misericordioso

"Oh! Deus de grande misericórdia, bondade infinita, desde o abismo de seu abatimento, toda a humanidade implora hoje vossa misericórdia, vossa compaixão. Oh! Deus, clamamos com potente voz. Deus de Benevolência, não deixe de ouvir a oração deste exílio terreno! Oh! Senhor, Bondade que escapa nossa compreensão, que conheces nossa miséria a fundo e sabes que com nossas forças não podemos elevar-nos a Vós, imploramos: Sustentai-nos com vossa graça e continuai aumentando vossa misericórdia em nós, para que possamos, fielmente, cumprir vossa santa vontade, ao longo de nossa vida e na hora da morte. Que a onipotência de tua misericórdia nos defenda das flechas que atiram os inimigos de nossa salvação, para que com confiança, como filhos vossos, aguardemos a última vinda (dia que somente Vós sabeis). E esperamos obter o que Jesus nos prometeu a pesar de nossa mesquinhez. Porque Jesus é nossa esperança: Através de seu coração misericordioso, como no Reino dos céus."

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-jesus-misericordioso/11/103/#c

domingo, 28 de abril de 2019

Nossa Senhora, a Mãe de Misericórdia



Existe uma íntima relação entre Maria Santíssima, a Mãe de Jesus, o mistério da misericórdia divina e a prática da misericórdia.

Maria está desde a sua concepção envolta na misericórdia infinita do Pai, pelo Filho e no Espírito (preservada do pecado e do demônio), ao mesmo tempo em que o seu agir – antes e depois da sua Assunção – está assinalado pelo amor efetivo aos seres humanos (especialmente pelos pecadores e sofredores).

Oficialmente a Igreja Católica aprovou a 15/8/1986 o formulário da Missa Votiva “Santa Maria, Rainha e Mãe de Misericórdia”, importante marco para a história de sua veneração – sem nos esquecermos que a 30/11/1980 o Papa João Paulo II destacara na sua Encíclica Dives in misericordia que Maria é a “pessoa que conhece mais a fundo o mistério da misericórdia divina” (n. 9). Anos depois o Catecismo da Igreja Católica (1997) dirá que ao rezar na Ave-Maria: “rogai por nós, pecadores”, estamos recorrendo à “Mãe da misericórdia” (n. 2677).

A invocação “Salve, Rainha de misericórdia” se encontra pela primeira vez com o Bispo Adhémar, de Le Puy (+ 1098); destaca a qualidade do olhar materno de Maria: “esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”, e conclui com o sentido desta sua misericórdia: “ó clemente, ó piedosa, ó doce, Virgem Maria”. Já o título “Mãe de Misericórdia” se crê que foi dado pela primeira vez a Maria por Santo Odão (+942), abade de Cluny. “Ego sum Mater misericordiae” (Eu sou a Mãe de Misericórdia), Maria lhe teria dito em sonho.

No mundo oriental podemos encontrar testemunhos ainda mais antigos. O padre oriental da Tiago de Sarug (+521), aplicou a Maria explicitamente o título de “Mãe de misericórdia” (Sermo de transitu), o que é por muitos considerado como sua primeira atribuição em absoluto.

Relação com a Mensagem da Divina Misericórdia

Em Vilna, capital da Lituânia, se venera a imagem da Mãe da Misericórdia de Aušros Vartai (Portal da Aurora) desde 1522, localizada numa das entradas do antigo muro. Em 1773 o Papa Clemente XIV concedia indulgências a quem rezasse ali com devoção, e em 1927 o Papa Pio XI permitiu que a pintura fosse solenemente coroada com o título de Maria, Mãe de Misericórdia. Sua festa é celebrada a 16 de novembro.

Em nossos tempos, Santa Faustina Kowalska, mística polonesa, nos repropõe a centralidade da Divina Misericórdia para a fé e a vida da Igreja, recorrendo a Maria Santíssima como Mãe da Misericórdia, padroeira da Congregação religiosa a que pertencia (cf. Diário 79, 449, 1560), cuja festa celebravam (a Congregação) em 5 de agosto. Por Providência divina, a primeira vez em que a imagem de Jesus Misericordioso foi publicamente venerada foi justamente em Vilna (cf. Diário, 417).
A própria Mãe de Deus disse à Santa Faustina: "Eu não sou apenas a Rainha do Céu, mas também a Mãe da Misericórdia e a sua Mãe." (Diário, 330)

Em qual sentido podemos proclamar Maria como Mãe de misericórdia?

Sem cometer o grave equívoco de pensar que a misericórdia é reservada a Maria e a justiça a Jesus (como muitos medievais chegaram a pensar), o título “Mãe da Misericórdia” ou “Mãe de misericórdia” assim se justifica: Maria é a mulher que experimentou de modo único a misericórdia de Deus – que a envolveu de modo particular desde a sua Imaculada Conceição, passando pela Anunciação, como discípula fiel do seu Filho, até o grande momento da Sua Páscoa (paixão, morte, ressurreição, glorificação e Pentecostes). Ela é kecharitoméne, “cheia de graça”, ou seja, totalmente transformada pela benevolência divina (cf. Ef 1,6).

Maria é a mãe que gerou a misericórdia divina encarnada – graça extraodinária que coloca a jovem Maria, a partir da Encarnação do Filho de Deus, numa relação inimaginável de intimidade com o próprio “Pai das misericórdias” (2Cor 1,3). A partir do seu “eis-me aqui” e o seu “faça-se”, a misericórdia divina se faz carne e entra na história!

Maria é a profetisa que exalta a misericórdia de Deus – pois no seu cântico o “Magnificat” por duas vezes – unida ao Filho do Altíssimo e ao seu Espírito – ela louva ao Pai misericordioso: “a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem”; “socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia” (Lc1,50.54).

Maria é a intercessora incansável do povo de Deus – elevada aos Céus em corpo e alma, Maria não deixa de apresentar as necessidades dos fiéis ao seu Filho, a quem rogou pelos esposos de Caná, quando vivia na terra (cf. Jo 2,1ss). Ela “continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna”, ensina o Concílio Vaticano II (Lumen gentium, n. 62), praticando assim a misericórdia, sobretudo para com os que padecem dos males da alma (pecadores), mas também do corpo (todos que sofrem).

Maria é a apóstola incansável da misericórdia divina – com a permissão e o envio do seu Filho, Maria visitou inúmeras vezes os seus filhos ainda peregrinos neste mundo, o que podemos contemplar nas aparições que já gozam de beneplácito eclesial (Guadalupe, La Salette, Lourdes, Knock, Fátima etc.), convidando a todos a se aproximarem do “trono da graça” que é o seu Filho. Com o seu coração compassivo de Mãe, não poderia permanecer indiferente às mazelas dos seus filhos neste vale de lágrimas!

A Mãe de Jesus e nossa merece, portanto, ser honrada como Mãe da Misericórdia e Mãe de misericórdia! Ó Maria, Mãe que experimentastes e gerastes a Misericórdia, Mãe que proclamais e exerceis a misericórdia, fazei de nós autênticos apóstolos deste mesmo mistério de amor em nossos tempos. Amém.

Domingo da Divina Misericórdia


A devoção à Divina Misericórdia, de acordo com as revelações de Nosso Senhor a Santa Faustina Kowalska, é um grande dom concedido à Igreja Católica no terceiro milênio. Essa expressão de piedade foi de tal modo reconhecida e aprovada pela Igreja que, em 2000, o Papa São João Paulo II — conterrâneo de Santa Faustina — instituiu para a Igreja universal a festa da Divina Misericórdia, a ser celebrada todos os anos, na Oitava da Páscoa.

Mas por que instituir essa festa justamente no segundo domingo do Tempo Pascal?

Além do pedido expresso de Jesus Misericordioso, uma das razões pode ser encontrada no fato de que, nesse dia, a liturgia católica relembra com particular intensidade dois grandes instrumentos da divina misericórdia para a salvação humana: os sacramentos do Batismo e da Penitência. Esses dois sacramentos são chamados também de "sacramentos de mortos", porque foram "instituídos principalmente para restituir a vida da graça às almas mortas pelo pecado": o Batismo, como a porta pela qual todos temos de passar; e a Confissão, como uma "segunda tábua de salvação", pois é por ela que são restituídos à graça os que voltaram a cair depois de terem sido batizados.

De fato, este domingo da Oitava da Páscoa era chamado, desde os primeiros tempos da Igreja, deDominica in albis. A expressão latina significa "em vestes brancas" e faz referência ao fato de que, durante essa celebração, os neófitos que foram batizados na Vigília Pascal pela primeira vez aparecem com suas vestes alvas, simbolizando a brancura da alma purificada do pecado. Também neste domingo, o Evangelho proclama a instituição do sacramento da Penitência, quando Nosso Senhor Ressuscitado se põe no meio dos discípulos e, soprando sobre eles, diz: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos." (Jo 20, 22-23)

Para fazer com que vivêssemos mais intensamente esta celebração, o Papa São João Paulo II estabeleceu, em 2002, através de um decreto com "vigor perpétuo", que este Domingo da Divina Misericórdia fosse enriquecido com a Indulgência Plenária, entre outras razões, para que os fiéis pudessem "alimentar uma caridade crescente para com Deus e o próximo". Os termos da concessão são os seguintes:

Concede-se a Indulgência plenária nas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão eucarística e orações segundo a intenção do Sumo Pontífice) ao fiel que no segundo Domingo de Páscoa, ou seja, da "Misericórdia Divina", em qualquer igreja ou oratório, com o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado, também venial, participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., "Ó Jesus Misericordioso, confio em Ti").

Concede-se a Indulgência parcial ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, eleve ao Senhor Jesus Misericordioso uma das invocações piedosas legitimamente aprovadas.

Também aos homens do mar, que realizam o seu dever na grande extensão do mar; aos numerosos irmãos, que os desastres da guerra, as vicissitudes políticas, a inclemência dos lugares e outras causas do género, afastaram da pátria; aos enfermos e a quantos os assistem e a todos os que, por uma justa causa, não podem abandonar a casa ou desempenham uma actividade que não pode ser adiada em benefício da comunidade, poderão obter aIndulgência plenária no Domingo da Divina Misericórdia, se com total detestação de qualquer pecado, como foi dito acima, e com a intenção de observar, logo que seja possível, as três habituais condições, recitem, diante de uma piedosa imagem de Nosso Senhor Jesus Misericordioso, o Pai-Nosso e o Credo, acrescentando uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., "Ó Jesus Misericordioso, Confio em Ti").

Se nem sequer isto pode ser feito, naquele mesmo dia poderão obter a Indulgência plenária todos os que se unirem com a intenção de espírito aos que praticam de maneira ordinária a obra prescrita para a Indulgência e oferecem a Deus Misericordioso uma oração e juntamente com os sofrimentos das suas enfermidades e os incómodos da própria vida, tendo também eles o propósito de cumprir logo que seja possível as três condições prescritas para a aquisição da Indulgência plenária.

Para aqueles que não sabem ou não se lembram mais, é sempre válido recordar o que são as indulgências:

Aproveitemos essa concessão da Igreja, por ocasião da festa da Divina Misericórdia, para fortalecermos o nosso amor a Cristo, vivendo a vida da graça, e mantermos "o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado", pois só assim poderemos receber de Deus as indulgências que Ele, misericordiosíssimo, sempre nos quer conceder.

Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog/indulgencia-plenaria-no-domingo-da-divina-misericordia

28 de Abril - Memória de São Luís Maria Grignion de Montfort


Neste dia, nós contemplamos o fiel testemunho de Luís que, ao ser crismado, acrescentou ao seu prenome o nome de Maria, devido sua devoção à Virgem Maria, que permeou toda sua vida.

Nascido na França, no ano de 1673, de uma família muito numerosa, ele sentiu bem cedo o desejo de seguir o sacerdócio e assim percorreu o caminho dos estudos.

Como padre, São Luís começou a comunicar o Santo Evangelho e a levar o povo, através de suas missões populares, a viver Jesus pela intercessão e conhecimento de Maria. Foi grande pregador, homem de oração, amante da Santa Cruz, dos doentes e pobres; como bom escravo da Virgem Santíssima não foi egoísta e fez de tudo para ensinar a todos o caminho mais rápido, fácil e fascinante de unir-se perfeitamente a Jesus, que consistia na consagração total e liberal à Santa Maria.

São Luís já era um homem que praticava sacrifícios pela salvação das almas, e sua maior penitência foi aceitar as diversas perseguições que o próprio Maligno derramou sobre ele; tanto assim que foi a Roma para pedir ao Papa permissão para sair da França, mas este não lhe concedeu tal pedido. Na força do Espírito e auxiliado pela Mãe de Deus, que nunca o abandonara, São Luís evangelizou e combateu na França os jansenistas, os quais estavam afastando os fiéis dos sacramentos e da misericórdia do Senhor.

São Luís, que morreu em 1716, foi quem escreveu o “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”, que influencia ainda hoje, muitos filhos de Maria. Influenciou inclusive o saudoso Papa João Paulo II, que por viver o que São Luís nos partilhou, adotou como lema o Totus Tuus, Mariae, isto é, “Sou todo teu, ó Maria”.

São Luís Maria Grignion de Montfort, rogai por nós!

Fonte: https://santo.cancaonova.com/santo/sao-luis-maria-grignion-de-montfort-devoto-a-virgem-maria/

domingo, 21 de abril de 2019

Por que rezamos o Regina Coeli e não o Ângelus no tempo pascal?


A oração à Rainha do Céu teria sido composta no século XII

Durante o tempo pascal, a Igreja se une em alegria por meio da oração do Regina Coeli (pronuncia-se “Redgína Tchéli“, que quer dizer “Rainha do Céu”), junto à Mãe de Deus, pela Ressurreição de seu Filho Jesus Cristo, acontecimento que marca o maior mistério da fé católica.

A oração da antífona do Regina Coeli foi estabelecida pelo Papa Bento XIV em 1742 e substitui durante o tempo pascal, da celebração da ressurreição até o dia de Pentecostes, a oração do Ângelus cuja meditação central é o mistério da Encarnação.

Assim como o Ângelus, o Regina Coeli é rezado três vezes ao dia: ao amanhecer, ao meio dia e ao entardecer como uma forma de consagrar o dia a Deus e à Virgem Maria.

Não se conhece o autor desta composição litúrgica que remonta ao século XII e era repetido pelos Frades Menores Franciscanos depois das completas na primeira metade do século seguinte popularizando-a e difundindo-a por todo mundo cristão.

A oração:

V. Rainha do Céu, alegrai-vos, Aleluia!

R. Porque Aquele que merecestes trazer em Vosso ventre, Aleluia!

V. Ressuscitou como disse, Aleluia!

R. Rogai por nós a Deus, Aleluia!

V. Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, Aleluia!

R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!

Oremos:

Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do Vosso Filho Jesus Cristo, Senhor Nosso, concedei-nos, Vos suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio agora e sempre. Amém. (Três vezes).

Fonte: https://www.google.com/amp/s/pt.aleteia.org/2017/04/17/por-que-rezamos-o-regina-coeli-e-nao-o-angelus-no-tempo-pascal/amp/

Domingo de Páscoa - A alegria pelo Amor



Uma feliz e santa Páscoa! Hoje, a alegria pascal nos invade o coração. Mas de onde vem, afinal, a alegria deste dia? Muitos a confundem com a alegria do Carnaval; mas esta é uma alegria efêmera, é a alegria de um prazer fugaz, é a alegria que dura o que duram as sensações de uma festa agitada, de uma refeição desmedida, de risos e gritarias sem sentido… O que é, pois, a alegria de que falamos aqui? Ensina-nos o Doutor Angélico que a alegria verdadeira está necessariamente ligada ao amor. Mas analisemos com cuidado o que significa “amar”, palavra tão mal usada e ainda pior vivida. O amor, se é autêntico, consiste antes de tudo em querer o bem da pessoa amada: de fato, é impossível amar e, ao mesmo tempo, não querer que esteja bem aquele a quem amamos. Contudo, se meditarmos com um pouco mais de atenção, veremos que isso ainda não é tudo o que pode dar de si um amor mais profundo. Podemos, por exemplo, “amar” o nosso time de futebol, porque lhe desejamos muitas vitórias. Trata-se, também aqui, de uma forma, imperfeita embora, de amor de benevolência; mas tampouco isso é amar com profundidade.

Por quê? Porque é próprio do amor verdadeiro, do amor digno de assim ser chamado, o desejo de unir-se ao outro. É o amor que um esposo tem à esposa, que a mulher tem ao marido. E é precisamente na união efetiva entre os amantes que surge a alegria. A verdadeira alegria, portanto, tem sua origem nestas duas coisas: de um lado, o amor que quer o bem do amado, quando ele está ausente, e quer unir-se a ele, quando o tem presente; de outro, o amor que finalmente se consuma na união entre dois corações. Por isso, podemos dizer, num primeiro sentido, que amamos a Jesus, ao nos alegrarmos com o grande bem da sua Ressurreição: o desprezado, o ferido, o morto e sepultado tornou à vida! E quem não se havia de alegrar se um amigo querido voltasse dos mortos para nos matar a saudade? É por isso que, ao longo do tempo pascal, fazemos eco aos gozos que enchem o Coração de Nossa Senhora, que vê seu Filho vivo e glorioso: Regina caeli, laetare, alleluia — “Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia”!

Mas, justamente por estar vivo, o Senhor não está mais ausente: se lhe queremos bem, porque o amamos, podemos com maior razão querê-lo perto e unido a nós, porque Ele está realmente conosco: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). É verdade que o não vemos, como o viam os Apóstolos, com olhos de carne; mas não é menos certo que, pelo mérito da fé, que não vê aquilo em que crê, temos a Cristo de uma maneira até mais especial do que tiveram os mesmos Apóstolos: estes o tinham ao lado, e nós o temos dentro do coração; estes o tinham ora aqui, ora ali, ora na Judeia, ora na Galileia, e nós o temos sempre e em todos os lugares. Ressuscitado e glorioso no céu, Cristo nos acompanha aonde quer que vamos, alcançando-nos docemente com o toque de sua graça, abraçando-nos com as batidas de amor do seu Sagrado Coração. Se Ele, que nos ama mais do que amamos nós a Ele, assim está unido a nós, e se temos de fato o propósito firme de o amar acima de tudo, como não nos vamos alegrar? O nosso Amigo, o nosso Bem, o nosso grande Amado está realmente vivo, está realmente conosco: e Ele será, hoje e para sempre, a nossa única e verdadeira Alegria!

Uma feliz e santa Páscoa!

sábado, 20 de abril de 2019

A descida de Cristo na Mansão dos Mortos



A maioria das pessoas sabem o significado da Sexta-Feira Santa, o dia em que nos lembramos de que Jesus morreu na cruz por nossos pecados. O mesmo acontece com o Domingo de Páscoa, quando nos lembramos de que ressuscitou dos mortos em triunfo sobre a morte.

Mas e o Sábado Santo? Pode parecer que é só um dia preso entre a morte e a ressurreição. O que este dia comemora?

No Sábado Santo, os cristãos recordam de que enquanto o corpo de Jesus estava no túmulo, a alma de Jesus “desceu a Mansão dos Mortos”, como diz o Credo do Apóstolo. É tradicionalmente conhecida como a “angústia do inferno”, quando Jesus anunciou a salvação a todos os justos que haviam morrido antes da sua vinda.

E aqui temos uma homilia do século IV sobre a descida de Jesus à Mansão dos Mortos:

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam havia séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai, antes de tudo, à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, e agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e, com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: “Saí!”; e aos que jaziam nas trevas: “Vinde para a luz!”; e aos entorpecidos: “Levantai-vos!”.

Eu te ordeno: acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra de minhas mãos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra, e fui mesmo sepultado abaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê, nas minhas faces, as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti, para retirar dos teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava voltada contra ti.

Levanta-te, vamo-nos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, constituído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade.

Fonte: https://pt.churchpop.com/sabado-santo-ida-de-jesus-mansao-dos-mortos/

Sábado Santo, dia de espera e silêncio


Hoje fazemos experiência do vazio. O Senhor cumpriu sua missão nos redimindo, através de sua paixão e cruz, através de sua entrega até a morte. Na noite passada contemplamos o sepultamento de seu corpo.

Agora, nesta manhã de sábado, a saudade está presente, mas uma saudade cheia de paz e de esperança.

Como Maria, com o coração em luto, a Igreja aguarda esperançosa, que a promessa do Cristo se cumpra, que ele surja, que ele ressuscite. A ausência não é experiência do vazio, mas aprofunda a presença desejada!

Podemos recordar e refletir sobre os sábados santos de nossa vida, nossas experiências de vazio após sofrimentos e perdas. 

Como vivenciamos esses mistérios dolorosos quando irromperam em nossa existência? Permitimos que luz da fé na certeza da vitória da Vida, iluminasse nossa mente e aquecesse nosso coração? Preenchemos esse vazio abrindo as portas de nosso coração a Jesus, Palavra de Vida, de Eternidade? Ou nos fragilizamos mais ainda, permitindo que a escuridão da morte nos envolvesse?

Jesus é Vida! Nossa Senhora, a verdadeira discípula, na manhã de sábado permaneceu esperançosa, apesar da dor, do luto. Ela acreditou nas palavras de seu Filho e não permitiu que o sofrimento pela perda dissesse a última palavra, mas que a palavra definitiva seria a promessa de seu Filho, a própria Palavra, que disse que iria ressuscitar que ele era o Caminho, a Verdade, a Vida!

Hoje à noite iremos celebrar a Vitória da Vida, a ressurreição de Jesus, o encontro do Filho ressuscitado com a Mãe que deixará de ser a Senhora das Dores, para ser a Senhora da Glória.

Contudo, para nós que perdemos entes queridos, esse encontro ainda não aconteceu e sabemos que nesta vida, não acontecerá. Como viver, então, a Páscoa da Ressurreição?

Nossa vida deverá ser um permanente Sábado Santo, não com vazio, mas pleno de fé, de esperança na certeza da vitória da Vida e que também teremos o reencontro que Maria teve, e será para sempre! Quanto mais nos deixarmos envolver pela Palavra de Vida, que é Jesus, mais nos aproximaremos da tarde da ressurreição; de modo mais intenso essa palavra irá nos iluminar e aquecer.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-04/reflexao-sabado-santo-padre-cesar-augusto.html

sexta-feira, 19 de abril de 2019

"Tudo está consumado!"


O que na noite de ontem, Quinta-feira Santa, foi realizado no Cenáculo irá se estender ao longo de todo este dia, até que Jesus, de braços abertos na cruz, enfim declare: “Tudo está consumado”. Mas o que é, afinal de contas, essa consumação de que fala o nosso Redentor no Evangelho segundo São João? Antes de tudo, repassemos brevemente como se comemorava a páscoa judaica.

O Senhor, durante a Última Ceia, celebrara o Seder, a liturgia pascal dos judeus. Prescrevia-se que, nesta cerimônia, dividida em quatro grandes partes, houvesse também quatro cálices de vinho. O primeiro, misturado com ervas amargas, bebia-se logo após a recitação do Kidush. Em seguida, na parte correspondente ao Maguid, lia-se a história do Êxodo, ou seja, da saída do povo hebreu da escravidão do Egito. Foi o terceiro cálice cerimonial, também chamado “cálice da bênção”, que Jesus, tomando-o em suas veneráveis mãos, consagrou e converteu em seu Preciosíssimo Sangue.

O Apóstolo Paulo alude a este fato ao escrever as seguintes linhas aos fiéis de Corinto: “O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo?” (1Cor 10, 16). Fariseu e profundo conhecedor da Lei, S. Paulo utiliza aqui o termo “cálice da bênção” com um sentido preciso, referente justamente ao terceiro copo de vinho do Seder de Pessach.

O quarto cálice devia ser consumido depois do Halel, em que se recitava uma série de cânticos e salmos. Jesus, porém, rompe aqui a lógica da liturgia judaica ao dizer, após a consagração feita sobre o terceiro cálice e sua entrega aos discípulos: “Em verdade vos digo: já não beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beberei de novo no Reino de Deus” (Mc 14, 25). Terminado o canto dos salmos, refere o evangelista S. Marcos, saíram todos do Cenáculo em direção ao monte das Oliveiras (cf. Mc 14, 26).

O Senhor, portanto, interrompe a cerimônia antes da ingestão do quarto copo, chamado “cálice da consumação”, precisamente por ser o último, ou seja, o que de alguma maneira encerra a celebração pascal. Não só isso. Jesus anuncia ainda: “Nãobeberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beberei de novo no Reino de Deus”. A consumação da Páscoa, ou seja, o quarto cálice cerimonial não é, pois, senão o sacrifício redentor do Calvário. É precisamente por isso que, em oração no Horto das Oliveiras, Ele se dirige ao Pai nesses termos: “Aba! Pai! Tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres” (Mc14, 36).

O Senhor, Cordeiro a ser imolado, sabe que o cálice que Ele há de beber, a fim de consumar a celebração pascal, é o cálice de sua morte na cruz. Daí o sentido profundo que adquire o seguinte relato de São João. Jesus, pregado ao madeiro, diz pouco antes de expirar: “Tenho sede” (Jo 19, 28). Como houvesse ali um pouco de vinagre, isto é, vinho azedo, levaram-no à boca numa esponja “na haste de um hissopo” (Jo 19, 29). E o hissopo, como se sabe, era justamente o ramo previsto no Antigo Testamento para aspergir o sangue do cordeiro nas portas do judeus.

Ora, se o Senhor bebe aqui outra vez “do fruto da videira” é porque, segundo suas próprias  palavras, o Reino de Deus finalmente chegou: “Bebê-lo-ei de novo”, dissera Ele, “no Reino de Deus”. A isso se segue, pois, aquele anúncio com que iniciamos nossa meditação: “Tudo está consumado!” Ele consuma a sua Páscoa, dando-nos não só o seu Sangue, mas também o seu Corpo, entregue como alimento e meio de unir-nos a Ele numa estreitíssima comunhão de corações.

Na Sexta-feira Santa, não se realiza o sacrifício eucarístico, porque toda a Liturgia de hoje, memorial da Paixão e Morte do Senhor, é como uma continuação da Liturgia de ontem, que parece “interrompida” — em silêncio e sem bênção — pela translação processional da Sagrada Reserva ao altar da reposição. Neste dia, ouvindo as leituras e o relato da Paixão e adorando solenemente a santa cruz, podemos unir-nos uma vez mais ao Cordeiro imolado no rito da comunhão. É um dia em que a Igreja, embora não celebre Missa, dá aos fiéis as sagradas espécies consagradas na noite de Quinta-feira, indicando assim o nexo indissolúvel entre os mistérios celebrados nestes dois dias.

Por isso, ao recebermos hoje o Senhor presente na Eucaristia, devemos ter féde que em nós se consuma aquela aliança de amor desejada por Ele desde o ventre de Maria. Sim, Ele hoje livrou-nos dos nossos pecados, apagou com o seu Sangue o reato da antiga pena, contraída por Adão à sua descendência; hoje Ele veio, com o seu Corpo adorável, dar-se-nos em alimento, em remédio, em penhor de salvação. Que não façamos pouco caso das dores com que Ele nos deu tão precioso dom, o dom de si mesmo, dado de comer aos que escolheu antes da constituição do mundo.

Peçamos à Virgem Santíssima, a São José e a todos os santos e anjos do céu que intercedam por nós junto de Deus e nos alcancem, por suas preces e rogos, a graça de uma fé viva na presença realde Cristo na Sagrada Eucaristia e no caráter essencialmente sacrificial da Santa Missa, a fim de podermos sempre comungar santamente, sabendo tirar todo o proveito possível de tão doce e suave alimento.

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/tudo-esta-consumado

19 de Abril - Memória de Santo Expedito


Não existe nenhuma fonte segura de informação histórica sobre a existência de Santo Expedito. Não há registro algum de que tenha se formado alguma tradição sobre ele na Antiguidade. Sua posição oficial na Igreja é incerta.


Então de onde veio a devoção a ele?

No Martyrologium Hieronymianum, ele era citado junto com outros mártires comemorados entre os dias 18 e 19 de abril. Há registros do século VIII que falam da devoção a Santo Expedito em regiões da atual Alemanha e da Sicília. A difusão da devoção começa a crescer pela Europa no século XVII, provavelmente a partir da França ou da Alemanha. Em 1781, ele foi declarado padroeiro de Acireale, na Sicília, e, desde então, a sua devoção se espalhou rapidamente por muitos países.

Mas quem foi Santo Expedito?

Os relatos populares retransmitidos ao longo dos séculos o apresentam como um militar romano, comandante-em-chefe da 12ª Legião, conhecida como “Fulminata”. Essa legião romana se aquartelava em Melitene e era encarregada de proteger o império das invasões dos bárbaros orientais. Tinha um efetivo de mais de 6.800 soldados.

Expedito era cristão, como a maior parte dos seus subordinados, todos nativos da Armênia. Durante as sangrentas perseguições anticristãs do imperador Diocleciano, ele teria sido condenado no dia 19 de abril de 303 e martirizado mediante decapitação por espada devido à recusa de culto aos deuses pagãos.


“Hodie!”

Antes de se tornar cristão, ele teria relutado e adiado a conversão com muitas desculpas. O demônio o tentava para que resistisse, e, em forma de corvo, o inspirava a repetir “Cras! Cras!“. Esta representação onomatopeica do grasnido dos corvos coincide com a palavra latina “cras“, que significa “amanhã“.

Certo dia, Expedito teria pisado decididamente a cabeça do corvo e retrucado “Hodie!“, que quer dizer “hoje”, assumindo assim a disposição heroica de se converter imediatamente, sem novos “cras“.

A devoção

A Igreja reconhece a devoção popular a Santo Expedito, mas, devido à ausência de indícios históricos de que ele tenha realmente existido, seu nome não foi incluído como mártir na edição doMartyrologium Romanum de 2001.

A ligação de Santo Expedito com as causas urgentes deriva provavelmente do significado de seu nome, que quer dizer “ágil”, “desimpedido”, “rápido” – o que também tem relação evidente com as lendas sobre a sua conversão.

Sua representação mais comum é a de um legionário romano  vestindo a armadura, uma túnica e o manto nas espáduas, em postura marcial. Ele sustenta na mão esquerda a palma do martírio e, na direita, uma cruz em que está gravada a palavra “hodie“. O espírito do mal, na forma do corvo que tenta induzi-lo a repetir “cras” em vez de bradar “hodie“, aparece representado sob um de seus pés.

via Aleteia

Sexta-feira Santa - A Paixão de Cristo


A Sexta-feira Santa é um dia em que a Igreja nos deseja ensinar que todos podemos estar unidos ao mistério da Paixão de Cristo, não só pelos sofrimentos e cruzes que já carregamos, mas também pelo ato de fé. Isso se vê, de modo especial, pela própria estrutura da liturgia que hoje celebramos. Deve-nos chamar a atenção, com efeito, o fato de a Igreja, no dia mesmo em que Cristo consumou pela cruz sua entrega ao Pai, não renovar sacramentalmente o sacrifício redentor da Paixão. Ouvem-se as leituras, medita-se longamente sobre a morte do Filho de Deus encarnado, intercede-se pelo mundo inteiro, adora-se a cruz e, por fim, comungam os fiéis o Corpo e o Sangue do Salvador, mas sem a renovação incruenta do sacrifício cruento de que hoje se faz memória. Com isto, quer-nos ensinar a Santa Igreja que podemos, sim, estar unidos à Paixão do Senhor de muitas maneiras. Uma delas, por certo a mais sublime e perfeita, é a celebração eucarística; mas também a oração íntima a Deus, feita numa pobre capela ou mesmo num cômodo discreto em casa, nos pode unir, mediante a fé com que rezamos, ao amor sacrificial de Jesus Cristo. Por isso, a liturgia de hoje, fazendo descansar os altares sobre os quais se imola dia após dia o Cordeiro de Deus, não se limita a ser um ato “comunitário”, senão que é e deve ser, antes e fundamentalmente, um encontro pessoal de cada fiel com o Senhor crucificado.

As leituras já nos convidam a isso e preparam-nos o espírito para a recepção física de Cristo na Eucaristia, porque a escuta atenta e piedosa da Palavra de Deus, como nos demonstram em várias passagens as Sagradas Escrituras, é uma forma não menos real e profunda de encontrar-se com Jesus: “Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho?” (Lc 24, 32). Uma vez em contato com Cristo pela fé em sua Palavra, a Igreja nos chama em seguida a interceder pelo mundo todo, a exemplo do mesmo Cristo, que com os braços estendidos na cruz abarca de um a outro extremo da terra, sem deixar um único homem sequer privado do seu amor salvífico. Acolhendo na fé a Palavra de Deus, nós recebemos este mesmo amor, para depois o fazermos transbordar, com ainda mais fé, sobre todos os que infelizmente ainda não creem nem se aproveitam dos frutos copiosíssimos da Redenção. À fé com que ouvimos e rezamos vem somar-se ainda a fé com que neste dia jejuamos com especial rigor, a fim de que os nossos pobres méritos percam-se e fundam-se com os méritos infinitos daquele que hoje padece, não só fome física, mas fome e sede do amor de tantos que o não amam, que nele não crêem, que nele não esperam, que o não adoram. E é por isto, como manifestação da caridade que lhe temos e para reparar a falta de caridade com que muitos o desprezam, que antes da comunhão a Santa Madre Igreja nos dá a alegria de adorarmos a santa cruz, símbolo do madeiro bendito em que esteve pendente a salvação deste mundo tão ingrato àquele que tanto o ama.

Assim, depois de todos estes gestos e cerimônias, ordenados a nos excitar e alimentar a fé, temos por fim a graça de nos unir fisicamente na Eucaristia àquele a quem já estamos espiritualmente unidos por tantos atos de fé, de esperança e de caridade, como uma esposa que se une ao Esposo num doce e íntimo colóquio, onde podemos consolar ao Cristo que sofre com o pouco de amor que lhe somos capazes de dar. Que hoje, tanto nas leituras e na oração quanto na adoração e na comunhão, Ele nos encontre, não só de corpo presente, mas de mente desperta e coração disposto, prontos para nos deixarmos configurar à sua cruz a abrasar pela caridade infinita manifestada no seu mistério pascal. — Dulce lignum, dulce clavos, doces cravos e madeiro, que doce peso sustendes!

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/como-estar-unido-a-cristo-na-sexta-feira-santa

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Quinta-feira Santa, fim da Quaresma e início do tríduo da Paixão


Com a Missa in Coena Domini e a celebração do lava-pés, damos início hoje ao Sagrado Tríduo da Paixão, centro de todo o ano litúrgico. Nesta noite santa, celebra a Igreja de modo mais particular a instituição de dois mistérios imprescindíveis à sua missão e perpetuação no mundo: o sacerdócio, conferido por meio do sacramento da Ordem, e, como consequência dele, o santíssimo sacramento da Eucaristia. Embora não tenhamos ainda chegado ao Domingo da Ressurreição, dia em que Cristo, nossa Páscoa, venceu a morte, a celebração de hoje já nos deve encher de profunda alegria, pois o que nesta noite contemplamos, à meia luz do Cenáculo, é a disposição admirável dos meios da nossa salvação e contínua santificação. Hoje, com efeito, vemos a Cristo reunido em íntimo colóquio com seus amigos, escolhidos dentre vários com especial providência, e é a esses doze que, depois de celebrar sua última Páscoa, o Senhor ordena como os primeiros sacerdotes da Nova e eterna Aliança que dentro em pouco Ele há-de selar com o seu Sangue.

É neles e com eles que tem início o novo povo de Deus, porque assim como o antigo Israel se fundara sobre os doze filhos de Jacó, era conveniente que o novo se alicerçasse sobre os doze Apóstolos, símbolos de paternidade espiritual e sacramentos vivos de Cristo, dos quais deriva para toda a Igreja o ministério da graça e a dispensação dos santos mistérios. Mas em que consiste, de fato, o sacramento da Ordem, que o Senhor entrega hoje à sua Igreja? Trata-se de uma modificaçãoreal que o Espírito Santo opera na alma do ordenando, através da imposição das mãos e oração consecratória. Assim, o sacerdote recebe não só o poder de celebrar a Eucaristia, mas também uma graça de estado, que o configura ao sacerdócio mesmo de Nosso Senhor e o torna um membro distinto dos simples leigos.

Com efeito, nas palavras do Concílio de Trento, há na Santa Igreja Católica “um novo sacerdócio, visível e externo, para o qual o antigo foi transferido” (cf. Hb 7, 12ss), e as sagradas Escrituras mostram e a Sagrada  Tradição “sempre ensinou que este sacerdócio foi instituído pelo próprio Senhor e Salvador nosso, e que o poder de consagrar, oferecer e administrar seu Corpo e Sangue, bem como de perdoar e reter os pecados, foi transmitido” (DH 1764) unicamente aos Apóstolos e seus sucessores no sacerdócio, de maneira que é preciso confessar que é da vontade do próprio Cristo que, dentro da estrutura orgânica de seu Corpo místico, haja uma real distinção de membros e funções. E é justamente por ter recebido de Deus um poder sobre os outros que os sacerdotes têm a grave obrigação de viver, auxiliados pela graça, à altura do estado a que foram elevados. A sua vida, os seus modos, os seus costume hão-de ser diferentes, por terem eles recebido na Ordem a graça de uma vida diferente, que deve ser continuidade da vida de entrega e serviço dos Apóstolos: “Eis que deixamos tudo para te seguir” (Mt 19, 27).

Depois da Ordem, propõe-se-nos hoje à piedosa e contemplativa consideração o mistério da santa e divina Eucaristia. Se os outros seis sacramentos são instrumentos visíveis da graça divina, tem a Eucaristia o privilégio, não só de ser instrumento, mas de conter, real, verdadeira e substancialmente, o próprio Autor da graça. E nessa única e mesma presença, oculta sob as aparências sacramentais, encontramos outras duas realidades: de um lado, a oferenda constante de si mesmo que Cristo faz a Deus Pai, num culto perfeitíssimo de adoração e ação de graças, renovado todas as vezes que um sacerdote sobe ao altar para celebrar a Santa Missa; de outro, a oferenda amorosíssima que Ele faz de si mesmo a nós como alimento espiritual e penhor da nossa futura ressurreição.

Eis os dois grandes mistérios, os dois grandes sacramentos que, instituídos nesta noite, perpetuam a obra de redenção e santificação do nosso divino Salvador e nos enchem sempre de terna alegria e profunda gratidão a Deus. A Ele glória e louvor pelos séculos dos séculos. Amém.

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/e um-sacerdocio-e-um-sacrificio-perpetuos

sexta-feira, 12 de abril de 2019

As aparições de Nossa Senhora em Tre Fontane, Roma - A Virgem da Revelação


No sábado depois da Páscoa, 12 de abril de 1947, o condutor de bonde Bruno Cornacchiola, de 34 anos, achava-se livre de serviço depois do meio-dia e queria aproveitar aquela linda tarde de primavera para fazer uma excursão a Ostia com seus três filhos, mas como perderam o trem, resolveram ir até Tre Fontane. Bruno conhecia muito bem o lugar com seu bosque de eucaliptos, silencioso e tranquilo, longe do ruído da grande cidade de Roma.

Bruno havia lutado na Espanha, como legionário, a favor dos comunistas, e fazia cinco anos que abandonara a religião católica seguindo primeiro a doutrina dos batistas e depois a dos adventistas.

Era fervoroso propagandista de sua crença, e lia com assiduidade a Bíblia protestante, à procura de textos que pudesse utilizar em ataques contra a Igreja Católica.

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Bruno e sua família

Naquele fim de semana, Bruno se entretinha, em Tre Fontane, em formular ideias para uma conferência contra a virgindade da Santíssima Virgem.

Lia, apontando no papel os pensamentos para a conferência que devia ser lida no dia seguinte, enquanto seus filhos continuavam a brincar de futebol com uma bolinha de borracha, à sombra do bosque de eucaliptos. Súbito, o seu trabalho é interrompido: Isola, de 10 anos, e Carlos, de 7, gritam:

“Papai, papai, perdemos a nossa bola! Perdemos a nossa bolinha! ” Bruno sai à procura da bola em companhia das crianças, depois de ter dito a Gianfranco, de 4 anos, que ficasse ali numa gruta situada na parte mais alta do bosque, olhando as revistas infantis ilustradas.

Os três percorrem então o mato à procura da bola; mas, como o filhinho mais

Moço não respondesse mais, como antes, à voz do pai, dirigiu-se este, muito preocupado, para a gruta, à entrada da qual encontrou, com grande espanto, o pequeno Gianfranco ajoelhado, as mãos postas, repetindo sempre, a sorrir: “Bella Signora! Bella Signora! ”

A atitude católica de oração da criança era inteiramente contrária aos costumes da família Cornacchiola. Além disso, o menino nem era batizado. O pai chamou Isola, que se encontrava acima da gruta, e perguntou a ela e a Carlos, que se achava ao lado: “Vocês estão vendo alguma coisa na gruta? ” “Não, papai! ”, responderam.

Mas, no mesmo instante, Isola cai de joelhos e, de mãos postas como o irmãozinho, repete: “Bella Signora! Bella Signora!…” E também Carlos se ajoelha e balbucia como que extasiado: “Bella Signora! Bella Signora!…”

Bruno sacode as crianças, porém elas continuam na mesma posição, com os rostos pálidos, mas inteiramente espiritualizados, e os olhos muito abertos, fixos em um mesmo ponto da gruta.

Bruno é, no fundo, de natureza religiosa, crê em Deus, crê em Cristo e também no demônio. Temendo que os filhos estivessem sob o influxo demoníaco, rezou do fundo do coração: “Senhor, salvai-nos! ”

Foi como se mãos invisíveis o tivessem sacudido, e que alguém lhe tivesse arrancado a venda que lhe cobria os olhos. (Tudo isso ele mesmo narrou ao Sr. Lacatelli, colaborador do Giornale d’Itália.) Súbito, Bruno se sente leve como uma pena. Da gruta sombria não vê mais nada, a não ser que lhe parece inundada de luz deslumbrante, e naquela claridade excelsa Bruno vê uma encantadora figura de mulher, verdadeira formosura oriental, como se expressou ele, de 1,65m de altura conforme lhe pareceu.

Os pés nus pousavam sobre um bloco de pedra, atualmente conservado no vizinho convento dos trapistas. O corpo da celestial aparição está envolto numa túnica branca, presa por uma faixa rósea. Da cabeça, desce-lhe um manto verde até os pés. Na mão direita segura um livrinho cinzento. A esquerda aponta para baixo, indicando uma veste negra (batina?) No solo; perto havia uma cruz quebrada.



Bruno Cornacchiola disse ouvir uma voz a nenhuma outra semelhante, pelo tom e pelo modo como lhe falava:

“Sou aquela que está na Trindade Divina. Sou a Virgem da Revelação. Tu me persegues. Mas agora basta! Entra no santo redil, a corte celeste na terra. O Deus prometido é e fica imutável. Às nove sextas-feiras que praticastes antes de te desviares do caminho da verdade, deves a tua salvação… Deve-se rezar o rosário diariamente pela conversão dos pecadores e dos incrédulos e pela união entre os cristãos. Com esta terra de pecados operarei muitos milagres pela conversão dos pecadores. Para mostrar-te que esta visão é divina e não arte diabólica, como muitos hão de pensar, dou-te este sinal: deves andar pelas ruas e igrejas de Roma, e, ao primeiro sacerdote que encontrares, dirás: “Padre, quero falar-lhe”. E se ele te replicar: Ave Maria, filho, que desejas? dirás o que te vier à boca. Este indicará outro sacerdote, que receberá a tua abjuração e se ocupará de ti. Sê prudente… A ciência renegará a Deus."

"Quando fores levar a mensagem secreta ao Santo Padre, serás acompanhado por
outro sacerdote”. 

De fato, alguns dias depois, em 28 de abril, verificou-se a previsão.

Ao entrar na igreja de Todos os Santos, administrada por um dos filhos espirituais de dom Orione, se dirige ao Pe. Albino Frosi:

– Permita, padre, que lhe diga uma palavra…

– Ave Maria, filho, que desejas? Respondeu o Pe. Frosi.

– Sou protestante, mas quero tornar-me católico.

– Apresentá-lo-ei a quem melhor o atenda, retorquiu o padre.

Cumpriu-se à risca o sinal dado pela Senhora. O Pe. Frosi apresentou-o ao seu colega Pe. Gilberto Carniel, acostumado a tratar com convertidos.

Desde o dia 12 de abril, Bruno tornou-se outro homem, e essa conversão completa de um apóstata foi o primeiro milagre de graça operado em Tre Fontane. Bruno procurou reparar, segundo suas forças, o escândalo que havia dado e suportou pacientemente toda sorte de agravos.

Todas as vezes que podia, dirigia-se à gruta para rezar, e nos dias 6, 23 e 30 de maio foi agraciado com novas visões. Depois de receberem a necessária instrução, Bruno e sua mulher foram novamente admitidos no seio da Igreja Católica, no dia 7 de maio. Em 18 de maio, Gianfranco recebia o batismo, e Isola, a crisma e a primeira comunhão.

Na aparição de 30 de maio, Nossa Senhora enviou por meio de Bruno uma mensagem às irmãs Filipinas, que naquela região se dedicavam à educação da juventude. Que rezassem pela conversão dos incrédulos, principalmente pelos incrédulos do bairro.

Em 05 de maio de 1947, enquanto seu arrependido filho de joelhos, agradecia por todas as graças recebidas, Nossa Senhora apareceu sorrindo, porém nada falou. Na gruta ocorreram ainda outras aparições para ele. Em uma delas a Santíssima Virgem pediu:

“Neste lugar, quero ter um Santuário e ser venerada com os novos títulos: Virgem da Revelação e Mãe da Igreja. A Minha Casa deve estar aberta para todos, a fim de que possam entrar nela, a Casa do socorro, e se converterem. Os sedentos e confusos virão aqui para rezarem e encontrarem o sentido da vida”.

A gruta atualmente

A expressão “Virgem da Revelação” que Nossa Senhora usou é, conforme a suposição de Locatelli, uma alusão à “Misteriosa Revelação”, o Apocalipse, e uma indicação de que atualmente vivemos nos tempos apocalípticos, e visto que, como protestante, Bruno Lia outra Bíblia, é bem provável que o livro que Nossa Senhora segura na mão direita signifique a Bíblia católica.

O encontro com Pio XII e o aviso anos antes


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A Serva de Deus Luigina Sinapi

O encontro com o papa Pio XII ocorreu em 09 de dezembro de 1949 para o entrega da mensagem. O santo padre acolheu a tudo com total crença, pois já tinha conhecimento através de Luigina Sinapi, que falaremos a seguir, do que aconteceria com Bruno. Inclusive foi sua Santidade que abençoou a primeira imagem da Mãe de Deus colocada na gruta.

Nossa abençoada gruta do parque tré fontane, de Roma em 1937, ou seja, dez anos antes da Aparição a Bruno, a Santíssima Virgem Maria apareceu a Luigina Sinapi, e disse-lhe:

“Eu retornarei a esse lugar para converter um homem que lutará contra a Igreja de Cristo, e desejará assassinar o Santo Padre. Vai agora à Basílica de São Pedro e lá encontrarás uma religiosa que te fará conhecer o seu irmão, que é um cardeal. A ele deves levar a mensagem. Deverás dizer ao cardeal que logo mais ele será o novo papa”.

O cardeal Eugênio Pacelli, futuro papa Pio XII, após inteirar-se dos fatos, através de sua irmã, afirmou: “Se são flores, florirão...” Depois disso, e a confirmação da profecia de Nossa Senhora, o papa Pio XII recebeu Luigina por diversas vezes. A Mãe de Deus também a Luigina deixou muitas mensagens. Em uma delas, disse:

“Eu sou a Mãe de Deus, e por isso a Mãe de todos os homens; e também tua. Sofra e expie por todos os povos. Eu vos levarei a todos, com o Meu amor, a Jesus. Para aqueles que tu me confiaste, Eu digo: Sede fortes e tomai os sofrimentos com mais amor. Os homens devem compreender que os sofrimentos preparam para as graças...”

Inúmeros são os milagres que se operam por meio da terra da gruta, por intercessão da Santíssima Virgem Maria.
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Bruno Cornacchiola

Concluímos, pedindo para que todos façam a devoção as nove primeiras sexta-feiras do mês, em honra ao Sagrado Coração de Jesus, pois o Deus Misericordioso e fiel não esquecerá. Também os nove primeiros sábados serão inesquecíveis no Imaculado Coração de Maria.

Fontes: http://www.derradeirasgracas.com/4.%20Apari%C3%A7%C3%B5es%20de%20N%20Senhora/Nossa%20Senhora%20em%20Tre%20Fontane.htm e https://blog.cancaonova.com/queluz/nossa-senhora-da-revelacao/

São José Moscati, o médico santo


Giuseppe Moscati foi um leigo, médico, professor universitário, pesquisador, que se tornou santo através do exercício mesmo da sua profissão. Via os pacientes como irmãos que dele esperavam não somente o alívio do corpo, mas também o incentivo espiritual.
Dedicava-se-lhes nos Hospitais e em seu consultório, procurando estar sempre em dia com a ciência a fim de melhor servir aos enfermos. Desprendido de bens materiais e de seus interesses particulares, não raro dava também dinheiro aos clientes mais necessitados, de modo que morreu pobre. Deixou notas pessoais e cartas várias, que revelam o segredo de sua nobreza de caráter ou a sua profunda vida de oração e união com Deus.
Beatificado por Paulo VI em 16/11/1975, foi canonizado em 25/10/1987, por ocasião do Sínodo Mundial dos Bispos referente aos Leigos. São José Moscati é um testemunho de como, no mundo de hoje e no exercício de uma profissão de grande relevo, pode o cristão santificar-se, tornando-se herói de virtudes, que em vida valeram a Moscati o título de “Médico santo”.
A vida dos Santos é sempre um sinal que fala eloquentemente à humanidade, pois eles traduzem em termos concretos e vivenciais o que os livros apresentam em teoria; assim mostram que os mais belos ideais são viáveis e encontram, mesmo em época de materialismo, quem os ponha em prática com a graça do Senhor Jesus. Por isto os mestres de espiritualidade recomendam a todos os cristãos que periodicamente se voltem para a figura dos Santos, a fim de aprender deles, de modo vivencial, a arte da perfeição espiritual (que é também a plena humanização do indivíduo). Cada Santo tem suas peculiaridades, evidenciando que, com qualquer temperamento e em qualquer vocação dados por Deus, a pessoa pode chegar à plenitude das suas virtualidades; na verdade, ninguém é chamado ao meio-termo ou à mediocridade.
Tal foi o caso, entre outros, de Giuseppe Moscati (1880-1927), médico, professor universitário e pesquisador, que o Papa Paulo VI proclamou Bem-aventurado aos 16/11/1975 e João Paulo II canonizou aos 25/10/1987 (durante o Sínodo Mundial dos Bispos que tratava dos Leigos na Igreja).
Segue-se um perfil da vida e da personalidade deste Santo.
1. Dados biográficos
Giuseppe Moscati, nasceu aos 25//07/1880 em Benevento (Itália), de família íntegra; o pai, Francesco Moscati, era jurista, que chegou a ser Presidente do tribunal de Benevento e Conselheiro do Tribunal de Recursos de Nápoles. A Sra. Rosa De Luca Moscati era, no dizer do filho Giuseppe, a mulher forte de que fala a S. Escritura em Provérbios 31,10-31.
Desde 1884 a família morou em Nápoles, onde também Giuseppe viveu e morreu. Fez os estudos de Humanidades em Nápoles, onde entrou para a Faculdade de Medicina em outubro de 1897, com dezessete anos de idade.
Dedicou-se ardorosamente ao estudo e à prática da Medicina, procurando sempre atualizar os seus conhecimentos. Conseguiu o Doutorado em Medicina aos 4/08/1903. Poucos meses depois, prestou concurso para trabalhar nos Hospitais de Nápoles; já o seu saber científico surpreendia os examinadores.
Em 1908 foi nomeado Assistente Ordinário no Instituto de Química Fisiológica. Conseguiu a Livre Docência desta matéria em 1911, e a de Clínica Médica Geral em 1921. Em 1919 foi promovido a Diretor de Sala nos Hospitais Reunidos de Nápoles.
Dedicou-se à pesquisa, em laboratório, sobre a ação dos amidos e da glicose no organismo humano. Publicou os resultados deste estudos em cerca de trinta relatórios e comunicações editados na Itália e no estrangeiro. Estes trabalhos o tornaram famoso e estimado tanto na sua pátria como fora desta. A convite do Governo italiano, viajou para diversos países da Europa a fim de participar de Congressos: em 1911, por exemplo, esteve em Viena (Áustria) como membro do Congresso Internacional de Fisiologia; em 19923, foi a Edimburgo (Escócia), tomando parte no Congresso Internacional de Fisiopatologia.
Morreu com a fama de sábio e santo aos 12/041927. Com efeito; aos 12 de abril de 1927, após a S. Missa e a Comunhão, o Prof. Moscati voltou à casa e preparou-se para seguir para o Hospital. Depois de fatigosa manhã de trabalho, dispôs-se a enfrentar a habitual fila de clientes em seu ambulatório. Mas às 15 horas retirou-se para um quarto, dizendo: “Estou-me sentindo mal”. Sentou-se numa poltrona, cruzou os braços sobre o peito, reclinou a cabeça, e, sem uma palavra, expirou. Tinha 47 anos de idade.

2. A figura do médico
Giuseppe Moscati era um apaixonado da Medicina; para ele, o contato diário com os doentes era uma necessidade. Logo que se formou, começou a servir no Hospital dos Incuráveis, que ele não deixou de frequentar até o fim da sua vida. Em suas notas pessoais, encontra-se o seguinte depoimento:
“Quando rapaz, eu olhava com interesse para o Hospital dos Incuráveis, que meu pai apontava à distância, ou seja, do terraço de casa; isto me inspirava sentimentos de compaixão pela indizível dor dos enfermos, que naquele recinto procuravam alívio. Uma salutar perturbação me acometia e eu começava a pensar na caducidade de todas as coisas e as ilusões se dissipavam, como caíam as flores dos laranjais que me cercavam”.
Como às flores sucedem os frutos, assim também na vida de Moscati a perda de ilusões levou-o a um empenho realista e fecundo em favor dos seus irmãos sofredores. O papel do médico, Moscati o descreveu em carta dirigida a um seu aluno recém-formado:
“Lembra-te de que, segundo a Medicina, assumiste a responsabilidade de uma sublime missão. Persevera, com Deus no coração…, com amor e compaixão para com os que são abandonados, com fé e entusiasmo, surdo aos louvores e às críticas, insensíveis à inveja, disposto unicamente à prática do bem”.
Vê-se que Moscati considerava o exercício da sua profissão como a resposta a uma vocação; ele queria dedicar-se a esta com fé e amor, inspirado pelas mais puras intenções. Passava longas horas do dia e da noite no laboratório para descobrir as causas das doenças e definir os respectivos remédios; queria assim servir,… e servir do melhor modo possível. A sua vida tornou-se uma resposta a Deus, que o colocou no mundo para agir segundo os planos do Criador; era também uma resposta às necessidades e aos sofrimentos dos homens. Assim escreveu ele num pedaço de papel encontrado entre outros documentos:
“Seja a dor considerada não como uma oscilação ou uma contração muscular, e sim como o grito de uma alma, de um irmão, ao qual outro irmão, o médico acode com o calor do amor ou a caridade”.
Em carta escrita a um médico, seu ex-aluno, pode-se ler:
“Recorda-te de que te deves ocupar não apenas com o corpo, mas também com as almas”.
Com estas palavras, Moscati revelava seu zelo pela pessoa do enfermo, que freqüentemente deseja encontrar no médico mais do que um profissional ou um técnico, e sim também um estímulo e reconforto. É o que aparece em outro escrito de Moscati:
“O médico acha-se em posição privilegiada, pois freqüentemente está diante de pessoas que, apesar dos seus erros passados, estão dispostos a voltar aos bons princípios herdados de seus antepassados; estão ansiosas por encontrar apoio premidas pela dor. Feliz o médico que sabe compreender o mistério desses corações e inflamá-los novamente!”
“Felizes nós, médicos, muitas vezes incapazes de debelar uma doença! Felizes nós, se nos lembramos de que, além dos corpos, temos diante de nós almas imortais,… em relação às quais urge o preceito evangélico de amá-las como a nós mesmos”.
“Os doentes são a imagem de Jesus Cristo e aos atribulados são os diletos e preferidos de Deus”.
O seu amor pelos doentes não lhe deixava tréguas: durante o dia estava nos Hospitais, na cátedra universitária, em visita aos doentes, especialmente aos mais miseráveis; e de noite dedicava bom espaço de tempo ao estudo, a fim de sempre oferecer aos pacientes e alunos o melhor que pudesse saber e adquirir. Mesmo durante o dia, quando o Prof. Moscati voltava dos Hospitais para casa, encontrava a sua residência cheia de pacientes à espera.
3. O homem de Deus
Tal dedicação não era interesseira. Muito pelo contrário. Praticava o desapego dos bens materiais. Quando julgava os emolumentos elevados demais, restituía a metade, ou mais do que isto, aos seus clientes. Do mais necessitados não cobrava honorários, dizendo que o importante era curá-los. Na sala de espera do seu consultório havia um cesto onde os clientes podiam depositar o preço da consulta. Certo dia, pouco após a guerra de 1914-18, apareceu-lhe um homem que estivera na frente de batalha. Após o atendimento, perguntou o paciente ao médico: “Quanto lhe devo, professor?” O doutor sorriu: “Pensa, antes do mais, em ficar bom. Se podes, coloca no cesto o que queres, mas, se precisas, tira aquilo que te é necessário”. Não raro era Moscati quem pagava aos seus doentes: alguns destes encontravam uma quantia em notas debaixo do travesseiro; outros, dentro do envelope portador da receita… Eram proverbiais as suas iniciativas neste particular, de modo que Moscati morreu pobre.
Os seus costumes irrepreensíveis e a sua piedade valiam-lhe zombarias de muitos, que o acusavam de louco de “maníaco religioso”, pois não o podiam atacar no plano científico e profissional. Moscati não fazia caso disso. Encontra-se mesmo em suas Notas particulares a seguinte norma:
“Ama a Verdade. Mostra-te como és, sem disfarces e sem fingimento. E, se a Verdade te custar a perseguição, aceita-a; e, se te acarretar tormentos suporta-os. E, se por causa da Verdade tivesses que sacrificar a ti e a tua vida, sê forte no sacrifício” (17/10/1922).
Moscati conhecia as intrigas, as rivalidades, os comprometimentos usuais entre colegas para chegar a posições vantajosas na carreira médica. Lutou, porém, para acabar com práticas e costumes pouco honestos nos Hospitais, não somente porque degradam a figura do médico, mas também porque prejudicam a formação dos estudantes, futuros médicos, e causam danos aos próprios pacientes. Combatia, pois, o nepotismo, o proteccionismo e o favoritismo nos concursos e nas promoções de carreira, que muitas vezes redundam em baixa de nível profissional e, indiretamente, em detrimento dos enfermos.
A essa retidão de costumes o médico e professor sabia associar profunda humildade; dizia que “o Senhor lhe concedera a graça de compreender que Ele é tudo e eu nada sou”. Tinha consciência de sua absoluta dependência em relação ao Senhor da vida.
O segredo dessa nobreza de caráter era a vida interior ou a união com Deus cultivadas por Moscati. Começava o dia dirigindo-se, muito cedo, à igreja de Gesù Nuovo, onde recebia a S. Eucaristia. As suas Notas pessoais revelam que ele sabia falar a Cristo com a simplicidade de uma criança, exprimindo-lhe quanto experimentava em sua alma. Quando tinha um pouco de lazer, passava muito tempo na igreja em oração e adoração.
Como se vê, Giuseppe Moscati abraçou, à luz da fé, “a sublime profissão de médico”, que ele considerava um serviço de amor apostólico e um culto prestado a Deus na pessoa dos irmãos sofredores. Durante a sua breve existência terrestre, cuidou de milhares de pessoas, para as quais foi instrumento de recuperação da saúde; os seus contemporâneos pareciam entrever em sua pessoa e em seu modo de agir um aceno à bondade do próprio Deus. Daí a palavra que de boca se propagava, quando faleceu aos 47 anos de idade: “Morreu o professor santo!”
Leigo médico, cientista e santo. Estas palavras resumem uma existência, delineiam um ideal e abrem um caminho, suscitando a imitação de quantos se achem hoje em circunstâncias de vida semelhantes.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

11 de Abril - Memória de Santa Gemma Galgani


Santa Gemma Galgani em sua breve peregrinação por esta terra deixou-nos um exemplo de sua intensa vida espiritual se oferecendo a Deus como vítima de expiação pelos pecados dos homens. No participar da paixão ela deseja ajudar Jesus nas suas dores. Se cria assim um pacto de amor em modo tal que Jesus a possa oferecer ao Pai como vítima de amor por todos os pecadores.

Foi assim favorecida por toda sorte de carismas, como os estigmas da Paixão, a coroa de espinhos, a flagelação e o suor de sangue. Teve freqüentes êxtases, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e da Virgem Dolorosa, e uma incrível familiaridade com o Anjo da Guarda.

Foi constantemente atacada pelo demônio, que lhe aparecia em forma humana ou de animais. Enfim, teve o matrimônio místico com Nosso Senhor Jesus Cristo e morreu como vítima expiatória pelos pecados do mundo.

“Toda a vida de Gemma foi em síntese uma vida de união com Deus, de sofrimento com Jesus Cristo e de zelo ardente pela salvação das almas. No trabalho e no estudo, à mesa e nas conversas, no passeio e até no sono, Deus não se afasta um ponto de sua mente”.

A figura mística de Santa Gemma Galgani continua a fascinar pela sua única experiência espiritual que nos permitiu de conhecer a vontade de Deus. Uma experiência que ainda hoje pode aquecer o coração e iluminar a nossa mente.

De uma pureza angelical e enorme devoção a Nossa Senhora, essa jovem participou, de modo místico, de praticamente todos os atos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. É por assim dizer, uma teóloga simples, imediata e rica de humanidade, sem o uso daquelas grandes palavras tanto queridas aos Teólogos.

Dos escritos da mística se pode perceber uma linguagem simples, pobre, que permite, apesar da extrema simplicidade, de compreender e reviver a sua singular experiência com Jesus Cristo.



Pergunta Gemma.

- Quem te matou, Jesus?

Jesus, responde

- O amor. (II 82).



O amor a que se refere Gemma não é somente uma emoção, mas um Amor doado por Cristo através da Sua palavra, e ela se deixa tanto levar como discípula de colocar-se e sentir-se como ele.

Diversas vezes perguntei a Jesus que me ensine o verdadeiro modo de amá-lo, e então Jesus parece que me faça ver as suas Santíssimas chagas abertas. (I,15). Das suas "cartas" se entende todo o seu imenso amor por Cristo, amor que raramente se pode encontrar na mesma intensidade em outros Santos.

Esta é a sua missão, salvar os pecadores, não com a palavra ou com o ensinamento, mas com a vida, com a participação à Paixão de Jesus.

Através dessa graça mariana, descobre o significado místico da virgem aos pés da Cruz e doa a Maria a sua própria alma. Da sua parte, Maria prepara a Santa à graça da estigmatização.


Gemma com a oferta da sua vida concluiu a missão que Deus lhe havia confiado, amando-o com todo o seu ser. Porém, apesar de tudo, Gemma não pode revestir o hábito de consagrada a Deus e isto representou, sem dúvida, a maior desilusão da sua vida, mas consumiu a sua união de amor com Jesus Crucificado no mundo, na normalidade da vida laical. Um sinal evidente que esta estrada pode ser percorrida por todos nós.

A Personalidade de Gemma


A sua personalidade era de asceta: Caminhava descalça e sem meias, inclusive de inverno. Usava o cilício até quando não lhes foram proibidos. Nela existem todos os ingredientes de uma Santa Estigmatização como Padre Pio, cheia de amor como Santa Teresa de Lisieux. A seguir se pode encontrar tudo aquilo que se pode fazer arder o coração.

Atrás de uma aparência normal se esconde uma Santa extraordinária. Uma mística em contínuo e afetuoso dialogo com Jesus. Uma contemplativa que reza com a simplicidade de uma moça e a profundidade de um teólogo.

Supera as mais terríveis dificuldades deixando-se guiar pelo seu Anjo da Guarda. Desde moça mantém a alma cândida com a firme intenção de uma vida imaculada.

O Nascimento de Gemma.

Gemma Galgani nasceu a 12 de março de 1878 em Camigliano, um vilarejo situado perto de Lucca, na Itália. Gema em italiano significa jóia. Seu pai era um próspero químico e descendente do Beato João Leonardi. A mãe de Gema era também de origem nobre. Os Galgani eram uma família católica tradicional que foi abençoada com oito filhos.



           

A Santidade na Infância.

Gema, a quinta a nascer e a primeira menina da família, desenvolveu uma atração irresistível pela oração enquanto ainda era muito pequena. Esse carinho pela oração lhe veio de sua piedosa mãe, que lhe ensinou as verdades da Fé da Igreja Católica. Foi a sua mãe que infundiu em sua preciosa alma o amor pelo Cristo Crucificado. A jovem santa aplicou-se com zelo à devoção.

Quando a mãe de Gema tinha de se ocupar com suas tarefas diárias de dona-de-casa, a pequena Gema puxava a saia da mãe e dizia: “Mamãe, conte-me um pouco mais sobre Jesus”.


Certo dia, por exemplo, tendo apenas quatro anos de idade, ajoelhou-se diante de um quadro do Coração de Maria na casa da avó paterna. Com as mãozinhas postas, ficou absorta rezando. A avó, passando pelo aposento, ficou encantada com o espetáculo, e correu a chamar seu filho para que também o visse. Este, depois de ter contemplado detidamente aquela oração, não achou nada melhor do que interrompê-la:

— Gema, o que está fazendo? Perguntou-lhe.

Como quem sai de um êxtase, a menina olhou-o e respondeu com a maior seriedade:

— Estou rezando a Ave-Maria. Saia, que estou em oração.

Quando Gemma tinha apenas cinco anos, ela lia o Ofício de Nossa Senhora e o Ofício dos Defuntos no Breviário com tanta facilidade e rapidez quanto um adulto.

Infelizmente, a mãe de Gema deveria morrer em breve. No dia em que Gema recebeu o Sacramento da Confirmação, enquanto rezava ardentemente na missa pela recuperação de sua mãe (a Senhora Galgani estava gravemente doente), ela ouviu uma voz em seu coração que dizia, « Tu me darás a tua mãezinha ? »

“Sim," respondeu Gema, “contanto que Tu me leves também.”

“Não," replicou a voz, "dá-Me a tua mãe sem reservas. Por ora, tu deves esperar com o teu pai. Vou te levar para o céu mais tarde.”

Gema simplesmente respondeu “Sim”.

Este “sim” seria repetido ao longo de toda a breve vida de Santa Gema, como resposta ao convite de Nosso Senhor para que ela sofresse por Ele.

A Perda da Mãe.

Sua Mãe morreu quando Gemma tinha apenas 7 anos de idade. Como fizeram outros santos, pediu à Santíssima Virgem que a substituísse. A partir daí, sua devoção à Mãe de Deus tornou-se mais terna. Ela a invocava sempre com o carinhoso apelativo de “mamãe”.



 

Após a morte da sua querida mãe, Gema foi enviada pelo pai para um semi-internato católico em Lucca, dirigido pelas Irmãs de Santa Zita. Mais tarde, refletindo sobre seus dias na escola, Gema disse: “Eu comecei a ir à escola das Irmãs, eu estava no Paraíso”. Ela era excelente em francês, aritmética e música e em 1893 ganhou o grande “Prêmio de Ouro” por conhecimento religioso. Uma de suas professoras na escola resume melhor tudo isso, dizendo: “Ela (Gema) era a alma da escola”. Gema tinha se preparado arduamente para sua Primeira Comunhão. Ela costumava implorar: “Dá-me Jesus... e verás quão boa eu serei. Eu vou mudar bastante. Não vou cometer mais nenhum pecado. Dá-me Jesus. Eu o desejo tanto, e não posso viver sem Ele.”Com nove anos (o que era mais cedo do que de costume) foi-lhe permitido receber sua primeira comunhão. Com a permissão de seu pai, ela foi ao convento local por dez dias para preparar-se dignamente para esse acontecimento solene. O seu dia chegou finalmente a 20 de junho de 1887, na festa do Sagrado Coração de Jesus. Com suas próprias palavras, ela assim descreveu o seu primeiro encontro íntimo com Cristo no Santíssimo Sacramento: “É impossível explicar o que se passou então entre mim e Jesus. Ele se fez sentir, oh tão fortemente, na minha alma.”


Erico Galgani


O acontecimento mais marcante que se seguiu na vida de Santa Gema foi quando seu pai morreu em 1897. Como conseqüência de sua extrema generosidade, da falta de escrúpulos de seus interlocutores nos negócios e problemas com credores, os filhos foram deixados sem nada e não tinham nem mesmo meios de sobreviver. Gema tinha apenas dezenove anos, mas já tinha uma grande experiência em carregar a cruz.

Gema afirma em sua autobiografia: “Morto papai, nos encontramos sem nada, carecendo absolutamente de meios de vida”.
Santa Gema padeceu muitos sofrimentos não só morais, mas também físicos.


Curada por um Milagre.


Gema começou cedo a ficar doente. Ela desenvolveu uma curvatura na espinha. Uma meningite também deixou-a temporariamente surda. Grandes abscessos se formaram em sua cabeça, seus cabelos caíram e finalmente ela teve paralisia nos membros. Um médico foi chamado e tentou vários remédios, mas nada adiantou. Ela estava apenas piorando.

Gema tornou-se devota do Venerável Gabriel Possenti de Nossa Senhora das Dores (agora São Gabriel). Acamada pela doença, ela leu a história de sua vida. Mais tarde ela escreveu a respeito de São Gabriel:

“... eu comecei a admirar as suas virtudes e seus hábitos. Minha devoção por ele crescia. À noite eu não dormia sem ter sua imagem debaixo do travesseiro e, depois disso, passei a vê-lo perto de mim. Não sei como explicar isso, mas eu sentia a sua presença. Em todos os momentos e em cada ação, o Irmão Gabriel vinha à minha mente.”
Gema, agora com 20 anos, estava aparentemente em seu leito de morte. Uma novena lhe foi sugerida como a única chance de cura. Dia 23 de fevereiro de 1899, à meia-noite, ela ouviu o chocalhar de um rosário e se deu conta de que o Venerável Gabriel estava aparecendo para ela. Ele falou a Gema:

“Queres ficar curada? Reza com fé toda noite ao Sagrado Coração de Jesus. Eu virei a ti até a novena terminar, e rezarei contigo a este Sacratíssimo Coração”.


Na primeira sexta-feira de março a novena terminava. A graça tinha sido concedida; Gema estava curada. Quando ela levantou-se, os que estavam à sua volta choraram de alegria. Sim, um milagre havia acontecido!

Sofre com Cristo

Gema, agora em perfeita saúde, tinha sempre desejado tornar-se freira, mas isto não devia acontecer. Deus tinha outros planos para ela.


A 8 de junho de 1899, depois de receber a comunhão, Nosso Senhor deu a conhecer a Sua serva que Ele lhe daria uma graça muito grande.

Gema voltou para casa e rezou. Ela entrou em êxtase e sentiu um grande remorso por seus pecados. A Mãe Santíssima, de quem Santa Gema era extremamente devota, apareceu-lhe e disse:

“Meu filho Jesus te ama sem medida e deseja dar-te uma graça. Eu serei uma mãe para ti. Serás uma verdadeira filha?”
 A Santíssima Virgem abriu então o seu manto e cobriu Gema com ele.

Eis como Santa Gema relata como ela recebeu os estigmas:

“Naquele momento, Jesus apareceu com todas as suas chagas abertas, mas daquelas chagas não mais saía sangue, mas chamas de fogo. Num instante aquelas chamas vieram tocar minhas mãos, meus pés e meu coração. Senti como se estivesse morrendo, e eu teria caído no chão, se minha Mãe não me tivesse segurado, enquanto todo esse tempo eu permanecia sob o seu manto. Tive de ficar várias horas naquela posição. Finalmente ela beijou minha testa, tudo desapareceu e eu me vi de joelhos. Mas eu ainda sentia uma forte dor nas minhas mãos, pés e coração. Levantei para ir para a cama, e percebi que saía sangue dessas partes onde sentia dor. Cobri-as o melhor que pude, e, ajudada então pelo meu Anjo, pude ir para a cama...”



Muitas pessoas, incluindo respeitosos membros da Igreja, testemunharam este milagre dos estigmas, que se repetiu praticamente até o fim da vida de Santa Gema. Uma testemunha ocular afirmou:

“Saía sangue dos ferimentos dela (Santa Gema) abundantemente. Quando ela estava de pé, ele caía no chão, e quando ela estava na cama, ele não apenas molhava os lençóis, mas encharcava o colchão todo. Eu medi alguns desses fluxos ou poças de sangue, e tinham entre cinqüenta e sessenta centímetros de comprimento e aproximadamente cinco centímetros de largura”.

Como São Francisco de Assis e recentemente Padre Pio, Gema pode dizer também: Nemo mihi molestus sit. Ego enim stigmata Domini Jesu in corpore meo porto: Que ninguém me faça mal, pois eu levo as marcas do Senhor Jesus no meu corpo.


Vida de Oração.




Com 21 anos, Gema foi acolhida por uma generosa família italiana, os Giannini. A família tinha já 11 filhos, mas estava feliz em receber esta jovem e piedosa órfã em sua casa. A mãe da família, a Senhora Giustina Giannini, diria mais tarde sobre Gema: “Posso jurar que, durante os 3 anos e 8 meses em que Gema esteve conosco, eu nunca soube do menor problema em nossa família que fosse provocado por ela e nunca vi nela o menor defeito. Repito, nem o menor problema, nem o menor defeito”.

Pe. Germano Seu diretor espiritual.


Santa Gema ajudava diligentemente com as tarefas da grande casa. Ela também tinha tempo para rezar, o que era a sua atividade favorita. Pela Providência, ela obteve como diretor espiritual o Passionista Pe. Germano, C.P., a quem ela era totalmente obediente.

Pe. Germano, um teólogo eminente no tocante à oração mística, percebeu que Gema tinha uma profunda vida de oração e conseqüente união a Deus. Ele estava convencido de que esta “Jóia de Cristo” tinha passado por todos os nove clássicos estágios da vida interior.

Gema assistia à Missa duas vezes por dia, recebendo a comunhão uma vez. Ela rezava o rosário com fé, e à noite, com a Senhora Giannini, ia às Vésperas. Com todos os seus exercícios espirituais, Gema nem mesmo uma vez negligenciou suas obrigações domésticas diárias na casa Giannini.

No ano 1901, com 23 anos, Gemma escreve por ordem de Padre Germano, a Autobiografia, "O quaderno dos meus pecados".

O Anjo da Guarda

O Anjo da Guarda de Gema aparecia freqüentemente para ela. Eles tinham uma conversa da mesma maneira que alguém conversa com o seu melhor amigo. A pureza e inocência de Gema devem ter trazido este Glorioso Anjo do céu para o seu lado.

Ela via seu anjo às vezes em adoração à soberana Majestade; outras, estendendo suas mãos sobre ela em sinal de proteção; no ato de defendê-la contra os ataques do demônio; ajoelhado junto a ela, sugerindo os pontos de meditação; ou simplesmente sentado a seu lado, dando-lhe bons conselhos. As vezes este com suas asas abertas ou ajoelhado ao lado dela - recitavam orações ou salmos alternadamente. Quando meditavam a Paixão de Nosso Senhor, o seu Anjo inspirava-lhe as mais sublimes reflexões neste mistério.

Seu Anjo da Guarda uma vez falou-lhe sobre as Agonias de Cristo:

“Olha para o que Jesus sofreu pelo homem. Considera uma por uma estas Chagas. É o Amor que abriu-as todas. Vê como execrável (horrível) é o pecado, já que para expiá-lo, tanta dor e tanto amor foram necessários”.

Nosso Senhor queria dela um desapego total de todas as coisas. Certa vez em que deveria ir ao palácio arquiepiscopal para receber a medalha de ouro que merecera no curso catequético, a tia quis vesti-la melhor. Gema até consentiu em levar ao pescoço uma correntinha com uma cruz e um relógio de ouro, lembrança de sua mãe. Quando voltou para casa e ia mudar de roupa, viu a seu lado o Anjo da Guarda, que a olhava com ar severo:

— Lembra-te, de que não devem ser outros; mas sim os espinhos e a cruz as jóias que adornarão a esposa de um Rei crucificado.Gema atirou para longe de si aqueles adornos, e prosternando-se no solo, em lágrimas, tomou a seguinte resolução:

“ Por amor a Jesus e para agradar só a Ele, proponho-me nunca levar objetos de vaidade, nem sequer falar deles”.
E afirma em sua Autobiografia:

“Desde aquele dia não voltei a possuir nenhuma dessas coisas”.
 Era a fidelidade total à via para a qual Deus a chamava.


Outro dia, anota em seu diário:

“O Anjo da Guarda, que se mostra bastante severo em repreender-me, me disse:

- Minha filha, lembra-te de que cada vez que faltas à obediência cometes um pecado. Por que és tão remissa em obedecer ao confessor? Lembra-te de que não há caminho mais curto e seguro para chegar ao Céu que o da obediência.

O confessor lhe havia mandado escrever as graças espirituais que tinha recebido, e em sua humildade ela tinha muito escrúpulo em fazê-lo.

Assim, mesmo as ligeiras negligências de Gema no serviço divino encontravam no Anjo da Guarda um censor rigoroso. Este desaparecia por algum tempo ou lhe mostrava o aspecto severo, negava-se a dirigir-lhe a palavra ou mesmo dirigia-lhe duras admoestações, chegando às vezes a impor-lhe algum castigo.

Também lhe dizia o que ela deveria fazer para o progresso espiritual.

Por exemplo:

Se colocou perto de mim e me dizia carinhosamente:


"Oh filha, mas não sabes que tu deves ser em tudo conforme a vida de Jesus? Ele padeceu tanto por ti e tu não sabes que em todas as ocasiões deves padecer por Ele? Além disso, porque desagradas Jesus todos os dias deixando de meditar a Paixão?".

Era verdade, reconhece ela. Lembrou-se de que a meditação sobre a Paixão, não a fazia senão às quintas e sextas-feiras.

“Deves fazê-la todos os dias, não te esqueças”.


No final me dizia:

"Coragem, coragem! Este mundo não é um lugar de repouso: o repouso será depois da morte; agora tu deves padecer e padecer por qualquer coisa, para impedir á alguma alma a morte eterna".


O supliquei tanto que dissesse a minha Mãe que viesse a mim porque tinha tantas coisas a dizê-la; disse-me que sim. Esta noite porém não veio.

Ele também a incentivava no caminho da virtude:

“É pela excelsa perfeição de tua virgindade que Jesus te concede tantas graças”.


Com efeito, ela era de uma pureza Angélica. Nas várias intervenções cirúrgicas a que teve de submeter-se, era tal o seu recato, que chamava a atenção dos médicos. Uns a tomavam por santa, e os ímpios a consideravam “fanática”.

Gema nunca saía só à rua. Quando não tinha alguém da família para sair com ela, o seu Anjo da Guarda se oferecia para ser seu visível companheiro. Tinha tanta familiaridade com ele, que chegava mesmo a pedir-lhe para levar a correspondência ao seu diretor espiritual e trazer a que ele tinha para si.

A Devoção à Medianeira de todas as graças.

Sua devoção a Nossa Senhora, como já dissemos, era terna e filial.

A Mãe de Jesus aparecia-lhe aos sábados, geralmente como Mãe Dolorosa, e lhe comunicava algum detalhe da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Outras vezes lhe aparecia com o Menino Jesus, entregando-O para que ela o cobrisse de carícias.

Quando Gema se via atolada naquilo que julgava o abismo de seus pecados, e não tinha ânimo de dirigir-se diretamente a Nosso Senhor, recorria à Medianeira de todas as graças:

“Minha mãe, tenho medo de ir em busca de Jesus sem Vós, porque, se bem que misericordioso, sei que cometi muitos pecados, e sei também que Jesus é justo no castigo. Peço-vos uma coisa grande, não é verdade, minha Mãe? Mas que hei de fazer, se o que perdi por meus pecados não o acho senão por vossa mediação? Ademais, pouco é o que vos peço em relação ao muito que podeis fazer por mim”.


Morte Heróica

Em 1902 Gema, em boa saúde desde a sua cura milagrosa, ofereceu-se a Deus como vítima pela salvação das almas. Jesus aceitou a sua oferta. A partir de setembro ela então ficou extremamente doente e sua vida é marcada profundamente da dor. Começa o período mais escuro da sua vida. As conseqüências do pecado caem pesadamente sobre o seu corpo e sua alma.

Seu estômago não suportava nenhum tipo de comida. Apesar de ter recuperado sua saúde rapidamente, pela Providência Divina, ela adoeceu novamente. Em 21 de setembro de 1902 ela começou a expelir sangue com as violentas palpitações de amor de seu coração. Enquanto isso ela passava por um martírio espiritual, pois ela experimentava aridez e nenhum consolo em seus exercícios espirituais. Além disso, seu inimigo, o demônio, multiplicava seus ataques contra a jovem “Virgem de Lucca”.

O Inimigo reforçava sua guerra contra Gema, pois ele sabia que o fim estava próximo. Ele esforçava-se para persuadi-la de que ela tinha sido totalmente abandonada por Deus. Usava suas diabólicas aparições e até mesmo violência física, batendo no frágil corpo de Gema.

Uma testemunha ocular que cuidava de Gema disse :

“Aquela besta abominável vai ser o fim da nossa querida Gema - golpes atordoantes, formas de animais ferozes etc. - eu a deixei com lágrimas nos olhos porque o demônio a está esgotando.”

Gema clamava incessantemente os nomes Santos de Jesus e Maria, mas a batalha continuava. O seu Diretor Espiritual, o Venerável Germano, vendo o esforço final de Gema, disse :

“A pobre sofredora passou dias, semanas e meses desse modo, dando-nos um exemplo de paciência heróica e razões para um medo saudável pelo que pode acontecer conosco, que não temos os méritos de Gema, na terrível hora da morte”.

Ainda assim, mesmo passando por essas provações, Gema nunca se queixou, ela apenas rezava. Gema estava no fim. Ela era praticamente um esqueleto vivo, mas ainda linda, apesar da devastação da doença. Ela recebeu o “Viático”.

Em suas últimas palavras, disse: “Eu não procuro mais nada; sacrifiquei tudo e todos a Deus; agora eu me preparo para morrer”. Ela falava com dificuldade. “Agora é mesmo verdade que não me resta mais nada, Jesus. Eu recomendo a minha pobre alma a Ti... Jesus !”

Gema então sorriu um sorriso celestial e deixando pender a cabeça para um lado, deixou de viver.



Uma das irmãs presente na hora da morte vestiu o corpo de Gema com o hábito dos Passionistas, que era a ordem à qual Gema sempre aspirou.

Essa morte abençoada aconteceu no Sábado Santo, dia 11 de Abril de 1903, quando Gema Galgani tinha 25 anos.



A Canonização.






As autoridades da Igreja começaram a estudar a vida de Gema em 1917 e ela foi beatificada em 1933. O decreto aprovando os milagres para a canonização foi lido a 26 de março de 1939 - Domingo de Ramos. Gema Galgani foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas trinta e sete anos depois da sua morte.

Há um verso do poema de Dante (Paraíso, c. XXX, 19-21) no qual a beleza sobrenatural é admiravelmente recordada e exaltada. (2) Ele também se adapta bem à pequena Jóia de Cristo, verdadeira Beatriz, que o Senhor com tanta alegria enfeitou para Si mesmo:

Santa Gema, rogai por nós.

A autobiografia de Santa Gemma Galgani.

"O quaderno dos meus pecados"




                                   (Autobiografia da Santa, que o demônio tentou queimar)





Explicações tidas pelo Anjo da Guarda:
Do Diário de Gemma Galgani (alguns trechos).


Na manhã do dia 25 de março, Jesus se fez presente à minha alma mais vezes: sentia um recolhimento interno, que por graça de Deus nada podia me distrair; ao meio dia sinto que o meu anjo me bate no ombro e me diz:

- Gemma, venho em nome de Jesus a exaurir a sua promessa.


Não sabia o que pensar; fiquei admirada em escutar aquelas palavras.
- Filha, acrescentou, eu sou o teu guarda, mandado de Deus; eu venho para fazer-te entender um mistério, maior que todos os outros mistérios.


Era estupefata, ainda não entendia... O meu anjo percebeu e me disse:


- Lembras, 12 dias atrás, aquilo que te prometi?


Pensei e logo me veio à mente.

- Sabes, oh minha filha, que eu te falarei sobre Maria Santíssima, de uma mocinha tão humilde diante do mundo, mas de uma infinita grandeza diante de Deus; te falarei da mais linda, da mais santa de todas as criaturas; da filha predileta do Altíssimo, daquela que vinha destinada à incomparável dignidade de mãe de Deus.

... Era já noite adentro e Maria Santíssima estava sozinha no seu quarto: rezava, era toda compenetrada em Deus. De repente aparece uma grande luz naquele mísero quarto e o arcanjo, transformando-se em corpo humano e circundado de um numero infinito de anjos, vai perto de Maria, reverente e majestoso. A reverência como Senhora, sorri a Ela como anunciador de uma bela noticia e com doces palavras assim lhe diz: "Ave, ó Maria, o Senhor é com ti. A bendita tu és entre todas as mulheres". O belo, o grande e sublime augúrio, que na terra nunca se escutou nem se escutará jamais!

..."Apenas o arcanjo celeste pronunciou estas palavras, silenciou, quase esperando o sinal dela para explicar a sua divina embaixada. Maria porém, escutando a surpreendente saudação, se inquietou; se calou e pensava. Mas talvez crias, ó filha minha, que à Maria não tivessem descido os anjos do paraíso? Ela a cada momento gozava da visita e dos doces colóquios... Ela não vai investigar na sua mente o significado misterioso, mas se inquieta porque; acredita ser indigna da saudação Angélica. Ah! Filha minha", me repetia, "se Maria tivesse sabido quanto a sua humildade fosse de agrado ao Senhor, não se teria sentido indigna dos obséquios de um anjo. "Como, dizia para si mesma, "um anjo de Deus me chama cheia de graça, enquanto eu me reconheço não merecedora de qualquer divino favor? "Como, pensava Maria, "um anjo do paraíso me chama bendita entre as mulheres, enquanto sou entre as mulheres a mais inútil, a mais vil, a mais objeta? Qual mistério se esconde atrás do véu desta sublime saudação?...


"À saudação do anjo, Maria não havia dado nenhuma resposta; então Gabriel para acalmá-la repetiu: "Não temer, ó Maria, tu és a única que encontrou graça diante o Altíssimo. Deste momento conceberás no teu seio um filho, o chamará com o nome de Jesus e de todos será chamado Filho do Altíssimo: a ele será dado o trono de Davi, reinará em eterno e o seu reino não terá fim". Com estas sublimes palavras o arcanjo explicou tudo o que devia a Maria...


... O anjo já havia manifestado a Virgem o mistério da grande missão, isto é, que Ela estava para ser a mãe do Filho do Altíssimo. Mas Ela, olhando na direção do anjo, lhe disse: "E em que modo poderá acontecer isto, se conservo o meu candor virginal?" (Já tinha sido prognosticado por Isaías, que dizia que o Cristo devia nascer da mãe virgem)... Saiba, aqui me disse o meu anjo, "que Maria Santíssima, com um exemplo jamais ouvido, desde do início da sua vida tinha consagrado ao celeste esposo das almas castas a sua flor virginal e, mesmo que não fosse sujeita a tentações, não havia deixado de conservar aos seus lírios entre os espinhos da mortificação.

"Refleti", me dizia, "como Maria Santíssima silenciou a todas as coisas que se referiam ao grande mistério, somente falou e se demonstrou aberta, quando ouviu tratar do seu puro candor e se colocou perto daquele anjo de Deus com doce vontade… Entendeu, ó filha, quanto Maria amasse esta bela, Angélica, celeste virtude? Mas quem acreditas tu que a amasse mais? Jesus ou Maria? Certamente Jesus que nunca teria escolhido uma mãe, se não virgem pura, imaculada.


O anjo Gabriel respondeu:

"Maria, o Espírito Santo descerá sobre ti, a virtude sublime do Altíssimo te cobrirá; e porém aquele que nascerá da ti santo será o verdadeiro Filho de Deus. A este ponto te informo que Isabel, tua parente, na sua velhice concebeu um filho e é já ao sexto mês, aquela que dizia ser estéril, porque lembras que a Deus nada é impossível".

O anjo Gabriel continuou a Maria Santíssima com estas palavras:

"Estai tranquila e consola-te, ó virgem bendita: o divino Espírito será aquele que descerá para fecundar as tuas vísceras imaculadas. A onipotente virtude do Altíssimo operará em ti um novo prodígio que, conservando ao mesmo tempo a honra de virgem, te dará a alegria de mãe. O santo, que conceberás no teu seio, não será que o Filho de Deus".



Com estas palavras o arcanjo Gabriel revelava o arcano, explicava o mistério, tranquilizava Maria.


"Enfim tudo foi feito, não faltava que a última palavra de Maria, para que a virgem fosse mãe de Deus. O Verbo divino, gerado do Pai no esplendor dos santos, não devia ter pai na terra, assim como mãe não teve no céu. E Maria, sendo eleita genitora do Unigênito do divino Pai, se transformava do mesmo Pai, a unigênita filha. Sendo Ela a virgem que devia dar os humanos, membros ao Verbo divino; era elevada à dignidade de Mãe do Filho de Deus. Sendo Maria aquela, sobre a qual teria descido o Espírito Santo, que coberta com a Sua virtude onipotente a teria feita mãe virgem de um filho Deus, era por isso elevada à grandíssima honra de esposa ao Espírito Santo.

"Explicado o enigma, tranqüilizada completamente a virgem, o mensageiro divino silenciava, ansioso esperando a sua resposta, isto é, a autorização de Maria à encarnação do Verbo eterno... e Ela responde:

"Eis a serva do Senhor, seja feito de mim segundo a tua palavra".

Tudo é feito, Maria é a mãe do Filho do Altíssimo. A estas palavras exulta o céu, se consola o mundo inteiro. O anjo reverente se prostra diante à sua Senhora e depois pega o vôo e volta ao paraíso.



Maria, no ato de aceitar a altíssima dignidade de Mãe de Deus, se declarava humildemente serva do Senhor. Esta humildade profundíssima, em que a encontrou recolhida e quase abandonada, o anjo do Senhor, não faltou à gloriosa saudação e a mais gloriosa proposta de ser a mãe do Verbo divino.


"Maria tinha então proferido o prodigioso Fiat (sim), e em um instante, formado do divino Espírito no seu seio, da puríssima virginal substância, um tenro e perfeito corpinho e unindo uma alma humana, se juntaram em simbiose, à divina Pessoa do Verbo. O milagre! Aquele Deus, que não pode ser contido na grandeza dos céus, está dentro do ventre de Maria. Aquele Deus, que sustenta com um dedo a grande máquina do universo, é sustentado pelo puro seio de uma virgem. Quem pode dizer portanto qual seja a grandeza da alegria que inundou e incendiou a alma de Maria naquele feliz momento em que se transformou em mãe do Filho de Deus? O Rei dos Reis, o grande Senhor dos dominantes colocou o seu trono no seio de Maria. Um infinito gáudio inundou Maria, quando se fixou na infinita luz e pode mirar os arcanos esplendores da divindade.

Aceitando Maria a incomparável dignidade de mãe de Deus, aceitava o generoso dever de mãe do humano gênero.

Devemos alegrar-nos: Maria, dando o seu consentimento ao anjo, nos adotou como filhos e se transformou na mãe de todos nós.


Mais alguns Trechos do Diário de Gemma Galgani




... Era de muito tempo que suplicava a Jesus a fim de que me tirasse todos os sinais externos, mas Jesus invés acrescentou um outro; me fez experimentar pequenas partes da sua flagelação; as dores das mãos, pés, cabeça e coração acrescentou também alguns outros. Seja sempre agradecido. Lá pelas cinco horas comecei a sentir uma dor tão forte dos meus pecados, que me parecia de estar fora de mim: mas a este pavor logo apareceu a esperança na misericórdia de Deus e logo me acalmei.



... Não experimentava ainda nenhuma dor; depois de mais ou menos uma hora me pareceu de ver o meu anjo da guarda que tinha na mão duas coroas: uma de espinhos, feita a forma de chapéu e a outra de lírios branquíssimos.

A primeira impressão este anjo me deu um pouco de medo, mas depois, alegria; juntos adoramos a grandeza de Deus, gritamos; "Viva Jesus!" forte e depois, mostrando-me as duas coroas, me perguntou qual preferia. Não quis responder, porque padre Germano me o havia proibido, mas insistiu, dizendo-me que era ele que o mandava e para dar-me um sinal que verdadeiramente era ele que o mandava, me benzeu na maneira que era hábito ele fazer e fez a oferta de mim ao eterno Pai, dizendo-me que esquecesse naquela noite a mim mesma e pensasse aos pecadores.

Fui influenciada por estas palavras e respondi ao anjo que escolheria aquela de Jesus; me mostrou aquela de espinhos e me a deu; a beijei diversas vezes e o anjo desapareceu, depois de tê-la colocada sobre a minha cabeça.

Comecei então a sofrer, nas mãos, pés e na cabeça; mais tarde, no corpo inteiro e sentia fortes socos. Passei a noite deste modo; com força me levantei na manhã seguinte, para não dar na vista; os socos e as dores até as duas horas; nesta hora apareceu o anjo (e para dizer a verdade, quase não podia ficar em pé) e me fez estar bem, dizendo-me que Jesus tinha tido compaixão de mim, porque sou pequenina e era incapaz de chegar a sofrer até a hora que Jesus expirou.

Depois estive bem; porém eu sentia todos os ossos e mal me podia aguentar em pé. Mas uma coisa me afligia: via que os sinais não tinham desaparecido, nos braços e em qualquer outra parte do corpo (notei enquanto me vestia) havia manchas de sangue e alguns sinais de socos. De manhã, quando fiz a comunhão, rezei com mais fervor a Jesus, que me tirasse os sinais e me prometeu que no dia da sua Paixão me teria tirado. Soube que a Paixão era terça-feira e sextas-feiras, não deveriam mais passar.

A última sexta-feira, os sinais na cabeça, nas mãos, nos pés e no coração não mais existiam; mas Jesus pela segunda vez me fez sentir novamente alguns socos: veio-me um pouco de sangue em algumas partes do corpo, mas espero que Jesus logo me tirará também estas.

... Hoje que eu pensava de estar livre daquela fera, invés ela me atormentou muito. Eu fui com a intenção de dormir mas aconteceu tudo uma outra coisa:

Começou com socos que temi pudessem me fazer morrer. Era na forma de um grande cão todo preto e me colocava as pernas sobre os meus ombros; mas me fez muito mal porque me fez sentir todos os ossos.

As vezes acredito que ele me segurasse, aliás uma vez, tempos atrás, no pegar a água benta, me torceu tão forte o braço, que cai no chão com grande dor e então me tirou o osso do lugar; mas logo voltou, porque me tocou Jesus e tudo retornou ao normal.




... Ontem aconteceu a mesma coisa: fui para dormir e adormeci, mas o demônio não, parecia que não tinha vontade. Se mostrou de uma maneira suja, me tentava, mas fui forte. Dentro de mim pedia a Jesus que preferia que me tirasse a vida do que dever ofendê-lo. Que tentações horríveis são aquelas! Todas me desagradam, mas aquelas contra a santa pureza quanto me fazem mal!

Depois para colocar-me em paz, veio o anjo da guarda e me tranqüilizou dizendo que eu não havia feito mal algum. As vezes reclamo porque gostaria que me viesse ajudar em determinados momentos, e me diz: Que eu o veja ou não, está sempre acima da minha cabeça; e ontem, porque Maria Santíssima Venerada me ajudou de verdade e fui muito forte, me prometeu que à noite teria vindo Jesus a ver-me.


... Esta sexta-feira sofri muito mais, porque fui obrigada a fazer pequenas coisas, e a cada movimento pensava de morrer. Minha tia me tinha impedido de trazer para cima um pouco de água: fiz com dificuldade, e me parecia (mas era tudo idéia minha) que as espinhos me fossem ao cérebro e me começou a cair uma gota de sangue das têmporas. Me limpei rápido. Me perguntou se eu tinha caído e quebrado a cabeça; lhe disse que tinha-me arranhado com a corrente do pescoço. Depois fui procurar as freiras; eram 10 horas e fiquei com elas até às 5. Voltei para casa, mas Jesus já tinha feito desaparecer tudo.


... Fui dormir com a firme intenção de dormir; o sono não demorou a vir e me apareceu quase logo um homem pequeno, pequeno, de cor perto e de pelo preto. Que susto! Pousou as mãos sobre a cama, pensei que quisesse surrar-me. Não, não, não posso te surrar, não te amedronte, e no dizer isso, ia se alongando. Chamei Jesus em minha ajuda, mas não veio; nem por isso me deixou: depois de ter invocado o nome de Jesus, me senti logo livre, mas foi tudo de repente.


... Tinha terminado as orações: fui para a cama. Quando o anjo teve de Jesus a permissão de vir, voltou e me perguntou:


- "Quanto tempo faz que não rezas pelas almas do purgatório?... "A cada pequena pena que sofres, as alivia; também ontem e hoje, se tu tivesses oferecido a elas aquele pouco...".

Mas respondi um pouco admirada:

- "Me doía o corpo; e se as dores do corpo aliviam as almas do purgatório?


- "Sim", me disse; "sim, filha; o menor padecimento as alivia".

Prometi-lhe então que daquele momento em diante qualquer coisa seria oferecido por elas.


... Eram mais ou menos nove e meia, eu estava lendo: de repente sinto uma mão apoiada ligeiramente sobre o meu ombro esquerdo. Girei apavorada; tive medo, pensei em chamar, mas não o fiz. Me girei e vi uma pessoa vestida de branco: vi uma mulher, a olhei e o seu olhar me fez entender que não havia nada a temer:


- "Gemma", me disse depois de alguns minutos, "me conheces?".
Eu disse que não, porque bem que podia dizer; e ela acrescentou:
- "Eu sou a irmã Maria Teresa do Menino Jesus; te agradeço muito por ser tão primorosa porque logo possas alcançar a minha eterna felicidade".

... Naqueles momentos o anjo da guarda me sugeria ao ouvido:

- "Mas a misericórdia de Deus é infinita".
Me acalmei. Comecei logo a padecer muito na cabeça: eram mais ou menos dez horas. Quando fiquei sozinha, me coloquei na cama: sofri um pouco, mas Jesus não demorou a aparecer, mostrando-se, também ele, que sofria muito. Lhe lembrei os pecadores, pelos quais também Ele me estimulou a oferecer todos os meus pequenos padecimentos ao eterno Pai em nome deles.

... Depois do que me aconteceu, teria sabido com prazer que alguma coisa quisesse dizer aquela luz que saia das chagas, em particular da mão direita, com a qual me abençoou.

O anjo da guarda me disse estas palavras:

"Filhinha, neste dia a benção de Jesus derramou sobre ti uma abundante graça".



Os dois Santos foram quase contemporâneos.

Francisco Forgiane (Padre Pio) de 9 anos, mais jovem que Gemma, aos 5 anos sente o desejo de ser totalmente de Deus e inicia a experimentar os primeiros fenômenos sobrenaturais e durante o seu noviciado (1903-1904) experimenta plenamente a sua experiência mística (Gemma tinha apenas morrido).

A semelhança entre as suas experiências com aquelas de Gemma o leva a intuir e reconhecer que Gemma é aquela que pode ajudá-lo a compreender o que está vivendo na própria carne.

Como Gemma também Padre Pio deve lutar com o demônio, tem as mesmas experiências celestes feitas de revelações, presenças Angélicas, de Cristo e da Virgem Maria. Vive depois a dolorida experiência das estigmatizes, no inicio invisíveis, por quase 8 anos e depois manifestadas e permanentes.


Padre Pio se reconhece plenamente nas mesmas excepcionais experiências místicas de Gemma, dela descritas com uma linguagem muito simples e a escolhe como modelo. Na verdade em muitas suas cartas (mais ou menos 50) existem frases e expressões típicas da linguagem de Santa Gemma tiradas das suas cartas, diário e escritos.

Padre Pio tenha lido os escritos de Gemma se encontra a confirma em uma sua carta a padre Bento datado 2 maio 1921. Assim escreve:

"Venho a pedir-te uma caridade: teria a vontade de ler o livrinho "Cartas e êxtase da serva de Deus Gemma Galgani, junto com aquele outro da mesma serva de Deus, que se chama "A hora Santa". Certo que ela achando justo este meu desejo, me os procurará. Agradeço e peço a sua benção. O seu Frei Pio.


Santo Padre Pio recomendava a vários seus filhos espirituais à devoção a Gemma que chamava "A Grande Santa" e quando falava dela se comovia até as lágrimas e convidava os devotos visitadores a conhecer esta alma predileta.


Frequentemente Padre Pio convidava em Lucca diversos peregrinos vindos da Toscana e de algumas Regiões do Norte da Itália: "O que vocês vem fazer aqui? A pedir graças? Correis a Lucca que é mais perto de vós, porque lá está Santa Gemma, que é uma Santona".


Santa Gemma Galgani e São Padre Pio espalharam por todo o mundo o perfume de santidade e nós atordoados não resta que louvar Deus com agradecimentos por ter-nos doado criaturas tão resplendentes de amor e de virtude.

Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/Santa%20gemma%20Galgani.htm